segunda-feira, 26 de setembro de 2011

COSTA AZUL

É de se pensar que o nome da localidade de praia denominada Costa Azul adveio da beleza incontestável dessa parte de nosso litoral. Uma costa azul, de um mar azul, essas elogiosas referências.

Em verdade, contudo, o nome adveio da construção de um clube na beira do Rio Camurujipe que ali se curva antes de desembocar no mar.



Certamente que a construção desse clube foi precedida pela melhor das boas intenções, no entanto os seus responsáveis não atentaram pelas péssimas condições das águas do rio que ali corre, bem próximo, exalando um cheiro insuportável. E os sócios foram se afastando e o clube teve que fechar. Foi abandonado e em seguida saqueado pela população pobre das proximidades. Levaram até as janelas. Restou uma estrutura carcomida que marcou durante muito tempo o local.

Diz-se que a consolidação do nome Costa Azul deu-se no ano de 1974 quando um condomínio nas proximidades, de nome Pedra de Allhá I, (com dois L) resolveu adotar o nome de Condomínio Costa Azul.

Há quem afirme que, anteriormente, a praia em frente era denominada de Chega Nego por que ali desembarcavam os escravos que vinham da África e os mesmos ficavam alojados numa senzala próxima, onde hoje funciona o Restaurante Yemanjá.

Em verdade, contudo, a Praia do Chega Nego é a atual Praia de Armação que tem esse nome por que ali se “armavam” as redes para serem puxadas a partir da praia. Para tanto, eram necessários mais de 100 homens, 40 deles no mar e o restante em terra. Geralmente as redes possuíam mais de 1000 metros.













Costa Azul - Visto do alto

A seguir apresentamos a sequência de um grande plágio, desde o de origem baiana no Parque Costa Azul até os das Olimpíadas do Rio de Janeiro. A obra do francês Henri Matisse, marca da entidade filantrópica norte-americana Telluride Foundation, foi desfarçada com algumas modificações que não convenceram a ninguém.

No caso das Olimpiadas do Rio, o Brasil tem tanta coisa que as pessoas poderiam se inspirar e foram logo escolher uma obra tão conhecida. É de se lamentar. Mas, ainda está em tempo de anular o concurso de escolha e abrir um outro para o bem da legalidade das coisas. (Parece que já foi anulado- inserção feita posteriormente)



Pelo que se nota acima, o símbolo das Olimpiadas do Rio mais parece um plágio do "plágio" do Carnaval baiano. Tabelou de um lado para outro.















quinta-feira, 15 de setembro de 2011

BARRACAS DE PRAIA DE SALVADOR


A cidade ganhou recentemente mais duas praças, uma na Pituba denominada Wilson Lins e  outra em Ondina, com denominação desconhecida।


A praça da Pituba ficou muito a desejar. Essa é a opinião de muitos. Um espaço enorme onde poderia ter sido feito muita coisa e a sensação que se tem é de um enorme vazio, algo como que oco. Até mesmo o estacionamento é precário!


Falaram tanto num oceanário e a peça não saiu. Seria uma grande atração. No Brasil só existem três, um deles na Aracaju vizinha que vem atraindo turistas, principalmente baianos.
 
Aliás, diga-se de passagem, o baiano quando quer curtir uma orla de verdade, pega a Linha Verde e vai almoçar em Aracaju num dos seus bons e baratos restaurantes, inclusive naqueles estabelecidos na própria praia. Uma muqueca de camarão sai por R$25.00. Aqui é R$80.00.
 
È um programa bem melhor que ir até a Pituba, por exemplo. Não tem nada! Só a baiana de acarajé. Antigamente, existiam as barracas de praia, onde se tomava uma cerveja e se comia um tira-gosto legal. Batia-se um papo livre de um sol causticante, apreciando as belezas.

-Então, o senhor é a favor das barracas de praia que foram demolidas?
 
-Vamos por parte.
 
