sábado, 29 de setembro de 2012

A COLINA DO SENHOR DO BONFIM JÁ FOI UMA ILHA


Numa antiga postagem publicada pelos idos de 2009, praticamente quando começávamos este blog, tivemos a oportunidade de dizer que, possivelmente, parte de Itapagipe teria sido uma ilha. Esta afirmação vacilante, desde que aplicamos “ teria sido uma ilha” e não “foi uma ilha”, claro que é fruto de um lado, da dúvida então existente e do outro, pela lógica e evidências do fato.
Agora, chega ao nosso conhecimento uma reportagem publicada no jornal “A Tarde” faz algum tempo, em homenagem ao Dia do Geólogo (30 DE MAIO), na qual o geólogo Alex D.G.Pereira, escreve um belíssimo “ensaio” sobre a possibilidade quase concreta de que, efetivamente Itapagipe era uma ilha e dá até o nome e a localiza em mapa. Surpreende-nos, inclusive, denominando-a Ilha da Colina do Senhor do Bonfim. So faltava esta para aumentar ainda  mais as lendas e verdades sobre o nosso grande santo e seu espaço maravilhoso..
Eis sua própria palavra:

Geralmente as baías se formam pela ação do mar contra as rochas, contudo, há também a formação de baias pelo recuo desse mar. .Neste último caso, explica-se as antigas ilhas na península de Itapagipe.




LEITURA OPTATIVA




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ALAGADOS

Resumo do capitulo anterior: Alex resolveu fazer um resort na Ilha de Maré com base na casa de mar de Firmino.  As vendas foram um sucesso.
Bel e Cal voltaram a trabalhar juntos. Aos domingos, entretanto, os dois amigos saiam a pescar na lancha de Bell.  Praticamente era como antigamente. Um na popa e o outro na proa. Vez em quando davam um pulo na Enseada dos Tainheiros e pescavam tainhas com tarrafas. Como faziam ao tempo da canoa. Noutras ocasiões iam pescar camarão e siri mole em Freguesia. Procuravam restabelecer aquele tempo.
Numa determinada segunda-feira Maré amanheceu envolta numa espessa neblina. Não se enxergava nem os coqueiros. Muito mal se viam as casas de mar, já prontas. Em meio a essa neblina viu chegar uma lancha. Foi a primeira a usar o píer de uma delas.  Dela saltou alguém que, entre os caminhos suspensos de madeira, se dirigia para a terra. Só veio a reconhecer Carlos, o filho de Calixto, quando ele se aproximou de sua casa. Estava mais gordo e usava barba.
- Que surpresa Carlos, você por aqui? Veio ver seu pai.
- Não. Já soube que ele está bem, morando com o senhor.
- Que o trás aqui, então, numa segunda feira dessas? Não se enxerga nada.
- Vim conversar com o senhor e com o mestre Firmino sobre como vocês conseguiram tomar aquele mar do Uruguai e depois fizeram  o condomínio.
- Como assim?
- Meu pai me dizia que foi o mestre quem idealizou a invasão, mas não me contou detalhes.
-Não houve nenhuma invasão. Fizemos apenas um curral para pegar peixe. A Prefeitura foi quem aterrou tudo aquilo, inclusive o espaço de nosso curral. Ganhamos o terreno posteriormente, por questões de direito de propriedade, como aconteceu com todo mundo. Só que o nosso espaço era maior, o que nos possibilitou fazer o condomínio. Terreno maior que o nosso ganhou um industrial na Maçaranduba por indicação da própria Prefeitura. Ela tinha todo o interesse que se construísse de logo moradias para as pessoas que estavam vindo do interior, atraídas pelas indústrias que estavam se instalando em Itapagipe.
- Então foi assim? Não é o que me contaram muitas pessoas com quem conversei lá no bairro.
- Que pessoas foram essas?
- Gente ligada ao Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Itapagipe, colegas meus.
- Colega seus? Você entrou nessa?
- Nessa como? É um trabalho social dos mais dignos. Defendemos a comunidade contra os ricaços de plantão.
- Você está me incluindo nessa? Se está, seu pai também participou da operação. Fomos sócios. Ele deveria estar aqui para ouvir esta conversa. Vou mandar chamá-lo.

- Não há necessidade. O senhor sozinho poderá me dar as informações que preciso. Só informações. Não quero seu dinheiro.
Então?
- Estamos preparando uma invasão do mar como os senhores fizeram, naturalmente sem os artifícios de currais, essas coisas. Tem muito gente precisando de moradia e o mar é o único espaço ainda disponível.
- Vocês vão então invadir ainda maiis o que resta da Bacia do Uruguai?
- Não. De jeito nenhum. O que restou no Uruguai já é canal. É muito profundo. Não dá para invadir com palafitas, como estamos pretendendo.
- Então a invasão vai ser aonde?
- No Porto dos Mastros.
- No Porto dos Mastros? Aquela área nobre cheia de casas de veranistas
- Exatamente ali, sem tirar nem por.
- E quando vai acontecer a invasão?
- Na próxima Lua Cheia.
- A Lua Cheia será na próxima sesta-feira.
- Exatamente. Em noite esplêndida! Seu Bel já falei muito. Foi um prazer revê o senhor. Dê um abraço no meu e na mãe. Estou voltando para Salvador agora. Mais uma pergunta. O senhor está invadindo o mar aqui em Maré? Quando cheguei andei por aquelas casas.
- Aquilo não é uma invasão de mar. Tem a devida licença dos órgãos competentes. Aquilo será...
E Bel parou por ai. Pensou. Como é o destino! A primeira pessoa, afora os operários, ele próprio, Cal  e Firmino, a transitar pela espinha dorsal da obra, é justamente o filho de Cal seu grande amigo. Que seja benéfica aos deuses esta coincidência.

Achamos por bem fazer esse registro.


enalt

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

TATU-BOLA- MASCOTE DA COPA


O mascote da Copa do Mundo de Futebol de 2014 já está na praça, no caso em frente ao Farol da Barra, um dos pontos mais visitados de Salvador, mas deve se mostrar para o resto  do mundo em todos os canais de divulgação. Também se farão chaveiros, broches e braceletes. Tudo enfim!



Sensacional!

A sua escolha ocorreu em março de 2012 pela própria FIFA, diante de mais três outras propostas, quais sejam, uma Arara, uma Onça Pintada e o Saci Pererê. Ei-los:
Acima, a proposta da Arara. Muito bem bolada!


Enquanto o tatu-bola teve excelente aceitação popular, os nomes sugeridos por uma comissão formada pelo ex-jogador de futebol Bebeto, a escritora Thalita Rebouças e o sambista Arlindo Cruz que fez a música do tema da mascote "Tatu Bom de Bola" ficaram muito a desejar.

São esses os nomes: Amijubi, Zuzeco e Fuleco. Eles se originaram do seguinte:

Amijubi, uma junção entre as palavras "amizade" e "júbilo"; Fuleco que reúne "futebol" e "ecologia", e Zuzeco, mistura entre "azul" e "ecologia".

Evidentemente que os três nomes são péssimos e já se forma uma espécie de revolta popular se é que se pode titular como tal, por exemplo, uma "petição"" dirigida à  Fifa nos seguintes termos:

"Solicitamos ao Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014 (no Brasil) que seja mais democrático e inclua, entre as opções dos três nomes sugeridos, um outro campo para que as pessoas possam sugerir outros nomes e visualizar os cinco nomes sugeridos mais populares. Assim, o público pode não só ajudar a escolher o nome do Mascote, que é tão importante para todos nós, como participar do processo, o que  dará mais transparência ao mesmo.
Queremos participar dessa escolha. Repudiamos esses nomes e queremos escolher o Mascote que representará a todos! Esta petição será entregue OFICIALMENTE ao Comitê Organizador da Copa."

