É de se imaginar um jovem de paletó e gravata numa festa no
fim de uma tarde? Impossível! Mas esta era a forma como os rapazes dos anos 40
e 50 iam às matineis no Clube Fantoches da Euterpe. Ninguém entrava de calça e
camisa, mesmo comprida.
À noite,
então, a coisa ainda era mais rigorosa. Às vezes se exigia que os homens fossem
de branco e as mulheres de rosa ou com detalhes dessa cor.
Certa
ocasião aconteceu uma cena hilariante. Tinha um rapaz que era conhecido pelo
apelido de Zé Penetra, isto é, não era sócio de clube nenhum, mas penetrava em
todos eles em dias de festa.
Certa
ocasião, realizava-se uma festa com a
obrigatoriedade do branco. A certa altura, eis que surge Zé Penetra dentro do
clube, mas vestido de azul marinho. Ao se aproximar de sua turma,
perguntaram-no como ele conseguiu entrar daquela forma. – Que forma? De azul
marinho. –Por que Azul Marinho? Por que todos estão de branco. Não se fez de
rogado. Pegou uma bandeja de um garçom e
saiu de fininho pela porta onde havia entrado.
Conta-se que a mais sensacional penetrada de Zé teria sido num determinado Carnaval. O
Fantoches era o grande clube da época. Fazia o maior Carnaval de Salvador. Zé
Penetra não poderia deixar de comparecer. Armou sua estratégia. O abastecimento
de bebidas pelas empresas do setor era feito pelos fundos do clube. Aproximou-se
de um dos entregadores e lhe propôs o empréstimo de seu uniforme com o nome da
empresa. Daria ao profissional uma pequena importância e ainda devolveria o
uniforme. – Mas como o senhor vai fazer isto? – Deixe comigo. Vestiu a peça
sobre a fantasia de palhaço que arranjou, pegou um
engradado da bebida que estava sendo entregue. Passou pelo conferente e após
deixar o engradado nas proximidades, subiu rápido pela escada que terminava
quase dentro do clube e lá de cima, da sacada, devolveu o uniforme do assustado entregador.
Zé Penetra
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