A foto acima é extraordinária. O mar da Bahia e o belíssimo Solar do Unhão, construção datada de 1690. No local, inicialmente existia uma fonte que pertencia a Gabriel Soares de Souza, um cronista da época que registrou para a posteridade os momentos iniciais da Cidade de Salvador. Pois bem. Ele legou aos padres beneditinos o terreno onde se encontrava a fonte. Isto permitiu a construção do imóvel, possivelmente pelo desembarcador Pedro Unhão Castelo Branco, daí o nome Solar do Unhão.
Em 1690 foi comprado pelo morgado dos Garcia D’Ávila na pessoa do senhor José Pires de Carvalho e Albuquerque (o velho) e já em 1700, Dona Ana Maria de São José e Aragão, com seu filho, o secretário de governo e futuro Barão de Jaguaripe, Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, passaram a morar.
Dizem que a principal razão da compra da grande mansão teria sido a necessidade da família ter um “pouso” fixo na capital, desde que os seus principais membros trabalhavam mais no interior.
Acima, falamos em morgado. É uma boa oportunidade para esclarecer o que era: uma forma de organização familiar que cria uma linhagem. Nesse sistema, as posses eram inalienáveis, indivisíveis e insusceptíveis de partilha por morte de seu titular, transmitindo-se nas mesmas condições ao descendente varão primogênito. Nessas condições, o conjunto de bens de um morgado formava um vínculo com vistas à perpetuação do poder econômico da família, ao longo das gerações.
E o maior morgado que a Bahia conheceu, ou melhor, o Brasil, foi da família Garcia D’Ávila. É uma história curiosa. Teve inicio com a vinda para o Brasil de Garcia de Ávila, filho de Tomé de Souza. Vieram juntos. Tomé para assumir o governo da Bahia e Garcia para formar um verdadeiro império econômico.
Inicialmente, Garcia de Ávila começou a criar animais na sua Quinta de São Pedro de Rates. Depois adquiriu as primeiras terras para currais em Itapagipe. Posteriormente, solicitou ao pai duas léguas de terras ao longo do mar em Itapuã. Comprovada a sua capacidade, fez nova solicitação, desta feita requerendo a Baía de Tatuapara como sesmaria (Praia do Forte). Sempre expandindo-se territorialmente, conseguiu chegar ao municipio de Rio Real, norte da Bahia e pouco tempo depois alcançava às margens do Rio São Francisco. Chegou até no Piauí; Paraíba, por ai. Não fossem os interesses de outro morgado, o dos Guedes de Brito, e o homem subiria mais ainda. Por fim se acertaram, tendo o Rio São Francisco como limite. Um de cada lado de suas margens.
O historiador Pedro Calmon afirmou certa feita: “tangeu as pontas do gado do Itapicuru para o médio São Francisco. Fez do boi o seu soldado. Enquanto os outros sertanistas se apossavam do país com tropas de guerrilheiros, ele o empalmou com suas boiadas. O rebanho arrastava o homem e, atrás deste a civilização”.
E este homem nunca se disse filho de Tomé de Souza. Na época os políticos não podiam ceder nenhum bem público à parentes próximos. Combinaram negar a filiação. Que tempos diferentes ou seriam iguais aos de hoje. Negar a paternidade para beneficiar o filho!Ah! Já ouvimos esse disco em outros tempos.
Mas, voltando ao nosso solar. Os novos proprietários conduziram a propriedade com rara capacidade. Datam do século XVIII os painéis de azulejo português, bem como se construiu o chafariz. A igreja foi reformada para o batizado de uma das netas.
O solar foi habitado até o ano de 1827, quando foi arrendado a uma empresa, a Neuron & Cia que instalou no local uma fábrica de rapé. O negócio durou até 1926. Depois funcionou como trapiche (1928) e na 2ª Guerra Mundial tornou-se um quartel dos fuzileiros navais que serviram na segunda guerra mundial.
O conjunto foi tombado pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na década de 1940. Posteriormente, foi adquirido pelo Governo do Estado para sediar o Museu de Arte Moderna da Bahia. Após um trabalho de restauração com projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, o MAM foi inaugurado em 1969, oferecendo oito salas de exposição, teatro-auditório, sala de vídeo, biblioteca especializada e banco de dados.
Esse é o nosso Solar do Unhão, imóvel de rara beleza. Esteve a ponto de ser destruído para dar passagem a Avenida do Contorno. No projeto original a avenida passava ao nível do mar. Depois foi retificado pelo seu projetista, o arquiteto Diógenes Rebouças. Resolveu sustentar a avenida sobre grandes pilares.
Em 1690 foi comprado pelo morgado dos Garcia D’Ávila na pessoa do senhor José Pires de Carvalho e Albuquerque (o velho) e já em 1700, Dona Ana Maria de São José e Aragão, com seu filho, o secretário de governo e futuro Barão de Jaguaripe, Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, passaram a morar.
Dizem que a principal razão da compra da grande mansão teria sido a necessidade da família ter um “pouso” fixo na capital, desde que os seus principais membros trabalhavam mais no interior.
Acima, falamos em morgado. É uma boa oportunidade para esclarecer o que era: uma forma de organização familiar que cria uma linhagem. Nesse sistema, as posses eram inalienáveis, indivisíveis e insusceptíveis de partilha por morte de seu titular, transmitindo-se nas mesmas condições ao descendente varão primogênito. Nessas condições, o conjunto de bens de um morgado formava um vínculo com vistas à perpetuação do poder econômico da família, ao longo das gerações.
E o maior morgado que a Bahia conheceu, ou melhor, o Brasil, foi da família Garcia D’Ávila. É uma história curiosa. Teve inicio com a vinda para o Brasil de Garcia de Ávila, filho de Tomé de Souza. Vieram juntos. Tomé para assumir o governo da Bahia e Garcia para formar um verdadeiro império econômico.
Inicialmente, Garcia de Ávila começou a criar animais na sua Quinta de São Pedro de Rates. Depois adquiriu as primeiras terras para currais em Itapagipe. Posteriormente, solicitou ao pai duas léguas de terras ao longo do mar em Itapuã. Comprovada a sua capacidade, fez nova solicitação, desta feita requerendo a Baía de Tatuapara como sesmaria (Praia do Forte). Sempre expandindo-se territorialmente, conseguiu chegar ao municipio de Rio Real, norte da Bahia e pouco tempo depois alcançava às margens do Rio São Francisco. Chegou até no Piauí; Paraíba, por ai. Não fossem os interesses de outro morgado, o dos Guedes de Brito, e o homem subiria mais ainda. Por fim se acertaram, tendo o Rio São Francisco como limite. Um de cada lado de suas margens.
O historiador Pedro Calmon afirmou certa feita: “tangeu as pontas do gado do Itapicuru para o médio São Francisco. Fez do boi o seu soldado. Enquanto os outros sertanistas se apossavam do país com tropas de guerrilheiros, ele o empalmou com suas boiadas. O rebanho arrastava o homem e, atrás deste a civilização”.
E este homem nunca se disse filho de Tomé de Souza. Na época os políticos não podiam ceder nenhum bem público à parentes próximos. Combinaram negar a filiação. Que tempos diferentes ou seriam iguais aos de hoje. Negar a paternidade para beneficiar o filho!Ah! Já ouvimos esse disco em outros tempos.
Mas, voltando ao nosso solar. Os novos proprietários conduziram a propriedade com rara capacidade. Datam do século XVIII os painéis de azulejo português, bem como se construiu o chafariz. A igreja foi reformada para o batizado de uma das netas.
O solar foi habitado até o ano de 1827, quando foi arrendado a uma empresa, a Neuron & Cia que instalou no local uma fábrica de rapé. O negócio durou até 1926. Depois funcionou como trapiche (1928) e na 2ª Guerra Mundial tornou-se um quartel dos fuzileiros navais que serviram na segunda guerra mundial.
O conjunto foi tombado pelo então Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na década de 1940. Posteriormente, foi adquirido pelo Governo do Estado para sediar o Museu de Arte Moderna da Bahia. Após um trabalho de restauração com projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, o MAM foi inaugurado em 1969, oferecendo oito salas de exposição, teatro-auditório, sala de vídeo, biblioteca especializada e banco de dados.
Esse é o nosso Solar do Unhão, imóvel de rara beleza. Esteve a ponto de ser destruído para dar passagem a Avenida do Contorno. No projeto original a avenida passava ao nível do mar. Depois foi retificado pelo seu projetista, o arquiteto Diógenes Rebouças. Resolveu sustentar a avenida sobre grandes pilares.
A seguir uma série de fotos do grande solar, inclusive duas de sua parte interna:
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