Façamos um pequeno esforço para encontrar um nome mais significativo. De logo, nos veio a ideia do bom de bola. Como resultado surgiria o "BOMDBOLA" . Parece bom. Melhor que Amijubi, rigorosamente um nome feio. Igualmente Zuzeco e Fuleco, horríveis. Soam mal.  O que matou essa indicação foi a preocupação de seus componentes em "combinar" futebol com ecologia. Nada haver.

Se é assim, poderiam ter se lembrado de PETELECO que, de qualquer maneira significa um "chute" que pode ser na orrelha como também numa bola.

Ou poderia o nosso digníssimo mascote ser chamado de MISTER ECO, e estaria cotado pelo menos nas colunas sociais.

Se nem tanto, desde que coisa do povo, chamariamos o simpático mascote de ZECO.  SENHOR ZECO. Tem "eco" no nome e tem de tantos brasileiros. Não é para se pensar um pouco mais?

O certo porém é uma enquete popular de verdade. Sem dúvida que, através dela, sugeriam nomes bem mais interessantes do que Amijubi, Zuzeco e Fuleco e as nossas sugestões feitas ao leo. O pior é que ainda falta dois anos e seremos forçados a aturar o intolerável.


 
LEITURA OPCIONAL
ALAGADOS

Resumo capítulo anterior: Bel e Firmino resolvem construir um resorte na Ilha de Maré.
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Em três meses a maioria das casas de mar estava instalada. Começava a etapa de decoração interna.
Bel ainda estava em dúvida se seria apart=hotel- no caso, casa-hotel- ou se venderia as casas em definitivo ou se faria um sistema misto.  Mandou chamar seu amigo Rigoni. Ele era mais ou menos do ramo. Agora já eram verdadeiramente amigos. Os filhos namoravam entre si. Aquela primeira impressão se desvaneceu completamente. Era gente muito boa!
O corretor ficou maravilhado com o projeto.
- O chamei aqui porque estou em dúvida sobre a melhor maneira de agir na condução dessas casas. Não sei se as vendo isoladamente? Se faço um hotel? Um apart-hotel? Essas coisas?
- Em faria um apart-hotel. Você certamente quer uma integração do turista à ilha. Ele contribui para o convívio social entre os hóspedes e não tem a formalidade de um hotel. O adquirente voltaria sempre ou mandaria alguém da sua família ou de sua empresa. Sim, empresas poderão comprar duas ou mais casas para férias de funcionários e obsequiar fornecedores e clientes. Não vejo futuro para um simples hotel, mesmo com essas características. O Club Mediterranee, por exemplo, no inverno fica um deserto.  Funciona como se fosse um hotel.
- Você está certo. Será um flat. Evita a concorrência.
E em menos de três meses todas as unidades tinham sido vendidas, principalmente a empresas.
Enquanto isto, as casas de mar dos operários de Aratu já tinham sido construídas e ficaram excelentes, bem melhor que as palafitas sujas e desodernadas.
- Rigoni voltou para Salvador em sua própria lancha. Firmino tinha algo importante a falar com Bel.
- De que se trata mestre?
- Estou sabendo que Cal vendeu sua casa de Itaparica e agora está morando no Condomínio do Uruguai. Milena foi com ele. Vai e volta todos os dias por causa do emprego. Por vezes, dorme no hospital.
-Não acredito Firmino. O que aconteceu?
- Primeiramente, ele teria ficado doente, com a pressão muito alta. Estava tendo problemas com o filho.
- Com Carlos, por quê?
- Coisas lá do supermercado. Parece que a coisa não vai bem.
- Ligue para Cal agora mesmo. Quero falar com ele.
- Bel estou tentando, mas ninguém atende.
- Precisamos marcar um dia para ir visitá-lo.
- Quando o senhor quiser.
- Iremos amanhã, como sem falta.
Encontraram o amigo abatido e envelhecido. Era outro homem. – O que aconteceu Cal?
- Bel não soube controlar meu filho, Aliás, praticamente foi ele que me dominou. Quis ampliar o supermercado e eu comprei as casas ao redor. Fez um frigorífico talvez maior que os nossos. Encheu a lojas de produtos importados. O povo dessa região não tem este poder de compra. Muita mercadoria estragada. Constantemente ele viajava para o exterior; dizia que era a negócios, mas não era. Gez-me entrar para sócio sobre a alegação de que eu deveria dirigir a coisa.  Não tinha nenhuma experiência. Só devo ter feito bobagens. Os credores começaram a entrar com ações de cobrança. Numa dessas, minha casa em Itaparica foi ao pau. Fechei a loja. Fomos envolvidos em dezenas de ações trabalhistas.
- E o Carlos, o que dizia?
- Ele praticamente desapareceu. Deixou-me  sozinho.
- Mas isso não pode ficar assim. Você morando aqui. Prepare suas coisas e de sua mulher e amanhã mesmo você se muda para Maré. Vai morar comigo. Milena também.
- Mas Bel. Não é justo.
- Sempre morarmos juntos. Aquela parede entre as nossas palafitas não dividia nada. Era tudo uma casa só. Vai ser assim novamente. Tenho uma casa enorme. Nem vamos sentir que moramos juntos como antes. Mas quero você perto de mim. Você dirigirá o resort que estou fazendo. Você sempre foi trabalhador. Agora será um executivo.



domingo, 23 de setembro de 2012

O SIGNIFICADO DE FONTE NOVA

Em razão da realização da Copa das Federações em 2013 e a Copa do Mundo em 2014 no Brasil, alguns dos estádios de nosso futebol estão sendo reformados ou estão sendo construídas novas praças esportivas. Neste último caso está a Bahia. Possuíamos o Estádio Otávio Mangabeira, mais conhecido como Estádio da Fonte Nova, que foi demolido, e em seu lugar está sendo construída a Arena da Fonte Nova.



Naturalmente, em conseqüência desses eventos, a Arena Fonte Nova está sendo citada no mundo inteiro, como um dos estádios onde se farão os dois grandes eventos internacionais.

Naturalmente, vem a curiosidade  sobre a origem do nome Fonte Nova que, à principio, indicaria a existência de uma  nova fonte de água  (potável naturalmente) no local ou nas proximidades.

Sabe-se, por exemplo, que ao lado do dique, em baixo do Tororó, existia uma fonte de água potável (O dique em si era contaminado). Os moradores desse bairro mais os de Nazaré se abasteciam na mesma. Possivelmente, ao descobrirem uma nova fonte mais adiante, onde hoje se acha o estádio, passaram a se referir a mesma como “fonte nova”.

E essa "fonte nova" situava-se numa depressão do morro ali existente. Teria sido uma depressão natural ou foi provocada pelos homens? Julga-se, por exemplo, que ali teria funcionado um "barreiro", ou seja, um lugar fornecedor de barro. Ainda outros ligam o lugar a existência de uma pedreira em razão de que ao seu lado norte corre a Ladeira da Fonte das Pedras. Que pedras? É difícil imaginar fatores a favor ou em contrário.  

Jogamos bola no local. Acreditem! Estudávamos no Central e em certos dias uma turma descia de Nazaré para o Dique para jogar futebol no campo de barro da depressão da Fonte Nova. Sujava-nos todo e em seguida lavávamos as pernas nas águas do Dique do Touro, não o dique que hoje conhecemos com suas margens disciplinadas, mas um dique cheio de baronesas que se estendiam irregularmente pelas suas bord
.
Já que estamos falando de nomes de estádios, vale citar aqui a origem do nome de um dos estádios mais vistos na televisão, pelo menos pelos amantes do tênis. Trata-se do Roland Garros. A origem de seu nome é inusitada, desde que pela sua importância histórica, pensa-se que Roland Garros é o nome de uma pessoa ligada ao tênis. Não é!Ele foi um aviador e nem sabia jogar tênis. Fez a Travessia do Atlântico em um pequeno avião. Esteve no Brasil. Veio dirigir o Demoiselle de Santos Dumont.

