segunda-feira, 23 de julho de 2012

A BEM DA VERDADE-SALVADOR CIDADE PERDIDA

Uma das razões da criação desse blog foi a serie de erros cometidos por diversos historiadores de nossa cidade de relação a história da cidade de Salvador. Ao longo de nossas postagens citamos alguns e em todas as citações fizemos questão de não designar seu autor. Corrigiamos o erro, mas não dizia sua autoria. Lembramo-nos de um, quando determinado historiador fez referência à construção da Igreja dos Mares. Dizia ele que o principal responsável pela construção dessa belíssima igreja foi o padre Francisco Aires de Almeida Freitas. Em verdade, o nome do reverendo era Anísio Aires Esteves e o homem era cônego e não padre. Repetimos: Cõnego Anísio Aires Esteves. Mas isto é algo sem importância! Não é. Se formos aceitar a troca de nomes de outros feitos, vai ser um caos. Por exemplo, Pedro Álvares por Francisco Alves ou Catharina Paraguaçu por Marina Paraguacçu.. A própria história de Caramuru é uma invenção, feita 271 anos depois do naufrágio.

Feita pelo Frei José de Santa Rita Durão quando publicou o poema épico Caramuru. Pura lenda a qual de tanta ser contada tornou-se uma referência histórica, quase uma verdade. Qualquer criança brasileira sabe quem é Caramuru, mas desconhece quem é Diogo Álvares Correia.. Transcrevemos na íntegra o que escrevemos numa de nossas postagens

“Pura lenda a qual de tanto ser contada, tornou-se uma referência histórica, quase uma verdade. Tem gente que diz, peremptoriamente, que “Caramuru naufragou nas costas da Bahia em 1510”. Quem naufragou foi Diogo Álvares Correia. A invenção de Caramuru é inverossímel e precisa ser contida. Atirou num pássaro que passava perto. Tornou-se o “homem trovão” por causa desse “feito”. O elmo que teria se vestido para combater os índios inimigos comandados pelo cacique Sergipe é de uma ingenuidade assustadora. O homem estava naufragando. Não podia estar munido com espingardas atiradoras à prova da água do mar e tivesse ele um elmo; certamente que teria afundado nos mares bravios do Rio Vermelho. A coisa é pesada!”

E há outras coisas dramáticas, por exemplo,: “Na partida do litoral brasileiro, ocorre a cena mais famosa de Caramuru: jovens indígenas apaixonadas pelo "filho do trovão" nadam em desespero atrás do navio, suplicando que o herói não se fosse. Em certo momento, já debilitadas resolvem retornar à terra. Uma indígena, entretanto, prefere morrer a perder de vista o homem branco. É Moema, que vai perecer tragada pelas ondas:

Perde o lume dos olhos, pasma e treme, pálida a cor, o aspecto moribundo, com a mão já sem vigor, soltando o leme, entre as salsas* escumas desce ao fundo:Mas na onda do mar, que irado freme, tornando a aparecer desde o profundo: "Ah! Diogo cruel!" disse com mágoa e sem mais vista ser, sorveu-se n'água. "

Mas tem coisas hilárias como, por exemplo:

"Ela é sem dúvida uma moça branca: Paraguaçu gentil (tal nome teve), Bem diversa de gente tão nojosa, De cor tão alva como a branca neve, E donde não é neve, era de rosa; O nariz natural, boca mui breve, Olhos de bela luz, testa espaçosa."

Isso vem a propósito quando uma revista que aos domingos vem anexo ao Jornal A Tarde, publicou uma reportagem com o título Cidade Perdida. Já o título nos surpreende. Salvador pode estar como estiver, mas ainda não desapareceu. Em seguida, faz-se referência que Diogo Álvares Correia, o Caramuru, teria se estabelecido entre o Farol da Barra e o Porto da Barra. É sabido por todos, desde que é unanimidade, que Diogo Álvares Correia se estabeleceu nas cercanias da atual Graça. Era lá que os Tupinambás tinham a sua sede. Foi lá  que Catharina Paraguaçu, mandou construir a sua igreja e nas horas de lazer, banhava-se numa fonte nas proximidades. Verdade que não se pode negar que Caramuru conhecia a área de praia entre o Porto e o Farol, bem como o Rio Vermelho onde naufragou. Possivelmente, caminhava pelas margens do Rio dos Seixos que desembocava perto do atual Morro do Cristo. Os índios pescavam nesses lugares, mas não se tem referências que tenham formado uma “vila híbrida” com características indíginas e cristãs Definição de “híbrido”: “Híbrido designa uma produção genética entre duas espécies vegetais ou animais distintas, que geralmente não podem ter descendência devido aos seus genes incompatíveis. A mula, por exemplo, é um híbrido de jumento com cavalo e é totalmente estéril.


Este espaço entre o Porto da Barra e o Farol e mais sua extensão por toda a área do atual Chame-Chame, onde corre o rio do Seixos, hoje canalizado, pertencia a Francisco Pereira Coutinho, donatário dessas terras.
Ainda de relação a Caramuru, Diogo Álvares Correia, é sabido que junto com Francisco Pereira Coutinho, viajaram para o sul Estado, possivelmente Ilhéus. Diogo que se tornou amigo de Coutinho estava preocupado com as desavenças que o mandatário tinha com os índios que trabalhavam para ele, principalmente nos engenhos de açúcar. Sugeriu esta viagem e permanência de Coutinho em Ilhéus por um certo tempo. Quando retornaram, por azar, a nau que os trazia de volta naufragou nas costas de Itaparica.   Coutinho foi capturado pelos índios Tupinambá de lá, comandados pelo cacique Taparica – daí o nome Itaparica, futuramente. Mas a reportagem da revista afirmou ” que os índios daquela feito eram inimigos dos daqui de Salvador, por isso “comeram” Pereira Coutinho. E porquê também não comeram Caramuru? Porque era gente dele próprio. Claro. Assim, estão feitas as ressalvas que se faziam necessárias. I’m sorry.

sábado, 21 de julho de 2012

POR POUCO A IGREJA DOS MARES NÃO GANHA UM APELIDO

Em 7 de janeiro de 1922, o antigo Mercado Modelo sofreu seu segundo incêndio. Recuperado, foi todo pintado de verde. Por causa dessa pintura, o povo apelidou o mercado de Tartaruga Verde.


 A história vem a propósito, quando ainda este ano se pretendeu pintar a Igreja dos Mares de Verde conforme se vê na foto abaixo. Houve uma porção de mentiras a respeito, mas se não fosse a reação de muitos, inclusive desse blog, a nossa belíssima igreja estaria parecendo o que?


Se o Mercado Modelo foi apelidado de ”Tartaruga Verde” a nossa bela igreja como seria cognominada? Vara Verde? Picolé de Abacate? Verdes Mares? Dos três citados acima, “Verdes Mares” é o menos pejorativo. É até bonito! Por outro lado, sabe-se que o mar chegava perto da igreja aí pelos idos de 1940. Vinha pelos caminhos barrentos do hoje Bairro do Uruguai. Quase atingia a sua lateral. Isto aconteceu nos áureos tempos da grande Enseada dos Tanheiros. Hoje ela luta para sobreviver.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

AGRADECIMENTO AOS MEMBROS DESSE BLOG

Hoje, faço uma homenagem aos “MEMBROS” de meu Blog, também conhecidos como “SEGUIDORES”. São pessoas do mundo inteiro, principalmente do Brasil, que acompanham com interesse a história da cidade de Salvador. È muito gratificante essa participação e nos dá a certeza de que algo de bom foi feito. Andamos por aí, pelo passado dessa cidade, chegamos ao presente e, por vezes, projetamos o seu futuro ou, pelo menos tentamos naqueles momentos que fizemos sugestões de melhorias dessa cidade com a finalidade de lhe dar um novo aspecto ou melhorar o seu atual. O painel acima tem 64 fotos; Deixam de ser publicados um outro com mais 78 pessoas. Tomaria todo o espaço dessa postagem A todos o nosso agradecimento pelo prestígio de suas participações.

NEM SÉ NEM BONDE

É quase inacreditável a transformação que ocorreu onde hoje é a nossa Praça da Sé. Atualmente ela é assim:
Em anos anteriores era assim:





Mas não estamos nos reportando a essa preciosidade fotográfica só para isto que já seria bem interessante. Queremos conduzir nossos leitores para algo bem curioso que esta foto nos revela. Os quarteirões de casas, aliás, boas casas, que existiam entre as duas igrejas. Diz-se que eram quatro quarteirões. O quarteirão que dava para o topo da encosta, entre as duas igrejas, é nitidamente visto na foto em questão. Percebem-se também outras casas atrás desse privilegiado quarteirão, desde que tinha a vista para o mar. Por conseguinte, o hoje Pelourinho, tinha inicio nesse local e em sendo mais próximo do centro da cidade, entre as duas principais igrejas da época, era constituído de belíssimos casarões de propriedade das famílias mais ricas. E por que não se conservou tamanha preciosidade arquitetônica, formada pela igreja e os casarões? Quase dobrava a capacidade do Pelourinho de hoje. Interesses financeiros principalmente, a chamada Corporocracia, neologismo derivado da palavra inglesa “corporatocracy que descreve o governo de uma sociedade que é capturada por pessoas que tomam decisões favoráveis às “grandes corporações”. E foi assim que em 1933, a igreja foi demolida para dar lugar aos trilhos dos bondes da Companhia Linhas Circular de Carris da Bahia. No bojo da destruição, foram também os quatro quarteirões de casas que formavam o bairro da Sé, chamemos assim. Hoje os bondes não mais existem em Salvador e a Bahia perdeu para sempre grandes referências arquitetônicas, um patrimônio inestimável. Mas os bondes eram um transporte inviável? Não é verdade. Muitas cidades do mundo, mantêm esse sistema de transporte que é econômico e charmoso, como, por exemplo, Bruxelas e Varsóvia. 

 


terça-feira, 10 de julho de 2012

ALGO MARAVILHOSO PARA A PRAÇA IRMÃ DULCE

Realmente nos preocupa com o que vão fazer com a nova Praça de Roma em Itapagipe. Pelo histórico das últimas realizações da Prefeitura nesse setor - A Wilson Lins, onde funcionava o Clube Português da Bahia e a Praça chamada às pressas de Dodô e Osmar- não convenceram a ninguém. Poderia ter sido feito algo muito melhor. Eram espaços enormes, ambos com localização privilegiada e o resultado final ficou muito a desejar.
Areia e mais areia. Um Areal. Poderia ser melhor chamado de “Areal Dodô e Osmar”. Não tem mais nada. As fotos não mentem. Em verdade, perderam a grande oportunidade de fazer algo muito bom. O espaço era enorme; a localização mais do que perfeita, numa das extremidades da pequena baía que é a Avenida Beira Mar. O Bonfim em cima e ao lado a Praça Divina, onde antigamente se realizava uma feira de alimentos, estes vindos do Recôncavo. Naquele tempo, os saveiros aportavam nesse local desde a noite de sesta-feira, quando começava a feira. Estendia-se até o sábado, meio dia. Aí os saveiros voltavam em direção às ilhas de onde vieram. Era uma feira “familiar”, acreditem. Tinha até “footing” das moças da época. Em meio a uma ala de rapazes, elas desfilavam garbosas e lindas. Muitos casamentos aconteceram desse procedimento singular.

Acima, na primeira foto, a Praça Divina e ainda a antiga Fábrica Barreto de Araujo que foi demolida para dar lugar à Praça Dodô e Osmar. Na segunda foto, a pequena enseada da Av. Beira Mar. Numa ponta a Penha e na outra a Praça Divina. Poderia ter sido feito algo monumental. Falaram de um “Complexo Aquático Integrado”. Poderia ter surgido uma representação de “Velas ao Vento” – alguma coisa lembrando “arcos”, “saveiros”. Infelizmente não somos arquitetos e pouco podemos ajudar, mas não faríamos o que fizeram. Muito menos um areal.

Agora, a Prefeitura anuncia uma nova concepção da Praça Irmã Dulce, que já se chamou Largo de Roma e Praça da Bandeira. É a grande oportunidade de fazer algo maravilhoso que se torne uma referência mundial. Sim! Faz-se necessário pensar assim: “referência mundial”. Dubai está ai mostrando como se faz. O mundo todo viaja para lá, mesmo sendo um deserto. Mesmo sendo  área de conflito. Aqui tereriamos área de paz e amor, ou seja, conflitos abençoados.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

UM 2 DE JULHO DIFERENTE

Muitos que, pela primeira vez, participaram este ano do desfile em homenagem ao 2 de Julho, os turistas por exemplo e as crianças, não entenderam nada! Foram para as ruas centenárias da Lapinha e Santo Antônio Além do Carmo, certos de presenciar um grande ato cívico, um dos poucos que ainda existem no Brasil, relembrando a independência desse País, e se depararam com cenas de pugilato, xingamentos, protesto de professores e muito exibicionismo de candidatos à Prefeito de Salvador. Cada qual procurando aparecer mais do que o outro. Infelizmente, roubam para sí o verdadeiro espetáculo que é o tradicional desfile, secular. Como resultado, o povo saiu de suas residências para ver uma coisa e assistiu outra. Essas manifestações políticas deveriam ser proibidas.
Os símbolos representativos da festa, as imagens do Caboclo e da Cabocla, Maria Quitéria e Joana Angélica, foram esquecidos.



Oportunamente, dois dias após, aconteceram as comemorações da Independência dos Estados Unidos (4 de julho). Vejamos as diferenças: Um comentário à respeito: “Nesse dia, as pessoas costumam se vestir com detalhes da bandeira americana, elas vão às ruas, onde ficam acenando com bandeirinhas para aqueles que participam das Paradas. O vermelho, azul e branco tomam conta das ruas e calçadas; bandeiras para todos os lados, estrelas e símbolos da Independência espalhados por vários lugares. O feriado, portanto, é data de celebração patriótica e eventos familiares em todo o país. Nas palavras do fundador John Adams, o feriado seria “O grande festival de aniversário. Deveria ser comemorado como o dia da libertação. Deveria ser solenizado com pompa e gala, com espetáculos, jogos, prática de esportes, salvas de tiros, badaladas de sinos, fogueiras e iluminações, de uma ponta a outra do continente, de agora para todo o sempre”.