sábado, 12 de novembro de 2011

FAVELA DA ANTIGA FÁBRICA BARRETO DE ARAUJO

Desde a nomeação de Itapagipe como Pólo Industrial de Salvador pelos idos de 1940, implantou-se na península dezenas de indústrias, principalmente de beneficiamento de chocolate. Foram cinco no total, algo em torno de 14% do montante conhecido.
O cacau, àquela época, comandava o espetáculo das exportações brasileiras. Só a indústria Barreto de Araujo processava um milhão de sacas por ano, algo em torno de US$ 120 milhões.
Justamente esta indústria tem uma história muito ligada a Itapagipe de antes e de agora. Foi instalada no chamado Porto do Bonfim, ao lado do Largo do Bonfim, próximo ao Porto da Lenha. Subindo as ladeiras próximas, chega-se à Colina do Senhor do Bonfim.
Antes de se instalar como fábrica de chocolate o local serviu como depósito de pólvora. Sim, isto mesmo! Pólvora! Na época era um produto dos mais importantes ao ponto de a própria capital ser bombardeada por questões de ordem política. Antes dos tiros verdadeiros, deram dois tiros de pólvora como aviso. Brasileiros contra brasileiros. Baianos contra baianos. Decorria o ano de 1912 e precisamente no dia 10 de janeiro, às 14 horas, teve inicio um bombardeio com canhoneio oriundo do Forte do Mar (Forte São Marcelo), Forte de São Pedro e Forte do Barbalho. Os tiros atingiram o Palácio do Governo, a Biblioteca Pública, a Câmara e um quartel da Policia Militar. O “espetáculo dantesco” durou quatro longas horas.





Passado os tempos, eis que em 1960 se instala nesse local a indústria a que estamos nos referindo. Também uma bomba. Jogava seus dejetos no mar ao lado – borra de cacau. A água nas proximidades ficava roxa. Deve ter provocado muitos problemas de saúde.



Findo o grande periodo do cacau da Bahia, entre os anos 1980/1990, todas as fábricas de beneficiamento do cacau fecharam as suas portas, inclusive a Barreto de Araujo. O prédio ficou abandonado por muitos anos até que por volta de 2004/2005, o mesmo foi invadido por pessoas de baixa renda e instalaram dentro de suas dependências, uma favela. Outra bomba.

Até que o ano passado a Prefeitura conseguiu desalojar os invasores e botou abaixo a ex-grande fábrica, encerrando defitinivamente essa história bombástica.

Agora vai se iniciar uma outra história, qual seja o aproveitamento dessa área de 6.675 metros quadrados. Fala-se na construção de um centro de atividades náuticas, com pier e atracadouro para pequenos barcos. Cuidado! É preciso estudar bem a questão. Essa área em horas de maré vazia, fica absolutamente raza à uma distância aproximada de 300 metros, tornando-a abolutamente imprópria para a navegação de barcos até de pequeno porte.

Não é por outra razão que a Marina do Bomfim ao lado, construiu um pier com cerca de 200 metros de extensão, para facilitar a operação dos barcos.


Não quer isto dizer que haja absoluta impropriedade do local para ativades do mar, mas é preciso estudar bem a questão.

Por outro lado, ficamos temerosos que se faça algo de mau gosto que nem foi feito na Pituba, após a demolição do Clube Português.

Aqui, o mau gosto imperou em todos os sentidos, do mar, da terra, do ceu! Outra bomba!

2 comentários:

  1. Olá,
    Sou estudante de Arquitetura e Urbanismo de Brasília. Escolhi fazer como projeto final de diplomação um complexo cultural no suburbio ferroviário. O seu blog está sendo uma grande fonte de pesquisa.

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  2. Minha cara estudante de Urbanismo. Desde que vc. não revelou seu e-mail, mui justamente claro, estou lhe respondendo pelo meu próprio blog.
    Inicialmente, preciso esclarecer que a fábrica Barreto de Araujo não ficava no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Ela estava instalada no bairro de Itapagipe, proximidades do Bonfim. Nada haver com o subúrbio ferroviário.
    Sobre este setor de Salvador, vc. poderá consultar diversas postagens feitas por nós em meses anteriores. Foram muitas. É só pesquisar um pouco para trás. Talvez lhe seja proveitoso.
    Um abraço do autor.

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