Grande parte da população vai andar da Conceição da Praia até a Colina do Senhor do Bonfim na próxima quinta feira. Não é “andar de carro” na baianidade de nosso falar, mas andar mesmo, á pé.
Tem até uma tradicional camisa que retrata muito bem esse procedimento: estampa em letras garrafais o dito: “QUEM TEM FÉ VAI A PE”. Todos os anos ela se renova.
É dessa maneira que o baiano, há muitos anos, dá ao mundo um exemplo de admiração pelo seu Santo preferido, Senhor do Bonfim e o faz se vestindo de branco, cantando, sambando, tomando umas, paquerando, lavando a alma.
É uma festa maravilhosa! Tem razão determinado blog aqui visto, quando diz que “se lhe fosse dado o direito de escolher entre o Carnaval e a Lavagem como exemplo da melhor festa da Bahia, não teria dúvida de apontar a Lavagem”. E olhem que o nosso Carnaval é um dos melhores do mundo.
Efetivamente é uma festa maravilhosa, única em todo o mundo, organizada pelo povo, desde que a Igreja a qual ela está veiculada, quase a proíbe ou pelo menos, desaconselha-a, fecha as portas de suas igrejas, pinta e borda negativamente.
O turista que não está sabendo da história; fica sem entender este incrível disparate e muitos que aproveitam para conhecer a igreja nesse dia, ficam decepcionados ao encontrá-la fechada. Não se vê nem um padre.Parece que eles são proibidos de sair às ruas nesse dia.
Devia ser ao contrário. No mundo inteiro a igreja está veiculada a manifestações populares dessa ordem, haja vista, por exemplo, a manutenção de um capelão em todas as praças de touros da Espanha para abençoar os toureiros que em poucos minutos, logo após, estará na arena matando um animal indefeso sob os aplausos de uma galera enfurecida que só para de aplaudir quando o touro se abate na arena, sujando-a de sangue. Aí o toureiro se retira do local, fronte erguida, olhar dirigido para o alto, sob uma chuva de flores arremessadas por lindas espanholas.
Certa vez, um amigo sugeriu que na composição do cortejo, se fizesse uma ala só de padres e freiras e, sem dúvida, seria o conjunto mais aplaudido da passeata. Quando isto vai acontecer? “Never” o que é uma pena.
Também um amigo sugeriu que “orientasse” o povo sobre o que ele vai ver durante o percurso de 6.500 metros que separa a Conceição da Praia da Colina do Senhor do Bonfim. Mas que orientação, indagamos?
A Cidade Baixa tem um conjunto arquitetônico admirável. Muita gente não sabe disso. Desde que todos vão caminhar entre eles, não custaria nada destacá-los num espaço como este que os vem mostrando há mais de dois anos.
Mas isto seria misturar as coisas? O povo vai estar na lavagem para se divertir, beber, comer, dançar, cantar e que importa “conjunto arquitetônico”?
Talvez importe, desde que não custa muito o passeador de vez em quando, dirigir para o alto o seu olhar, como faz o toureiro nas arenas da vida e colher senão flores, pelo menos sementes de saber da sua cidade. Qual o nome dessa rua? Que edifício é este? Tal monumento homenageia quem? Coisas simples que não irá prejudicar seu divertimento. Claro que este tem prioridade!
Assim posto, faremos como que um “tour” antecipado do que poderá ser visto e admirado. Terá que ser feito em pelo menos três postagens: concentração, percurso e chegada.
Já nas primeiras horas da manhã o povo vai chegando à Conceição da Praia e se espalhando ao redor da igreja, do mercado, da praça em frente ao Elevador Lacerda. Parece que é realizada uma missa bem cedo e logo a igreja é fechada.
No local onde hoje está a grande igreja foi erguida em 1549 uma ermida em homenagem à Nossa Senhora da Conceição. Foi uma determinação expressa de nosso primeiro governador. (Ele próprio teria ajudado na construção).
A ordem era construir uma ermida junto à Enseada da Preguiça que, possivelmente, já era usada pelos primeiros colonizadores, talvez por Diogo Álvares Correia, o Carumurú.
A grandiosidade de sua fachada tem características neoclássicas e é realçada com as torres em diagonal. Em 1946 foi elevada à Basílica (Sacrossanta Basílica). O papa Paulo VI declarou Nossa Senhora da Conceição padroeira “única e secular do Estado da Bahia”. Muitos pensam que o padroeiro da Bahia é Senhor do Bonfim. Não é! É já em 1623, ganha nova dimensão e em 1765 é iniciada a construção do seu atual aspecto, obra concluída em 1849.
