Quem escreve um livro, uma crônica ou, simplesmente, um blog, deseja que seus escritos sejam lidos pelo maior número de pessoas. Ninguém escreve para si mesmo, apesar da satisfação que essa arte causa à pessoa do escrevente. Nesse caso, em particular, mais do que nunca, o escritor quer compartilhar essa satisfação com outras pessoas. É próprio do ser humano.
Dir-se-ia que não é tão verdadeiro o que se disse acima quando se sabe que milhares e milhares de pessoas escrevem diários particulares, íntimos melhor dizendo, que não são escritos para ninguém ler, a não ser a própria pessoa que os escreve. Por isso os escondem em lugares os mais difíceis de serem achados. Mas, será mesmo que não querem que sejam achados? Há uma controvérsia a respeito!
Determinados estudiosos sobre o assunto consideram que, em verdade, as pessoas que escrevem diários esboçam um desejo de comunicação, ou seja, gostariam que as coisas que escrevem se tornassem públicas. Sente-se isto na forma de escrever, isto é, na obediência a determinados padrões sociais, moral ou imoral, em determinado tempo e lugar. Estivesse ele escrevendo somente para si, não importaria a existência de qualquer padrão.
Vamos ver um exemplo histórico de conhecimento público. Jean Jacques Rousseau importante filósofo e escritor suíço, precursor do romantismo e o iluminismo, ao escrever suas Confissões,o fez pensando em publicá-las. “Ele se considerava interessante demais para não ser conhecido pela posteridade. “O mesmo pode ser dito de Gilberto Freyre que escreveu uma autobiografia em forma de diário, claramente escolhendo a imagem que gostaria que a posteridade tivesse dele. Ainda mais – existem autores de diários que emprestam seus registros íntimos para que outros leiam.” (Marcio Couto)
O atual estágio das comunicações é significativo e bem expressa o que acaba de ser dito. As pessoas que mantêm páginas nos Orkuts, muitas delas, praticamente estão tornando público o que antes era considerado absolutamente íntimo. Por exemplo, quando escrevem que “hoje não acordei bem, sinto-me triste", algo absolutamente pessoal, torna-se notícia para milhares de outras pessoas, apesar da nenhuma importância coletiva.
O mesmo acontece com a satisfação das coisas। Precisamos compartilhar com outras pessoas de nosso relacionamento. É o que estamos fazendo nesse momento quando esse blog alcança o número expressivo de 100 seguidores. Não que o centésimo seguidor seja mais importante do que o primeiro ou o trigésimo. Todos têm igual importância. É que o número 100 é uma marca significativa de nossos costumes. Um século tem 100 anos. 100 anos de vida, quem não haverá de pensar em conseguir o feito, ou seja, um século. É o mesmo com o número 1000. O progresso das coisas. Opina-se, por exemplo, que nos últimos 100 anos houve mais avanço que nos últimos 1000 anos anteriores. E o que dizer dos 1000 goals de Pelé. Foi uma marca que o mundo esportivo registrou.
É com satisfação, portanto, que registramos o feito. Mostra uma preferência. 100 pessoas almejando os mesmos conhecimentos. Verdade que nesse “almejar” tem mais gente. São 8 mil acessos mês ao nosso blog com picos de até 10 mil. Número significativo, julgamos nós, desde que se trata de um blog didático, à medida que ele especifica a história da cidade de Salvador, de uma Salvador de dois andares e até de três, se considerarmos que a Baixa dos Sapateiros pode ser considerada mais um nível de altura. Será? Passamos a contar. Comércio é o primeiro andar; subimos pelo Taboão e já estamos no segundo andar; não satisfeitos, alçamos o Terreiro de Jesus, via Ladeira do Pelourinho, e já alcançamos o terceiro andar. As fotos adiante mostram a sequência:
Modéstia à parte. Não é todo mundo que percebe detalhe como este. Isto é fruto do conhecimento da cidade e da forma como este trabalho está sendo feito. Caminhando pelos seus espaços, sejam praças e ruas, avenidas ou praias. Fotografando seus antigos prédios ou imaginando como eram eles. Até as pessoas eram vistas de chapéu e gravata borboleta. Para aonde estariam indo? Uma até de fraque e cartola!
E a criança na calçada? Estaria aguardando o bonde passar ou na sua curiosidade, olhava o fotógrafo registrando a cena.
De qualquer sorte nos surpreende a preferência, até de pessoas de outros países. Fazem comentários. Enche-nos de orgulho. Aliás, não gosto dessa palavra. Diria melhor: enche-nos de satisfação. A mesma que teve um internauta ao receber algumas fotos da atual Salvador. Aí ele comentou: “se juntasse tudo isto com aquilo que já foi destruído, Salvador seria uma das maiores cidades do mundo”.
Já eu diria: mesmo assim, ainda é uma das maiores cidades do mundo.
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