Nosso blog fala de Salvador, mais precisamente, das suas duas cidades: Alta e Baixa. Teve inicio em 2009 e já nos aproximamos de 500 postagens. Escrevemos sobre quase tudo. Mostramos a cidade de todas as formas possíveis, inclusive imaginando como ela foi antigamente.
Tem a sua validade. Por essa razão, em diversas ocasiões, recebemos consultas sobre Salvador e sempre respondemos quando o remetente revela seu e-mail. Ainda esta semana, fomos “consultados” sobre como aproveitar bem a cidade numa viagem de turismo de um jovem que não quer ou não pode gastar muito. Nada de hotéis e restaurantes de luxo, bem como de shows pagos que, cada vez custam mais caros – 200 reais, por exemplo um simples ingresso lá na galeria do Castro Alves. Por outro lado, ele estava preocupado com os roteiros estereotipados das agências de turismo. Queria sair da rotina que, muitas vezes, esconde traços pitorescos da cidade. Está mais do que certo! Seu nome é Kelton É cearense, mas mora em Porto Alegre.
Respondi e ele agradeceu da seguinte forma:
Desde já grato pela atenção,
Grato, ótimos conselhos!!
Meu roteiro por cima acho q será + ou menos esse:
sexta: ilhas. Rio Vermelho (bairro boêmio), acarajé da Dinha.
Sábado... Praias - litoral Norte Praia do Forte (Projeto Tamar, Castelo Garcia D'Ávila, as ruínas, o reserva ecológica da Sapiranga) Arembepe (famosa pela Aldeia Hippie).Praia do porto.
Domingo: Forte São Marcelo (no meio do mar) Praia de Stella Maris, Flamengo e/ou Aleluia,onde há vários restaurantes,música e uma paisagem maravilhosa, (alugar pranchas de surf).
Segunda: cidade baixa: A praia da Boa Viagem, o Forte Mont Serrat, a Ponta Humaitá, Sorveteria da Ribeira (Segunda Feira Gorda da Ribeira), Para finalizar, durante a noite, um show de Salsa no Pimentinha Bar e no verão os ensaios do Cortejo Afro.
Na terça: praia da Barra, Fortes São Diogo e Santa Marta. Farol da Barra (por do sol).
Na noite acontece aqui no Pelourinho a famosa terça da Benção. Igreja do Rosário dos Pretos depois disso confira as praças e bares porque é certeza de muita festa, em destaque O Bar do Cravinho, ensaio da Banda Olodum.
Quarta: Museu Afro Brasileiro, o de Gastronomia Bahia, O MAM (Museu de Arte Moderna) e Museu Abelardo Rodrigues, almoçar na Casa do Benin (autentica comida africana). a tarde visita à Igreja do Senhor do Bonfim. A noite Santo Antonio - Centro Histórico, Por do sol no Cafelier, Bar Cruz do Pascoal (ambos possuem uma maravilhosa vista para Cidade Baixa e Baía de Todos os Santos), Alphorria (candomblé e forró).
quinta: Compras - Mercado Modelo, a Feira de São Joaquim e as diversas lojas do Pelourinho. Balé Folclórico da Bahia com ritmos africanos e regionais.
Os dias de carnaval mesmo não pensei ainda + quero curtir os blocos de rua mesmo, fazer um circuito mais cultural... Vou ver ainda...
Na sexta (dia 10) e no sábado vou ficar na Barra:
Dom. e segunda em um albergue no pelourinho...e de terça a quinta (dia 16) em outro albergue tb no pelourinho (que fica + perto do ensaio do Olodum).
Quase irretocável e, por essa razão estamos divulgando-o na presente postagem como um exemplo para muitos outros jovens que queiram visitar Salvador e estão se programando de forma um tanto módica.
E a fim de ilustrar este périplo de nosso amigo e ajudá-lo um pouco mais, resolvemos ilustrá-lo com algumas fotos dos lugares por onde ele irá passar e, às vezes, acrescentando alguns comentários. Vai ajudá-lo a compreender melhor a cidade.
Por exemplo, Rio Vermelho, o bairro mais boêmio de Salvador.
Fizemos diversas postagens sobre este bairro e parte de uma delas segue adiante:
RIO VERMELHO – SUA ANTIGA E BELA IGREJA
A Igreja dedicada a Nossa Senhora de Santana é o primeiro destaque do local apesar de absolutamente modesta para os padrões de Salvador. Ela é o mais antigo monumento arquitetônico do Rio Vermelho, tendo sido construída na primeira metade do século XIX.
A Igreja dedicada a Nossa Senhora de Santana é o primeiro destaque do local apesar de absolutamente modesta para os padrões de Salvador. Ela é o mais antigo monumento arquitetônico do Rio Vermelho, tendo sido construída na primeira metade do século XIX.
Inicialmente fora uma ermida de taipa coberta com palha. Era o ano de 1580. A sua frente era voltada para o mar onde hoje se acha a Colônia de Pescadores do Rio Vermelho.
Devido a sua pequena capacidade de espaço para as concorridas missas dos domingos, a Arquiodoseje resolveu construir uma maior e o local escolhido foi o espaço onde existia um forte chamado Reduto do Rio Vermelho ou Forte de São Gonçalo do Rio Vermelho
Como que dirimidas as dúvidas, o Rio Vermelho (o rio em si) tem esse nome em razão de que antes de ser poluído, as suas águas eram avermelhadas, graças ao tipo de arenoso que constituía grande parte do seu percurso. Rigorosamente, contudo, o Rio Vermelho é o Rio Lucaia, um dos braços do Rio Camurugipe que nasce no Bairro Boa Vista de São Caetano.
Há uma versão de que o nome Rio Vermelho é devido a um tipo de flor que dava em suas margens, chamada “cambará”. Sua coloração vai do amarelo até o vermelho. Esse se destaca mais.
Também conhecido como: Cambará-miúdo; Cambará-de-cheiro; Cambarazinho; Cambará-verdadeiro; CamarazinhoIgualmente, publicamos muitas postagens sobre o Porto da Barra Sua praia foi considerada a 3ª melhor praia do mundo por um jornal inglês. Destacamos um trecho de uma delas:
Não resta a menor dúvida que Francisco Pereira Coutinho, primeiro donatário da Bahia, quando chegou a Salvador em 1536 desembarcou na Praia do Porto, conhecida na época como Porto da Vila Velha, como era chamado àquele tempo. Também Tomé de Souza quando aqui desembarcou em 1549, o fez igualmente na Praia do Porto. Até os “holandeses” quando aqui vieram, aportaram suas naus invasoras nesse local. Não havia outro lugar mais seguro. No Rio Vermelho, nem pensar (que o diga Diogo Álvares Correia); na Praia do Farol muito menos desde que quase toda protegida por recifes; adiante na Praia da B, navio inglês de nome Maraldi naufragou justamente ali. No local só tem pedras que encostam ao Forte Santa Maria e ali se elevam. Resta justamente a Praia do Porto que pode ser considerada um ancoradouro natural. Há poucos metros da praia, a profundidade já é de pelo menos 2 metros. Há 30 metros para o fundo, alcança de 4 a 5 metros. Não há recifes na área e a água forma um espelho que nem uma piscina. Ótima para nadar.
Mais adiante tinha uma opção – a Praia da Preguiça – mas havia o problema da segurança.
Prosseguimos: nosso amigo quer visitar o Forte de São Marcelo. Infelizmente, parece que não vai ser possível. As visitas estão suspensas, mas ficam as seguintes informações:
Pouca gente sabe que o nome completo e, portanto, verdadeiro, do Forte de São Marcelo é, Forte de Nossa Senhora de Púpolo e São Marcelo.
Sobre as ilhas o procedimento mais correto é pegar uma escuna no Cais do Porto . Uma delas é uma cópia das antigas caravelas portuguesas.
Os turistas fazem um belo passeio pela Baia de Todos os Santos, a maior baía do Brasil com suas 56 ilhas. Não temos certeza onde almoçam. O melhor lugar, entretanto, é a Ilha de Maré onde são servidas deliciosas moquecas de caçonete e taquari. A ilha tem um artesanato muito interessantes e é tradicional o passeio em lombo de burro pelas suas trilhas.
Continuando, o roteiro de nosso amigo visitante, ele inclue a Cidade Baixa. Boa Viagem, Monte Serrat, Ponta do Humaitá, Sorveteria da Ribeira e Segunda Feira da Ribeira.
Uma ressalva precisa ser feita: ele não vai ver a 2ª Feira Gorda Ribeira. Este ano a festa será realizada no dia 17 de janeiro e o nosso amigo só vai estar em Salvador em fevereiro. Mas não se preocupe. Já não é mais uma grande coisa como foi no passado. Era considerada a abertura do Carnaval da Bahia. Após as festas do Bonfim, realizada no Largo do Bonfim e adjacências até o domingo, os barraqueiros deslocavam suas barracas de madrugada para a Ribeira (cerca de 2 quilômetros) e se fazia a chamada 2ª Feira Gorda do Bonfim, com a presença dos principais blocos carnavalescos daquela época e a festa se estendia até a madrugada da 3ª Feira.
Hoje, apenas alguns conjuntos musicais, chamados “regionais” fazem um som nas barracas já existentes na Ponta da Penha, um lugar que merece ser conhecido.Na sua extremidade acha-se a Igreja de Nossa Senhora da Penha de França.
Ainda na Ribeira, é preciso conhecer os Alagados, bairro que se iniciou com a invasão do mar por milhares de palafitas. Hoje está saneado. Na época foi tomado do mar mais de um milhão de metros quadrados, ilhas internas e grandes manguezais. Foi um dos maiores crimes ambientais que se tem notícia.
Devido a tranqulidade de suas águas, o canal da Ribeira é o paraiso das marinas. Estão repletas de grandes escunas e belísimos catamarãs, formando possivelmente a maior frota do país dessas duas classes.
Itapagipe foi, no passado um balneário. É desse tempo as construções abaixo:
“Construído em 1901 pelo português Francisco Mendonça, o Solar Amado Bahia tem dois pavimentos. É uma casa totalmente envolvida de varandas de ferro fundido, importado da Inglaterra. Tem uma escada na lateral direita também de ferro e piso de mármore de Carrara. Seu salão principal é todo revestido de espelhos franceses. Aliás, todo o material de acabamento é importado, como sejam as pastilhas coloridas das varandas; o assoalho de pinho-de-riga; os vidros gravados da França e as peças de louça da Inglaterra. Como se vê, uma autêntica riqueza patrimonial e artística quase abandonada, apesar de já tombada pela União. Mesmo assim, em 1990 o Movimento dos Sem Teto de Salvador (MST), invadiu o referido prédio, que correu o risco de ter sido total ou parcialmentedepredado. Achamos que os caras não enxergaram a riqueza que lhes envolviam! Coisa velha, de somenos importância, sem nenhum valor, teriam pensado.”
Ainda na Cidade Baixa ficam o Mercado Modelo e a Feira de São Joaquim।, centros de compra
Quando for ao Mercado Modelo, não deixe de visitar o subsolo, local das antigas masmorras de escravos.Também é o momento de visitar a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira da Bahia. Fica bem perto, em frente à Escola de Aprendizes de Marinheiro.
A grandiosidade de sua fachada tem características neoclássicas e é realçada com as torres em diagonal. Em 1946 foi elevada à Basílica (Sacrossanta Basílica). O papa Paulo VI declarou Nossa Senhora da Conceição padroeira “única e secular do Estado da Bahia”. Muitos pensam que o padroeiro da Bahia é Senhor do Bonfim. Não é! É Nossa Senhora!
Seu interior é barroco com destaque para a pintura do teto de autoria de José Joaquim da Rocha. A Rua Conceição da Praia tem o seu nome em razão da igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, localizada na área.
Belíssima!
Foi uma das primeiras construções feitas nesse espaço. Fala-se que já em 1549 o governador Thomé de Souza mandou erigir uma ermida no local. Ficava à beira mar. Em frente achava-se a Enseada da Preguiça. O mar chegava junto. Aliás, há de se notar outras igrejas mandadas construir em Salvador, beirando o mar. São os casos da Igreja da Penha em Itapagipe; de Monte Serrat na Ponta do Humaitá; da Boa Viagem em frente à praia do mesmo nome, afora outras.