A Conceição da Praia se caracteriza também pelo seu casario. Quase todos da mesma altura, hoje bem degradados:
Ao lado da igreja desce \ sobe a Ladeira da Conceição da Praia, possivelmente uma das primeiras ladeiras construídas para ligação da Cidade Baixa com a Alta:
Antes não era assim. Era apenas uma torre de 58 metros de altura inaugurada em 8 de dezembro de 1872. Chamava-se Elevador da Conceição, também conhecido como Elevador do Parafuso.
Em 1930 ou um pouco menos, começou a construção da segunda torre medindo 75 metros. A foto adiante mostra a construção da mesma.
Muitos acreditam que essa torre tenha sido projetada e construída por Antônio Lacerda, do qual o elevador tem o nome. Em verdade, não foi! O senhor Lacerda foi o idealizador e construtor da primeira torre, aquela incrustada na Ladeira da Montanha. A segunda torre foi construída pela empresa dinamarquesa Cristian-Nielsen, pioneira no mundo na construção de grandes estruturas em concreto armado. O projeto é do também dinamarquês Fleming Thiesen.
Quando o projeto ficou pronto, deram nome de Elevador Lacerda em homenagem ao idealizador e construtor da primeira torre. Super merecido!
Lado contrário à igreja, foi construído um monumento que já deu muito o que falar pelo inusitado de sua forma. Já foram chamados “os apitos de Armando Marques” (famoso juiz de futebol da época). Pior foi a referência com o então governador Antônio Carlos Magalhães. Chamaram-no de “os testículos de ACM”. Outros que eram as “bundas” das baianas. Teve gente que achou que as peças vieram montadas de Brasilia, em razão de certas semelhanças arquitetônicas. Hoje ele esguincha água por todos os poros.
Em verdade contudo o monumento é uma homenagem à Abertura dos Portos e é de autoria do escultor Mário Cravo.
No local onde foi construído o referido monumento, antes era ocupado pelo antigo Mercado Modelo, incendiado em 1960.
Tem até uma tradicional camisa que retrata muito bem esse procedimento: estampa em letras garrafais o dito: “QUEM TEM FÉ VAI A PE”. Todos os anos ela se renova.
É dessa maneira que o baiano, há muitos anos, dá ao mundo um exemplo de admiração pelo seu Santo preferido, Senhor do Bonfim e o faz se vestindo de branco, cantando, sambando, tomando umas, paquerando, lavando a alma.
É uma festa maravilhosa! Tem razão determinado blog aqui visto, quando diz que “se lhe fosse dado o direito de escolher entre o Carnaval e a Lavagem como exemplo da melhor festa da Bahia, não teria dúvida de apontar a Lavagem”. E olhem que o nosso Carnaval é um dos melhores do mundo.
Efetivamente é uma festa maravilhosa, única em todo o mundo, organizada pelo povo, desde que a Igreja a qual ela está veiculada, quase a proíbe ou pelo menos, desaconselha-a, fecha as portas de suas igrejas, pinta e borda negativamente.
O turista que não está sabendo da história; fica sem entender este incrível disparate e muitos que aproveitam para conhecer a igreja nesse dia, ficam decepcionados ao encontrá-la fechada. Não se vê nem um padre.Parece que eles são proibidos de sair às ruas nesse dia.
Devia ser ao contrário. No mundo inteiro a igreja está veiculada a manifestações populares dessa ordem, haja vista, por exemplo, a manutenção de um capelão em todas as praças de touros da Espanha para abençoar os toureiros que em poucos minutos, logo após, estará na arena matando um animal indefeso sob os aplausos de uma galera enfurecida que só para de aplaudir quando o touro se abate na arena, sujando-a de sangue. Aí o toureiro se retira do local, fronte erguida, olhar dirigido para o alto, sob uma chuva de flores arremessadas por lindas espanholas.
Certa vez, um amigo sugeriu que na composição do cortejo, se fizesse uma ala só de padres e freiras e, sem dúvida, seria o conjunto mais aplaudido da passeata. Quando isto vai acontecer? “Never” o que é uma pena.
Também um amigo sugeriu que “orientasse” o povo sobre o que ele vai ver durante o percurso de 6.500 metros que separa a Conceição da Praia da Colina do Senhor do Bonfim. Mas que orientação, indagamos?
