Olhem bem para esta imagem obtida via satélite. Sensacional! É a Baía de Todos os Santos. Ela penetra cerca de 50 quilômetros até os costados de São Francisco do Conde. Se não bastasse ela própria, formam-se dentro dela duas outras “baías”, a de Aratu e a de Iguape e ainda mais, é decorada com 56 ilhas de diversos tamanhos, todas elas paradisíacas. Enfim, um verdadeiro paraíso.
Mas foi sempre assim, desde o princípio da formação do mundo como ele hoje é? Não foi!
Em nossa postagem datada de 25 de março de 2010 tratamos do assunto। Escreviamo naquela oportunidade:
“As baías se formam pela luta entre a força das ondas do mar e a resistência da costa. Quando o mar encontra um ponto menos resistente nas rochas, ele começa seu lento trabalho de erosão. A fenda vai se ampliando lentamente e forma a baía. Já as rochas de calcário fragmentadas formam a areia da praia.
Esta é a explicação mais simples, digamos popular, da formação das baías. Existem umas complicações teutônicas e cenozóicas por aí que, possivelmente, não caberiam num blog como este".
Aí o mar com sua força irresistível foi fazendo das suas, encontrou um ponto menos resistente no bloco e foi penetrando. Do lado esquerdo formou a Ilha de Itaparica. Mais para dentro construiu outras bem menores segundo seus desígnios. Deu mais uma força e penetrou pelo continente à direita e construiu a Baia de Aratú. Para não ficar meio desajeitado fez à esquerda a Baia de Iguape. Quanto à vegetação, deixou que a própria natureza tratasse da questão. Os ventos e as aves trariam as sementes de outros lugares.
Há, entretanto, quem afirme que a Baía de Todos os Santos “nunca foi invadida pelo mar”। Justificam:
“ Durante o Cenozóico o planeta experimentou um progressivo resfriamento que pouco a pouco resultou na acumulação de gêlo em altas latitudes. Uma conseqüência desta acumulação foi o progressivo abaixamento do nível do mar. Esta tendência de queda foi interrompida no Mioceno inferior/médio, quando uma elevação da temperatura resultou em degelo e portanto elevação do nível do mar. A altura máxima alcançada pelo nível do mar nesta época ainda não está bem estabelecida mas se situaria entre 25 e 150m acima do nível atual dependendo da metodologia utilizada. Associado a este episódio de nível de mar alto teriam sido depositados na Bacia do Recôncavo folhelhos marinhos fossilíferos da Formação Sabiá e a Formação Barreiras. A retomada da acumulação de gelo na Antártica e o inicio do desenvolvimento dos grandes lençóis de gelo no Hemisfério Norte, a partir do Plioceno, resultaram no progressivo abaixamento do nível do mar. Nos últimos 2 milhões de anos, durante a maior parte do tempo o nível do mar esteve abaixo do nível atual, desencadeando um intenso processo erosivo nas zonas costeiras”.
Complementam:” A BTS está implantada sobre os remanescentes erodidos da bacia sedimentar do Recôncavo, um rifte abortado formado, durante a separação entre a América do Sul e África. A bacia do Recôncavo durante sua evolução inicial no Cretáceo inferior, nunca foi invadida pelo mar, e desde o final do Aptiano esteve submetida quase que continuadamente à erosão. Durante o Cenozóico o planeta experimentou um progressivo resfriamento que pouco a pouco resultou na acumulação de gelo em altas latitudes. Uma conseqüência desta acumulação foi o progressivo abaixamento do nível do mar. Esta tendência de queda foi interrompida no Mioceno inferior/médio, quando uma elevação da temperatura resultou em degelo e portanto elevação do nível do mar. A altura máxima alcançada pelo nível do mar nesta época ainda não está bem estabelecida mas se situaria entre 25 e 150m acima do nível atual dependendo da metodologia utilizada. Associado a este episódio de nível de mar alto teriam sido depositados, na Bacia do Recôncavo folhelhos marinhos fossilíferos da Formação Sabiá e a Formação Barreiras. A retomada da acumulação de gelo na Antártica e o inicio do desenvolvimento dos grandes lençóis de gelo no Hemisfério Norte, a partir do Plioceno, resultaram no progressivo abaixamento do nível do mar. Nos últimos 2 milhões de anos, durante a maior parte do tempo o nível do mar esteve abaixo do nível atual, desencadeando um intenso processo erosivo nas zonas costeiras”.
Essa é a opinião de J.M.L. Dominguez e A.C.S.P Bittencourt da Universidade Federal da Bahia em trabalho apresentado no XXII Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário na cidade de La Plata, Argentina, entre 21 e 23 de setembro de 2009.
Sua extensão é de 1.052 m2 com uma profundidade que varia de 10 a 42 metros. Recebeu este nome em 1501. Era dia de “Todos os Santos”, daí o seu nome.
Vimos acima explicações técnicas /científicas de como se formou a Baia de Todos os Santos. Há, no entanto, histórias mais simples sobre sua formação. Por exemplo, há uma lenda narrada por cronistas que “no começo do mundo uma grande ave de plumas brancas alcançou o nosso litoral, após uma longa viagem. Não resistiu! Caiu morta! Suas longas asas transformaram-se em praias de um areia muito alva. Onde o coração bateu na terra, abriu-se uma grande depressão que as águas do mar invadiram, formando uma grande e formosa baía”.
A Baía de Todos os Santos tem sua abertura voltada para o sul. Do lado de Salvador é balizada pela Ponta do Padrão, nome como era conhecido o hoje Farol da Barra; do outro lado pela Ponta do Garcez, numa distância aproximada de 33 quilômetros. Aprofunda-se por cerca de 50 km até a cidade de São Francisco do Conde. Vai mais longe: até Bom Jesús.
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