É sumamente interessante observar
a decadência de nossas tradicionais festas populares, a exceção da Lavagem do
Bonfim que cresceu horrores. Nesse sentido, não se diga, entretanto, que a
festa do Senhor do Bonfim da qual a lavagem está associada, cresceu de mesma
maneira. Muito pelo contrário, está quase desparecendo.
O que houve? O povo baiano ficou
menos festivo? Muita gente deixou a religião católica, desde que quase todas as
festas tem uma relação com a mesma? Questão de segurança. Outras formas de
divertimento. A televisão, por exemplo?
À primeira indagação,
diga-se que, ao contrário, o baiano de Salvador está muito mais festivo e o
Carnaval é uma prova disso. As ruas de Salvador se tornam pequenas e ainda mais
estreitas para tanta gente que se aglomera desde a Avenida 7 de setembro até à
Oceânica da Barra.
Nesse
contexto, a questão da segurança se anula completamente como uma das razões da
decadência. A preferência por televisão, também não se sustenta. A hora da
festa é a “hora da festa”. Nada haver com a televisão na sala. O povo sai
mesmo.
Em nossa
opinião, a decadência das festas populares tem muito haver com a decadência da
cidade baixa no seu todo. A exceção da festa do Rio Vermelho e de menor peso, a
de Itapoã, as restantes são realizadas na Cidade Baixa.
No contexto dessa decadência há que se considerar como absolutamente fundamental a afluência dos veranistas de Itapagipe. Praticamente, a penisula se tornava uma segunda capital, desde que o governador também ia para lá, bem como o arcebispo. O primeiro ficava no Solar dos Marback aos pés do Senhor do Bonfim e o segundo no anexo maravilhoso da Igreja da Penha , tendo o mar como cenário maior.
Solar dos Marback
Igreja da Penha
Por outro
lado, a população mais pobre tinha também significativa presença à medida que
ela própria participava de sua organização. As barracas eram um elemento de
composição importante das festas
populares de Salvador. Davam a graça com suas denominações e decorações.
Atraiam gente de todos os lados. Era algo diferente! Aí veio um determinado
Prefeito e as proibiu, substituindo por toldos horríveis e uniformes.
Barraca de comida
Vejam um
comentário publicado num jornal da época. “Isso deixou um gosto amargo na boca
dos barraqueiros que se sentiram desrespeitados”.
Muito pelo
contrário as barracas primavam pela higiene. Os talheres eram até fervidos após
o uso.
E ai, em determinado ano
(1953) aconteceu a invasão chamada dos Alagados. Os turistas foram embora,
também se considerando injustiçados pelo que fizeram por Itapagipe. Acresce aí
o prejuízo econômico/financeiro. Suas casas perderam 90% do valor. Muitas foram
até abandonadas. Aí são 100%.
E era esse fluxo de veranistas que proporcionava o brilho das festas populares sde Itapagipe. Querem uma prova? Por diversas vezes tentaram a recuperação dessas festas e, em todas as vezes, o fracasso foi retunbante. A tendência é o desparecimento de todas elas ou tornarem-se apenas uma obrigação religosa de determinada igreja.
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