sexta-feira, 29 de julho de 2011

CERTA SEMELHANÇA ENTRE OS RIOS DAS TRIPAS E DOS SEIXOS

Nas duas postagens anteriores, escrevemos sobre os bairros de Pernambués e Cabula, bairros estes bem no miolo da cidade de Salvador. Vimos que os mesmos são entrecortados por vários rios. Aliás, toda Salvador sempre foi beneficiada por diversos rios que ao longo do tempo, transformaram-se apenas em canais de esgoto, alguns deles correndo através de canalizações de concreto, isto é, em baixo da terra.

Vamos ver dois deles, com registros históricos centenários, mais precisamente, do princípio da Cidade de Salvador e, com uma semelhança curiosa. Referimo-nos ao Rio das Tripas e ao Rio dos Seixos.

O primeiro – Rio das Tripas – nasce nas encostas da Barroquinha e São Bento e o segundo – Rio dos Seixos – tem suas nascentes no bairro da Graça, mais precisamente na chamada Fonte de Nossa Senhora da Graça.

RIO DAS TRIPAS

Este rio já aparece em mapas datados de 1550





Pois bem! Ele foi canalizado em meados do século XVIII. No local surgiu a Rua da Vala, posteriormente Av. Dr. J. J. Seabra, atual Baixa dos Sapateiros. A obra se estendeu desde a Barroquinha até praticamente o Largo das 7 Portas. Posteriormente, em 1970 a antiga canalização foi substituída.

Ao que se sabe, não houve nenhuma reação popular contra essa canalização। O rio praticamente era um esgoto a céu aberto. Não havia como recuperá-lo.


RIO DOS SEIXOS
O Rio dos Seixos tem como primeiro registro histórico o mapa onde se mostra os limites da Vila Pereira, do donatário Francisco Pereira Coutinho. Ele é datado de 1536, antes da fundação da cidade de Salvador que foi em 1549.

O traço mais escuro marcando a “Povoação do Pereira” é o Rio dos Seixos.

Como já se disse, nasce no alto da Graça e despejava suas águas na Praia do Farol, próximo ao morro do Cristo, bem em frente à Rua Airosa Galvão. Despejava? Não despeja mais?

Não! Hoje o sistema está ligado ao emissário submarino que vai se esgotar no alto mar na altura do Rio Vermelho.



E como era o Rio dos Seixos? Vejamos uma foto bem antiga de suas margens antes da construção da Avenida Centenário:


Claro que dava peixe e camarão. À direita, vê-se uma pessoa sentada, possivelmente pescando de vara.


Aí se fez o túnel que liga o Dique do Tororó ao Chame-Chame e se construiu a atual Avenida Centenário entre 1959/1960 – Governo de Juracy Magalhães. Em conseqüência houve um “boom” imobiliário, tomando de assalto todo o Vale do Chame- Chame e entorno.

Na oportunidade, as laterais do Rio dos Seixos foram cimentadas, diminuindo a sua largura. Não tendo sido feito nenhum saneamento básico na área, os dejetos das residências em torno eram jogados no canal. Não era mais um rio. Inclusive, quando chovia, todo o Chame-Chame se inundava. Essa é a realidade!





Foi até pintado por Diógenes Rebouças Tem cerca de 1,5 km. de extensão. Seu nome significa Pedras Roladas. No dicionário a palavra “seixo” significa fragmento natural de rocha”. Em sendo no rio, naturalmente Pedras Roladas.





Da mesma forma como Rio das Tripas foi canalizado, igualmente o Rio dos Seixos o foi. Daí termos nos referido a uma "certa semelhança" contudo, enquanto se bateu palmas para a canalização do Rio das Tripas, a que foi feita na Avenida Centenário foi alvo até de teses em contrário. A imprensa foi quase unânime de que este caminho não foi o mais acertado.

E qual seria o caminho certo? Recuperar o rio? Que rio? Não existia mais rio! Eram seixos de detrito rolando em seu leito e até poucos anos atrás despejados na Praia do Farol. Até hoje, o local tem a areia preta.

