sexta-feira, 2 de abril de 2010

SISTEMA FERRY-BOAT


O Ivete Sagalo

Em postagem anterior, falamos da Baía de Todos os Santos, este maravilhoso acidente geográfico que a natureza ofereceu à Bahia e onde está inserida toda a Cidade Baixa. Vimos sua extensão, falamos de algumas de suas 56 ilhas, o fluxo e refluxo de maré próprio das baías, da diferença do que se pescava antes do que se pesca hoje; falamos até de uma ponte que “pretendem” fazer ligando Salvador à Ilha de Itaparica, um projeto megalomaníaco que só se pode compreender- nunca aceitar- em época de eleição.

E, diz-se que o processo de convencimento popular, estaria sendo feito de uma forma um tanto quanto insólita. Estariam colocando o sistema ferry-boat em banho-maria, com vistas ao crescimento do apoio geral à construção da ponte.

Chega a ser inacreditável! Vamos analisar a questão com acuidade. É sabido que em dias de grande acesso, nos feriados prolongados e nas datas tradicionais, a fila de acesso dos carros ao ferry-boat alcança o largo de Roma. O usuário chega a levar 5 horas na fila.

Isso não pode ser considerado normal em nenhum lugar do mundo e sob qualquer ângulo de análise. Também em qualquer parte do mundo, a solução para esse problema é uma só. Aumentar o número de ferry-boats em operação nesses dias.

Vamos citar um exemplo dentro do próprio sistema de transporte de massa. Em dias de feriados prolongados e similares, as Estações Rodoviárias de todo o País, dobram e redobram a oferta de ônibus e todos viajam sem mais espera.
O mesmo se aplica ao sistema de aviação. No final do ano, por exemplo, todas as companhias aumentam o número de vôos.

Já o sistema ferry-boat de Salvador, mantêm as mesmas cinco ou seis embarcações que operam em dias normais. Pode uma coisa desta? Daí a calamidade que se registra nos dias de grande procura.

Alegam os proprietários da concessão que uma embarcação custa caro. Um ônibus também custa caro. Um avião custa dez ferry-boats. A concessionária tinha que estar preparada para esta circunstância. Se não pode comprar, alugue, tome emprestado. Faça qualquer coisa de racional e objetivo. Deixar um usuário cinco horas numa fila de carros fere todos os princípios da racionalidade. Isto chama-se tortura. Só mesmo um povo como o nosso, aceita uma coisa desta.

Certa feita conversamos com uma pessoa que passou por esse problema nos feriados do último fim de ano. Eis o diálogo:

- Como é  que você agüentou uma coisa como esta?
- A gente curtiu.
- Mas, curtiu como?
- Compramos duas dúzias de cervejas. Tínhamos um isopor cheio de gelo. E tomamos todas.
- E não ficaram altos?
- Altos? Que nada! Dançamos. A chaparia do carro servia como percussão. Apareceu um pandeiro de um carro atrás. Aí a coisa ficou ainda mais gostosa. Sensacional!
- E a que horas vocês chegaram a Mar Grande?
- Por volta das 4 horas da manhã. Um barato!

Este é o povo baiano. Feliz em qualquer ocasião. Pacato! Divertido! Graças a Deus! Não há povo igual no mundo! Viva a Bahia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário