domingo, 7 de março de 2010

O CALÇAMENTO DE PEDRAS PORTUGUESAS NO BUGARI E POÇO

Todos os anos a Prefeitura refaz o passeio em pedras portuguesas que contorna boa parte da Avenida Beira Mar, principalmente no trecho que vai da Penha ao Poço. Agora mesmo está a fazê-lo.
Mas não adianta! Em pouco tempo, voltam a aparecer os buracos ou falhas. Porque isto acontece?
Elas são mal colocadas. Aqui no Brasil não as aplicam como em Portugal, onde não há cimento na fixação. Nas cidades portuguesas estas pedras são aplicadas por profissionais especializados, os calceteiros, e não por curiosos como aqui.




Sistema de colocação de pedras portuguesas

Acima, vê-se o sistema de aplicação dessas pedras. O reajuste é feito com cimento e areia. Aqui na Bahia não há reajuste com cimento. Só usam areia. Consequentemente, as pedras se soltam em pouco tempo. Tão logo as pessoas andam sobre elas, as bicicletas e carrinhos de mão de empresas de bebidas,as pedras se deslocam e para evitar um tropeço, são jogadas para o lado. Na Penha e no Poço, jogam-nas no mar. Virou brincadeira de criança. Quem arremessar mais longe, ganha a disputa.


O novo calçamento na Barra


Só areia e as pedras, além da má colocação- na Penha
 
 Bugari - Paseio bonito por pouco tempo

Na Barra, quando resolveram substituí-las, foi um Deus nos Acuda. Foi preciso o Ministério Público intervir para que a Prefeitura pudesse trocá-las por uma pavimentação de cimento e granito, até hoje intacta. Alegavam alguns moradores que a substituição iria agredir o “histórico do lugar”. O Instituto Histórico e Geográfico da Bahia afirmou que passeio não tinha nada a haver com o conjunto do local. Autorizou a sua substituição, laconicamente. Para evitar qualquer dúvida, o M.P. mandou proceder a uma votação entre os moradores do que resultou uma aprovação de 9.580 votos a favor e 5.630 contra. Esmagadora maioria!

Mas vale apenas recordar um pouco dessa polêmica. Vejamos o que diziam os que eram contra e a favor:

CONTRA:
“ ...Considerar o Forte de São Diogo, o Forte de Santa Maria e o Farol da Barra (Forte de Santo Antônio) como monumentos isolados, como “ilhas” em um vazio, esquecendo seu entorno, contradiz o espírito da legislação pertinente ao patrimônio cultural... O passeio que limita a orla construída na Barra, dando acesso à praia através de escadarias, tem inegável importância estratégica para a composição da paisagem. A alteração das balaustradas ou do piso pode afetar o conjunto de maneira negativa, como está sucedendo”.

Até o cantor Caetano Velozo opinou em carta dirigida à imprensa: “...O calçamento português é marca importante da nossa vida física e espiritual. Os incômodos que porventura venham de sua má conservação não são motivo para destruí-lo. Não creio que seja um caso para votações inspiradas nesse tipo degradado de democracia. É caso para ouvirem-se os especialistas, respeitarem-se os locais históricos e míticos, esboçar-se uma reestruturação inteligente da cidade.

À FAVOR:

“Do Porto da Barra ao Clube Espanhol, os 2,5 mil metros de calçada da orla de Salvador estão sendo requalificados. O pavimento em pedra portuguesa foi retirado e implantado piso em concreto lavado na cor natural, com acabamento em granito vermelho nas bordas e preto nos quatro cantos do quadrado. Mais seguro para os transeuntes, por não conter irregularidades, o novo calçamento será uma melhor opção para idosos e pessoas com dificuldades de locomoção, além de praticantes de caminhada e turistas que visitam a área, uma das mais conhecidas da capital baiana”..

A presidente da Associação de Moradores da Barra (AMA Barra), Regina Macedo, disse que as melhorias na orla do bairro são uma reivindicação antiga dos moradores e, por isso, eles são favoráveis à reforma. "Antes, as pedras portuguesas que se soltavam do calçadão eram usadas por bandidos como arma para abordar as pessoas. Os idosos e os deficientes tinham muita dificuldade. Hoje, nós só temos recebido elogios dos moradores", enfatizou Regina.

O aposentado Gerson Machado, de 80 anos, desejava que esta obra tivesse acontecido antes, mas agora está satisfeito. "Nós que moramos aqui sabemos o significado desta obra. Sou testemunha dos acidentes que já aconteceram. Antes, era só buraqueira, tínhamos que andar olhando para o chão, sem aproveitar o pôr-do-sol".

Para Alan Santana, 34 anos, que trafega diariamente pela orla da Barra, o novo calçadão trouxe melhorias. "As pessoas vão se sentir mais seguras e ter mais prazer em andar na Barra". Já o ambulante Everaldo Santos, 38 anos, considera que antes o passeio estava cheio de buracos e agora está mais bonito e mais seguro.




Área degradada- Têm muitas!A beleza é a primeira a ser prejudicada!

Voltando ao nosso Itapagipe, não acreditamos que haja a mesma polêmica. É evidente a necessidade de substituição das pedras portuguesas por algo mais consistente. O caminhar das pessoas, as bicicletas e os carrinhos de mão das empresas de bebidas e gelo, danificam rapidamente o "ajuntamento" - só com areia - que é feito duas a três vezes ao ano. Um desperdício financeiro incalculável!

Que não se faça um calçamento de puro cimento. Poder-se-á intercalar paralepípedos como se fez no Dique do Tororó ou tijolos alaranjados iguais ao da praça do Forte Santa Maria. Ficou bonito! O granito também se ajusta bem.

Um comentário:

  1. eu sou daqueles que pensam que essas pedras fazem parte do patrimonio... devemos aprender a manter elas melhor, e porque nao adicionar cimento, alisar etc...

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