Por outro lado, quando chovia, a Avenida Centenário virava uma lagoa desde o túnel do Tororó até a lateral do Shopping Barra. Quem mora no local, sabe disto. Hoje é uma área verde maravilhosa, que muitos consideram como a mais bela avenida de Salvador.

O resto é não querer reconhecer a realidade, bem como formar uma polêmica política desagravável e imprópria. Quando o General Juracy Magalhães fez a avenida ninguém reclamou. Foi ele que cimentou as laterais do rio, estreitando-o. O atual prefeito cobriu-o com placas de concreto. Em tempo: a obra além da beleza que proporcionou, fez o essencial-básico: o saneamento da região. . Poucos dão importância a esse detalhe. De resto são comentários de ordem política.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

CABULA E PERNAMBUÉS

Cabula e Pernambués fazem parte de uma mesma região da cidade, o chamado “Miolo central de Salvador”.

Até as décadas de 1940/1950 praticamente só existia o Cabula. Pernambués era pura mata, mas uma mata fechada e bela.



Lagoa da Pedreira

Por ela passava os rios Pituaçu, Rio das Pedras, Rio Saboeiro, Rio Cachoerinha, Rio São Marcos. Formavam a chamada Bacia de Pituaçu.

E este Cabula era todo de chácaras e sítios – até pequenas fazendas. Era uma área para ser preservada a todo o custo.

Mas como? A cidade crescia loucamente para todos os lados.

Simplesmente, “segurando” os espaços verdes pelas forças armadas. Tinha que ser mesmo por elas, desde que a luta era contra uma irresponsável ocupação habitacional que não tinha noção do que estava fazendo e o beneplácito de governos omissos.

Nesse ponto, muita gente haverá de dizer que isto era totalmente impossível. É sonhar demais. Vamos provar que não.

Vamos começar citanda uma área até hoje preservada pela Marinha em meio à maior invasão que essa cidade já presenciou: os Alagados de Itapagipe, tendo com foco a Bacia dos Tainheiros. Trata-se da Ilha dos Ratos.




Outra área que também mantêm seu verde é o Morro de Plataforma. Parece que também está sobre controle oficial, desde que ao seu redor se fazem milhares de casas populares, mas o verde do morro se mantêm intacto.

Agora, vamos para a própria área do Cabula e Pernambués. Na “esquina” dos dois bairros encontra-se uma unidade do Exército Brasileiro. Nas proximidades acha-se uma extraordinária área verde, com “invasões” de todos os lados, pressionando a natureza, mas o exército não abre mão de preservar essa área.

Trata-se Barragem do Cascão e os rios que a formam: Rio das Pedras, Rio Saboeiro, Rio Cachoeirinha, Rio São Marcos e Rio Pituaçu.





Mas a própria Prefeitura poderia cuidar disto! Não cuida. Como não cuidou da invasão dos Alagados. Mas os Alagados foram irreversíveis! No começo não! Inicialmente a população marcou cada espaço com paus de mangue. Depois é que construíram as palafitas.
Poderia ela, a Prefeitura junto com a Polícia, retirar e recolher cada marcação. Não deixar prosseguir. Mas nada se fez e as palafitas foram se erguendo pela maior parte da Bacia dos Tainheiros, prejudicando o extrato marinho ali existente. Aquilo ali era um santuário de peixes e mariscos.
No caso do Cabula e do Pernambués, foram áreas escolhidas para a construção de conjuntos habitacionais de péssima qualidade, substituindo a mata existente. E não se fizeram praças, áreas de lazer, aproveitamento de pequenas lagoas, algo devidamente estruturado e de bom gosto.




O Exército vem segurando essa área - Acima uma de suas unidades

No caso do Pernambuès traçaram uma avenida cruzando todo seu espaço. Facilitou o acesso, mas piorou a contaminação dos rios e represas desde que não se fez nenhuma obra de saneamento básico. Devia ser regra. Primeiro, esconde-se a tubulação de água e esgoto, depois mostre-se a avenida.

Por fim, vale a pena conhecermos o significados das palavras Cabula e Pernambués.

A primeira é o nome de uma antiga seita afro-religiosa, segundo a maioria dos pesquisadores. Também consideram que a palavra “cabula” procede de “Kabula” de origem banta, significando distrair, partilhar.