A Cidade Baixa tem um conjunto arquitetônico admirável. Muita gente não sabe disso. Desde que todos vão caminhar entre eles, não custaria nada destacá-los num espaço como este que os vem mostrando há mais de dois anos.
Mas isto seria misturar as coisas? O povo vai estar na lavagem para se divertir, beber, comer, dançar, cantar e que importa “conjunto arquitetônico”?
Talvez importe, desde que não custa muito o passeador de vez em quando, dirigir para o alto o seu olhar, como faz o toureiro nas arenas da vida e colher senão flores, pelo menos sementes de saber da sua cidade. Qual o nome dessa rua? Que edifício é este? Tal monumento homenageia quem? Coisas simples que não irá prejudicar seu divertimento. Claro que este tem prioridade!
Assim posto, faremos como que um “tour” antecipado do que poderá ser visto e admirado. Terá que ser feito em pelo menos três postagens: concentração, percurso e chegada.
Já nas primeiras horas da manhã o povo vai chegando à Conceição da Praia e se espalhando ao redor da igreja, do mercado, da praça em frente ao Elevador Lacerda. Parece que é realizada uma missa bem cedo e logo a igreja é fechada.
No local onde hoje está a grande igreja foi erguida em 1549 uma ermida em homenagem à Nossa Senhora da Conceição. Foi uma determinação expressa de nosso primeiro governador. (Ele próprio teria ajudado na construção).
A ordem era construir uma ermida junto à Enseada da Preguiça que, possivelmente, já era usada pelos primeiros colonizadores, talvez por Diogo Álvares Correia, o Carumurú.
A grandiosidade de sua fachada tem características neoclássicas e é realçada com as torres em diagonal. Em 1946 foi elevada à Basílica (Sacrossanta Basílica). O papa Paulo VI declarou Nossa Senhora da Conceição padroeira “única e secular do Estado da Bahia”. Muitos pensam que o padroeiro da Bahia é Senhor do Bonfim. Não é! É já em 1623, ganha nova dimensão e em 1765 é iniciada a construção do seu atual aspecto, obra concluída em 1849.
A Conceição da Praia se caracteriza também pelo seu casario. Quase todos da mesma altura, hoje bem degradados:
Ao lado da igreja desce \ sobe a Ladeira da Conceição da Praia, possivelmente uma das primeiras ladeiras construídas para ligação da Cidade Baixa com a Alta:
Antes não era assim. Era apenas uma torre de 58 metros de altura inaugurada em 8 de dezembro de 1872. Chamava-se Elevador da Conceição, também conhecido como Elevador do Parafuso.
Em 1930 ou um pouco menos, começou a construção da segunda torre medindo 75 metros. A foto adiante mostra a construção da mesma.
Muitos acreditam que essa torre tenha sido projetada e construída por Antônio Lacerda, do qual o elevador tem o nome. Em verdade, não foi! O senhor Lacerda foi o idealizador e construtor da primeira torre, aquela incrustada na Ladeira da Montanha. A segunda torre foi construída pela empresa dinamarquesa Cristian-Nielsen, pioneira no mundo na construção de grandes estruturas em concreto armado. O projeto é do também dinamarquês Fleming Thiesen.
Quando o projeto ficou pronto, deram nome de Elevador Lacerda em homenagem ao idealizador e construtor da primeira torre. Super merecido!
Lado contrário à igreja, foi construído um monumento que já deu muito o que falar pelo inusitado de sua forma. Já foram chamados “os apitos de Armando Marques” (famoso juiz de futebol da época). Pior foi a referência com o então governador Antônio Carlos Magalhães. Chamaram-no de “os testículos de ACM”. Outros que eram as “bundas” das baianas. Teve gente que achou que as peças vieram montadas de Brasilia, em razão de certas semelhanças arquitetônicas. Hoje ele esguincha água por todos os poros.
Em verdade contudo o monumento é uma homenagem à Abertura dos Portos e é de autoria do escultor Mário Cravo.
No local onde foi construído o referido monumento, antes era ocupado pelo antigo Mercado Modelo, incendiado em 1960.
No bairro do Comércio existiam, no século passado, dois pequenos mercados municipais: Santa Bárbara e São João, situados respectivamente, nos terrenos onde hoje se localiza o Edifício Centenário, pertencente à Aliança da Bahia, e a Rede Ferroviária Federal, na Rua Portugal.
Desde 1878, pretendeu-se construir um novo centro de abastecimento na cidade baixa. Em 12 de agosto de 1906, o governo aprovou os estudos definitivos das obras do porto, com exceção das modificações relativas à Doca do mercado, que poderia ser transferida para a área do ex – arsenal da marinha.
A construção do Mercado Modelo foi concluída no final de 1912. Tratava-se de um edifício retangular, envolvidos por marquises, estrutura metálica importada, com cobertura constituída por três detalhes superpostos, de modo a permitir boa ventilação e iluminação natural.
Com a destruição do antigo Mercado Modelo, o novo Mercado Modelo passou a funcionar no edifício da antiga 3ª Alfândega de Salvador, uma construção de 1861 em estilo neoclássico.
Vejam o que escrevemos alguns anos atrás nesse mesmo blog:
“O novo Mercado Modelo passou a funcionar no edifício da antiga 3ª Alfândega de Salvador, uma construção de 1861 em estilo neoclássico. Como a transferência se deu às pressas, naturalmente as instalações eram precárias, inclusive elétricas. Não deu outra. Também esse mercado sofreu um grande incêndio em 1983. Da mesma forma que o outro ficou tudo oco, apenas as paredes ficaram em pé. Contudo, diferentemente do primeiro, reconstituíram seu interior, oportunidade em que se construíram dois andares de lojas.
Esperava-se que o novo Mercado Modelo tivesse as mesmas funções do anterior, isto é, um centro de abastecimento com a reativação do transporte de mercadorias pelos saveiros, a comercialização dos peixes, tudo enfim que caracterizava o antigo mercado.
Tal não aconteceu! A Marinha já havia interditado o ancoradouro dos saveiros. Havia proibido o comércio de peixes na área. Tinha que ser feito algo diferente. Surgiu, então, a idéia de um centro de artesanato. É o que é hoje. Para turista ver! Poucos baianos compram no local.
Se, por um lado, esta inclinação foi boa para o turismo de nossa terra, por outro, decretou o esvaziamento definitivo de toda a área do Comércio. Foi um sucedâneo de coisas ruins. Na ocasião do aterro do porto, o Cais do Ouro desapareceu. Os saveiros ficaram sem uma referência. Restou a Rampa do Antigo Mercado Modelo e ele próprio. Veio o incêndio de 1969. Fim da nova referência.
A esperança era que o prédio da antiga Alfândega substituisse em tudo por tudo as atividades do anterior. Primeiramente, estava ali junto, na mesma praça. O ancoradouro seria o mesmo. Pouca coisa iria mudar. Tal não aconteceu. Decidiram fazer um centro de artesanato. Os saveiros pouco tinham a haver com este segmento. Somente as cerâmicas de Maragogipe se enquadravam ao novo sistema. As frutas, as farinhas, as carnes secas, os charutos, os grãos, etc, ficaram sem comercialização. Cada cidade fornecedora que se virasse por si própria, com seu incipiente "mercado interno". Por demais precário. Parou tudo. Atrasos de anos. Decadência total. Também o bairro do Comércio decaiu. Os poucos trapiches que restaram após a construção do Porto, fecharam de vez as suas portas. Todo o comércio sentiu. Começou a grande decadência que se radiou em outras decadências, num sucedânio natural das coisas.”
Esperava-se que o novo Mercado Modelo tivesse as mesmas funções do anterior, isto é, um centro de abastecimento com a reativação do transporte de mercadorias pelos saveiros, a comercialização dos peixes, tudo enfim que caracterizava o antigo mercado.
Tal não aconteceu! A Marinha já havia interditado o ancoradouro dos saveiros. Havia proibido o comércio de peixes na área. Tinha que ser feito algo diferente. Surgiu, então, a idéia de um centro de artesanato. É o que é hoje. Para turista ver! Poucos baianos compram no local.
Se, por um lado, esta inclinação foi boa para o turismo de nossa terra, por outro, decretou o esvaziamento definitivo de toda a área do Comércio. Foi um sucedâneo de coisas ruins. Na ocasião do aterro do porto, o Cais do Ouro desapareceu. Os saveiros ficaram sem uma referência. Restou a Rampa do Antigo Mercado Modelo e ele próprio. Veio o incêndio de 1969. Fim da nova referência.
