terça-feira, 29 de novembro de 2011

SANTA BÁRBARA – 4 DE DEZEMBRO

Hoje, 4 de dezembro é dia de Santa Bárbara. Um grande dia, tanto para a igreja Católica quanto para o Candomblé. Também é um grande dia para nós. Nascemos nesse dia. Justifica-se, pois, uma postagem especial, desde que de uma certa forma, estamos envolvidos com a data, tanto quanto o povo da Bahia e de diversas partes do mundo.
 
Comecemos bem por cima, no alto. Façamos uma oração à grande santa:
 
Belíssima e extraordinária oração. Começa forte citando “as torres das fortalezas e a violência dos furacões”; Pede que” as tempestades e batalhas da vida sejam vencidas”, mas não esquece “ da consciência do dever cumprido”. Amém.
Agora, vamos às origens da grande e bela santa.
 
Nasceu em Nicomédia, Ásia Menor. Apesar dos pais serem pagãos, conseguiu instruir-se na religião cristã. Os pais queriam que ela casasse, mas ela se opunha de todas as formas possíveis. Queria o amor supremo de Cristo. Em conseqüência, o próprio pai denunciou-a ao prefeito da cidade onde morava. Era o tempo do Imperador Maximiano nos primeiros anos do século IV. Implacavelmente foi condenada à morte, sendo que o próprio pai se ofereceu para decapitá-la. Ai ela se colocou de joelhos em atitude de oração enquanto o horrendo homem executava sua própria filha. Felizmente, ele não durou muito. Na mesma hora foi fulminado por um raio.

Bárbara era muito bonita. Hoje é apresentada com uma palma significando o martírio pelo qual passou; um cálice como símbolo de sua proteção aos moribundos e ao lado uma espada, instrumento de sua morte.
 
Mundialmente, Santa Bárbara de Nicomédia, é protetora das pessoas e das cidades contra tempestades, raios e trovões. Por esta razão o Corpo de Bombeiros, Mineiros e Artilheiros, têm a santa como sua padroeira.

Nicomédia (nome na Antiguidade Clássica) é uma cidade hoje conhecida como İzmit, na Turquia. Situa-se no Golfo de İzmit, no Mar de Mármara e fica a aproximadamente 100 km de Istambul (antiga Constantinopla).
 
Atualmente İzmit, capital da província turca de Kocaeli com pouco mais de 200 mil habitantes, é um importante centro comercial e industrial. Possui um porto muito ativo e está localizada no mais importante eixo viário turco, o que liga Istambul a Ankara, capital da Turquia moderna.
 
Do seu passado só restam algumas ruínas do porto da cidade, do palácio imperial de Diocleciano, alguns trechos de um aqueduto e uma fonte do século II d.C.. No dia 17 de agosto de 1999 um forte terremoto, que alcançou 7,4 na Escala Richter devastou a região causando mais de 14 000 mortes.
 
No século VI, as relíquias da Santa Mártir Bárbara foram transladados para Constantinopla. No século XII, a filha do Imperador Bizantino Aleixo Comenes, que também chamava-se Bárbara, após contrair matrimônio com o príncipe russo Miguel Izyaslavich as transladou para Kiev, capital da atual Ucrânia. Hoje suas santas relíquias descansam na Catedral de São Valdomiro em Kiev.
 
A imagem de Santa Bárbara foi trazida ao Brasil pelos portugueses ainda no período colonial e passou a ser cultuada no século XVII, quando o casal Francisco do Lago e Andressa de Araújo instituiu o Morgado de Santa Bárbara, em 1641, em homenagem à filha Francisca. Este Morgado era composto por prédios e capela dedicada à santa e localizava-se ao pé da Ladeira da Montanha, transformado-se, com o tempo, em mercado.
 
Devido a um incêndio no Morgado, em 1898, do qual restaram apenas ruínas e a imagem de Santa Bárbara, ela foi transferida, em 1938, para a Igreja do Corpo Santo. A imagem esteve, ainda, nas igrejas do Paço, da Saúde, no Mercado de Santa Bárbara e, atualmente, encontra-se na Igreja do Rosário dos Pretos.

Durante todo este período e ainda hoje a santa é invocada em momentos iminentes contra a morte trágica, trovões, armas de fogo, raios, explosões e temporais.

No Candomblé, Santa Bárbara é Iansã. Por essa razão,era de se esperar que entre Santa Barbara e Iansã houvesse certa semelhança de caracteres pessoais, mas não é o que acontece, na realidade. Enquanto a Santa se resguarda na sua castidade, inclusive levando-a a ser decapitada pelo próprio pai por não querer se casar, Iansã tem um procedimento absolutamente diverso: foi mulher de Ogum com quem teve 9 filhos, abandonados por ela e em seguida foi mulher de Xangô, seu verdadeiro amor.

As filhas de Iansã são mulheres audaciosas, poderosas, autoritárias e dinâmicas. Estão sempre procurando algo para se ocupar, são cheias de iniciativa e determinação. São mulheres que nunca passam despercebidas, pois são combativas, teimosas e temperamentais, mas também podem ser doces e meigas, quando possuem interesse em seduzir algum homem.

Então, como se explica a co-relação entre as essas duas mulheres no contexto das duas religiões? Se pela igualdade de procedimento não há como, resta-nos crer da diversidade entre as duas।
 
Achamos que é mais ou menos por ai. Por exemplo, quando da realização da procissão que se faz todos os anos em Salvador, enquanto determinado grupo entoa cantos do candomblé, outro ensaia cânticos católicos.