Após a sua morte, resolveram homenageá-lo dando o seu nome ao estádio de tênis Roland Garros:

Teve uma breve passagem pelo Brasil onde ensinou pilotagem em São Paulo.

Em 9 de Março de 1912, juntamente com Eduardo Pacheco Chaves, cada qual pilotando seu próprio avião, realizou a primeira viagem aérea São Paulo-Santos-São Paulo. Na ocasião o governo do estado oferecia um prêmio de 30 mil réis ao primeiro piloto que conseguisse esta façanha.


LEITURA OPCIONAL
Resumo do capítulo anterior: Bel e Rigoni tornaram-se amigos. Os filhos dos dois também. Visitaram-se mutuamente. Até já namoravam,

ALAGADOS

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Passaram-se dois anos. Alex se formara e já estava operando. Mauro estava prestes a se formar. Maria cursava o quarto ano e se formaria no ano seguinte. Mariana também se formaria também no próximo ano e Jean formar-se-ia ainda este ano em engenheiro. Milena também tinha se formado em enfermeira e exercia a profissão em Itaparica. Mauro também se formaria em engenharia no próximo ano.
Alex estava noivo de Mariana e se casariam tão logo ela se formasse. Jean namorava firme Maria; o mesmo acontecendo com Jean e Milena. As três famílias estavam se unindo. O bloco só não era completo porque o filho de Cal, não tinha acrescentado ninguém mais na ordem familiar, bem como entendia que não devia se comprometer tão cedo. Tinha suas namoradas espalhadas por aí. Àquela noiva da reunião era uma delas.
Certa tarde Bel mandou chamar Firmino.
- Mestre, estou sabendo que as palafitas estão se espalhando por trás da ilha. Certo?
- Infelizmente, é verdade. As obras do Porto de Aratú e do Cia estão atraindo muitos trabalhadores do recôncavo e da própria Salvador e  em razão da proximidade, esse pessoal está preferindo morar em  Maré.
- Haveria um jeito de conter essa proliferação?
- Jeito tem seu Bené. Simplesmente comunicar à Marinha que mandaria destruí-las e fim de papo.
- E para onde iria esse pessoal?
- Não iria. Vai ocupar os morros. A ilha é cheia de morros.
- Seria uma desfiguração total. Deus nos livre. Vou pensar no assunto e você também pense.
Bel pensou de tudo, mas não conseguiu formatar nenhuma idéia concreta. Voltou a chamar o mestre.
- E daí, conseguiu chegar a alguma idéia de acabar com isto?
- Seu Bel tenho uma idéia. Não sei se o senhor vai topar.
- A construção de “casas de mar” como a minha. Tem um bom aspecto. Os próprios moradores construirão suas casas, naturalmente com nossa orientação no principio.  
- Gostei da ideia. Elas poderão, inclusive, ter uma ligação umas com as outras.
- Entraremos em contato com as indústrias para que elas instalem sistemas de água e esgoto. É o que é mais caro, mas é necessário que esse pessoal faça alguma coisa, ou seja, pense um pouco mais adiante.
- Excelente. Pode iniciar os contatos. Deve ter algum líder comunitário, não tem?
- Tem, Bel eu o conheço.
- Mas, Firmino, me veio uma ideia agora dentro do mesmo tema. Por que não fazemos outra extensão a partir de sua casa de mar?
-Da minha casa?
- Exatamente de sua casa.
- Faríamos um hotel dentro do mar que nem o Meditaranée em Itaparica. Isso daria à ilha de Maré uma movimentação econômica bem interessante com restaurantes e outros serviços, significando dizer mais emprego para essa gente.
- Senhor BeL, isto tem implicações com a marinha que é dona do mar.
- Estou ciente disto. Vou procurar nossos engenheiros do Uruguai. Eles saberão informar quem construiu o Meditaranée. Gente que vivenciou esse problema. Fica mais fácil e lógico.
Foi o que foi feito. Os engenheiros indicaram a mesma firma que construiu o Meditaranée em Itaparica. Havia diferenças. Lá o clube fora construído num charco; aqui seria em mar aberto.
Os engenheiros foram à Maré e viram boas possibilidades para a construção do resort. Fariam de uma forma para não prejudicar a navegação na área nem trazer prejuízos a paisagem do local. Tinha que ser algo integrado. Sentiram que era preferível alçar o mar, a permitir a tomada dos morros como aconteceu em Salvador. Lá ficou feio; aqui ficaria horrível. Veja o caso de Plataforma. Tomaram o morro.
Decorrido um mês, o escritório de engenharia apresentou o projeto. Já tinha sido feitos contatos com os órgãos públicos que aprovariam sua construção. As cabanas tinham um detalhe absolutamente inovador. As partes principais da casa, como salas e quartos tinham o piso de vidro transparente. Seu morador iria se sentir como que flutuando sobre o mar. Haveria também uma clarabóia em cima de uma das salas onde o morador teria a sensação de estar entre o céu e o mar.
Na parte de fora de cada residência uma escada em direção a um pequeno píer onde o morador poderá dar seus mergulhos e tomar seu sol tranquilamente. Poderá também tomar seu café da manhã ou tomar seu drinque. Também serviria para atracação de lanchas.

Casas de mar


Ligação entre elas

Ao centro seria construída duas ou três cabanas maiores que abrigariam restaurantes, salão de festas, cinema, academia, artesanato e serviços gerais.
- Que nome o senhor vai dar ao condomínio ou clube, senhor Bel, perguntou um dos engenheiros?
- Resort Casas de Mar, simplesmente “Casas de Mar”. Sei que o povo no futuro vai dizer Casas de Mar de Maré, mas também está bom.
Com o projeto em mãos, Bel se dirigiu ao Banco do Brasil, onde tinha conta. Foi a procura do mesmo gerente que havia feito o financiamento do Condomínio da Maré, no Uruguai. Não o encontrou. Agora estava numa das diretorias. Havia sido promovido. Motivo: a grande negociação do Condomínio da Maré. Deu ao banco grandes lucros. Chamava-se Paulo. Aliás, Dr. Paulo.
- Quero falar com Dr. Paulo, dizia Bel ao gerente que no momento lhe atendia.
- O senhor tem hora marcada?
- Hora marcada? Não. Diga a ele que é Bel do Condomínio da Maré.
O gerente fez o contato pelo telefone interno. - Dr. Paulo pede que o senhor suba. Sala da DIPEC – Diretoria de Política Econômica.
- Senhor Bel, que prazer! Como anda “nosso” condomínio?
- Faz tempo que eu não vou lá. O senhor ainda tem a casa que lhe demos?
- Não. Eu a vendi. Achei cem mil e passei adiante. Que o traz aqui. Outro condomínio? Estou vendo o senhor com este canudo nas mãos. É um projeto?
- Em verdade, é um projeto. Parece que o senhor adivinha as coisas.
- E aonde será o condomínio desta vez?
- Na Ilha de Maré. Não é bem um condomínio, é um resort, por ai.
Aí Bel abriu o canudo em cima da mesa do diretor. – Ei-lo.
- Bem original. Em que o banco pode ajudá-lo?
- Financiando-o!
- Não sei se os financiamentos estão suspensos provisoriamente. Vou ter que consultar o Gepro.
- Isto aqui está cheio de siglas – Dipec- Gepro. Tem algum lugar com a sigla “C L I E N T E”?
- Como assim?
- Você quer fazer negócio ou não quer? Vamos ser mais diretos. Não falta banco por aí interessando em financiar um projeto como este e banco onde eu não tenho conta. Aqui eu tenho. Foi aberta quando você ainda era gerente. Faz algum tempo.
- Claro que queremos fazer negócios, mas o senhor compreende... Um momento, preciso realmente consultar o gerente do Gepro.  Não tenho esse poder. Já estou acessando o computador.
Na realidade, o homem estava acessando a conta de Bel. Queria saber quanto ele possuía no banco.
Um bilhão e oitocentos milhões de reais indicou o computador. Dentro em pouco teria dois bi.
Meu Deus, se este homem tira sua conta do banco por causa desse financiamento, vou perder o emprego, pensou o homem. – Quanto o senhor precisa?
- Não preciso de nada. O banco é que precisa fazer empréstimos para que este país cresça e se desenvolva. Esse projeto visa solucionar um problema social e incrementar o turismo na Baía de Todos os Santos e outras coisas mais. Ainda não tenho uma avaliação completa. Vim apenas fazer uma sondagem e em seguida mandar orçá-lo devidamente, mas só pretendia fazê-lo após todas as certezas. De resto, preciso sair daqui convicto que vocês financiarão o projeto, como igualmente criarão todas as facilidades para os futuros compradores das” casas de mar” que serão construídas. A corretora que for encarregada das vendas usará esta “facilidade” como uma arma poderosa de convicção.
O Paulo, aliás, Dr. Paulo, estava impressionado com a esperteza daquele homem que estava à sua frente. Um simples pescador, modesto, mas uma águia, ou melhor, um cação.  Sabia pegar sua presa na hora certa e desta feita fui eu o peixe que ele abocanhou.
O projeto foi aprovado pelo banco que liberou um financiamento de cinqüenta milhões de reais numa primeira etapa. Caso haja necessidade, outras parcelas seriam concedidas.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

