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de março é oficialmente a data da fundação da cidade de Salvador. Foi
determinada pela portaria 299 de 11 de março de 1952, assinada pelo então
prefeito Osvaldo Veloso Gordilho e “sacramentada”, digamos assim, pelo Primeiro
Congresso de Historia da Bahia. (É a data apontada da chegada de Tomé de Souza em Salvador).
Estátua em homenagem à Tomé de Souza
Antes
disso, diversas datas foram sugeridas por historiadores e pesquisadores. Vejamos
as duas mais importantes em razão dos seus postulantes.
1° de maio, defendida por Pedro Calmon e Edgard de
Cerqueira Falcão, baseada na argumentação de Rodolfo Garcia em 1937 de
supostamente terem começado na data os trabalhos de construção da cidade.
Não se sustenta. Busquemos um exemplo dos dias atuais.
Brasília levou quatro anos para ser construída. Caso fosse adotada essa regra, a
data de sua fundação deveria regredir nesse tempo. Em vez de 21 de abril de 1960,
data de sua inauguração, seria nomeada a data de 21 de abril de 1956.
13 de junho, baseada na tese em obra póstuma de Teodoro
Sampaio, em torno da procissão de Corpus Christi, realizada nesse dia, e que
teria sido, de alguma maneira, festiva.
Infelizmente, uma procissão religiosa não pode servir de
marco de fundação de um estado por mais significante que ela seja.
Agora, vejamos uma data sem postulação famosa, mas que
pela sua particularidade não pode ser esquecida. Referimo-nos a 1º de novembro
de 1501. Nessa data. Américo Vespucci descobriu a Baia de Todos os Santos e
oficializou a sua posse com a colocação do marco da coroa portuguesa na Ponta
do Padrão, onde hoje estão o Forte e o Farol da Barra.
Forte e farol da Barra
Outra data marcante é aquela
em que Francisco Pereira Coutinho chegou a Salvador. Era um dos donatários
nomeados pelo rei de Portugual no fatiamento do território brasileiro. Corria o
ano de 1536, mas não se conhece o mês e o dia de sua chegada em Salvador.
Mapa das Capitanias Hereditárias
Afastada essa falha, o que
se quer destacar é que entre a chegada de Tomé de Souza em 1549 e a de Francisco
Pereira Coutinho em 1536, decorreram 13 anos. Nesse período se construiu uma
vila – Vila do Pereira ou Vila Velha. Foi o começo de Salvador. Fizeram-se
casas e ruas. Havia sítios e fazendas. Produziam-se alimentos e deveria existir
um pequeno comércio de coisas essenciais, nem que fosse pelo sistema de
escambo.
Vila Pereira
Em todo o mundo as cidades
devem ter começado mais ou menos assim e Salvador não poderia ser diferente,
mas foi. Esqueceram totalmente esse começo. Rigorosamente, a Barra onde era a
Vila do Pereira ou Vila Velha, só foi considerada como sendo Salvador séculos
após. Uma grande injustiça no final das contas.
Uma outra data poderia ser
aventada para a fundação da cidade de Salvador. Aquela em 1510 quando Diogo
Álvares Correia naufragou na costa do Rio Vermelho e foi “salvo” pelo índios
tupinambás.
Diogo Álvares Correia
Salvo? Isto mesmo. Essa
história de Carumuru foi criada 271 anos após o fato pelo frei José de Santa
Rita Durão na edição de seu poema épico denominado “CARAMURU”.
Poema Épico "Caramuru"
Virou uma verdade
histórica, digamos assim. É ensinada em todas as escolas do Brasil. Também
devia ser ensinado que numa determinada estrofe do poema, Santa Rita Durão escreve
que Catharina Álvares Paraguassu tinha a pele da cor da neve. Um caso raro em
todo o mundo. O homem pensava que o Brasil era no hemisfério norte ou a nossa
bela índia era alpina?
Mas, sem dúvida que Diogo
Álvares Correia não construiu nenhuma vila no alto da Graça; deve ter preferido
gozar das instalações já existentes dos tupinambás. Aliás, ele usava mais a
Vila do Pereira do que a sua própria, principalmente em razão das negociações
que mantinha com os franceses de relação ao pau Brasil. Era muito sabido!
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