Quando o arquiteto Diógenes
Rebouças projetou a antiga Fonte Nova – Estádio Governador Otávio Mangabeira-
teve a preocupação de deixar aberto o lado que dá para o Dique do Tororó. Dizia
o senhor Rebouças que além da ventilação que o estádio teria, não se deveria esconder a beleza desse lago,
mesmo àqueles que estavam no estádio com outra finalidade que era tão só assistir às
partidas de futebol. Por outro lado, tinha a imprensa trabalhando lá, principalmente aquela
vinda de fora para os jogos nacionais. Em suma, a ideia básica era proporcionar
um ambiente agradável e saudável.
E assim foi feito. Do lado sul,
projetaram-se imensas colunas espaçadas uma das outras com a vista do dique.
Nesse espaço, não haveria arquibancada.
Felizmente, a ideia do grande
arquiteto baiano prevaleceu no projeto da Arena Fonte Nova. É quase igual ao
que era antes. O Dique do Tororó continuará a ser visto para quem está dentro
do estádio e a brisa que se origina pelos espaços criados, continuará suavizando
todo o ambiente do belo estádio.
De certos ângulos, poder-se-á até
ver até os Orixás do Dique, Orixás esses que não existiam ao tempo do projeto
de Rebouças, mas parece que ele estava adivinhando e em boa hora o escultor
Tati Moreno fez esta maravilha, hoje apreciada por turistas de todo o mundo. As
estátuas como que flutuam na superfície da pequena lagoa.
Apesar da beleza, os Orixás do
Dique não foram uma unanimidade. Os Evangélicos fizeram uma espécie de protesto
ou queriam também uma permissão para implantar algo relativo à sua religião,
talvez uma Bíblia flutuando ao meio do dique. Caso fossem aceitos, os Católicos
certamente reivindicariam a instalação de uma cruz e assim por diante.
A Arena Fonte Nova e sua parte voltada para o Dique
Parte aberta do Estádio- Vê-se o elevado de Brotas
Os Orixás como que flutuando- A Arena ao fundo
Pelo que se relatou, o dique como
que faz parte do conjunto da obra. Em verdade, quando se instalou a primeira
Fonte Nova – Estádio Otávio Mangabeira - a ideia generalizada era que no local estava
se fazendo um complexo esportivo composto do próprio estádio, do Ginásio
Antônio Balbino, da piscina Juracy Magalhães e do dique, este destinado à
pratica de remo, de caiaques e Jet-Skis.
Nada mais justo, então, que
relembrarmos o que é o Dique, um pouco de sua história.
Nesse sentido, em junho
de 2011, este blog teve oportunidade de fazer um trabalho sobre ele. Vamos
pincelar as partes mais importantes da referida publicação.
“O Dique do Tororó é
uma lagoa artificial hoje com os seguintes limites:
: à esquerda o bairro do Tororó; à direita, o bairro de Brotas e seus diversos
distritos; ao norte pelo então Estádio Otávio Mangabeira (Fonte Nova) e ao sul
pelo bairro do Garcia।
Medidas do Dique do Tororó
1036
mts de comprimento e largura variável desde 92 mts. (menor) até 391 mts.
(maior)
Possui
cerca de 25 mil metros quadrados com profundidade variavel entre 5.60 metros
(máxima) e mínima de 2.60 metros. Já foi mais fundo, em torno de 7 metros.
Nessa época tinha até jacaré e diversas variedades de peixe. Consequentemente,
não era poluído. Boa parte da população vizinha ao local e bebia de sua água. A
sua margem direita olhando-o a partir do estádio, era repleta de hortas onde a
população se abastecia e muitos lavavam roupa de ganho.
Lavadeiras do Dique - Do outro lado a Usina geradora de energia:
Usina geradora do Dique
Diz-se
que os governos da época tentaram por muitas vezes bombear sua água para
abastecimento da cidade. Uma dessas estações ficava no bairro de Nazaré.
