quinta-feira, 28 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR – 14 - COUTOS

A localidade Coutos se caracteriza hoje mais pelas suas encostas repletas de moradias com tijolos expostos do que mesmo de sua praia.

Deveria existir uma lei que obrigasse aos construtores dessas habitações a rebocar suas casas e pintá-las. Sem dúvida que teríamos um conjunto mais harmonioso dos morros de Salvador. Talvez nem chamássemos de favelas e sim de “presépios de morros” com uma expressão estética das mais significativas.

Alega-se que o “não acabamento” é de razão econômica. Não nos convence! Se a pessoa teve condição de erguer uma casa, às vezes até bater uma laje, também teria condições de pintá-la.

Se todos fizessem isto, o panorama da cidade seria outro. Deveria ser uma obrigação. Aliás, devia ter uma lei que obrigasse a pintura das casas e não deixá-las no tijolo exposto. Além do mais, a pintura e, conseqüentemente, o revestimento que lhe antecede, dão mais durabilidade ao imóvel, afora a auto-estima que isto oferece.
Alto de Coutos
Vamos mais além. Seria necessário que o poder público se antecipasse às construções indiscriminadas que por ai acontece. Não é proibi-las, desde que hoje é quase impossível. A sugestão seria criar um órgão de orientação habitacional com arquitetos e artistas para coordenar e orientar os moradores na expressão da construção de suas casas.

Permitir-se-ia a construção, mas ela seria planejada. Mais ou menos como se faz na Grécia. Lá, em muitas de suas ilhas, as casas são todas pintadas de branco. Isto, além de proporcionar um “visual” melhor, atende a uma circunstância técnica. As casas pintadas de branco refletem melhor a luz solar e diminui o calor interno.

Mas o senhor está aceitando e até incentivando a ocupação dos morros por favelas! Primeiro não tem mais jeito. Está tudo tomado! O bloco montanhoso que começa em Santo Antônio Além da Barra segue serpenteando Salvador até o Subúrbio Ferroviário. Na Vitória é aquele encantamento de lindos prédios. Tem a sua expressão artística para quem gosta e pode. Contudo, o espaço da favela se é irregular sob o ponto de vista de uma arquitetura ideologizada e oficial do urbanismo ideal, não deixa de existir um contexto arquitetônico como expressão de quem ali vive.


Uma das ilhas gregas

Há poucos dias, um estudante em reportagem publicada em um jornal da cidade dizia “que os morros de Salvador eram diferentes dos morros do Rio de Janeiro. Aqui, tem gente que estuda e se prepara para o futuro. Gente que olha para a cidade lá adiante e se imagina dominando-a. Gente que no Carnaval vai para o Farol da Barra e desfila atrás dos grandes Trios Elétricos que o mundo inteiro assiste pela televisão”. Muito bem! É assim que se fala e se interpreta e conseqüentemente se define.

Vejam o contundente depoimento de um internauta:

“Cutucando um pouco os amantes do estilo "derrubar favelas par construir blocões" acho que os projetos feitos para abrigar estas pessoas constumam ser de um mau gosto absurdo só para inserí-las na oficialidade. Aliás, quando olho para as habitações oficiais em nosso país e aquela enxurrada de prédios de apartamentos com 20/30 pavimentos horrorosos que infestam a maioria das nossas cidades e que muitos babam dizendo "nossa, a densidade tá ficando ótima, acrescentou no skyline..." não sei como estas pessoas conseguem demonizar as favelas....? “


O conjunto formado pelo edificios do Corredor da Vitória e a favela ao lado. Dois modo de vida. Há que se pensar muito nisto. Falta um pier na frente da favela. Para que? Esse pessoal deve viver da pesca. Precisa atracar seus saveiros, não é verdade? Os outros de lá são para as necessidades de luxo.

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