Já “Pernmbués” poderia advir do vocábulo “Paraná” com o termo “buês”, significando fazer brotar, sonoro, sonante, rumor, ruído, barulho. Poderia ser algo como rio, tanque de água.

Nota: o pesquisador desse termo (C.Batista Castro- 1936) não conhecendo Salvador, justificou-se da seguinte maneira: “Será que há algum rio no bairro de Pernambués?”

Respondemos ao Batista Castro: têm inúmeros. O senhor estava certo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

BROTAS 9 - LUIZ ANSELMO E HORTO FLORESTAL

Já são nove postagens sobre o bairro de Brotas o que denota o tamnho do mesmo. Efetivamente, é o maior bairro de Salvador. Falta registrar mais duas localidades: Luiz Anselmo e Horto Florestal.

Sobre Luiz Anselmo, seu nome está ligado a um professor de medicina que lutou contra a escravatura. Foi também escritor. São de sua autoria os livros “A Escravidão” e “O Clero e o Abolicionismo”.

Nasceu em Salvador no ano de 1842. Faleceu em 1929.

Um dos destaques dessa localidade é a igreja dedicada à Santa Tereza de Ávila.





Localizado numa área privilegiada pelo verde e cercado de natureza por todos os lados, o bairro se caracteriza por suas habitações suntuosas: casarões e prédios de alto luxo distribuídos pelas suas principais ruas, Waldemar Falcão e Avenida Santa Luzia, e transversais. Hoje em dia rivaliza-se com a Vitória e Graça em termos de valorização imobiliária.

sábado, 16 de julho de 2011

BROTAS 8 – VILA LAURA

Originário de uma velha fazenda pertencente à Dona Lalita Costa, conhecida como Laura, o bairro reune hoje em dia grandes mansões e muitos prédios.

O bairro ficou muito conhecido porque nele morou durante muito tempo a Ialorixá Olga de Alaketo. O terreiro existe há 345 anos.



Araketu siginifca: ara (povo) e ketu (África). Também com este nome se formou um grande bloco nos desfiles de Carnaval de Salvador. Eis uma de suas músicas:

Avisa lá em casa
Que hoje eu não posso ir
Hoje tem Ara Ketu
E vou ficar por aqui
Daqui não saio
Daqui ninguém me tira
Nessa levada
Todo mundo pira
É bom pra quem fica
É ruim pra quem sai
Quem ouve uma vez
De ouvir não pára mais
A banda de Dona Vera chegou
Tremeu, sacudiu, balançou
Eu tô de olho no Ara
Tô paquerando no Ara
Tô namorando no Ara
Eu tô, eu Tô
Onde tem Ara Ketu
ô colado, eu vou.
Onde tem Ara Ketu
ô colado, eu vou.

O bairro que hoje se intitula Vila Laura foi a fazenda do Coronel Frederico Costa nascido em São Sebastião em 1851. Sua esposa chamava-se Laura, por isso o nome do bairro. A fazenda possuia muitas pitangueiras e no portão de entrada foi feito um arco com o nome “Vila Laura”. O terreno da propriedade ia desde o Matatu até onde fica hoje o supermercado Extra. Informações de D. Anna Maria Portela, parenta de D. Laura.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

BROTAS 7 - CRUZ DA REDENÇÃO E CAMPINAS

Praticamente os mesmos bairros: Cruz da Redenção e Campinas. Ambos têm referências marcantes. Na Redenção em pleno largo ergue-se uma cruz, daí o nome. Em campinas acham-se dois cemitérios: o cemitério de Brotas e o Jardim da Saudade, este um cemitério parque.