Em seguida, em 1963, lamentavelmente, o dique passou a
receber esgotos das residências que se construíam no alto de suas margens,
principalmente de Nazaré e Brotas.
Muita gente ainda usa
Acreditamos,
contudo, que a poluição do dique é anterior a 1963. Acima temos uma foto datada
de 1943. Um barco com pessoas desembarcando em uma de suas margens,
possivelmente no lado do Tororó. Vê-se muitas baronesas, um dos sinais visíveis
de poluição.
Assim
ficava o dique – um mar ou um dique de baronezas
Baronesa – “O Vegetal – água”
Outras denominações tem a planta pelo Brasil afora,
como, por exemplo, “orelha de jegue” – jacinto d”água e miriru.
Geralmente é uma praga, mas também tem seu lado bom. Vejamos por que: ela é quase água (95%). Apresenta-se suspensa e flutua livremente enroscada em obstáculos, presa ao solo em locais de água rasa e até pode se enraizar em locais secos.
Ela flutua por que possui pecíolos cheios de cavidade de ar. Serve de abrigo natural a organismos de vários tamanhos, servindo de habitat para uma fauna bastante rica, desde microorganismos, moluscos, insetos, peixes, anfíbios e répteis e até aves. Ela é também como que um filtro natural e tem a capacidade de incorporar em seus tecidos uma grande quantidade de nutrientes.
Assim, se um lago estiver poluído, suas raízes longas e finas com uma enorme quantidade de bactérias e fungos, atuam sobre as moléculas tóxicas, quebrando sua estrutura.
Por mais incrível que pareça e pouca gente sabe disto, as baronesas estiveram no dique para ajudá-lo, senão seria um mal cheiro insuportável para os milhares de pessoas que viviam ao seu lado ou trabalhavam nas suas margens.
Claro que elas não podiam continuar. Davam um aspecto de uma área abandonada, entregue a sua própria sorte, no caso, entregue às baronesas.
Foi preciso oxigenar sua água, daí os esguichos que hoje integram a paisagem do dique. Parece uma “decoração”, mas, em verdade estão ali tentando oxigenar sua água.
Geralmente é uma praga, mas também tem seu lado bom. Vejamos por que: ela é quase água (95%). Apresenta-se suspensa e flutua livremente enroscada em obstáculos, presa ao solo em locais de água rasa e até pode se enraizar em locais secos.
Ela flutua por que possui pecíolos cheios de cavidade de ar. Serve de abrigo natural a organismos de vários tamanhos, servindo de habitat para uma fauna bastante rica, desde microorganismos, moluscos, insetos, peixes, anfíbios e répteis e até aves. Ela é também como que um filtro natural e tem a capacidade de incorporar em seus tecidos uma grande quantidade de nutrientes.
Assim, se um lago estiver poluído, suas raízes longas e finas com uma enorme quantidade de bactérias e fungos, atuam sobre as moléculas tóxicas, quebrando sua estrutura.
Por mais incrível que pareça e pouca gente sabe disto, as baronesas estiveram no dique para ajudá-lo, senão seria um mal cheiro insuportável para os milhares de pessoas que viviam ao seu lado ou trabalhavam nas suas margens.
Claro que elas não podiam continuar. Davam um aspecto de uma área abandonada, entregue a sua própria sorte, no caso, entregue às baronesas.
Foi preciso oxigenar sua água, daí os esguichos que hoje integram a paisagem do dique. Parece uma “decoração”, mas, em verdade estão ali tentando oxigenar sua água.
Esguicho curto
Esguicho longo
Hoje
o dique tem pedalinho e barcos a remo para diversão da população, além dos
“píeres” para a prática de pesca।
Anteriormente e ainda hoje tem um serviço de transporte de passageiros via
barco. Trajeto: margem direita à margem esquerda e vice versa. Distância: cerca de 50 metros. Utilidade:
permite o acesso rápido ao centro da cidade, via Tororó de quem está na sua
margem esquerda e viver-versa.
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