Lembramo-nos que já com 8 a 10
anos nossa família foi morar no Canta Galo, em frente ao mar. A Fratelli Vita
ficava a 100 metros de nossa casa. Costumávamos apanhar na areia pedaços de
vidro colorido que os operários jogavam fora. Temos a impressão que eram peças que deram
erradas no sopro de seus tubos de modelagem. Fazíamos coleção. Outra diversão
muito frequente era assar bacalhau na praia. Pegávamos pedaços de bacalhau nos
armazéns dos espanhóis; lavávamos na água do mar para tirar um pouco do sal e
tocávamos fogo feito a partir de gravetos. Quatro pedras faziam o assador. Hoje chamaríamos de churrasqueira.
Bacalhau
À noite a
brincadeira era se esconder atrás de montes de areia. Quando um achava o outro
era a vitória comemorada com gritos de ambos. Também jogávamos gude. Cada qual
tinha o seu saco amarrado na cintura. Colocamos uma delas a certa distância e procurávamos
acertá-la. Se almejada, a gude era do atirador.
Se nadávamos? Claro! Todos os
garotos eram exímios nadadores. O mar estava ali na frente de suas casas. Se
pescávamos? Também! Praticamente todo o garoto daquele tempo tinha sua flecha
com um anzol na ponta de uma linha de fio grosso (ainda não se conhecia o
nylon). Ficávamos com a água na altura da canela e arremessávamos a armadilha. Como não tínhamos camarão, usávamos pedaços de carne. Os carapicus eram
nossos fregueses.
Se estudávamos? Claro! As escolas ficavam perto na Rua Barão
de Cotegipe. A primeira da Professora Risoleta. Depois fomos alunos de um major
da polícia. O uniforme era de escoteiro. Dormíamos cedo, por volta das 20
horas. Ainda não existia televisão e o rádio era de uso dos pais. Eram
aparelhos de bom tamanho. Ficava sempre na sala em cima de uma peça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário