Chega ao nosso conhecimento que os bastidores dos meios náuticos estão em pavorosa. Querem tirar as provas de remo da Enseada dos Tainheiros. No lugar, as marinas da Ribeira avançariam com seus flutuantes até o canal da enseada, propiciando maior espaço de atracação para os proprietários das embarcações que ali existem, em grande número.
Sinceramente, não estamos acreditando nessa história. Seria a terceira grande agressão à Enseada dos Tainheiros. A primeira delas ocorreu em 1940 quando da invasão da Bacia do Uruguai. A segunda em 1953, durante da invasão dos Alagados no Porto dos Mastros.
Diz-se que os dois últimos acontecimentos tiveram um cunho social relevante. Os invasores eram pessoas pobres e sem teto. Precisavam de espaço para construir suas palafitas. Na oportunidade, foram subtraídos milhões de metros quadrados da ex-grande enseada.
Evidentemente que não concordamos com este argumento. Não enxergamos nenhuma relevância em tomar do mar seja o que for, principalmente um mar que era um paraíso de peixes e crustáceos.
Enquanto as duas últimas ocorrências partiram de gente pobre, sem recurso, a que se pretende agora deriva de setores de alto poder aquisitivo que estariam influenciando o governo, não sabemos se estadual ou municipal.
E pode isto ser feito? Não pode! A raia de remo dos Tainheiros ou de Itapagipe, como alguns chamam, está oficializada por decreto do Departamento Nacional de Portos e Navegação, órgão ligado ao Ministério dos Transportes e/ou ao Ministério da Marinha. Isto aconteceu em 1940, ou seja, 70 anos atrás e nunca foi revogado.
Logo, é uma raia oficial de relevância sócio-esportiva, reconhecida por órgãos federais. Além do mais, tem uma tradição de mais de 100 anos. Desde o principio do século passado, eram realizadas competições nesse espaço. Os clubes que nela competem são seculares. O Vitória é de 1899, O São Salvador e o Itapagipe são de 1902 e o Santa Cruz é de 1904.
E por que está acontecendo isto, justamente agora. Ao que tudo indica, sente-se alguma fraqueza por parte da Federação ou dos Clubes a ela filiados. O Itapagipe tem a sua sede leiloada. O Santa Cruz resiste bravamente, mas não é mais o que era. O São Salvador parece que nem sede tem mais. Somente o Vitória, mostra alguma força patrimonial.
A coisa ganha maior dimensão quando até sugerem uma nova raia para as provas de remo. Parque Pituaçu. Mas onde? A única reta mais ou menos viável tem apenas 1500 metros e em certos trechos a largura não passa dos 6 metros. É quase a envergadura de um só barco com os remos.
O traço amarelo indica o maior canal existente no parque. Ele mede cerca de 1500 metros. Sua largura em alguns trechos é de 6 metros. (traços vermelhos) Totalmente inviável para provas de remo.
Oportunamente, já que onde há fumaça há fogo, cabe à Federação e aos clubes a ela filiados, reverter esta situação. A raia lhes pertence. Aos poucos ela está sendo tomada. Pelas bordas! Que tal rever junto ao Ministério de Transporte e da Marinha os termos dessa concessão. A coisa pode pegar!
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