quarta-feira, 13 de julho de 2011

BROTAS 6 – COSME DE FARIAS

Antigamente era uma fazenda pertencente à família Saldanha. Devia chamar-se “Fazenda Saldanha”. Posteriormente, uma religiosa da Igreja Católica se estabeleceu no local junto com outras freiras, e passou a se chamar “Quinta das Beatas”. Durou até 1960 quando o rábula e político Cosme de Farias ali se estabeleceu, e de imediato o povo passou a chamar o local de “Cosme de Farias”.
Uma volatilidade urbana repleta de indefinições. Inicialmente não se tem registro qual Saldanha foi dono daquelas terras. Em seguida, surge uma freira e ninguém sabe o seu nome, se pertencia à família Saldanha ou lhe fora doada a propriedade. Por fim o major vem morar no local e, de imediato, o bairro muda de nome.
Essa última mudança ocorreu em 1960 – não faz muito tempo - e já se perde no tempo informações relevantes da história desse bairro.
Se qualquer sorte estivemos olhando o bairro e nos impressionou o índice de ocupação. Impressionante! Não tem um pedaço do que foi a outrora mata de Brotas que não esteja ocupado, não importando que seja uma escarpa ou o fundo do vale. Está tudo tomado e quase todas as habitações são de baixa qualidade. Talvez esteja ali o maior aglomerado de favelas de Salvador. Só os Alagados de Itapagipe e sua ampliação pelos morros ao redor, pode servir de termo de comparação.

O bairro pode ser divido em sete comunidades: Alto do Cruzeiro, Alto Formoso, Baixa da Paz, Baixa da Silva, Baixa do Sossego, Baixa do Tubo e Campo Velho.

Em seguida o povo foi ocupando seus espaços e hoje Cosme de Farias é um imenso bairro, quase todo ele constituído de casas eminentemente populares.







O nome do bairro homenageia um grande homem: Cosme de Farias, nascido em 1875 e morto em 1972. Viveu 97 anos. Quando ele nasceu havia apenas 55 anos que o Brasil era independente de Portugal. Quando tinha 13 anos de idade, Cosme de Farias vivenciou a abolição da escravatura .Presenciou a Proclamação da República que se deu 15 de novembro de 1889.
Não teve condições de se formar. Cursou apenas o primário, mas isto não o impediu de exercer a advocacia como “rábula”.
Àquela época era possível. O Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil -lei 4215/1963 assim dizia: “Compunham seu quadro advogados, estagiários e provisionados.

Cosme de Faria era um provisionado. Tinha autorização para atuar como advogado, chamado “rábula”.

Fez defesas brilhantes: uma das quais passou à história. Defendeu no tribunal
nada mais nada menos do que Sérgia Ribeiro da Silva a cangaceira Dadá, mulher de “Corisco”, o “diabo louro’ do cangaço baiano.








“ Certa feita, em metade do século XX, estava na platéia durante o júri de um acusado de homicidio, crendo que este estava sofrendo injustiça, ele se levantou e começou a andar pelo Tribunal do Júri, cabisbaixo, como se tivesse perdido algo, quando foi questionado sobre o que estaria procurando e ele -prontamente respondeu: “A Justiça, meu senhor, que nesta casa anda escondida […]”.

(Comunicação verbal ouvida no Fórum).

Também foi jornalista sem nunca ter sido veiculado a nenhum jornal. Através de “bilhetinhos” e pequenos presentes (bolacha de goma era seu preferido), pedia aos redatores a publicação de suas matérias. Sempre conseguia. A luta pelo analfabetismo foi a sua marca.

Foi deputado estadual em 1914 e vereador em diversas legislaturas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

BROTAS 5 - ACUPE

Brotas tem muito haver com o Dique do Tororó. O grande paredão à esquerda da bela lagoa – visão de quem está na Fonte Nova – corresponde a uma grande parte do grande bairro, principalmente Engenho Velho e Acupe. Anteriormente, segundo dizem, quando o dique alcançava a atual Rua Djalma Dutra, também o atual Matatu fazia parte dos “altos” que represavam o dique.


O porquê dessa conversa? Tem a finalidade de explicar talvez o significado da palavra “ ACUPE” – Sim, ACUPE DE BROTAS.

Em tupi-guarani Acupe significa “terras quentes”. Mas, porque “terras quentes”? Seria uma contraposição às “terras frias” existentes nas proximidades? Talvez. Os índios costumavam dá nome aos lugares por “comparações”, “semelhanças” e “contrastes”. Acupe poderia ser um contraste de uma terra “quente” ou “seca” próximo ao dique.

Reconhecemos ser muito difícil essa interpretação, contudo, ela apresenta certa lógica. Gostaríamos de receber sugestões e comentários a respeito. Cansamos de pesquisar. O melhor que encontramos está escrito acima. Até em árabe buscamos o nome Acupe. Significa أكبي

domingo, 10 de julho de 2011

BROTAS 4 - MATATU

No Quênia, Matatu é um tipo de veículo usado no transporte público, uma espécie de lotação como aquelas que existiam em Salvador, bastante parecida com as nossas antigas marinetes



Certamente não foi por isto que se chama Matatu uma das localidades de Brotas. “Servida por “matatus”; fosse “servida por “marinetes”, talvez se aceitasse.

Uma outra hipótese da origem do nome, talvez mais sólida, diz respeito ao significado da palavra “matatu” em tupi-guarani: significa matagal da formação “matá-tyba”. É mais consistente. Essa região era um grande matagal nos séculos XVIII e XIX e até alcançou o século XX.

sábado, 9 de julho de 2011

BROTAS 3 – ENGENHO VELHO DE BROTAS

Apesar da Igreja de Nossa Senhora de Brotas ter sido construída em 1714 e o Solar Boa Vista em 1824, o bairro de Brotas só veio a ser povoado a partir do princípio do século XX. É o que indica a inexistência de construções antigas em todo o seu espaço, a exceção, como se disse das referências acima.

É sumamente interessante esse detalhe, principalmente no que se refere à igreja. Geralmente ela atraia moradores que se juntavam ao redor dela ou nas proximidades. Foi o que aconteceu com a maioria delas desde 1549 quando aqui chegou Tomé de Souza.

No caso de Brotas, não aconteceu nada! Ficou a igreja e ao seu redor a imensidão dos morros e vales, pródigos no local.

O mesmo ocorreu com o solar. Ao redor não se construiu mais nada.

Isso nos faz crer que em ambos os casos, as duas construções tinham fins exclusivamente comerciais. Seriam como que sedes de engenhos de açúcar que existiam no local. Não é sem razão que, uma grande parte do hoje bairro de Brotas chama-se Engenho Velho.

Mas a igreja como sede de engenho? Sim, é sabido que os padres possuíram engenhos e os administrava. Como sempre pediam e confiavam na proteção divina; como sabiam que no futuro o povo se aproximaria, fizeram a igreja onde rezavam, moravam e trabalhavam.






Por completo

 Vista aérea do Conjunto do Solar da Boa Vista

O Solar Boa Vista pertenceu inicialmente ao senhor Joaquim José de Santana. Decorria o ano de 1624; em seguida passou a ser propriedade do senhor Joaquim Ramos de Arauho por volta de 1821; em 1838 passou a pertencer ao Dr. Antônio Alves, pai do poeta Castro Alves que nele passou parte da adolecência. Em seguida em 1838, o solar virou asilo com o nome de Asilo Sao João de Deus que se transformou posteriormente em Asilo Juliano Moreira. Era o ano de 1908. Entre os anos 1983/1985 funcionou como sendo a Prefeitura de Salvador.

NOTA- Estamos fazendo a revisão de todas as postagens objetivando a melhoria e acréscimo  de  informações. Esta nota se faz necessária, tendo em vista que o incêndio ocorrido no Solar Boa Vista é posterior à data dessa postagem. Trata-se, portanto, de um acréscimo.

Em 3 de janeiro desse ano, incendiou-se o belíssimo Solar Boa Vista, fato sumamente lamentável. Era uma prédio maravilhoso e com uma história extraordinária. Diz-se que de sua torre observava-se a entrada de navios na Baía de Todos os Santos. Foi residência do nosso maior poeta: Castro Alves. Por essa razão, fala-se que a Prefeitura fará a sua restauração e quando pronto será de novo a Casa de Castro Alves com seu acervo.






Restou metade do prédio, inclusive a sua torre
 
 
 

sexta-feira, 8 de julho de 2011

BROTAS - 2

Como aconteceu em diversas oportunidades, coube aos padres da Igreja Católica o inicio do povoamento do bairro de Brotas, um conjunto de morros e vales implantado na parte leste/sul da cidade, virgens; mata Atlântica em toda a sua extensão, um paraiso.

Diversamente de outras localidades, tempos atrás, não se construiu primeiro um forte para garantir a segurança e após essa precaução, vinha a igreja e/ou convento. Desta feita, elevou-se logo o templo.
Decorria o ano de 1714 e já em 1718 é criada a freguesia de N.S. de Brotas pelo Arcebispo Sebastião Monteiro da Vide. Em apenas quatro anos, o local foi sendo povoado, merecendo o titularização de “freguesia”.




No principio, a grande maioria dos imóveis era de sítios e chácaras. Claro! Os grandes espaços verdejantes da área teriam que ser aproveitados da melhor forma possível. Essas propriedades preservavos-os. Os padres também devem ter aproveitado dessas circunstâncias. É sabido, por exemplo, que mantinham suas próprias hortas e pomares. Fala-se que até engenhos foram construídos pelos mesmos. Ai já era uma parte comercial, mas válida.
Essas características (sítios e chácaras) mantiveram-se até princípio do século XX. Daí para a frente o bairro foi se adensando em construções de pequeno porte, as casas pegadas às outras, diferentemente de hoje quando condomínios de alto luxo dominam os espaços.

Depois do Corredor da Vitória, onde os espaços estão escasseando, Brotas se tornou a grande opção de crescimento urbano que já se espraia para outras áreas que lhe estão próximas. Até a Vasco da Gama está se tornando elegante. Quem diria?!
 
 



 

p

Está limitado pelas avenidas Vasco da Gama, Juracy Magalhães, ACM e Bonocô.

Praticamente, todas elas correndo pelos vales ao redor de Brotas. De relação às avenidas do próprio bairro, Bandeirantes, Waldemar Costa e Av. D. João VI, juntas, somam algo em torno de seis quilômetros.




terça-feira, 5 de julho de 2011

BROTAS - 1

Ao longo desse blog temos constatado inúmeros enganos dos significados das palavras aplicadas aos acidentes geográfico-históricos de nossa terra.

Lembramo-nos, por exemplo, do que se disse da palavra Humaitá (Ponta do Humaitá na península de Itapagipe): afirmaram que esta palavra não significava “nada” quando, em verdade, em tupi-guarani ela quer dizer “chão de estrelas” e provamos porquê.

Isto nos deixou com o pé atrás quando ao pesquisarmos sobre Brotas, nosso conhecido bairro, afirmaram com todas as letras que “o nome do bairro, como ocorre em incontáveis outros batismos populares de logradouros na Bahia, vem da corruptela de uma palavra: no caso Brotas por Glotas.”

E a coisa é mais ou menos oficial, desde que partiu inicialmente do órgão de turismo de Salvador, a EMTURSA, e todo o mundo foi atrás.

Não somos os donos da verdade, mas, numa hora como esta, ou melhor, numa situação como esta, se faz necessária uma correção urgente do que afirmaram. O nome Brotas é mesmo BROTAS com todas as letras.

Agora, vamos às provas:



Em Portugal, mais precisamente na cidade de Brotas, Mora, Distrito de Évora, existe uma igreja dedicada à Nossa Senhora de Brotas। Esta igreja teria sido construída pouco antes de 1424.
 
DEVOÇÃO: Síntese de um escrito de Frei Agostinho de Santa Maria, em seu hagiológico: “meados de 1400, havia no sítio da Vila das Águias, em Além Tejo, Portugal, um humilde pastor vaqueiro que tirava o sustento de sua família com o leite de uma vaca. Um acidente num despenhadeiro a levou à morte. Fora encontrada ao sopé da montanha onde caíra. Aflito, fez súplicas à grande Mãe de Deus, que o atendeu. Em sonhos lhe aparece a Senhora, consolando-o e dizendo-lhe: Não temas. Vá chamar toda a gente e quando todos aqui estiverem, verão que tua vaca está pastando no sítio da Vila das Águias”.


Daí, em Portugal, propagou-se muitíssimo a devoção a Nossa Senhora das Brotas, conforme título ela mesma escolhido, visto haver muita flores naquela região.

No Brasil, é de todos conhecida a Cidade de Brotas em São Paulo, onde nasceu o cantor Daniel. O hino da cidade foi composto por ele e Geraldo Antônio de Carvalho (Rick). Vejamos parte da letra:

Qual uma bandeira hasteada em verdes campos
Que ventos fazem tremular as gerações
És o cartão postal de tua gente simples
Onde se pode ver e ouvir os corações
Terra encantada hoje cantada em tantos versos
Mãe dedicada que quer ter seus filhos perto
Berço de homens, grandes nomes culturais
Um céu de estrelas que se morrem nascem mais
Brotas teu sangue água que de tuas veias
Mata a sede da cidade ontem aldeias
É bom te ver, correr crescer como criança
Nos olhos de tua gente tanta esperança
refrão:
Brotas, querida de minha vida, tú és a história
És meu presente futuro a frente
Teu passado é glória
Brotas que cresce, mas não esquece
Quem te faz crescer
Brota paixão no coração de quem te vê
É brota d'agúa, brotas de broto
Nossa senhora das brotas
Teu nome vem do sonho de teus fundadores
Que já sonhavam que serias o que és hoje
Ao semearem em tuas terras de amores
Brotas sempre será cidade da amizade
Mais poderia ser da paz, da liberdade
Porque teu povo é como vento que te sopra
Livre ainda que se prenda em ti brotas
Brotas que enche os olhos de quem te admira
De cachoeiras ou de jacaré pepira
Nas tuas trilhas me aventuro tão menino
Ainda me encanto, me espanto e me fascino


Vejam o que escreveram sobre essa Brotas de São Paulo:

A origem do nome Brotas recebe quatro hipóteses: Brotas, de olho d'água/ brota d'água; Brotas de broto de mato/ capim, que brotava após pousadas dos trilheiros, Brotas como derivativo de "bolotas", bolos característicos fabricados no lugar e a última que seu nome tenha derivado do nome da Nossa Senhora das Brotas, em Portugal, da qual foram devotas as fundadoras de Brotas, entre elas Dona Francisca Ribeiro dos Reis.”
Em Salvador, mais precisamente no bairro de BROTAS acha-se a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Brotas, edifício de notável mérito arquitetônico. Teria sido fundada entre 1714/1718.

Nessa última data (1718) foi criada a freguesia de Nossa Senhora de Brotas pelo Arcebispo D. Sebastião Monteiro de Vide.

"Depois de demolida a Capela de São Paulo Apóstolo, na Cruz da Redenção, onde se instalou o primitivo aldeamento indígena, confiado à evangelização dos padres jesuítas, a Igreja de Nossa Senhora de Brotas foi edificada no lugar onde se encontra atualmente, desde 1714, data oficial da sua construção.
A primitiva edificação era denominada Capela de Nossa Senhora das Brotas do Caminho Grande, devoção trazida de Portugal, e foi em torno dela que o bairro se expandiu, sendo assim também denominado: Brotas."
Informações fornecidas por:
Monsenhor José Edmilson de Macêdo
e
Monsenhor Walter Magalhães"
Concluindo, é notório, mais do que sabido, que em Salvador e em quase todo o Brasil, talvez no mundo, dá-se o nome do bairro, da praça, da avenida com base na principal igreja existente no local e seu respectivo santo ou santa। No caso de Brotas foi uma homenagem a Nossa Senhora de Brotas।

Vamos ver algumas outras homenagens parecidas em nossa capital:

BONFIM: Nosso Senhor do Bonfim
BOA VIAGEM – Nossa Senhora da Boa Viagem
MONTE SERRAT – Nossa Senhora de Monte Serrat
MARES - Nossa Senhora dos Mares
CONCEIÇÃO DA PRAIA – Nossa Senhora da Conceição da Praia
SAÚDE – Nossa Senhora da Saúde
E mais uma dezena delas.

Só a nossa Brotas teria advindo de um erro lingüístico – uma corruptela – "chamava-se realmente GLOTAS e o povo na sua santa ignorância pronunciava BROTAS".

Eis que nessa data se corrige o erro.