Há três postagens consecutivas estamos falando de bondes. Foram motivadas pela remessa de fotos desses veículos por dois grandes amigos, Humberto e Dortas. Quem haveria de resistir? Coloquei-as no blog, contudo, procuramos dar uma conotação que achamos importante em casos tais: comentamos o espaço onde o bonde foi fotografado, o chamado “entorno” físico, isto é, a rua ou avenida onde estava circulando à época, bem como, as vezes, falamos das pessoas que a fotografia mostrava, anônimos daqueles tempos.
Foi o caso adiante:
Dizíamos: “Vamos fechar com chave de ouro esta postagem sobre os antigos bondes de Salvador. Um bonde circula pela chamada Rua de Fora, na Baixa do Bonfim (de Fora porquê existe uma Rua de Dentro ou do Meio, todas nas proximidades da baixada). Os cinco homens à frente do bonde, inclusive o motorneiro, estão de gravata borboleta e chapéu. O da esquerda está de cartola e fraque. Estaria indo para aonde? Chiquérrimo!”
Como se viu, falamos da rua aonde o bonde andava e até nos referimos às pessoas que estão à frente do veículo. Poderíamos ter citado o menino que, de braços cruzados, está na calçada, possivelmente esperando que o bonde passe para que ele possa atravessar a rua ou apenas está ali, dirigindo seu olhar curioso na direção do fotógrafo.
Como todas as fotos que nos foram enviadas são de uma determinada época entre 1910 a 1960, este o último ano em que os bondes deixaram de circular em Salvador, sentimos que se fazia necessário nos reportarmos ao período anterior a 1910, ao século XIX ou até menos se assim for necessário. É uma força interior que nos leva a pesquisar até aonde for possível e temos a impressão que também o leitor foi provocado nesse sentido. Ele quer saber mais. Saber tudo até esgotar a última gota do assunto. Vamos lá!
E como era o transporte coletivo de Salvador anteriormente? Por exemplo, ao tempo de Tomé de Souza, Diogo Álvares Correia, Duarte da Costa, essa gente de nossa história?
Não havia! Por essa razão, as habitações que se construíam eram próximas do local de trabalho, do lugar que se estudava ou da igreja onde se rezava. A cidade cresceu dentro desse contexto, tudo muito próximo, do que resultou uma aglomeração dos prédios, um ajuntamento ligado por becos e travessas.
Até princípio dos 1800 praticamente nada aconteceu. Em 1845, através Lei Municipal, (Lei 223 de 03 de maio de 1845) foi concedido o privilégio de se estabelecer companhias de transporte coletivo,as chamadas gôndolas que só entraram em operação em 1851, o tempo necessário para a constituição das empresas, sua capitalização e encomenda das primeiras peças. (Se ainda hoje esta coisa é demorada, imaginem naquele tempo).
A concessão foi obtida pelo cidadão chamado Antônio Filgueiras que deu inicio à operação com duas linhas: uma da Cidade Alta até a Barra e a outra do Comércio até o Bonfim. Em pouco tempo, o mesmo contrato foi transferido para o senhor Rafael Adriani, leiloeiro italiano.
Reproduzimos acima diversos modelos de gôndolas. Rodavam livremente em qualquer terreno plano. Ainda não se pode considerá-las como bondes e efetivamente não eram. Pareciam mais as antigas diligências dos filmes americanos de cowboy.
Somente em 1864, foram aprovadas algumas linhas de gôndolas sobre trilhos. Começava a se desenhar a figura dos bondes – sobre trilhos. O próprio senhor Adriani foi o precursor.
Em 1866 os primeiros trilhos foram assentados e em 12 de maio de 1869 é inaugurado o serviço da linha férrea urbana dos “veículos econômicos” em substituição às antigas gôndolas. A nova companhia tinha como sócios o próprio senhor Nicolau Adriani e mais os senhores, Carneiro da Rocha e Paulo Pereira e Monteiro.
Em 1871 ocorreu uma modificação importante no sistema de tração dos bondes sobre trilhos. Foi colocada em operação a chamada “maxambomba”. Do que se tratava? Era uma espécie de locomotiva mirim que mais parecia um trator dos tempos de hoje. Ela substituía os cavalos na condução dos bondes de um ou de dois andares. Vejam-na:
A introdução desse veículo em Salvador foi feita pelo senhor Francisco Antônio Pereira da Rocha, rico comerciante daqueles tempos.
A apresentação desta “extraordinária” máquina movida por motor a vapor foi um acontecimento notável. O povo enchia a Praça do Palácio e a grande máquina fazia diversas evoluções “sem causar o menor incômodo aos circunstantes”. Apesar de tudo, a mexambomba não foi aprovada e for parar em Porto Alegre. Não se sabe se foi por terra ou por navio.
E, finalmente, em 1897, surgiram os bondes elétricos, trazendo consigo as grandes empresas do setor “Companhia Brasileira de Energia Elétrica (ainda como Guinle & Co.), The Bahia Tramway, Light and Power Co. (na liderança de Percival Farquhar), Companhia Linha Circular de Carris da Bahia, mas aí já é assunto de blog especializado em bondes. Aqui só os achamos bonitos e chiques.
Foi o caso adiante:
Dizíamos: “Vamos fechar com chave de ouro esta postagem sobre os antigos bondes de Salvador. Um bonde circula pela chamada Rua de Fora, na Baixa do Bonfim (de Fora porquê existe uma Rua de Dentro ou do Meio, todas nas proximidades da baixada). Os cinco homens à frente do bonde, inclusive o motorneiro, estão de gravata borboleta e chapéu. O da esquerda está de cartola e fraque. Estaria indo para aonde? Chiquérrimo!”
Como se viu, falamos da rua aonde o bonde andava e até nos referimos às pessoas que estão à frente do veículo. Poderíamos ter citado o menino que, de braços cruzados, está na calçada, possivelmente esperando que o bonde passe para que ele possa atravessar a rua ou apenas está ali, dirigindo seu olhar curioso na direção do fotógrafo.
Como todas as fotos que nos foram enviadas são de uma determinada época entre 1910 a 1960, este o último ano em que os bondes deixaram de circular em Salvador, sentimos que se fazia necessário nos reportarmos ao período anterior a 1910, ao século XIX ou até menos se assim for necessário. É uma força interior que nos leva a pesquisar até aonde for possível e temos a impressão que também o leitor foi provocado nesse sentido. Ele quer saber mais. Saber tudo até esgotar a última gota do assunto. Vamos lá!
E como era o transporte coletivo de Salvador anteriormente? Por exemplo, ao tempo de Tomé de Souza, Diogo Álvares Correia, Duarte da Costa, essa gente de nossa história?
Não havia! Por essa razão, as habitações que se construíam eram próximas do local de trabalho, do lugar que se estudava ou da igreja onde se rezava. A cidade cresceu dentro desse contexto, tudo muito próximo, do que resultou uma aglomeração dos prédios, um ajuntamento ligado por becos e travessas.
Até princípio dos 1800 praticamente nada aconteceu. Em 1845, através Lei Municipal, (Lei 223 de 03 de maio de 1845) foi concedido o privilégio de se estabelecer companhias de transporte coletivo,as chamadas gôndolas que só entraram em operação em 1851, o tempo necessário para a constituição das empresas, sua capitalização e encomenda das primeiras peças. (Se ainda hoje esta coisa é demorada, imaginem naquele tempo).
A concessão foi obtida pelo cidadão chamado Antônio Filgueiras que deu inicio à operação com duas linhas: uma da Cidade Alta até a Barra e a outra do Comércio até o Bonfim. Em pouco tempo, o mesmo contrato foi transferido para o senhor Rafael Adriani, leiloeiro italiano.
Reproduzimos acima diversos modelos de gôndolas. Rodavam livremente em qualquer terreno plano. Ainda não se pode considerá-las como bondes e efetivamente não eram. Pareciam mais as antigas diligências dos filmes americanos de cowboy.
Somente em 1864, foram aprovadas algumas linhas de gôndolas sobre trilhos. Começava a se desenhar a figura dos bondes – sobre trilhos. O próprio senhor Adriani foi o precursor.
Em 1866 os primeiros trilhos foram assentados e em 12 de maio de 1869 é inaugurado o serviço da linha férrea urbana dos “veículos econômicos” em substituição às antigas gôndolas. A nova companhia tinha como sócios o próprio senhor Nicolau Adriani e mais os senhores, Carneiro da Rocha e Paulo Pereira e Monteiro.
Em 1871 ocorreu uma modificação importante no sistema de tração dos bondes sobre trilhos. Foi colocada em operação a chamada “maxambomba”. Do que se tratava? Era uma espécie de locomotiva mirim que mais parecia um trator dos tempos de hoje. Ela substituía os cavalos na condução dos bondes de um ou de dois andares. Vejam-na:
A introdução desse veículo em Salvador foi feita pelo senhor Francisco Antônio Pereira da Rocha, rico comerciante daqueles tempos.
A apresentação desta “extraordinária” máquina movida por motor a vapor foi um acontecimento notável. O povo enchia a Praça do Palácio e a grande máquina fazia diversas evoluções “sem causar o menor incômodo aos circunstantes”. Apesar de tudo, a mexambomba não foi aprovada e for parar em Porto Alegre. Não se sabe se foi por terra ou por navio.
E, finalmente, em 1897, surgiram os bondes elétricos, trazendo consigo as grandes empresas do setor “Companhia Brasileira de Energia Elétrica (ainda como Guinle & Co.), The Bahia Tramway, Light and Power Co. (na liderança de Percival Farquhar), Companhia Linha Circular de Carris da Bahia, mas aí já é assunto de blog especializado em bondes. Aqui só os achamos bonitos e chiques.
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