SHOPPING BELA VISTA – O NOVO SHOPPING DE SALVADOR



Faz poucos dias que publicamos uma postagem sobre a importância dos shoppings no crescimento urbano/positivo de uma cidade. Positivo? Sim! Desde que, por outro lado, há o crescimento negativo que é aquele cuja representação mais significativa foi a invasão dos Alagados em Itapagipe. Com sua implantação desordenada, Itapagipe triplicou ou quadruplicou a sua população e cresceu sua área na mesma proporção.Vejamos fotos via Google sobre o que acabamos de dizer:

Os espaços dentro dos contornos amarelos representam o que foi tomado do mar, ou seja, da grande Enseada dos Tainheiros. Milhões de metros quadrados e enchimento feito com o que de pior existe em imóveis residenciais e comerciais.
Concomitantemente, publicamos a área influenciada pelo Shopping Iguatemi
O traço em vermelho indica esta área.
Mais recentemente, inaugura-se mais um shopping em Salvador – Bela Vista – numa área que há pouco tempo ninguém pensava fosse possível, economicamente falando, ou seja, saída da cidade em direção a BR-324 – Salvador-Feira de Santana.
Verdade que já tínhamos nessa área, o Porto Seco Pirajá e, mais adiante, o Cia., mas entre esses equipamentos e o novo shopping há uma distância considerável.


Diferentemente da área do Iguatemi que na época de sua construção era mata virgem, ou quase isto, a área em torno do Bela Vista está repleta de aglomerados habitacionais espessos, tanto de um lado como do outro. Só o tempo dirá o que poderá acontecer.


LEITURA OPCIONAL
ALAGADOS

Resumo do capítulo anterior: Enquanto os pais já moravam nas ilhas, os filhos permaneciam morando no Uruguai por causa dos estudos, mas o bairro se tornara perigoso.  Bel constatou isso pessoalmente. Resolveu então comprar um apartamento para os três filhos morarem, bem como transferiu as ações dos frigoríficos para eles.


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Na semana seguinte Alex foi ao escritório da corretora para pegar a escritura definitiva do apartamento. Foi atendido por Mariana, a filha do Sr. Rigoni.
- O senhor é filho do Sr. Bel? Uma pessoa decidida. Eu sou filha de Rigoni.
- Muito prazer. Vim buscar a escritura. Seu pai ligou informando que já estava pronta.
- É verdade. Vou buscá-la.
Alex reparou que a moça tinha um corpo belíssimo. Também era muito bonita de rosto.
- Está aqui. Você não quer um café ou uma água?
- Aceito um café.
- Está gostando do apartamento. Fui eu que o vendi ao seu pai.
- Estamos adorando. É um belo apartamento. Bem localizado. Com vista para o mar. Estamos satisfeitos.
- Trabalha com seu pai há quanto tempo.
- Em verdade, não trabalho fixo para o meu pai. Faço apenas alguns eventos para aumentar a mesada. Eu faço faculdade. Faculdade de Medicina. Estou no segundo ano.
- Eu também faço Medicina. Formo-me no próximo ano. Já estou estagiando no Hospital das Clínicas.
- Qual será a sua especialidade?
- Cirurgia Geral.  E você vai seguir o que?
- Quero ser pediatra.
- Que bom. Então somos colegas?
- Colegas e espero que sejamos amigos. Seu pai está morando com vocês?
- Não. Meu pai mora na Ilha de Maré.
- Ilha de Maré?  Não conheço a Ilha de Maré. Gostaria tanto
- Se você quiser podemos ir no domingo.
- Amaria. Posso levar meu irmão. Ele também faz faculdade. Engenharia. Está no terceiro ano. É mais velho do que eu.
- Como farei para lhe pegar. Você mora aonde?
- Moro em Itapuã. Mas não precisa você me pegar lá. É muito longe. Temos aqui em Ondina um kit net onde dormimos,  eu e meu irmão Jean, de segunda a sesta feira, por causa da faculdade. Ficaremos aqui no sábado. Pode ser?
- Claro. É só você me dá o endereço e o telefone para contato. Posso lhes pegar às 7 horas. É bom chegarmos cedo à ilha. O proveito será maior.
No domingo na hora combinada, Alex foi pegar Mariana e seu irmão. Mauro e Maria foram para a Ribeira no outro carro. A lancha do pai já estava ancorada na marina da Ribeira. Foi trazida pelo marinheiro que cuidava dela.
 - Agora vamos para a Ribeira. A lancha do meu pai já está lá. Meus irmãos foram diretos.
- Seu pai gosta de lancha?
-É. Ele sempre gostou de andar no mar. Foi pescador no Uruguai. Era um tainheiro. Na época tinha uma canoa. Hoje tem uma Casbrasmar 41, com a qual ele faz pesca oceânica com um amigo dele, mestre Firmino que você conheceu e, eventualmente é usada para trazê-lo a Salvador ou nos buscar.
- E ele vende o peixe lá mesmo em Maré ou em Salvador?
- Ele não vende mais peixe. Vendeu muito. Toneladas e mais toneladas. Hoje apenas se diverte. O peixe é oferecido às famílias pobres da ilha e amigos. Só exige uma coisa. Quando pega uns caçonetes e os dá aos amigos, pede-lhes que lhe convide para a moqueca. Suas empresas de pesca encarregam-se de vender. Ele tem um pessoal especializado. Aliás, ele acaba de passar as ações para nossos nomes eu e de meus irmãos.
Quando chegaram à Ribeira, Mariana se espantou com a beleza da lancha e sentiu quanto foi  mal educada ao perguntar se o pai de Alex vendia os peixes que pegava.  A lancha era um espetáculo.

    
 - Nunca vi lancha tão bonita. É de seu pai?
Outro procedimento inconveniente da menina, achou Alex. Já estava arrependido de tê-la convidado. Já estava imaginando quando ela visse a casa de Maré. O que iria pensar? Que meu pai é um ladrão. Roubou de alguém? Que seria um traficante internacional? Não sabia mais o que imaginar. Sem querer, achou necessário dizer àquela menina que o pai dele era um milionário e que ficou rico vendendo peixe.
- Mariana, meu pai é um cara muito rico. Teve e tem  indústrias de pesca. Trabalhou duro toda a vida. Merece ter o que tem hoje.
- Alex, estou apenas admirada.  Aprecio as pessoas que venceram na vida. Meu pai também foi assim. Veio do nada e hoje também pode ser considerado um homem rico.
Rapidamente chegaram à Maré. Mariana ficou encantada com a casa de Bené, mas teve o cuidado de não fazer nenhum comentário. Poderia ser de novo mal interpretada. Notou que Alex ficou desconfortável quando ela perguntou se o pai vendia o peixe que pescava. Se fosse ela, diria que vendia mesmo. Qual é o problema?. Também não gostou quando manifestou admiração pela lancha. Realmente nunca tinha visto nada igual. Foi algo espontâneo, absolutamente natural. Doravante, tomaria mais cuidado! O Alex parecia ter um problema com relação à riqueza do pai. Casos como tais surgem quando há algo de ilícito na formação da fortuna. Não sabia se era o caso do pai de Alex.
Efetivamente, Alex sabia que a fortuna do pai tinha se iniciado de uma forma hábil, mas não ilícita. Todas as pessoas que moravam no Uruguai e que possuíam casa ou negócio ficaram com o espaço correspondente.  O pai tinha currais de peixe. Alcançava uma grande área. Sabia também que a Prefeitura concedeu ainda mais espaço para a construções de casas Sabia que havia um largo déficit habitacional com a chegada de muitos trabalhadores oriundos do recôncavo e das ilhas. Que a Prefeitura não tinha recursos para construir as casas no aterro que se fizera. Que as pessoas e as empresas mais capitalizadas foram procuradas para assumir essa responsabilidade. A do seu pai foi uma delas.
 Os jovens divertiram-se a valer em banhos de mar e passeios em lombo de burro pelas trilhas de Maré e até pelas praias. O pai tinha mandado preparar uma moqueca de caçonete. Firmino foi o responsável. Adoraram! Lá pelas 4 horas da tarde retornaram a Salvador. Alex levou Mariana e o Jean até Itapoã, onde eles moravam. Não saltou do carro. Alegou que já era tarde e não queria dirigir à noite. Prometeu voltar a se falar por telefone. Mauro e Maria foram diretos para o apartamento.
- O que vocês acharam de Mariana? Perguntou Alex aos irmãos.
- Parece ser uma boa moça, respondeu Mauro.
- Muito inteligente por sinal foi a vez de Maria. E você o que achou?
- Ainda não formei um juízo sobre ela, por isso perguntei.
No dia seguinte ainda cedo, Alex recebeu uma ligação do pai de Mariana. Estava agradecendo a acolhida que seus filhos tiveram em Maré e os estava convidando para um almoço no domingo seguinte em Itapoã. Fazia questão que Bel e esposa também viessem, bem como Firmino que ele também conheceu.
Alex ligou para Maré e todos concordaram em vir.
A casa do senhor Rigoni era também uma beleza. Piscina, quadra de tênis. Frente para o mar de Itapoã. Um privilégio. A senhora do senhor Rigoni, dona Lúcia, muito simpática. Mariana parecia muito com ela. Tinha pouca coisa do pai. Almoçaram camarões de diversos tipos: de salada, de ensopado, de moqueca.
Na parte da tarde os meninos foram comer acarajé e abará na barraca de Cira, famosa “baiana” de Itapoã.
Alex evitou fazer qualquer comentário sobre a beleza da casa da amiga. Temeu um revide. A de seu pai é bem melhor, poderia dizer. Conversaram muito sobre a faculdade. Por sua vez Jean e Maria se entendiam cada vez mais. A afinidade começou em Maré.
Bené, Firmino e Rigoni ficaram a conversar em torno da piscina.
- Agora é a vez de você ir até Maré. Vamos combinar um domingo desses. Poderemos combinar uma pesca oceânica. O senhor já pescou?
- Não, nunca pesquei. Tenho amigos pescadores aqui na colônia de Itapoã, mas nunca me arrisquei  no  mar. Para lhe dizer a verdade, a única vez que eu pesquei foi em Jacuipe em cima da ponte. Peguei alguns siris. Há quanto tempo o senhor pesca?
- A vida toda.
- Como assim?
- Fui pescador em Itapagipe. Era um tainheiro. Depois fiz um curral de peixe, idéia do Firmino. O curral pescava por mim é verdade, mas sempre estive junto do peixe. Tenho um frigorífico na Calçada e outro em Saubara e por ai sigo sempre lidando com peixe. Acabei de passar as coes desse frigorifico para meus filhos. Meu amigo Cal também fez o mesmo como os filhos deles. Quando fui para Maré comprei uma lancha com a qual saio quase todos os dias para pescar, mas aí já é mais uma diversão do que negócio. Todos os peixes que pegamos são dados à comunidade de Maré. E o senhor há quanto tempo vende apartamentos?
- Também há muito tempo. Meus pais eram emigrantes italianos. Tinham uma pizzaria. Talvez tenha sido uma das primeiras pizzarias de Salvador. Eu era filho único. Desde muito menino ajudava meu pai na pizzaria. Quando ele morreu tentei dá prosseguimento ao negócio, mas não deu certo. A freguesia que era de meu pai se afastou. Coloquei a pizzaria à venda. Tinha um amigo que era corretor. Ele se encarregou de vender o imóvel. Depois ele me chamou para trabalhar com ele. Estou neste negócio, desde então. Já fiz para mais de 50 lançamentos.
Após duas semanas, a família Rigoni foi à Maré. Bené mandou a lancha pegá-los na Ribeira. Os filhos de Bel já estavam na ilha. Tinham começado as férias.
Logo foram acomodados, Rigoni e o filho Jean  aceitaram o convite de Bel para uma volta pelas ilhas. Firmino também estava presente. Talvez pescassem um pouco.
- Vamos passar rapidamente em Itaparica para pegar Cal, meu grande amigo.
Milena também embarcou. Após um rápido tour por algumas ilhas, resolveram fechar o passeio com uma tentativa de pescar algum peixe.  E, nesse dia o mar estava para peixe. Pegaram um Marlim de mais de 2 metros. Tiraram foto do peixe se debatendo.

Ainda pegaram outros peixes, notadamente pescadas e pequenos atuns. Rigoni ficou encantado. No dado momento Firmino lhe passou o molinete e ele ficou ainda mais maravilhado.
- E eu só vendendo imóveis e os peixes aqui me esperando. Vou comprar uma lancha. Isto que é vida.
Voltaram por volta das 13 horas. Os peixes foi dados aos pescadores da Colônia, liderada por Mestre Ju. Novas fotos foram tiradas do Marlim. Foi uma atração inesperada para os turistas e veranistas. Para todos.
Efetivamente, Rigoni comprou uma lancha e virou um aficionado do esporte. Praticamente, todos os fins de semana esperava a lancha de Bené na Boca da Barra e as duas lanches seguiam para o alto mar, cerca de 20 milhas da costa. Nessa distância, era aconselhável sempre ir duas lanchas. Era uma recomendação da própria Marinha. Se alguma desse defeito, a outra rebocava.
Dados por satisfeitos, Rigoni se dirigia para Itapoã e Bel para Maré. Em Itapoâ Rigoni vendia os peixes para defender a gasolina e em Maré, Bel continuava dando os peixes. Uma questão de princípios. Os dois estavam certos!




sábado, 15 de setembro de 2012

SHOPPING IGUATEMI SALVADOR - ÁREA EM TORNO


Área em torno do Iguatemi

Dois movimentos de ordem econômica ocorreram em Salvador nas décadas de 1940/1950 e 1970/1980, ocasionando um crescimento urbano dos mais significativos de nossa cidade. Referimo-nos à implantação das indústrias (36) no chamado Pólo Industrial de Itapagipe entre 1940/1950 e a construção do Shopping Center Iguatemi em 1975.
Diz-se muito, equivocadamente, que esse crescimento deu-se tanto na Cidade Baixa quanto na Cidade Alta, em razão das características de nossa cidade, contudo, no caso do Iguatemi, não se pode considerar seja esta localidade como fazendo parte da Cidade Alta. Seria mais um terceiro plano de nossa urbes, desde que localizado na altura do mar. Outro caso nesse contexto é a Baixa dos Sapateiros que, em não sendo na altura da Praça Municipal, não pode e não deve ser tida como sendo Cidada Alta.
As conseqüências desse crescimento são díspares. Enquanto no hoje Iguatemi (nome do bairro criado após a instalação do shopping), o crescimento urbano  foi de primeira qualidade com belas casas e extraordinários edifícios, tanto residenciais quanto comerciais. Na Cidade Baixa, desde toda Península de Itapagipe até o Subúrbio Ferroviário, esse crescimento deu-se no nível mais baixo que se possa imaginar; aliás, rigorosamente, houve um decréscimo da qualidade urbana, mesmo de qualidade de vida.

Contribuiu muito para isto, a invasão do mar da Enseada dos Tainheiros – algo em torno de 3 a 5 milhões de metros quadrados - somando a invasão da Bacia do Uruguai entre 1940 e 1950 com a invasão do Porto dos Mastros, entre 1950 e1960.
Nesta enorme área foi construído o que de pior existe em termos de imóveis, desde as horrorosas palafitas em cima do mar e da lama até as casas disformes e indefinidas construídas nas encostas do grande paredão que vai de São Caetano até Paripe, mesmo São Thomé, passando por Santa Luzia, Lobato e Plataforma.
Acresce a esta indefinição urbana a falta de qualquer nível de infra-estrutura , ou seja, saneamento básico, principalmente água e esgoto e no que se refere a eletricidade, funciona no local o chamado “gato” proporcionado pela energia advinda das ruas e avenidas próximas(iluminação pública).
Porque houve essa diferenciação de ocupação? No que se refere à Cidade Baixa, o Pólo Industrial ali implantado nas décadas de 1940/1950 atraiu pessoas das ilhas em torno da Baía de Todos os Santos e do chamado Recôncavo Baiano, após o declínio das atividades econômicas que essas localidades tiveram à época dos trapiches e mercados de Salvador, localizados justamente na Cidade Baixa. Poder-se-ia dizer, à época dos saveiros de velas de içar. Toda essa gente pensou em se empregar nas indústrias daquela época e em não tendo lugar para todos e em não sendo vantagem retornar às suas terras, esse pessoal se alojou nas encostas dos morros do entorno de Salvador e o fez da pior maneira possível ou como era viável, por falta do mínimo recurso financeiro.
Já os caminhos de ida para Iguatemi caracterizou-se, primeiramente, pelo luxo das instalações do novo shopping; pela posse de terra de grandes e ricos proprietários ou, até mesmo, por pessoas ligadas à política e que foram beneficiadas com a informação que naquelas imediações seria construído um grande shopping e grandes avenidas para lhe dá acesso.
Caso semelhante de relação a políticos “bem informados” aconteceu no Porto Seco Pirajá. Tem gente por aí que tem entre 10 a 20 galpões em seu nome e de sua propriedade. Tiveram acesso à informação da futura obra e foram lá e compraram todos os terrenos que ninguém queria e estavam loucos para vender ao primeiro “louco” que aparecesse, mesmo que fosse por poucos cruzeiros (moeda da época).
A oportunidade é única para resgatarmos uma antiga dívida desse blog  sobre o Shopping Center Iguatemi. Enquanto já fizemos duas postagens sobre o Shopping da Barra no Chame-Chame – outro pólo de influência – não tínhamos feito nada sobre o Iguatemi. Façamo-la agora:



Primeiramente de relação a origem de seu nome – Iguatemi-  Vem do chamado “tupi-guarani” e significa “Lago ou Lagoa Verde ou Esverdeada”, formada pela junção dos vocábulos guaranis, podemos assim dizer, respectivamente:

“iguai= lagoa, lago e temi= verde ou esverdeada.

À título de curiosidade, Iguatemi também é o nome de uma cidade em Mato Grosso, chamada Cidade de Iguatemi, município situado ao seu da região Centro-Oeste do Brasil, no Sudoeste de Mato Grosso do Sul (Micro região de  Iguatemi a 461 da capital estadual (Campo Grande) e 1.415 da capital federal (Brasília)
Localização: Av. Tandredo Neves, 148
Inauguração: 5 de dezembro de 1975 (36 anos)
Proprietário: Aliansce/LGR/RABR/BICAR/NRM
ÁREA: 81.148 m
LOJAS: 532
Iguatemi 

LEITURA OPCIONAL
Resumo: OS DOIS AMIGOS PASSARAM A MORAR NAS ILHAS. OS FILHOS PERMANECERAM EM SALVADOR POR CAUSA DOS ESTUDOS

ALAGADOS
Passaram-se cinco anos e as duas famílias se estruturaram cada uma a sua maneira. Alex, o filho mais velho de Bel estava prestes a se formar em Medicina, Mauro em Engenharia e Maria cursava Odontologia. Estava no segundo ano. Já os filhos de Cal, Carlos já estava formado em Administração e o pai lhe dera um galpão onde ele montou um mercado, O Calixto. Já Milena formara-se em Enfermaria e já trabalhava em um hospital em Itaparica. Era enfermeira-chefe.
Felizmente, as famílias estavam bem. Bel e Cal também estavam bem. Os dois agora descansavam e procuravam gozar a vida cada qual a sua maneira e da melhor forma possível, dentro dos conceitos que cada qual tinham.  Bel gostava de fazer pesca oceânica e tinha como companhia constante o mestre Firmino e às  vezes do Mestre Ju. Cal  gostava de plantar. Seu sítio tinha todos os tipos de árvores frutíferas que pôde colher, além de uma belíssima horta.
A casa que Bel tinha mandado construir em Maré, já fazia algum tempo, fora implantada no alto da Praia da Areia.
A de Cal ficava na Ponta de Areia.
Os dois amigos revezavam-se nas visitas. Ora Bel ia a Itaparica; ora Cal ia a Maré. Os filhos e esposas estavam sempre presentes. Cada vez menos iam a Salvador. Os assuntos comerciais eram tratados por telefone com o contador que agora gerenciava o frigorífico da Calçada e com o Gerente Industrial que administrava o curral de Saubara e seu frigorífico. Fazia-se também contato com o Gerente de Vendas, responsável pela comercialização do pescado. O frigorífico da Calçada fora mantido, desde que recebia de Saubara as quantidades necessárias para o atendimento de clientes da capital.
Parecia que os dois amigos tinham dado como encerradas suas atividades. Davam-se como satisfeitos pelo que fizeram. Precisavam gozar um pouco da vida que lhes restavam. Sem se dizerem, fizeram como que um pacto com o ócio.
O mestre Firmino, sempre atento, achava que apenas uma etapa fora cumprida. Se nos negócios foram bem e os dois agora estavam ricos, no trabalho com os filhos havia algo a desejar. Verdade que os meninos vinham todos os fim de semana para as casas dos pais, mas afora isto, quase não os via. Chegavam, pegavam as lanchas e desapareciam. Voltavam lá pelas 3 horas para almoçar e já partiam de volta para Salvador. Tanto os de Bel, quanto o de Cal. As meninas já eram mais chegadas. Milena porque já morava com os pais e Maria porque gostava de conversar com a mãe.  Também Firmino estranhava que os filhos continuassem a morar nas pequenas casas que lhes couberam, apesar da riqueza dos pais. De estranhar também era o fato de que, nenhum dos rapazes tinha carro, um prazer cada vez mais comum de qualquer jovem.
Certo dia quando estava a pescar com Bel na boca da barra à procura de pescadas e albacoras, indagou-o corajosamente – Você conhece bem seus filhos?
Bel chegou a largar o molinete de surpreso.
- O porquê dessa pergunta? Há alguma coisa que eu não saiba?
- Não, pelo amor de Deus. Eu como padrinho de um deles, estou sempre preocupado. Acho que você deveria ir mais vezes ao Uruguai. Segundo eu sei, faz muito tempo que você não vai lá.
- É verdade, faz muito tempo, praticamente, desde que inauguramos o condomínio.
-Já são quase cinco anos.
- Não acredito que o tempo tenha passado tão rápido. A vida aqui em Maré corre que ninguém sente. Você tem razão. Amanhã mesmo vou até o Uruguai. Vou ver como vão as coisas por lá.
Bel  chegou ao Uruguai  por volta das 8 horas. Saiu de Maré às 7. Firmino o trouxe de lancha até a Ribeira. Bateu na porta da casa dos filhos e Maria veio atender.
- Pai, que surpresa! Estamos tomando café, o senhor chegou na hora certa.
Os dois outros filhos vieram abraçá-lo.
- Que novidade, pai. Tem tempo que o senhor não aparece por aqui e quando vem não avisa a ninguém. Já íamos sair tão logo tomássemos o café. Era o Alex, o filho mais velho.
- Resolvi vir ontem à noite.
- Que o trás aqui?
- Queria ver como anda o condomínio. Vou dar uma volta por aí, mas gostaria de almoçar com vocês. Quero comer uma carne. Em maré só como peixe e camarão e os carapicús do velho Firmino.  Pode ser?
- Claro pai. Podemos almoçar na orla. Lá tem boas churrascarias. Tenho uma aula prática no Hospital das Clínicas e podemos marcar às 12 horas na porta. De lá iremos pegar Mauro e Maria em suas faculdades. Está bem para o senhor?
Está ótimo!
Os filhos se despediriam e Bel se dirigiu primeiramente à casa do senhor Maneca.
- Que prazer seu Bel. Quanto tempo que não o vejo. O senhor está ótimo. Está até mais moço.
- !!!  O prazer é meu seu Maneca. Como andam as coisas por aqui?
- Seu Bel, não lhe conto. O bairro está cheio de marginais. Não se pode andar mais de noite. Você é assaltado na primeira esquina.
- O que? Você sabe a que horas meus filhos costumam chegar?
- Muitas vezes vejo-os saltar do ônibus já de noite.  Sete ou oito horas e ainda andam um bom pedaço até a residência deles.
- E a Associação do Bairro, como anda?
- Acabou seu Bel. Ficou devendo não sei quantos aluguéis. Não pagou e foi despejada. O proprietário do imóvel onde ela funcionava quis entrar na justiça, mas desistiu da ação quando soube que a Associação não tinha nenhum registro. Era absolutamente clandestina, mas se sustentava graças a interesses políticos, principalmente do Demostinho quando era vereador. Quando ele não foi reeleito, a Associação não teve como se sustentar.
- Você podia me acompanhar? Quero ver como andam as coisas por aqui, especialmente o condomínio. Esse povo está sabendo conservá-lo?
- Que nada seu Bel. As casas estão sujas. Ninguém pinta nada. A fuligem dos ônibus e caminhões está sujando tudo.
- Estou esquecido, onde fica mesmo o mercado do Carlos, filho de Calixto?
- É logo ali. Vamos
Bel deparou-se com um grande supermercado. No alto, em letras garrafais estava escrito, CALIXTÃO.
aaaaaaaaaaaaaaaa- Mas como isto cresceu. Como aconteceu?a
- Derrubaram o antigo galpão. Compraram não sei quantas casas ao redor e construíram esse monumento.
- Carlos está?
- Quem é o senhor?
- Meu nome é Bel.
- Só Bel?
-Só.
- Vou ver se ele pode lhe atender.
- Doutor Carlos tem aqui um senhor querendo falar com o senhor. Diz chamar-se Bel. Ah! Tudo bem vou mandar ele subir.
- Senhores, aquele escada. A primeira sala à direita.
Quando Bel abriu a porta deparou-se com uma sala de reunião onde se encontravam mais de 50 pessoas sentadas. Num elevado à frente, lá estavam Carlos e uma moça. A um sinal de espera, Bel e o senhor Maneca sentaram-se em cadeiras próximas.  Carlos continuou na sua fala. Falava de promoções, merchandising, marketing, propaganda em TV. Em seguida deu como encerrada a reunião. Levantou-se e veio em direção à Bel. A moça continuou sentada onde estava.
- Que surpresa seu Bel. Desculpe a demora. Vamos para meu gabinete.
- E ai, o que o trás aqui?
- Uma simples visita. Queria saber como você estava e conhecer a sua loja.
- Esta loja que o senhor fala é o maior supermercado da Cidade Baixa. Cresci muito. Tenho mais de 20.000 itens à venda. São quase 80 funcionários. Os que o senhor viu aqui são os mais graduados.
- Você está de parabéns. Estou contente pelo seu sucesso. Preciso ir. Só foi uma visita rápida. Como vai seu pai? Tem algum tempo que não o vejo. Não tenho ido a Itaparica nem ele a Maré.
- Ele teve algumas complicações de saúde, mas agora já está bem.
- Não sabia.  Diga a ele para me ligar.
- Direi seu Bel. Ah! Minhas desculpas quero lhe apresentar minha noiva. Vamos nos casar. Fernanda chegue até aqui, quero lhe apresentar um grande amigo do meu pai.
Ao se aproximar Bel reparou que a moça era bonita, mas não era simpática. Muito mais alta que ele e ainda assim, usava sapatos altos. No trabalho deveria pelo menos usar um sapato baixo. Estaria mais adequado e compatível com a altura de Carlos que saíra ao pai.
- Foi um prazer lhe conhecer. Trate bem desse menino. Até outra vez.
Bel  tinha esse dom ou esse mal. Gostava ou não gostava das pessoas só em vê-las. Sem dúvida que era uma precipitação achar que a noiva do Carlos era antipática e outras coisas. Era uma coisa instintiva. Tomara que a escolha dele esteja certa e a menina seja uma boa esposa.
Firmino comentava que essas percepções de Bel eram coisa de pescador. Só em olhar o mar sabia se ele estava bom para pescar ou não.
- Seu Maneca agora quero andar um pouco pelo bairro e logo percebeu que a maioria das casas, tantas as residenciais como as comerciais, estavam gradeadas. Verdadeiras fortalezas. A coisa devia estar braba por aqui.
- Seu Bel tem assalto todos os dias. Os caras apontam uma arma para o comerciante e exige esta ou aquela mercadoria. Todos são traficantes. Assaltam para se drogar e se drogam para roubar.
- E é gente daqui ou de fora?
- Tudo gente daqui. São pessoas que vieram para cá atraídos pela possibilidade de emprego nas indústrias que se instalaram por toda Itgapagipe, mas a procura de mão de mão de obra é muito menor do que a oferta. Aí não voltam mais para as suas terras. Permanecem aqui e começam a roubar para não morrer de fome.  À noite ninguém pode sair às ruas. Cobram até “pedágio” para a circulação, no caso de uma necessidade. O comércio fecha às 5 horas da tarde.
- Pelo amor de Deus e meus filhos vivendo nesse meio!
As 11.30 Bel pegou um taxi e se dirigiu até o Hospital das Clínicas. Alex já o estava esperando na porta.
- Pai. Com o mesmo carro iremos pegar Mauro e Maria em suas faculdades e de lá vamos para a orla.
Após o almoço, Bel fez uma pergunta geral. – Vocês estão satisfeitos em continuar morando no condomínio?
- Porque pergunta pai?
- Alex, esta manhã estive sabendo de umas coisas nada agradáveis que estão acontecendo no bairro, inclusive cobrança de “pedágio” para quem anda de noite pelas suas ruas. Vocês estão sabendo disto? Já pagaram  “ pedágio”?
Os três irmãos entreolharam-se entre si.
- Já pai. Sempre pagamos, exclamou Mauro.
- E sua irmã não está correndo o risco de sofrer algo mais grave?
- Vou ficar em Salvador esses dias. Vou chamar Firmino. Ficaremos em um hotel. Tratarei de arranjar um apartamento para vocês morarem num bairro digno. O Uruguai não é mais confiável.
Nesta mesma tarde, Firmino aportava a lancha na Ribeira e com duas sacolas de roupas foi se encontrar com Bel. Hospedaram-se em Ondina. À noite consultaram a lista telefônica à procura de uma corretora. Tinha uma bem perto do hotel. Também à noite ficaram atentos aos anúncios veiculados na televisão sobre novos apartamentos. Gostaram de um deles. Tomaram nota. Coincidentemente, a corretora era a mesma que haviam visto na lista telefônica. Havia mais dois lançamentos sendo anunciados da mesma empresa. Logo cedo alugaram um carro com motorista. O próprio hotel providenciou.
- Sim, senhores, o que desejam? Era a recepcionista da corretora de imóveis.
- Vimos o anuncio na televisão sobre determinado apartamento na Barra. Com quem tratamos?
- Um momento.  Vou encaminhá-los ao nosso diretor.
Chamava-se Alfredo Rigoni. Era alto e forte. Aparentava ter uns cinqüenta anos. Bastante calvo. Usava óculos de aros grossos. Timbre de voz altíssimo. Ecoava pela sala. Andava como que apressado. Passos largos.
- Eu me chamo Bel e meu amigo, Firmino. Vimos um anuncio na televisão sobre determinado apartamento na Barra. Estamos interessados nele.
- É bastante caro.  Posso sugerir algo mais em conta?
Bel olhou para Firmino. Firmino fez uma careta de surpresa.
- Não estamos acreditando no que o senhor acabou de dizer. Dizíamos que estávamos interessados em determinado apartamento na Barra e o senhor diz que ele é caro; que tem outro mais em conta. Praticamente, o senhor está nos botando para fora de sua sala. Seu tempo deve ser muito precioso para atender a dois caipiras que “ameaçam” morar na Barra e estão aqui de brincadeirinha.
- Oh! Pelo amor de Deus. Não é nada disto. Apenas quis lhes oferecer o
- Peço-lhes mil perdões. Por favor, sentem-se. Talvez tenha sido infeliz. Os senhores têm toda a razão. Sou um desastrado. É a agitação dessa vida. Dona Margarida traga um café para os senhores, ou os senhores preferem água, um refrigerante?
Bel e Firmino perceberam que o homem estava todo embaraçado, quase envergonhado. De branco que era, estava vermelho e suava a cântaros. Resolveram maneirar. Não estavam ali para brigar. No caso de Bel, estava ali à procura de uma solução para a felicidade de seus filhos. Seria o começo de um grande resgate.
Voltaram a sentar. Quase estavam próximos à porta de saída.
- Todo bem! Podemos ver o apartamento que queremos
- Claro. Há uma pessoa no local. Temos um, todo preparado. Aliás, senão me engano, é a última unidade. Quer que eu os leve até lá?
- Não é necessário. Estamos com um carro alugado aí em baixo. O motorista deve saber onde fica
Foram recebidos por uma recepcionista muito simpática. Que diferença de atendimento! O apartamento era uma beleza. Quatro suítes. Duas salas. Varanda para o mar. O edifício tinha piscina, sauna, sala de ginástica, quadra de tênis. Estava todo preparado - dos quartos até a cozinha, sem tirar nem por.
- Mestre, parece que vai ser este. O que o senhor acha?
- Realmente muito bonito. Os meninos merecem. São filhos maravilhosos. Tenho-os como se fossem meus.
- Quanto custa dona.....?
- Mariana. Estamos vendendo por quinhentos mil a prazo. À vista poderá ser resgatado por quatrocentos.
- E a decoração, quanto custa?
- Os senhores vão querer como está?
- Exatamente, como está.
A moça se afastou um pouco e começou a falar ao telefone.
- Pai, tem uns homens aqui querendo comprar o apartamento com tudo dentro. Informei-os que o preço era quinhentos mil a prazo ou quatrocentos mil à vista. Quanto custaria os móveis e demais utensílios
- Diga a eles que é um presente de “Rigatoni”.
- Rigatoni?
- Eles vão entender.
- Meu pai acaba de me dizer ao telefone que a decoração é de graça. É um presente de Rigatoni. Que os senhores entenderiam.
- Você é filha daquele homem? Não acredito. Parece que a briga valeu.
- Os senhores brigaram?
- É. Não foi mesmo uma briga. Um pequeno desentendimento. Seu pai achava que nós não tínhamos condições de comprar este apartamento. Quase ele bota o caso a perder e nós não estaríamos aqui o comprando à vista. Pode me entregar as chaves imediatamente,
- À vista?!
- Sim, no dinheiro.
- Claro, como o senhor quiser. Vamos precisar assinar o contrato tão logo o senhor emita o cheque. As chaves já são suas.
Após a compra do apartamento, Bel e Firmino se dirigiram a uma agência de carros. Compraram dois carros. Um para Alex e outro para Mauro. A menina ainda era menor de idade e tão logo completasse 18 anos também teria o seu. Depois Bel ligou para os filhos.
- Estou convidando vocês para tomar um café da manhã. Está combinado? Vou mandar um carro lhes buscar. Aluguei um. Oito horas. Está bom para vocês? Ok!
À noite, no jantar no próprio hotel, Firmino arriscou tudo. – Senhor Bel, o senhor ainda precisa vender peixe?
- Como assim, Firmino?
-Eu estou rico com 1% que o senhor me dá todo mês; o senhor está milionário e os filhos andando de ônibus. Não seria a hora de passar as ações da empresa para eles. Assim eles teriam um rendimento seguro.
- Minhas ações?
- Sim. Elas próprias e talvez Calixto devesse fazer o mesmo para os filhos dele.
- Firmino! Você me surpreende a cada dia. Você tem mais noção de minha vida do que eu próprio. Você sabe o que eu devo fazer. Vou ligar para Cal agora mesmo, mas independente da decisão dele, de minha parte as ações já são dos meus filhos.
Cal também concordara em passar suas ações para os filhos dele.
 No dia seguinte, pouco mais das 8.30 os filhos chegaram ao hotel. O pai os recebeu no hall. Firmino era todo sorriso. Adoraram o café do hotel. O pai estava adorando a presença dos filhos.
- Agora vamos a um lugar. Maria e Mauro irão comigo e Alex vai com Firmino num táxi. Chegaremos juntos.
E os dois carros entraram nas dependências do edifício onde Bel havia comprado o apartamento.
- Pai, por que viemos até aqui? Algum amigo seu mora aqui? Era a filha mostrando estranheza.
- Vamos subir até o décimo andar.
Bel tirou a chave do bolso e abriu o apartamento.
- É de vocês.
Os filhos ao tempo em que abraçavam o pai se abraçavam, corriam em todas as direções do lindo apartamento. Que vista! Como é grande! Que lindos móveis! Olhe a cozinha! Veja os quartos! Todos têm banheiro! Sensacional!
- Agora que vocês já viram o apartamento, vamos descer. Tenho outra surpresa para vocês.
Na garagem estavam estacionados três lindos carros.
- Podem escolher os que quiserem. Quero que se mudem imediatamente.
- Outra coisa. Estou passando as ações da empresa de pesca para os seus nomes em partes iguais. Vocês farão uma retirada mensal. Calisto também concordou em passar as ações dele para Carlos e Milena. Também merecem.
E na semana seguinte, os três já estavam morando no novo apartamento. Colocaram a casa para alugar.