A esperança era que o prédio da antiga Alfândega substituisse em tudo por tudo as atividades do anterior. Primeiramente, estava ali junto, na mesma praça. O ancoradouro seria o mesmo. Pouca coisa iria mudar. Tal não aconteceu. Decidiram fazer um centro de artesanato. Os saveiros pouco tinham a haver com este segmento. Somente as cerâmicas de Maragogipe se enquadravam ao novo sistema. As frutas, as farinhas, as carnes secas, os charutos, os grãos, etc, ficaram sem comercialização. Cada cidade fornecedora que se virasse por si própria, com seu incipiente "mercado interno". Por demais precário. Parou tudo. Atrasos de anos. Decadência total. Também o bairro do Comércio decaiu. Os poucos trapiches que restaram após a construção do Porto, fecharam de vez as suas portas. Todo o comércio sentiu. Começou a grande decadência que se radiou em outras decadências, num sucedânio natural das coisas.”
Sugerimos aos que não conhecem visitar o subtérreo do mercado. Serão vistas as antigas masmorras dos escravos.
Também se aconselha conhecer os restaurantes do 1º andar do Mercado, Maria de São Pedro e Camafeu de Oxossi.
Sobre esta senhora há uma deliciosa história:
O restaurante de Maria de São Pedro era o mais famoso. Nascida em Santo Amaro da Purificação, a famosa quituteira começou seu negócio na antiga Feira do 7, isto é, uma feira que existia em frente ao 7º Armazém das Docas.
Tinha uma única mesa e seus fregueses eram os chamados estivadores. Seu tempero era maravilhoso. Foi criando fama. Mudou-se para o antigo Mercado Popular onde é hoje o Mercado do Peixe, ao final da Ladeira da Água Brusca. A Feira de Água de Meninos ficava em frente.
Já nessa época grandes boêmios e intelectuais de Salvador começaram a freqüentar o pequeno restaurante da grande quituteira, com destaque para pessoas como o jornalista Odorico Tavares do antigo Diário de Noticias e o escritor Jorge Amado, sempre à procura de novidades para seus maravilhosos livros.
Na década de 1940, Maria de São Pedro, mudou-se para o antigo Mercado Modelo. Em seu restaurante recebeu figuras badaladas de todo o mundo. O ator Orson Welles, o poeta Pablo Neruda, o filósofo Jean Paul Sartre. Jorge Amado continuava freguês, agora se fazendo acompanhar por Calazans Neto e Caribé, seus grandes amigos.
Também marcou presença o Conde Matarazzo e sua esposa, Dona Yolanda. Convidaram-na para preparar o banquete da festa dos 400 anos de fundação da capital paulista. Maria de São Pedro viajou de avião. Levou ajudantes e uma tonelada de dendê, camarão, pimenta, gengibre, coco, castanha, panelas de barros e colheres de pau.
Conta-se que já no palácio, ao tempo em que começava a preparar as comidas, um “chef” tentou dar palpite. Maria não se fez de rogada. Chamou dona Yolanda e disse: “ou este gringo ou eu”. Dona Yolanda não pestanejou. Botou o gringo para fora. Isso nos conta Odorico Tavares.
Por fim e o fizemos de propósito, vamos focalizar a nossa Praça Cairu. Sem mais palavras, vejam como era antes:
É brincadeira! Destruíram uma das mais belas praças de Salvador. Fizeram à esquerda um estacionamento e o resto da praça foi ocupado por barracas de produtos artesanais. Uma mixórdia.
A direita ainda está em pé um prédio dos mais antigos da Cidade Baixa. Dizem que vão construir um hotel no seu espaço, mantendo-se a frente do imóvel que é toda coberta de azulejos portugueses importados.
Escrevemos sobre o mesmo:
A Praça Visconde de Cayru é pródiga de atrações. Vimos há pouco o Mercado Modelo, o novo. Fica na praça, aos fundos. O antigo também ficava na praça, à esquerda do Elevador Lacerda, que também é da praça. À direita um dos prédios mais tradicionais de Salvador, construído em estilo pombalino, fachada toda revestida de azulejos importados e suas 60 janelas de frente. Tem mais algumas nas laterais. Recentemente foi comprado pela rede dos Hotéis Hilton que fará uma unidade no local, desde que mantenha a fachada atual. Quis derrubá-la. Foi uma luta na Justiça, mas a fachada permanecerá. O hotel perdeu nesse quesito, mas sem querer ganhou nos quesitos arquitetônico e tradição, isto é, ganhou uma coisa que não mais se fará. Foi construído nos fins do século XIX a princípio do século XX. Será uma referência internacional! Será que isso foi avaliado?
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