Ao se falar da Baia de Todos os Santos, hoje em dia, não se pode deixar de falar sobre a ponte que querem construir ligando Salvador à Ilha de Itaparica.
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Projeto de ponte datado de 1980
A coisa é antiga. Em 1980 já existia um projeto com detalhes de sua conformação (foto acima). Pelo que se vê, a ponte começaria ou terminaria exatamente em frente ao Elevador Lacerda, ao lado do atual Mercado Modelo. É um grande erro. Não levou em conta o sistema viário de apoio. Outro grande erro é a curvatura à direita, aproximando-se do cais norte do porto, o que já é um problema. Fecha uma das entradas ou saídas dos navios. Não é mesmo?
Ao nosso modo de ver, nas proximidades, o único lugar mais ou menos viável, ainda assim com seríssimas restrições, seria o inicio ou término dessa ponte em Água de Meninos, aproveitando a Via Portuária para escoamento do tráfego.
Mas não se iludam os que são favoráveis à construção da ponte, ela não será quase vista de Salvador. O real projeto de ligação Salvador-Itaparica será constituído por três pontes. A primeira ponte seria construída no trevo da estrada para a Base Naval de Aratu (BA 528), garantindo acesso ao Centro Industrial de Aratu. A ligação seguiria até Madre de Deus, onde uma segunda ponte garantiria conexão com a Ilha dos Frades. Em seguida, uma terceira ponte, com extensão de 11 quilômetros, faria a interligação com Itaparica, na localidade de Mocambo, permitindo acesso até a BR 101.
Em verdade, não se pensa apenas em ocupação imobiliária da ilha. Isto será uma conseqüência. O que realmente se pretende é permitir a continuação da Rodovia BR-101 pela costa brasileira, com grandes vantagens turísticas e econômicas, visto que seria grande a economia de tempo e consumo para se viajar e transportar cargas do Sul para o Norte do País. A economia estimada seria de 120 quilômetros de estrada, sendo que essa economia, por si só, justificaria e traria retorno rápido ao investimento.O resto é balela e sonho!
Mais um detalhe: imaginem se acontece com essa ponte o que vem ocorrendo com as obras do metrô de Salvador que se arrastam por longos 12 anos. Inicia-se a sua construção e, por falta de verba, que é muito comun em nossa terra, a ponte para no meio da Baía de Todos os Santos. Que espetáculo dandesco proporcionaria! Uma alfinetada de cimento e ferro no coração da bela baía. Viraria um terminal de pesca de anzol. Todo mundo pescando no canal. Uma beleza! Os gozadores de plantão dirão logo: "A Bahia conseguiu fazer uma ponte que tem começo e não tem fim". Já os pretensos arautos do progresso dirão que tudo se resolve. "Far-se-ia, por exemplo, um transbordo com ferries boats. Estes teriam diminuição de percurso. Isto é que é economia".
“Como todos os anos, vim a Itaparica, para passar meu aniversário em minha terra na casa onde nasci. Casa de meu avô, coronel Ubaldo Osório, que fez pouco mais na vida que amar e defender a ilha e seu povo. De lá para cá, muito se tem perpetrado para destruí-los física ou culturalmente e há nova tentativa em curso. Trata-se da anunciada construção de uma ponte de Salvador para cá. Isso é qualificado, por seus idealizadores, de progresso. Conheço esse progresso. É o progresso que acabou com o comércio local; que extinguiu os saveiros que faziam cabotagem no Recôncavo; que ao fim dos saveiros juntou o desaparecimento dos marinheiros, dos carpinas, dos fabricantes de velas e toda a economia em torno deles. Conheço os argumentos farisaicos dos proponentes da ponte, ávidos sacerdotes de Mamon, autoungidos como empresários socialmente responsáveis”.
Finaliza: “Adeus, Itaparica do meu coração, adeus, raízes que restarão somente num muro despencado ou outro, no gorgeio aflito de um sabiá sobrevivente”
Esse cara escreve demais, contudo, esquece que a ilha já tem uma ligação com o continente lá pelo sul e não aconteceu nada (Ponte do Funil). A sugestão que se faz e é quase oficial, pelo menos, é federal, é a ligação lá pelos lados de Aratu e os veículos já sairiam no quilômetro 31 da Salvador-Feira, cerca de 70 quilômetros de Feira de Santana.
A ponte em frente à Salvador é uma utopia e um mal senso. Parece mais ser uma propaganda de efeitos políticos. Vai ser até mais cara, devido a profundidade do canal que separa Salvador de Itaparica. Seriam colunas imensas de alto custo e são muitas. Se o metrô já levou 12 anos para ser construído, justamente por falta de verba, imagine essa ponte. Vai esvaziar os cofres da nação.
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