sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O CASARIO DO ANTIGO BAIRRO DA SÉ - PRAÇA DA SÉ ATUAL

Por mais incrível que pareça a nossa querida Praça da Sé é “novinha” em termos de história. Ela foi construída por volta de 1933/1935.Era praticamente um bairro com suas ruas e muitas casas (fala-se em quatro quarteirões). Possivelmente era chamado Bairro da Sé ou Alto da Sé. Não importa muito o detalhe.
Não há fotos do local, propriamente dito, mas há indícios que irão nos dar uma idéia do mesmo. É a vontade de pesquisar.


Vista panorâmica de Salvador- Seta indicativa do bairro da Sé


Na parte de baixo, vê-se ainda o antigo Mercado Modelo, mas vamos olhar para a cidade alta, com base no Elevador Lacerda. Subamos! Ao seu fundo a Praça Municipal (Tomé de Souza) e a Câmara de Vereadores. Ainda existia a Biblioteca Pública do Estado e o Edifício da Imprensa Oficial, aquele incendiado e este demolido no ano de 1973.

Logo, se os dois prédios ainda estão no lugar, a foto é anterior a essa data, digamos aí por volta de 1930/31.

Agora, vamos dirigir nosso olhar mais para esquerda (fundos da Bibilioteca e Imprensa Oficial). O que vemos? A igreja da Misericórdia bem atrás da Biblioteca Pùblica (o segundo prédio à direita) e atrás da igreja da Misericórdia o casarío da Praça da Sé, incluso aí a antiga Catedral da Sé que não se achava noutra foto bem delineada (indicação com seta vermelha).

Deve ter ficado alguma dúvida. Claro! Mas vamos tentar melhorar a coisa
.

.
Biblioteca e Igreja da Sé ao fundo da Rua da Misericórdia
Se dízimos que a Catedral da Sé não ficou bem delineada, na foto acima ela está bem à vista, com sua frente voltada para o mar. Temos no primeiro plano a belíssima Biblioteca Pública (ainda não havia sido construído o prédio da Imprensa Oficial); à sua direita o prédio da Pastelaria Triunfo; a rua da Misericórdia ao seu lado e ao fundo, parede, a antiga Catedral, como que fechando a rua.

Já melhoraram as nossas convicções. Agora, convidamos o leitor para analisar outra foto importante:
Vista panorâmica da cidade

Acima uma fantástica foto da Salvador dos anos 1890/1900. Na parte baixa o Cais das Amarras e seu belíssimo conjunto de prédios - estilo pombalino - dentro de uma mesma simetria
Subamos Bem a direita da foto a Igreja da Sé com sua frente voltada para o mar.(seta vermelha). Ao seu lado o Palácio do Arcebispado de Salvador e em seguida, os fundos ou as frentes de um conjunto de residências. (sinalização roxa) Por fim, à esquerda à hoje Catedral de Salvador investida desse título após a demolição da Igreja da Sé, mas este é um assunto para depois. (seta amarela)
Antiga Igreja da Sé


Podemos melhorar ainda mais a nossa visão e convicções postando uma belíssima pintura de autoria, possivelmente de Diógenes Rebouças, da mesma área, mas com a força e a expressão das cores:

Tela de Diógenes Rebouças- Vê-se claramente as duas igrejas e o Bairro da Sé ao meio
Fizemos questão de não acrescentar nenhuma seta a essa reprodução afim de que tenhamos toda ela no original, contudo, são bem nítidas e claras a Igreja da Sé à direita; em seguida um edificio rosa que é o Arcebispado e logo após, o belíssimo casarío da Sé ao centro; à esquerda, por fim, a atual Catedral.
Por fim, vamos acrescentar uma série de novas fotos da antiga igreja que nos chegaram ao conhecimento:






Faz algum tempo que publicamos a postagem acima. Ela está repleta de dúvidas, principalmente de relação ao casario então existente na hoje Praça da Sé, incluso nesse contexto a antiga Igreja da Sé que era a Catedral de Salvador.
As fotos e gravura acima publicados procuram mostrar o bairro da Sé nos contornos do morro. De longe, portanto. Percebe-se tratar-se de prédios antigos, geralmente de dois ou três andares. Não se tinha nada de perto, mostrando-os.
Ninguém teria registrado esse antigo pedaço de Salvador como fizeram com outras partes da Cidade Alta - São Bento – São Pedro – Rosário – Campo Grande. Apenas a igreja fora retratada e desenhada e sabemos como ela foi, mas as casas em torno de nada se sabia e eram muitas, simplesmente, quatro quarteirões.
Mas eis que retorna  às nossas vistas a foto adiante. Já tínhamos conhecimento da mesma. Estávamos estudando seus detalhes.
Colocação dos primeiros trlhos de bonde na antiga Praça da Sé
Julgava-se que a colocação dos trilhos fora feita após demolição da igreja e de todo o casario existente. A foto acima mostra que não. Pelo menos, uma parte dos trilhos fora colocada ainda com dois quarteirões de casas intactos. (reparem dois telhados após o primeiro lance de casas e, possivelmente, o paredão ao lado, deva ser da antiga igreja).
Certamente, após isso as negociações prosseguiram para a demolição desses dois quarteirões agora percebidos e a igreja.

SALVADOR - CIDADE MAL ARBORIZADA



O estudo abaixo mostra as cidades mais bem arborizadas do País (cidades acima de um milhão de pessoas). São dados do Institudo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)- Dados Demográficos datado de 2010.

Como se vê, Salvador está na  12ª posição. Só está à frente de Brasilia, São Luiz, Manaus e Belém.  Acrescente-se ainda que a nossa capital encontra-se abaixo da média Brasil que é de 68%. Ridículos 40% e somos a terra dos coqueiros, cantada em verso e prosa, como por exemplo:


 Coqueiro de Itapoã, coqueiro
Areia de Itapoã, areia
Morena de Itapoã, morena
Saudade de Itapoã me deixa
Oh vento que faz cantiga nas folhas

No alto dos coqueirais

Oh vento que ondula as águas
Eu nunca tive saudade igual
Me traga boas notícias daquela terra toda manhã
E joga uma flor no colo de uma morena de Itapoã

Mas, teria sido sempre assim? Parece que não. Copilando dados da Salvador antiga, vê-se muitos lugares que antes eram bem arborizados e hoje não são.
Antiga Praça Cairu
Cais do Ouro
Poderia ter muitas outras cássias ou acássias por ai. Esta está na Av.Centenário.

Alagados - 1 milhão de metros quadrados e meia dúzia de árvores - Antes dele, tinha muita planta de mangue.
Manguesal

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

MEU BAIRRO QUERIDO -GRAÇA


Tomando como parâmetro a presença do homem branco em terras baianas, sem dúvida que a Graça é a mais antiga localidade de Salvador, desde que Diogo Álvares Correia naufragou nas costas do Rio Vermelho por volta de 1509/1510, enquanto Francisco Pereira Coutinho, o primeiro donatário, somente aqui chegou em 1936, instalando-se na Vila Velha, a Barra de hoje.
Evidentemente que Diogo Álvares Correia instalando-se na Graça, sede dos índios que o capitulou, de logo procurou  um casario próprio e até uma igreja, desde que não se acredita que as suas “relações  com as índias, especialmente Catharina, fossem urdidas em tabas coletivas. Deveria ter havido certa intimidade.

Diogo Álvares Correia, cidadão português nascido em Viana do Castelo, Portugal, em 1475. Faleceu em 1557 na Bahia Viveu, portanto 82 anos. Um homem incomun para a época.Morria-se aos 30 anos. Ele viveu quase trêz vezes mais. Haja índias. Deixou uma prole numerosa.
Poema Épico
 
E, admitindo-se que não só Diogo Álvares tenha sido o único sobrevivente – outros também o foram – todo esse pessoal também tenha construído unidades habitacionais próprias, independente das coletivas então existentes.
Esse clima de dúvida que os dizeres acima deixam transparecer tem só um culpado: Frei José de Santa Rita Durão que 300 anos após o feito, publicou o poema épico denominado  CARAMURU – POEMA ÉPICO DO DESCUBRIMENTO DA BAHIA. Assim mesmo, descubrimento com “u”.
Virou verdade histórica quase todo ele. Criou-se a figura de Caramuru e seu bacamarte mágico que abateu um passarinho e assustou os índios; antes ele tinha emergido das pedras como se fosse um caramuru verdadeiro; tem também a história de um elmo que o náufrago teria usado, mas quando o frei passou a descrever a índia Paraguaçu, como sendo uma mulher cuja pele era da cor da neve, aí ficou demais.
Um elmo -Pesa quase 100 quilos. Para um náufrago seria uma poita.

Pois bem! Justamente nesses termos ensina-se nas escolas de todo o País: uma forma idílica de nossa história, mas uma falsa história,  muito mal feita.
É este bairro que passamos a percorter nos dias de hoje:
 
Rua da Graça - Inicio no Largo da Vitória
Rua da Graça e já o Largo da Graça
 
Largo da Graça
Rua da Graça de muitas árvores

Av. Euclides da Cunha - Continuação da Rua da Graça após o largo
 
Av. Princesa Leopoldina
Ainda a Princesa Leopoldina
Igreja da Graça- Belíssima
Extraordinária Mansão - Dos Carvalhos


terça-feira, 27 de novembro de 2012

AEROPORTO DE SALVADOR- SUA HISTORIA


Hoje são dois os caminhos que levam  o baiano que vai viajar de avião até o  Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães:o chamado “caminho da praia” ou seja a Avenida Otávio Mangabeira até Itapuã e daí pela Dorival Caimi até o Aeroporto. Foi construída entre 1947/1950.  Em verdade, o que se fez foi a ligação Amaralina-Itapuã, desde que o asfalto só ia até Amaralina. De resto eram sítios e pequenas fazendas dividindo as duas localidades.
O outro acesso, que poderia ser chamado “caminho do centro” liga  o Iguatemi ao Aeroporto. Seria denominado assim, em contra partida ao “caminho do mar.” Foi construído na década de 1970.
Mas, antes de tudo isto, da construção das duas grandes avenidas, como se chegava ao aeroporto? Pela EVA. Isto mesmo EVA, sigla da Estrava Velha do Aeroporto. Teria sido construída pelos americanos que possuíam uma base avançada na localidade.
Essa estrada também era chamada de Estrada de Santo Amaro de Ipitanga. Corria o ano de 1940 e e a estrada ficou toda concluída em 1943.
Hoje é denominada Avenida Aliomar Baleeiro por decreto datado de 1973.

“”Nas palavras do historiador Cid Teixeira, “eles simplesmente jogaram piche sobre a terra batida. Se havia um morro, subia-se o morro; se havia uma curva acentuada, fazia-se a curva” (Urbanidade, 2008). Vale ressaltar que o termo piche é usado em lugar de asfalto betuminoso pois foram militares, mais precisamente fuzileiros navais, estadunidenses que construíram a EVA. Talvez seja essa uma das explicações para o asfalto da Avenida ainda conservar-se original e razoavelmente em boas condições.

A estrada possui uma estrutura peculiar, cheia de curvas, altos e baixos, e alguns despenhadeiros. A presença marcante de resquícios de Mata Atlântica dá um ar por vezes bucólico ao local, herdado desde sua origem. Causando a impressão, em alguns trechos, que se trata de uma rodovia que liga cidades do interior do Estado. O acesso à EVA pode ser pela BR 324 (Brasilgás), Paralela (São Rafael, Via Regional, Vale dos Lagos, Vila Dois de Julho, Canabrava e 29 de Março), Cajazeiras, Mussurunga e São Cristóvão.”.

Antes disso, em 1925, com planta de autoria do engenheiro francês Paul Vachet, fora construída uma pequena pista de pouso. Foi usada por pilotos famosos que por aqui passaram como Antone de Saint Exupery e tantos outros.

Posteriormente, foi feito um campo de pouso com uma pista com cerca de 400x70 metros, pavimentada de cimento, um hangar e galpões para guarda de materiais da Companhia Aeropostal Brasileira que tinha um entreposto em Santo Amaro de Ipitanga.


Bambuzal do Aeroporto de Salvador
Em nossas pesquisas sobre o aeroporto e este bambuzal, encontramos uma citação na internet absolutamente incrível. Diz o seu autor: " A antiga pista de pouso era dentro do famoso bambuzal, servindo de camuflagem". Haja coração!

domingo, 25 de novembro de 2012

BACIA HIDROGRÁFICA DE SALVADOR- FOZ DE RIOS


Na postagem anterior abordamos a poluição do mar pelas indústrias petroquímicas. Vimos que as correntezas espalham essa poluição até as águas da Barra, afastando os peixes.
Já os rios que correm por Salvador, afastam as pessoas da maioria de nossas praias. É o caso, por exemplo, das praias de Amaralina, , Pituba,  Armação, Boca do Rio, etc. impróprias para banho há muitos anos. Nelas ou nas proximidades, deságuam as águas super poluídas dos rios que cortam Salvador
Já foi pior. Antes da construção do emissário submarino, a praia do Farol estava na lista das mais condenadas. As águas do Rio dos Seixos- Bacia do Lucaia - que hoje estão tubuladas na Avenida do Centenário, desaguavam nas proximidades do Morro do Cristo.
Parece um rio, mas não é. São águas de esgoto represadas nesse local- Praia do Farol

A foto acima é quase inacreditável. Vê-se como que um córrego. Não é! É água proveniente da “boca de lobo” então existente nas proximidades do Cristo, em frente à Rua Marques de Caravelas. Esta calamidade, só foi resolvida quando se fez o emissário submarino do Rio Vermelho e essas águas foram absorvidas pelo sistema. Porém, de vez quando, em dias muitos chuvosos, o sistema não suporta e águas pluviais voltam a jorrar pela antiga boca de lobo.
A seta indica a enorme boca de lôbo através das quais as águas provenientes do Rio dos Seixos (braço do Lucaia) no Chame-Chame, despejavam na praia em frente. Num determinado dia, causou a contaminação da Praia do Farol vista acima.
Mapa da área - A seta perpendicular indica a posição da boca de lobo. A seta horizontal mostra a direção que as águas tomaram. (Praia do Farol).
Diz-se, frequentemente, que o emissário submarino do Rio Vermelho resolveu o problema do despejo das águas dos rios de Salvador, no entanto, em pleno Rio Vermelho, o Rio Lucaia tem sua foz na praia em frente ao Largo da Mariquita. Ficamos sem entender o processo de capitação dessas águas, tão alardeado.
As setas indicam a captação das águas dessa área para o emissário submarino do Rio Vermelho.
Rio Lucaia chegando no Rio Vermelho
Desembocadura do Rio Lucaia- Praia da Mariquita
Mapa da região do Rio Vermelho- A seta preta em baixo, indica a foz
 Mais adiante, no Costa Azul, a poluição aumenta. Temos aí a desembocadura do Rio Camurujipe. Nasce em Boa Vista de São Caetano e deságua no Costa Azul.
Mapa da região do Costa Azul- Há de se reparar o traço azul terminando na praia do mesmo nome. É a desembocadura do Rio Camurugipe.

Foz do Camurujipe - Via satélite
Em seguida temos a Praia de Armação. Também um rio desemboca no seu espaço.

 Armação

Este mapa indica uma pequena foz, mas não se confirma
Foz da Boca do Rio - Rio das Pedras

Ai sim. Na Boca do Rio desemboca o Rio das Pedras. Contamina diversas praias à direita e à esquerda.
Piatã

Rio Trobogy

É chamado de Rio Cascão a partir da sua nascente, em Águas Claras, atravessando a Via Regional e indo desaguar na Represa de Ipitanga. A partir dai recebe o nome de Rio Trobogy até a Paralela, quando é denominado Rio Jaguaribe. Deságua na Praia de Piatã.


Bacia Hidrográfica de Salvador

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

SUMIRAM O XAREU E OS BUDIÕES


Em um trabalho à parte que denominamos Meu Bairro Querido, falávamos sobre a pesca do xaréu nas praias de Amaralina e Armação.  Em termos de volume era a maior do Brasil e, possivelmente, de toda a América do Sul.  A cada puxada de rede eram centenas de xaréus apreendidos.
De uma hora para outra, o peixe sumiu e acabaram  as tradicionais e folclóricas puxadas que atraiam curiosos de todas as partes.
O que teria acontecido?
Alguns explicam que a ausência dos peixes deu-se em razão da luminosidade da cidade; outros, ao barulho que ela passou a causar.
A verdade, contudo, está na poluição que o mar sofreu nos últimos anos e poluição das brabas. Ao longo de toda a  faixa litorânea que vai de Itapoã até Amaralina, o fundo do mar está amarelo. Sim, amarelo.
Trata-se de resíduos químicos expelidos pelas indústrias do Polo Petroquímico da Bahia que se instalaram ao longo do litoral norte.  Estes resíduos são trazidos pelas correntezas.
E não foi somente o xaréu que desapareceu dessa área. Outros peixes também sumiram como os budiões batata e azul que eram uma festa para os mergulhadores de plantão.
Xaréu
Budião Azul

Budião Batata

MEU BAIRRO QUERIDO - PITUBA


A Pituba talvez seja o único bairro planejado de Salvador. Era uma fazenda pertencente a um mineiro, Joventino Pereira da Silva e a um baiano chamado Manoel Dias da Silva. Os dois senhores contrataram o engenheiro civil Teodoro Sampaio que fez uma planta de um loteamento registrado na Prefeitura em 1919, tendo sido aprovado tão somente em 1932. Foram previstas a abertura de 10 vias longitudinais paralelas à linha da costa e 15 transversais perpendiculares às primeiras, bem como um eixo principal do arruamento então conhecido como Estrada da Pituba, mais tarde a Av. Manoel da Slva, , oficializada pela Lei Municipal n 1664  e 2de dezembro e 1964.
 

O nome Pituba tem origem indígena e significa maresia, vento forte, mais ou menos por ai.
Av. Otávio Mangabeira - a Pituba praticamente começa aqui
Praia sempre deserta- Razão: muito poluída
Outro trecho- arrebentações à direita
 

Prala da Luz
Igreja N.S. da Luz
Nova praça
 
Ainda Nova Praça
Perderam uma grande oportunidade de fazer uma grande praça
Avenida Manoel Dias da Silva