Em verdade, deixaram a coisa correr “a la vonté”. Surgiram centenas e mais centenas de barracas de todos os tipos e tamanhos. Por sua vez, os órgãos fiscalizadores não ordenaram seu funcionamento; não estabeleceram normas de instalação, principalmente aquelas ligadas à higiene e ocupação da faixa de praia. A barraca que já ocupava grande parte da praia, estendia essa posse até proximidades do mar com mesas, cadeiras e sombreiros das empresas de bebida.
 
A impressão que se tinha é que essas empresas pagavam aos barraqueiros por essa formidável propaganda – milhares de peças com o nome dos produtos - nas cadeiras, nas mesas, nos sombreiros
.
 E se não bastasse, ainda exigiam a exclusividade de consumo.
 
Fosse ao contrário, certamente que as barracas seriam bem estruturadas que nem as de Aracaju, ao ponto de serem enaltecidas na maioria dos sites de turismo daquele estado, inclusive os de órgãos do governo.
 
Enquanto isto as barracas daqui são demolidas à bem do interesse. público. Sim! O Ministério Público mandou demolir as barracas porque elas estavam "enfeiando" as nossas praias, prejudicando a população, poluindo o ambiente.
 
É um posicionamento contrário ao que se vê em Aracaju e muitas partes do mundo.
 
Vejamos, por exemplo, um anúncio publicado na internet de uma barraca em Fortateza:
 
“Descubra a América do Sol. A barraca que é o verdadeiro paraíso da sua família.

Fortaleza é conhecida no mundo inteiro por seu clima agradável, belas praias e sol o ano inteiro.
E como não podia faltar, aquela cerveja super gelada. Sem falar que na Barraca América do Sol você desfruta de toda a comodidade de wi-fi, duchas deliciosas, seguranças, guarda vidas e acessibilidade para os portadores de necessidade especiais. E como se não bastasse tudo isso, ela ainda oferece o melhor atendimento da praia.”


 
Enquanto as barracas são retiradas de nossa orla, os ambulantes infestam as praias com seus horrorosos isopores e sombreiros re-aproveitados, o que tornou a situação muito pior, um verdadeiro caos.
 
Mas caótica mesmo ficou a situação dos antigos proprietários de barracas e, por extensão, todas as pessoas que trabalhavam nesse setor. De um dia para a noite, milhares de famílias ficaram em dificuldades financeiras.

É estranho que não tenha se atentado para isto, criando alternativas, como por exemplo: nas duas praças recentemente inauguradas se fazia necessário um centro gastronômico, algo como pequenos bares como se vê em muitas cidades do mundo. Em meio a isto, um centro de artesanato. Que tal uma imitação de uma vila. Há tantas idéias. Pelo menos acabaria com o “vazio” e “a coisa ôca” que a praça da Pituba transfere às pessoas.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

PITUBA – CLUBE PORTUGUÊS

Entre os clubes que aproveitaram a concessão da Prefeitura de Salvador para construir sua sede do lado do mar, destacou-se o Clube Português da Bahia. Foi quem obteve o espaço mais privilegiado, ou seja, nada mais, nada menos, que o pedaço da Praia da Pituba onde a natureza se manifesta com maior beleza. Vejam só


Nas marés vazias, formam-se dezenas de bacias entre rochas umedecidas e até limosas. Acima, começo da vazante.

Era de se esperar que na construção da sua sede, fosse aproveitado este bem natural como mais um atrativo ou, melhor dizendo, como principal atrativo. Mas não! Fez-se a sede com frente para a avenida, cobrindo toda a beleza do mar naquele local. O fundo poderia se abrir para a natureza com um restaurante panorâmico.


Algo assim seria pedir demais:


A sede de praia do Clube Português da Bahia, com 2.500 m2 de área, foi inaugurada em 1963 e suas atividades se enceraram em 2001. Foi fundado no Gabinete Português de Leitura Seu primeiro presidente chamava-se Narciso Alves da Cunha. O último, não sabemos dizer.





Aliás, nesse sentido, só recentemente os nossos arquitetos e urbanistas, os fazedores das cidades, deram-se conta da força do mar da Bahia. É o caso dos edifícios do Corredor da Vitória, a maioria voltada para o mar, para o sol de poente. Também é o caso dos compradores dos prédios da Rua Direita de Santo Antônio, apostando no futuro. É o caso até da Prefeitura tentando desapropriar, ou já tendo desapropriado, todas as construções feitas entre a Rua Barão de Cotegipe e Boa Viagem na Cidade Baixa.


Em todos os três casos acima citados, o que se via e ainda se vê? Residências diversas voltadas para as ruas e avenidas e os quintais do lado do mar, como que o desprezando. Pior! Era o esgoto de todas elas.


Apesar de tudo, não era para o Clube Português da Bahia falir como faliu. Dos três clubes beneficiados com a concessão da Prefeitura ( E.C. Bahia- Espanhol e Português) foi o único que chegou ao estágio máximo de insolvência.


Dizem que este fato tem muito a haver com a decadência financeira dessa colônia em Salvador, antes riquíssima, proprietária de grande parte do comércio e que, de uma hora para outra, ou melhor dizendo, na mudança de uma geração para outra, deixou a “peteca” cair em várias áreas.

Mas vejam como se deu a falência que poderia ter sido evitada. Existia uma lei ou ainda existe que estabelece que os clubes sociais-esportivos (caso do Clube Português )formadores de atletas, eram isentos de IPTU (altíssimo, cobrado da mesma maneira que um shopping).

O Clube Português formava atletas principalmente de natação de Sandra Sampaio e de hóquei sobre patins de Fernando Jardim. Não pagava essa taxa.


A Prefeitura que já estava de olho naquele espaço recebeu de bandeja o velho Clube Português da Bahia. Velho de tradições e histórias sem fim.
Uma delas vale á pena contar e se prende a esta situação vexatória desse ex-maravilhoso clube.
Conta-se que, mesmo o clube fechado, alguns aficionados do snooker “penetravam” por uma falsa porta e no antigo salão de jogos (ainda existia uma mesa) passavam tardes inteiras jogando. Rigorosamente o jogo só ia até as 17 horas. A luz já havia sido cortada! O vigia era conivente, aliás, uma santa conivência.



E no local a Prefeitura fez uma praça horrorosa, sem graça, sem nada. Qualquer cidade do mundo “amaria” possuir uma área como esta. Pensou-se num Oceanário e nada. Seria um grande atrativo, super diferenciado. Existem poucos no País, apesar de sua extensão litorânea.


A única coisa que se salva é o monumento Caravela de autoria de Chico Liberato. Muito bonito!

A obra, com mais de 7 metros de altura, visa representar a "revolucionária saga dos navegadores portugueses e ressalta a importância do desbravador Vasco da Gama". Nas "velas" da "caravela" estão gravadas a Cruz de Cristo, bem como o símbolo da religião de origem africana praticada localmente (candomblé), Opaxoró de Oxalá, simbolizando - também - a diáspora africana.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PITUBA – MARCO DE UMA NOVA CIDADE

Em postagem anterior contávamos que fomos a um aniversário de um parente na Pituba, mas não a Pituba de hoje, mas tão somente uma Pituba que “ainda não existia” em termos. Pegamos o bonde de Rio Vermelho de Baixo e saltamos ao final da linha (AMARALINA).

Daí até alcançarmos a fazenda de nossos parentes que ficava adiante, tivemos que ir pela praia. Era menino e meus pais eram jovens. Poderíamos agüentar o esforço de caminhar por ela cerca de 1 ou 2 quilômetros.

Em que ano aconteceu isto? Por volta de 1937/38. A cidade só ia até Amaralina. Daí em diante era mata virgem. A fazenda do nosso tio era uma das primeiras que se formava naquelas terras desconhecidas.

Somente em 1942 deu-se inicio a construção da avenida que liga Amaralina à Itapoã, concluída em 1949।

Logo, não havia outro jeito senão a caminhada à beira-mar. Devia ter sido interessante. As ondas batendo na canela das pernas. As calças suspensas; os respigos daquela água virgem.

Aconteceu um fato interessante nessa visita. Conhecemos a fabricação de sorvete, mas não o sorvete que hoje vemos sair das máquinas mágicas nos shoppings da cidade. Este era fabricado numa barrica de 60/70 centímetros de altura e 30 de envergadura. Internamente possuía uma divisão onde se colocava gelo. Em seguida um espaço maior onde ficava o suco que ia virar sorvete. Completando o estranho equipamento, uma manivela com um cabo que penetrava pelas paredes externa e interna da barrica e terminava em formato de pá em meio ao suco. À medida que este suco ia congelando, a manivela rodava sem cessar até a formação do sorvete. Uma maravilha de um novo mundo.

No local dessa fazenda e de outras (devia haver) começou o bairro da Pituba, um marco de uma nova cidade.

Sim! A Pituba representa, verdadeiramente, um marco da nova cidade de Salvador, moderna, vibrante, sofisticada, elegante, bastante diferente da Salvador do lado norte com seus casarões centenários e de suas ruas estreitas.

Vamos nos aprofundar sobre ela, a origem de seu nome, sua construção e como ela se acha hoje em dia.

Seu nome tem origem indígena e significa, maresia, vento forte, por ai. No século XX um mineiro Joventino Pereira da Silva e o "baiano" Manoel Dias da Silva, donos da fazenda Pituba tiveram a idéia de urbanizar o local planejando-o. Para tanto dividiram o espaço em quadras e entre elas ruas largas. Em verdade, era um loteamento. Registraram na Prefeitura e em 1919 foi publicado o projeto assinado pelo engenheiro civil Teodoro Sampaio, tendo sido aprovado em 1932. Foram previstas a abertura de 10 vias longitudinais paralelas à linha da costa e 15 transversais perpendiculares as primeiras. Ficou estabelecido que o eixo principal do arruamento então conhecido como Estrada da Pituba, chamar-se-ia Avenida Manoel Dias da Silva, oficializada pela Lei Municipal nº 1.664, de 2 de dezembro de 1964.



Só na década de 1960, Nélson Oliveira, prefeito de Salvador, asfaltou as ruas da Pituba, obra que só foi terminada na década seguinte.

Há quem diga que a Pituba não se resume à Avenida Manoel Dias da Silva e suas transversais com os nomes dos diversos estados brasileiros. Segundo alguns, Iguatemi é Pituba; a Avenida Tancredo Neves e seus prédios empresarias também seria Pituba, bem como o Caminho das Árvores.

Contudo, o crescimento desses locais deram-lhe caracteristicas muito fortes e já podem ser considerados bairros próprios. Vamos deixar a Pituba como era na época de Manoel Dias da Silva.

Por sua vez, a Prefeitura classifica a região que chama de 8ª Região Administrativa Pituba/Amaralina, como sendo a seguinte:

• Boulevard
• Caminho das Árvores
• Condomínio Iguatemi
• Iguatemi
• Itaigara
• Jardim América
• Lot. Aquárius
• Lot. Vela Branca
• Parque dos Flamboyans
• Parque Julio César
• Parque Nossa Senhora da Luz
• Parque São Vicente


Sem dúvida que um dos destaques do bairro Pituba é a Igreja de Nossa Senhora da Luz. Simples e bonita, de muito bom gosto.

A origem da devoção à Senhora da Luz tem os seus começos na festa da apresentação do Menino Jesus no Templo e da purificação de Nossa Senhora ("Candelária"), quarenta dias após o seu nascimento (sendo celebrada, portanto, no dia 2 de Fevereiro).

A Virgem da Candelária ou Luz apareceu em uma praia na ilha de Tenerife (Ilhas Canárias, Espanha) em 1400.

Nossa Senhora da Luz era tradicionalmente invocada pelos cegos (como afirma o Padre António Vieira no seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus: «Perguntai aos cegos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Luz [...]»), e tornou-se particularmente cultuada em Portugal a partir do início do século XV; segundo a tradição, deve-se a um português, Pedro Martins, muito devoto de Nossa Senhora, que descobriu uma imagem da Mãe de Deus por entre uma estranha luz, no sítio de Carnide, no termo de Lisboa. Aí se fundou de imediato um convento e igreja a ela dedicada, que conheceu grande incremento devido à acção mecenática da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I e sua terceira esposa, D. Leonor de Áustria.

A partir daí, a devoção à Senhora da Luz cresceu, e com a expansão do Império Português, também se dilatou pelas regiões colonizadas, com especial destaque para o Brasil, onde é a santa padroeira da cidade de Curitiba, capital do Paraná (Guarabira/PB, Pinheiro Machado/RS, Itu/SP, ou ainda Corumbá/MS. Em Juazeiro do Norte, Ceará, ocorre todos os anos uma grande romaria em sua homenagem



Em trabalho de pesquisa, pinçamos a seguinte história da origem da imagem de Nossa Senhora da Luz da Pituba.

Pelos anos de 1580, uma menina de uns doze anos de idade, andando para apanhar gravetos para cozinhar, sentindo sede, viu (ou imaginou ver) surgir entre a mata e a areia, uma figura de uma mulher linda, com um menino sentado no braço esquerdo e na mão direita uma vela acesa; atrás da figura, percebeu um manancial de água, e todo o quadro como iluminado com uma luz azul. - Saciou a sede, correu para casa e comunicou aos seus pais o ocorrido...
Passados anos, a menina de então, já adulta, avistou em casa do capitão Felipe Correa uma Imagem de Nossa Senhora da Luz, trazida de Portugal, reconhecendo ser a mesma que tinha visto ou imaginado na fonte.

Pelos anos de 1600, o latifundiário e capitão Felipe Correa, proprietário da Fazenda Pituba, fez construir em terreno de sua propriedade uma capela de taipa, no lugar que hoje seria entre as ruas Minas Gerais e Otávio Mangabeira, colocando na mesma a Imagem trazida de Portugal, de talha de madeira, medindo 53 centímetros, com o pedestal, conservada na sua Igreja da Pituba.

Durante os anos de 1610 a 1642, sendo atendente espiritual do litoral baiano, compreendido entre o Rio Vermelho e a Vila de Abrantes, o artista e religioso do Mosteiro de São Bento, Frei Agostinho da Piedade, o grande escultor e ceramista, fez para a capela da Pituba uma Imagem de Nossa Senhora da Luz, de barro cozido, e policromado, que é uma relíquia preciosa de quando o Brasil amanhecia, a qual no ano de 1949 foi restaurada, sendo reencarnada.

Os herdeiros do capitão Felipe Correa, capitão Manoel Gonçalves Saraiva e sua esposa Francisca Ferreira e o irmão desta, Francisco Ferreira, restauraram a capela pelos anos de 1663.

Em 1955, o casal Sr. Joventino Pereira da Silva e Dona Alcina Guimarães da Silva, concluíram a igreja existente, iniciada em 1949, em terreno de sua propriedade, o que realizaram para perpetuar a devoção a Nossa Senhora, sob a invocação da Luz, em reconhecimento aos inumeráveis benefícios obtidos mercê da sua intercessão.

No mesmo ano de 1955 o Sr. Cardeal Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Augusto Álvaro da Silva, inaugurou a Igreja, fazendo-a matriz da futura paróquia a ser criada, benzendo-a e sagrando o altar-mor.

Por decreto de 09 de julho de 1960, o Sr. Cardeal da Silva, criou a Paróquia de Nossa Senhora da Luz da Pituba, entregando-a na mesma data, aos cuidados espirituais da Ordem Mercedária de Nossa Senhora das Mercês, sendo nomeado primeiro vigário, o Reverendíssimo Padre Samuel Martinez Perez, que exerceu seu ministério até 15 de março de 1965.”

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

AMARALINA – RETOQUES NECESSÁRIOS

Ao tempo da construção do quartel de Amaralina, não resta a menor que ele se fazia necessário. Nele foi instalado um centro de observação aérea, obra atribuída aos norte-americanos ao tempo da 2ª guerra mundial.

Quando o conflito se encerrou, a Aeronáutica assumiu o controle do equipamento, ampliando suas funções, inclusive construindo à frente da avenida um conjunto de grandes garagens que abrigava caminhões e até veículos providos de canhão, possivelmente tanques.

Essa construção e mais outras que se fizeram, tomou totalmente a frente do mar que ali é de uma beleza extraordinária, desde que se compõe divinamente com as elevações do terreno , as mesmas que se observam tanto no Morro do Cristo quanto no Morro do Farol da Barra.

Por muito tempo não se percebeu essas virtudes que a natureza proporcionou a nossa cidade, muito pelo contrário, a Prefeitura por volta do ano de 1960, permitiu e até incentivou a construção de clubes e hotéis do lado do mar. Foram os casos do Centro Espanhol, do Clube Português e do Esporte Clube Bahia e dos hotéis Othon, Ondina Residência, Salvador e Meridien. 

Atualmente, quando se constata que a nossa orla perde em beleza para muitas outras existentes no nordeste brasileiro, sem dúvida que uma das razões dessa inferioridade talvez esteja nesses casos, senão vejamos: o Porto da Barra, onde se inicia a nossa orla atlântica, digamos assim, não tem no País nada que se iguale. Um jornal inglês classificou a praia do Porto como a 3ª mais bela praia do planeta. Ela está balizada por dois fortes: o de São Diogo e o de Santa Maria. Uma dádiva!






Em seguida, após o Forte de Santa Maria, vindo para a esquerda da orla, temos um espaço problemático – é a chamada praia da B. Tanto na maré cheia quanto na maré vazia, ela não satisfaz.


Para compensar a falta de beleza desse pedaço, temos o espetáculo do Farol da Barra encimado na Ponta do Padrão, um dos pontos da consolidação de posse da terra brasiliense
À sua esquerda, a bela praia do Farol com a variedade de seus atrativos, desde as bacias que se formam nas marés de vazante, até as ondas que se evoluem na extremidade oposta, o que a torna um paraíso para os surfistas

Bem ao lado, o Morro do Cristo, outro lugar belíssimo: Até aqui, estamos vencendo de qualquer lugar que se queira comparar. Logo após, começam os problemas de nossa orla, tanto os da própria natureza quanto e principalmente os criados pela iniciativa humana. Da mesma maneira e forma da Praia da B. o espaço entre o Morro do Cristo e o Morro de Ondina, é todo pedregoso. Nesta foto até que está bem. A maré está cheia. Quando a maré vaza, é uma pedreira.

Mas teria uma solução? Claro, é só querer. Há, por exemplo, um projeto de autoria do arquiteto baiano Alexandre Prisco Paraiso Barreto que se enquadra em todos os sentidos nesse espaço. Ei-lo:

Vendo essa foto, ficamos a imaginar quando um projeto dessa natureza seria aprovado e concluído. Conhecendo a nossa terra como conhecemos, pela longa vivência com ela, diríamos que a depender dos poderes públicos, as esperanças são remotíssimas. Já a iniciativa privada poderia topar essa parada como vem fazendo em diversas partes do mundo. Vejamos alguns exemplos:


Obras como essas é que atraem turistas como aconteceu também em Bibau na Espanha com seu Museu Guggenheim ou em Sidney na Austrália.

O projeto do arquiteto baiano tem a mesma qualidade dos que nos lembramos e acabamos de nos referir.
Em vez disso, estranhamente, a Prefeitura aprovou a construção de um hotel na base do morro de Ondina em substituição ao Clube Espanhol. Suas obras já estão bem adiantadas como se pode ver na foto adiante.

Como compensação ao espaço cedido pelo clube, estão construindo um novo clube ao nível do asfalto.Teme-se que após concluído levante-se um muro de isolamento como faziam nas ocasiões de shows que aconteciam no local.

Aliás, numa das fotos acima, já poderemos ter uma idéia da “coisa” pela divisão de arame que já está levantada no lugar. O muro seria por aí.

Mas, como dizíamos, é muito difícil a concretização de obras monumentais numa cidade que só há poucos anos percebeu a sua imensa inclinação turística ou falta recursos para concretizá-la.Veja-se, por exemplo, o caso do Oceanário que se pretendia instalar na praça que substituiu o Clube Português. Ficou em nada!

Há uma visível falta de imaginação dos governantes para um embelezamento maior da nossa orla em muitos sentidos. A maioria está centrada numa máxima que não se coaduna com nada. Chega ser patético: “a nossa orla já é bela de natureza e só precisa de certos cuidados”. Com base nesse pensamento, nada se faz para melhorá-la em termos de estrutura arquitetônica e urbana. Percebe-se a falta de um plano diretor. Aliás, nesse sentido, vejamos o que disse o presidente do IAB-Ba, Sr. Paulo Ormindo de Azevedo:

Não vejo nenhum projeto consistente, seja do Governo Estadual, seja dos municípios da Região Metropolitana de Salvador sobre a orla atlântica. As ações que estão sendo implementadas ou anunciadas – melhorias de calçadas e novas barracas – são puramente cosméticas. Os verdadeiros problemas da orla atlântica estão relacionados com o uso do solo e falta de infra-estrutura. Não há nenhuma política definida com relação à orla ou miolo, que lhe fica atrás como um todo. Desde a década de 70 a cidade não tem nenhum plano. Estas ações paliativas resultam, a meu ver, da falta de um plano de prioridades”.

São absolutamente contundentes as palavras acima e não é necessário acrescentar mais nada.

Aliás, esse morro – Morro de Ondina – é um eterno sofredor. Poucos sabem que em 1920 (24/12/1920), a estátua de Cristo que hoje se encontra no chamado Morro do Cristo se achava instalada no Morro de Jesus. Morro do Jesus?! Sim, todo o morro chamava-se assim, em razão da estátua de Cristo que ali estava instalada.

(O Cristo da Barra tem origem italiana. Foi esculpido em Gênova pelo escultor Pasquale de Chirico a pedido do desembargador José Botelho Benjamin e foi trazido para a Bahia a bordo do navio Cervino entre 1905/1910. Ainda por curiosidade, o referido desembargador era judeu e teria se convertido ao catolicismo).

Por volta de 1960, a estátua foi transferida para onde ela hoje se encontra. Motivo: concederam uma licença para que em baixo do morro funcionasse uma pedreira. Os caras começaram a dinamitá-lo. A estátua estava sendo abalada.


Há de se reparar o “buraco” feito na rocha pela referida pedreira. Estava se estendendo.

Após a transferência a Aeronáutica construiu no local a chamada Prefeitura da Aeronáutica, isolando o morro. Para tanto, fez-se um muro de mais de 200 metros de extensão ao longo da avenida. Esse muro alcança uma das extremidades dos hotéis. Falando neles, todos são maravilhosos. Apenas discordamos da concessão de suas construções nos locais onde foram levantados, em frente a uma grande faixa do mar. Poderia ter sido construído do outro lado, por exemplo, num pedaçinho do grande terreno pertencente à Universidade da Bahia.

Nós mesmos e a geração atual desconhecemos como é o Morro de Ondina. Devia ser bonito. Abrigava a Estátua de Jesus. Devia ter um belo acesso. Certamente era um espetacular “belvedere" tanto quanto são o Morro do Padrão e o Morro do Cristo.

Como dizíamos, o muro da aeronáutica alcança uma das extremidades do Salvador Pálace Hotel, atualmente fechado e em seguida começa o Othon e por fim o Apart-Hotel Residência Ondina.




O problema da posse de áreas do lado do mar tem a sua culminância quando após o Rio Vermelho em direção à Amaralina, começa um quartel que hoje não é mais quartel na acepção da palavra: tornou-se casa de eventos e hotel de passagem. Nada contra! Poderão funcionar eternamente, contudo, não se justifica mais as garagens que antes abrigavam veículos militares de grande porte em grande parte da avenida. Tem um aspecto nada agradável. Precisa ser retirado com urgência. Vejam na foto adiante o absurdo: