A nossa conhecida Feira de São Joaquim tem uma história bem interessante. Ela foi sucessora de outras feiras existentes nas proximidades. Pela ordem, primeiro a Feira do Sete e segundo, a Feira de Água de Meninos.
Agora surge uma outra grande oportunidade de ter o mar como elemento “decorativo”. Que os arquitetos responsáveis pensem um pouco mais no assunto. Visitem a área. Sobrevoem aquele espaço ou use o Google Earth para melhor conclusão. Não escondam o mar. Aproveitem-no em prol da população como um todo. Não só os feirantes terão um melhor local para o trabalho, bem como os freguesses de um modo geral.
A Feira do Sete formava-se na altura do armazém número 7 do Porto de Salvador, ai por volta dos anos 1930\40 ou até mesmo antes. Segundo alguns, os comerciantes dessa feira, na sua maioria, moravam na zona do Pilar o que não corresponde com a realidade. Eles não tinham essa inclinação. Eram mais trapicheiros. Em verdade,a maior parte provinha das inúmeras hortas existentes na cidade, principalmente da antiga Rua das Hortas – hoje Baixa dos Sapateiros – e Dique do Tororó, ainda não urbanizado como conhecemos nos dias de hoje. Por outro lado, o local ficava próximo ao ancoradouro dos barcos oriundos do Recôncavo e das Ilhas. Desde o aterro da área para a construção do atual Porto de Salvador e conseqüente extinção do Cais das Amarras e Cais do Ouro restou para os saveiros unicamente este espaço onde mais tarde seria montada a Feira de Água de Meninos.
Os comerciantes sempre reclamavam da mobilidade dessa feira. Ao fim de cada tarde tinha que ser desmontada. Achavam que ela deveria ser fixa, mas o local não dava condições. Adiante, contudo, onde seria a Feira de Água de Meninos, havia melhores condições de fixação definitiva. E foi o que aconteceu gradualmente. Uma barraca aqui, outra acolá, aos poucos foi se estruturando.
Quando os poderes públicos tentaram uma remoção, a opinião pública e a imprensa, ficaram à favor dos feirantes. Por outro lado, razões políticas compuseram o quadro.
A feira de Água de Meninos se sustentou nesse local até 5 de setembro de 1964 quando foi totalmente consumida por um incêndio. No subsolo do local corria a tubulação dos tanques de gasolina das grandes empresas do ramo, localizados ao fundo. Era eminente o desastre.
Praticamente, no dia seguinte, grande número de feirantes se deslocou para o terreno ao lado. Facilitou o processo o tipo de material que grande parte deles usava – simplesmente tábuas, paus e lona - e em pouco tempo a feira estava funcionando normalmente. Com o tempo foi se consolidando, inclusive com construções à base de cimento e tijolo. É o que vemos hoje em dia até a inauguração no mês passado de um espaço que já estão chamando de “a nova Feira de São Joaquim".
Aproveitaram um galpão pertencente à Codeba e transferiram cerca de 500 feirantes da antiga feira. O restante ainda continua no antigo espaço, mas há planos para uma re-estruturação total até 2014.
E é aí que mora o perigo. A área era é muito bonita. Para se ter uma idéia, próxima à enseada, o Clube de Natação e Regata São Salvador, mantinha uma sede náutica. Este clube em certa ocasião chegou a realizar partidas de pólo-aquático na enseada com a presença de grande público que se aglomerou naquele espaço onde a Petrobrás construiu sua sede e hoje funciona o Colégio Oscar Cordeiro (!). Deveria ter o nome do verdadeiro descobridor do petróleo no Brasil, o engenheiro agrônomo Manoel Inácio Bastos.
Um rápido parêntese – Este senhor fez contato com moradores do Lobato que usavam uma lama preta como combustível de suas lamparinas e fifós. Desconfiou que tratasse de petróleo. Conseguiu enviar um laudo técnico ao então Presidente da República, Getúlio Vargas, mas a resposta demorou demais. Inconformado, procurou o Sr. Oscar Cordeiro, então Presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia. Foi este senhor que conseguiu o contato presidencial. Ai Getulio veio à Bahia e diretamente do Hidroporto da Ribeira se dirigiu de lancha até o Lobato. Do seu lado estava o senhor Oscar Cordeiro. Enquanto isto, num hospital de Vitória de Conquista, o engenheiro agrônomo Manoel Inacio Bastos morria.
Após a sua morte, sua mulher, de posse de material irrefutável, conseguiu junto a Petrobrás o reconhecimento de seu feito e a grande empresa hoje reconhece esta autoria, sem desmerecer os esforços do senhor Oscar Cordeiro na efetivação dos contatos governamentais.
Após a sua morte, sua mulher, de posse de material irrefutável, conseguiu junto a Petrobrás o reconhecimento de seu feito e a grande empresa hoje reconhece esta autoria, sem desmerecer os esforços do senhor Oscar Cordeiro na efetivação dos contatos governamentais.
Fechando este necessário parêntese, preocupa-nos a confecção do projeto do restante da feira। Antes como hoje, Salvador deu as costas para o mar। Fez isto na construção do porto। Tomou a frente do mar com seus 7 armazéns, a maioria sem nenhuma utilidade। Também fez isso no antigo Corredor da Vitória – todas as mansões do lado direito à partir do Campo Grande tinham a frente voltada para a avenida e o fundo para o mar. Só recentemente os novos e belos edifícios construídos no local em substituição às mansões, voltaram-se para o mar e se valorizaram aos milhões
Uma lição a ser aprendida e já tem seguidores como, por exemplo, as pessoas que estão comprando os imoveis de Santo Além do Carmo. Ai também os imóveis têm seu fundo voltado para o mar. Os novos proprietrários não poderão inverter a posição física dos mesmos, porquê a área é tombada, mas a funcionalidade estará dirigida para o mar. Também na Barão de Cotegipe e Luiz Tarquinio na Cidade Baixa, todas as construções deram as costas para o mar. Agora já se fala em inverter a posição dos imóveis.
Mais recentemente, tivemos o desprazer de assistir a construção de um shopping na Boca do Rio, onde funcionava o antigo e pitorresco campo de pouso de aviões, com as costas voltadas para o mar. Salvador perdeu a grande oportunidade de uma construção maravilhosa que tivesse o mar como espetáculo – os restaurantes e bares com vistas para o mar, por exemplo. Desprezaram-no e se deram mal.
Agora surge uma outra grande oportunidade de ter o mar como elemento “decorativo”. Que os arquitetos responsáveis pensem um pouco mais no assunto. Visitem a área. Sobrevoem aquele espaço ou use o Google Earth para melhor conclusão. Não escondam o mar. Aproveitem-no em prol da população como um todo. Não só os feirantes terão um melhor local para o trabalho, bem como os freguesses de um modo geral.
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