sábado, 31 de março de 2012

INCRÍVEL PESCARIA DE PESCADAS – PESCARIAS DE ITAPAGIPE

Faz algum tempo (9-11-2009) que publicamos uma postagem com o título acima. Falamos das diversas maneiras que os veranistas e o pessoal da terra tinham para pescar em Itapagipe. Mariscavam papa-fumo, apenas com uma simples colher nas grandes marés de vazante.



Pescavam camarões a noite com pequenas redes de arrasto, bem em frente a Avenida Beira Mar.

Apanhavam- se siris de duas formas: nas marés cheias, do próprio cais – arremessavam um gereré preso a um barbante com uma isca ao centro e após poucos minutos, puxavam a armadilha aquática. Vinham 3 a 4 de vez. Fosse siri-boia, precisava-se de um gereré de boca grande que eram pescados na Ponta da Penha – naquela época os bichinhos possuíam 40 centímetros de envergadura quando abriam as bocas para os lados.

Pescavam agulha com a seguinte estratégia: uma canoa – na proa ia uma pessoa segurando um fifó a querosene, luminoso que nem ele, afim de atrair as bichinhas e uma segunda pessoa localizada na popa, ia abafando as bichinhas com um gereré de cabo comprido.




Também pescavam tainhas e pititinga com o arremesso de tarrafas. Elas davam em profusão onde é hoje os Alagados. Era tudo mar. Tomaram-lhe 1 milhão de metros2.



No canal que separa Salvador da Ilha de Itaparica se fazia uma pescaria mais complexa. Três a quatro meses antes do inicio do veraneio (dezembro) eram afundadas armações de coisas velhas e galhos de mangue no meio desse canal. Ao inicio do veraneio o pesqueiro estava uma festa de vermelhos. O local exato onde era fundeado o pesqueiro era determinado dessa maneira:

O pequeno círculo era o local do pesqueiro. Numa direção à esquerda marcavam a coincidência de duas referências em terra. À direita, anotavam outra coincidência de pontos em terra. Alcançado esse triângulo, lá estava o pesqueiro na imensidão daquele mar. Infalível!
 
Mas havia uma pesca inusitada que esquecemos de citar. Diz respeito ao pessoal do mergulho. Ela nos foi ensinada por um amigo de nome Demóstenes. Morava no Monte Serrat. Mergulhava na Ponta do Humaitá e adjacências. Todos os dias ele pescava de 6 a 10 pescadas de médio porte. Ninguém, mas ninguém mesmo, conseguia tal feito; mesmo os profissionais. Era um mistério! Determinado dia resolveu falar. Dizia que já estava se aposentando e antes de se afastar, estava divulgando sua estratégia.



A captura acontecia no local acima. Fica atrás das casas da Ponta do Humaitá. Ninguém mergulhava ali. Só ele. Na maré cheia, ficava parado em determinado lugar com duas pedrinhas nas mãos. Batia uma com a outra em baixo d’água. O atrito provocava um ruído como que metálico e, em poucos minutos, as pescadas atraídas por esse som, aproximavam do local onde o nosso mergulhador se encontrava e como que estranhando a presença humana, ficavam rodeando-o a 3 a 4 metros. Aí nosso amigo, acionava a sua espingarda submarina. Tiro e queda! Elas se espalhavam. Após colocá-la na enfinheira presa a uma boia, voltava a produzir o som das pedras e novamente as pescadas voltavam a rodeá-lo e novas presas eram feitas. Nunca vimos ninguém pescar assim.
 


quinta-feira, 29 de março de 2012

AS ÁRVORES DO DIQUE DO TORORÓ

Benditas sejam as árvores। Elas nos proporcionam dezenas de benefícios, muitos deles desconhecidos da maioria das pessoas. Por exemplo, protegem o solo evitando a erosão. Protegem também os rios e suas nascentes, evitando o assoreamento e a contaminação. Ainda de relação ao solo, fertilizam os mesmos, trazendo nutrientes do subsolo para a superfície, bem como formam o húmus com a queda de seus galhos e folhas.

 De relação ao aproveitamento de seus componentes é extraordinária: dá-nos a madeira, o papel, o carvão, os óleos, as resinas, as gomas, as essências, o mel, os frutos e as flores. Além do mais, servem de abrigo para alimentação de animais de várias espécies, principalmente os pássaros. Do ar, retira poluentes e se não bastasse influencia no clima, umidade relativa do ar, precipitação e temperatura. Diminui os ruídos. Embeleza as cidades e como tal contribui para o equilíbrio psicossocial, transmitindo sensação de calma e conforto às pessoas.

É por essa última razão, principalmente, que o Dique do Tororó é um lugar mágico. Faz bem às pessoas. Uma feliz idéia!

Vamos destacar nessa postagem os elementos dessa idéia.

Inicialmente como era o dique antigamente:








As árvores do Dique do Tororó

ACESSO AO NOSSO BLOG EM MARÇO DE 2012

15.522 VISUALIZAÇÕES EM MARÇO DE 2012
1Como é de costume quase todos os meses, divulgo a estatística de acesso ao nosso blog. Nesse mês de março que ainda se encerra daqui a dois dias, estamos alcançando a marca de 15.522 vizualizaçõese,
O que teria acontecido? Qual postagem despertou tanto interesse? Julguei tratar-se das inseridas no mês de março – E AS NOSSAS BARRACAS DE PRAIA? – 463 ANOS DE SALVADOR – A POSSE DE ITAPUÃ - NOVAS PAIAS DE SALVADOR – CASARÃO DOS CONGALVES NA CONTORNO – INFORMAÇÕES SOBRE ITAPAGIPE – CONVENTO DE SANTA TEREZA . Mas não! Vejam adiante as postagens mais vistas em março. Nenhuma das citadas acima está inclusa nas mais lidas.

Onde, então, estariam as razões do crescimento? Claro que não poderia ser outro senão ao conjunto da obra, do todo, o que para nós é gratificante.
E,como não poderia deixar de ser, mais uma vez justificamos porquê divulgamos “em causa própria”, como se costuma dizer, os resultados de nosso blog: OS NOSSOS LEITORES PRECISAM SABER QUE ELES ESTÃO ACESSANDO UMA MATÉRIA QUE MILHARES DE PESSOAS TAMBÉM ESTÃO VENDO. Isto, sem dúvida, é uma referência de garantia, de credibilidade que um blor dessa natureza precisa ter.
MUITO OBRIGADO. (o autor)

terça-feira, 27 de março de 2012

E AS NOSSAS BARRACAS DE PRAIA?

Deparei-me outro dia com a foto acima. É de uma barraca de praia de Fortaleza-Ceará. Parece um hotel, um parque, algo assim, menos uma simples barraca de praia.

Em Salvador já tínhamos algumas buscando esse padrão. Um luxo! O banhista unia o útil ao agradável. Útil, o banho de sol e de mar; agradável, a cervejinha e o caranguejo depois do banho, afora a sombra..



 


 
Esta festa acabou!
 
Há outro detalhe importante. Muitas pessoas, principalmente idosos, que já não tomam banho de mar e sol frequentemente ou nunca tomam por questões que todos conhecem, tinham nas barracas um “oásis” em meio ao sol implacável. Até os turistas de passagem, usavam suas dependências para descansar um pouco de tanto andar. Outro dia, na imprensa, um se manifestou a respeito. Lembramo-nos do que ele disse: “As praias de Salvador são muito bonitas, mas não são acolhedoras”. Referia-se às barracas que haviam sido retiradas de toda a orla e que ele gostava quando aqui esteve outras vezes.



Destruição implacável
 
Vejam o termo usado pelo visitante: “acolhedoras”. Não é o que cara tem razão. As barracas “acolhiam” as pessoas, não somente fisicamente, mas também interagiam com elas através o atendimento das pessoas que trabalhavam nelas. Não era necessário falar inglês. Um simples sorriso era bastante para um perfeito entendimento pessoal.

Mas a cerveja e o refrigerante continuam sendo servidos na praia. Certo! Contudo, a “emenda ficou pior que o soneto”. Um monte de horríveis isopores e guardas-sol mofados estão infestando as nossas praias em quantidade superior às então barracas.

É claro que isto iria acontecer. Admitamos que na antiga barraca trabalhassem 10 pessoas:o proprietário, a esposa ou o filho, o cozinheiro, e mais 5 ou 6 garçons. Pelo menos a metade desse pessoal optou pelo isopor, quintuplicando o número de pontos de vendas.

Se eram 500 barracas, virou 2.500 pontos de venda de cerveja e refrigerante enchendo as nossas praias. É um visual terrível, verdadeiro “mercado persa”.

E tem outro problema que levantamos outro dia. A questão da higiene desses isopores. Como se sabe, eles são guardados em lugares pouco recomendados, até em cantos de ruas. Devem sofrer contaminação provocada por ratos e baratas.





Será que eles são higienizados antes da colocação dos produtos e gelo? Se não são, as latas de refrigerantes e cervejas serão contaminadas. Nada adianta aquela cobertura que agora estão colocando na parte superior, pois toda a lata estará contaminando as mãos.

463 ANOS DE SALVADOR

Esta semana Salvador comemora 463 anos de existência. Não se vê muito entusiasmo com a data. Há várias razões para esta indiferença. Primeira delas, uma questão numérica. 463 anos não é um número redondo como foi 400 de grandes festas a 63 anos atrás ou 500 como será daqui a 37 anos, de festas ainda maiores e até imprevisíveis aos olhos de hoje.

A segunda razão parece estar no momento político que a nossa cidade e o Estado passam. Falam num marasmo administrativo que os poderes, municipal e estadual, estariam passando. Também citam que este é ano de eleição e como tal está todo mundo pensando somente em se manter no poder os que já estão lá e os que não estão lutam para subir. Nesse quadro, a cidade para, ninguém pensa em outra coisa, muito menos em 463 de sua fundação.
 
Claro que os blogs que tratam da cidade, não podem se envolver nessa briga de “cachorro grande” como dizia França Teixeira, famoso radialista esportivo dos anos 80/ 90 do século passado.
 
Faz-se necessário pensar 463 anos. Como está a nossa cidade nesse momento. Está bem? Está mal? São passados tantos anos. Deveria estar bem! O pessoal dirigente teve bastante tempo para colocá-la no patamar das grandes cidades do mundo, como já foi considerada no século XIX e princípio do século XX. “A maior cidade do Hemisfério Sul” como era chamada. Tempo dos 450 trapiches absorvendo produtos do mundo inteiro. Theatro São João, encenando o Guarani de Carlos Gomes.

Inauguração da Rua Chile com uma nau chilena aportada em nosso porto. O povo, vestido a caráter, bebendo champagne importada na belíssima via que se inaugurava.


Cais do Ouro recebendo centenas de saveiros. Mercado Modelo fazendo grandes negócios. As nossas praças bem arborizadas. Uma beleza!


As grandes festas de largo – Bonfim, Boa Viagem,Conceição da Praia, Lapinha, Santa Luzia.

Um Carnaval de riquíssimos carros alegóricos do Fantoches, Inocentes e Cruz Vermelha e muitos mascarados.

Os grandes bailes do Baiano de Tenis, Yacht e Associação Atlética, à rigor.


O veraneio de Itapagipe, para onde até o Governador e o Arcebispo se mudavam durante três meses. Voltavam a trabalhar somente em março.


Enquanto isso, pescavam as diversas formas de pescar. Peixe, camarão, siri ou velejavam nos saveiros de então.

Quando um avião Catarina despontava no horizonte, todos corriam para a Ponta da Penha para vê-lo pousar- quase dizia “aterrizar” mas isto quando em terra; talvez o termo mais certo fosse (marizar) no mar.


E hoje, como andam as coisas? A Rua Chile já não é mais a mesma coisa. A Avenida de 7 Setembro virou um “shopping” a céu aberto, mas um “shopping” de qualidade duvidosa. O veraneio de Itapagipe acabou. Tomaram um milhão de metros quadrados do mar com os Alagados. O Theatro (com th) São João pegou fogo. No lugar construíram um prédio horrível onde funciona as Federações Esportivas. Querem tombá-lo. Pelo amor de Deus, não. Pelo contrário, ele tem ser colocado abaixo. Igualmente, o prédio onde funcionava a Biblioteca Pública pegou fogo e no local construíram a atual Prefeitura que só faz destoar o clássico ambiente arquitetônico da Praça Municipal.
 
Esta é, em poucas palavras a Salvador dos 463 anos. Será por isto que a data estaria passando em branco?

segunda-feira, 12 de março de 2012

A POSSE DE ITAPUÃ – COQUEIROS DE ITAPUÃ

Perece não haver dúvida de que o primeiro homem branco a ser proprietário de terras em Itapuã tenha sido Garcia de Ávila, filho de Tomé de Souza,1º Governador Geral do Brasil em 1549. Foram-lhe concedidas duas léguas de terras ao longo do mar nessa localidade, contudo, não se acredita que as mesmas tenham se transformado em currais para bois e vacas, negócio prioritário do mesmo. Em verdade, as intenções de Tomé de Souza eram o domínio daquelas terras e praias por alguém de sua confiança – seu próprio filho – e tanto isto é verdadeiro que, logo a seguir, estendeu essa posse até Praia do Forte, famosa sermaria.

E Garcia de Ávila cumpriu com fidelidade e competência os intentos do pai, dominando tribo por tribo de índios que habitavam aquele espaço e não se dando por satisfeito, estendeu essa posse até Rio Real, fronteira com Sergipe; depois o próprio Sergipe e, seguindo em frente, até terras e praias do Ceará e Maranhão, constituindo o maior latifúndio da história.

O motivo aparente era a necessidade de terras e mais terras para criação de gado, mas há de se convir que não havia necessidade de tanta extensão territorial para uma atividade como esta que poderia ser melhor controlada num espaço menor.


De modo que é uma balela o que se divulga em muitas publicações de que o homem possuía gado em todo esse “mundão”. Definitivamente, não possuía. A expansão de suas propriedades deve-se a uma tendência das pessoas e dos governos daquela época pelo domínio de terras. Por causa disto, fizeram-se muitas guerras e dizimaram milhões de pessoas em todo o mundo No caso específico da Bahia e hoje outros estados, foram os índios as grandes vítimas.

Mas Itapuã não tinha gado mesmo? Nem gado, nem acesso para negociar com os centros consumidores, sem os quais não se justificaria a criação. Para se ter uma idéia, até os anos 30\40 do século passado, o acesso às praias de nossa orla oceânica via avenidas ou ruas, só era possível até Amaralina. Daí em diante, só pela praia ou pelo mar bravio dessa região.

Possivelmente, era mais fácil chegar em Irapuã por caminhos provenientes da Praia do Forte onde se desenvolvia um núcleo habitacional, no caso o Castelo da Torre, construído no município de Mata de São João.








Castelo da Torre (3 fotos)
Além de currais que Itapuã não tinha, também não faziam parte de sua paisagem.os famosos “coqueiros de Itapuã”, tão cantado pelos artistas. Suas praias eram contornadas por espessa Mata Atlântica, que nem as praias de Porto Seguro e Arraial d’Ajuda que hoje ainda se vê.

E como surgiram os famosos coqueiros que hoje são uma de suas maiores referências?

Segundo consta, os primeiros cocos foram trazidos para a Bahia pelo próprio Garcia de Ávila e coincidentemente ou não. a plantação dos mesmos deu-se nas praias de Itapuã para cima, em direção ao norte. Diferentemente, não se percebe a presença maciça dessa planta na Peninsula de Itpagipe nem nas ilhas da Baía de Todos os Santos.

Há também informações que os frutos teriam chegado ao Brasil flutuando, desde as costas da África e da América Central por dispersão natural, através das correntes marinhas.

Já que estamos falando em coco, claro que não poderíamos perder a oportunidade para transmitir aos nossos leitores iinteresantes informes desse belíssimo e extraordinário fruto.


“Botanicamente falando, um coco é um fruto seco simples classificado como drupa fibrosa (não uma noz). A casca (mesocarpo) é fibrosa e existe um "caroço" interno (o endocarpo lenhoso). Este endocarpo duro tem três poros de germinação que são claramente visíveis na superfície exterior, uma vez que a casca é removida. É através de um destes que a pequena raiz emerge quando o embrião germina.

O termo "coco" foi desenvolvido pelos portugueses no território asiático de Malabar, na viagem de Vasco da Gama à Índia (1497-1498), a partir da associação da aparência do fruto, visto da extremidade, em que o endocarpo e os poros de germinação assemelham-se à face de um "coco" (monstro imaginário com que se assusta as crianças; papão; ogro), conforme conta o historiador João de Barros no seu livro Décadas da Ásia (1563) "[...]por razão da qual figura, sem ser figura, os nossos lhe chamaram coco, nome imposto pelas mulheres a qualquer coisa, com que querem fazer medo às crianças, o qual nome assim lhe ficou, que ninguém lhe sabe outro, [...]." [1] .

 Do português o termo passou ao espanhol, francês e inglês "coco", ao italiano "cocco", ao alemão "Kokos" e aos compostos inglês "coconut" e alemão "Kokosnuss".

Em algumas partes do mundo, macacos treinados são usados na colheita do coco. Escolas de treinamentos para macacos ainda existem no sul da Tailândia. Todos os anos são realizadas competições para identificar o mais rápido.” (wikpédia)







Finalizando por enquanto, desde que voltaremos a falar de Itapuã em próximas postagens, é interessante abordarmos o significado da palavra Itapuã .

São muitas as vertentes. A primeira delas e a mais divulgada é que Itapuã siginfica “pedra redonda”. Insolsa! Outra fala que Itapuã seria “pedra que surge” Inexpressiva! Ainda outra – “ponta de pedra”. Aproxima-se. Ainda outra: pedra bonita. Muito bonita! Mais outra - pedra que ronca.

Verdadeiramente o nome Itapuã ou Itapuan significa pedra (ita) pontiaguda, fina(puã – objeto ponteagudo, um arpão geralmente de pedra, haja vista, que determinados tipos de siris com os terminais do casco ponteagudo, chamam-se siri puã.