Já em 1623, ganha nova dimensão e em 1765 é iniciada a construção do seu atual aspecto, obra concluída em 1849. O projeto é atribuído a Manoel Cardoso Saldanha. Na época foi contratado o mestre-pedreiro, Eugênio da Mota que em Portugal acompanhou a modelagem das pedras de Lioz que compõem a sua fachada. Viajou com elas. Deve ter acompanhado o transporte das mesmas da nau que as trouxe até a Enseada da Preguiça e fez questão de supervisionar sua montagem. Verdadeiro “quebra-cabeça! As peças eram todas numeradas. Conta-se que algumas delas se perderam num naufrágio. Foi necessário encomendar outras. Imagine o trabalho que deu para saber a numeração das mesmas.
Mas o que seria a pedra de Lioz de que tanto se fala? Vejam essa descrição e ninguém terá mais dúvida:
“O lioz é um calcário compacto formado há cerca de 97 milhões de anos (Cenomaniano – Cretácico), apresentando fósseis abundantes, entre os quais se destacam lamelibrânquios coloniais construtores de bancos recifais designados de rudistas.
Num dos seus dias o nosso visitante irá ao Pelourinho. Ele já tem a relação dos lugares que irá visitar. Não percebemos, no entanto, uma referência especial à Igreja de São Francisco, notadamente o seu interior. É extraordinário! Quase todo em ouro. Dizem que foram aplicados mais de mil quilos desse metal em lâminas. Aconselhamos visitar primeiro as demais igrejas existentes no largo e deixar a de São Francisco por último. É o chamado impacto gradual dos sentidos.Vai se preparando gradualmente até o espetáculo final.
Evidentemente que essa postagem já está muito longa, mas se fez necessária. O nosso visitante quer provar o acarajé da Dinha no Rio Vermelho. Muito bom!. Contudo, não deixe de fazer o mesmo com o da Sira em Itapoâ. É só pegar um ônibus panorâmico no Farol da Barra - dois andares - e após curtir grande parte de nossa orla, saltar e provar o grande quitute da baiana de Itapoã. Os camarões são selecionados. Todos do mesmo tamanho.
Agora, vamos fazer uma pequena viagem ao Recôncavo Baiano, mais precisamente à cidade de Mata de São João. Lá fica o Castelo da Torre de Dias Dávila.
É considerado a primeira grande edificação portuguesa construída no Brasil, exemplar único de Castelo em estilo medieval construído na América, e foi a sede do maior latifúndio do mundo.
O Solar de Garcia D'Avila, principal sede da Casa da Torre, integra um conjunto residencial-militar, compreendido pelo próprio Castelo, com sua Torre e seus anexos, o Forte Garcia D'Avila, o Porto do Açú da Torre, e sua ambiência, formada pelas áreas adjacentes, delimitadas no tombamento (1938) e na extensão posterior (1977). As propriedades dos Avilas se localizavam, da Bahia ao Maranhão, dentro de uma área de cerca de 800 mil quilômetros quadrados, equivalente a 1/10 do território brasileiro de hoje, o que equivale às áreas, somadas, de Portugal, Espanha, Holanda, Itália e Suíça.
Mas também tem Carnaval. Nosso turista não quer entar em nenhum bloco desses de camisas custando uma nota. Acho que ele está certo. O cara fica praticamente limitado a um determinado aglomerado homogeneizado e acordeado e ainda sujeito a ouvir as músicas exclusivas do artista ou da artista que comanda o espetáculo. Prefere ficar livre e brincar a vontade. Está mais do que certo!
De resto, é desejar felicidade ao nosso amigo e a tantos outros que se preparam para vir a Salvador. Boa estadía!
Mas também tem Carnaval. Nosso turista não quer entar em nenhum bloco desses de camisas custando uma nota. Acho que ele está certo. O cara fica praticamente limitado a um determinado aglomerado homogeneizado e acordeado e ainda sujeito a ouvir as músicas exclusivas do artista ou da artista que comanda o espetáculo. Prefere ficar livre e brincar a vontade. Está mais do que certo!
De resto, é desejar felicidade ao nosso amigo e a tantos outros que se preparam para vir a Salvador. Boa estadía!
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