Conta-se, por exemplo, que numa determinada vez, o bispo sendo abordado a respeito, julgou absolutamente normal as duas manifestações, afirmando categoricamente que Santa Bárbara é Santa Bárbara e Iansã é Iansã. As duas devoções se conservam arraigadas às tradições do povo baiano, ao ponto de trabalharem juntas na organização da festa. Conta-se, por exemplo, que no meio de uma missa que antecedia a procissão, aconteceu uma passagem inusitada – os que professavam o catolicismo passaram a enaltecer Iansã e seus cânticos; por sua vez, os seguidores do Candomblé, entoavam cânticos em homenagem à Santa Bárbara. Absoluto sincretismo que costuma reger a maioria das festas da Bahia.

Outra prova: “Epa hey” uma saudação à Iansã é comumente dirigida também à imagem da santa católica. “Santa Bárbara é minha mãe” é outra muito comum e aí completa- “hoje é dia de homenagear a deusa dos ventos, a rainha das tempestades”. Isso denota o amalgama em que se fundem as religiões na Bahia.

A mesma imagem que sai do Rosário dos Pretos é levada para a porta do Mercado de Santa Bárbara, que concentra as manifestações africanas em favor de Iansã. No local de encerramento da grande festa, as duas imagens estão lado a lado na mesma gruta.







Tornou-se tradicional em Salvador o famoso caruru do Mercado de Santa Bárbara. Após a procissão que saí do Pelourinho; desce a Ladeira da Praça e no quartel do Corpo de Bombeiros ao fim da mesma, recebe as homenagens da corporação. Em seguida, o povo se encaminha até o Mercado de Santa Bárbara onde é servido um grande caruru. Fala-se que são mais de 70 mil quiabos.
 É organizado pela Ialorixá Risalva Silva Soares, 58 anos e conta com o apoio de mais de 80 ajudantes.

Antigo mercado de Santa Bárbara na zona do Comércio em Salvador

Ele teve inicio quando um dos seus filhos nasceu no dia da festa, 4 de dezembro. Como resultado, são distribuídas cerca de 10.000 quentinhas. É uma tradição que se mantêm ao longo dos anos.



 
Caruru - Tradicional prato da cozinha baiana


Fica o encanto das coisas que não se explicam. Epa hey” Santa Bárbara. Proteja-nos!

domingo, 27 de novembro de 2011

100 SEGUIDORES

Quem escreve um livro, uma crônica ou, simplesmente, um blog, deseja que seus escritos sejam lidos pelo maior número de pessoas. Ninguém escreve para si mesmo, apesar da satisfação que essa arte causa à pessoa do escrevente. Nesse caso, em particular, mais do que nunca, o escritor quer compartilhar essa satisfação com outras pessoas. É próprio do ser humano.
Dir-se-ia que não é tão verdadeiro o que se disse acima quando se sabe que milhares e milhares de pessoas escrevem diários particulares, íntimos melhor dizendo, que não são escritos para ninguém ler, a não ser a própria pessoa que os escreve. Por isso os escondem em lugares os mais difíceis de serem achados. Mas, será mesmo que não querem que sejam achados? Há uma controvérsia a respeito!
Determinados estudiosos sobre o assunto consideram que, em verdade, as pessoas que escrevem diários esboçam um desejo de comunicação, ou seja, gostariam que as coisas que escrevem se tornassem públicas. Sente-se isto na forma de escrever, isto é, na obediência a determinados padrões sociais, moral ou imoral, em determinado tempo e lugar. Estivesse ele escrevendo somente para si, não importaria a existência de qualquer padrão.
Vamos ver um exemplo histórico de conhecimento público. Jean Jacques Rousseau importante filósofo e escritor suíço, precursor do romantismo e o iluminismo, ao escrever suas Confissões,o fez pensando em publicá-las. “Ele se considerava interessante demais para não ser conhecido pela posteridade. “O mesmo pode ser dito de Gilberto Freyre que escreveu uma autobiografia em forma de diário, claramente escolhendo a imagem que gostaria que a posteridade tivesse dele. Ainda mais – existem autores de diários que emprestam seus registros íntimos para que outros leiam.” (Marcio Couto)


O atual estágio das comunicações é significativo e bem expressa o que acaba de ser dito. As pessoas que mantêm páginas nos Orkuts, muitas delas, praticamente estão tornando público o que antes era considerado absolutamente íntimo. Por exemplo, quando escrevem que “hoje não acordei bem, sinto-me triste", algo absolutamente pessoal, torna-se notícia para milhares de outras pessoas, apesar da nenhuma importância coletiva.
O mesmo acontece com a satisfação das coisas। Precisamos compartilhar com outras pessoas de nosso relacionamento. É o que estamos fazendo nesse momento quando esse blog alcança o número expressivo de 100 seguidores. Não que o centésimo seguidor seja mais importante do que o primeiro ou o trigésimo. Todos têm igual importância. É que o número 100 é uma marca significativa de nossos costumes. Um século tem 100 anos. 100 anos de vida, quem não haverá de pensar em conseguir o feito, ou seja, um século. É o mesmo com o número 1000. O progresso das coisas. Opina-se, por exemplo, que nos últimos 100 anos houve mais avanço que nos últimos 1000 anos anteriores. E o que dizer dos 1000 goals de Pelé. Foi uma marca que o mundo esportivo registrou.






É com satisfação, portanto, que registramos o feito. Mostra uma preferência. 100 pessoas almejando os mesmos conhecimentos. Verdade que nesse “almejar” tem mais gente. São 8 mil acessos mês ao nosso blog com picos de até 10 mil. Número significativo, julgamos nós, desde que se trata de um blog didático, à medida que ele especifica a história da cidade de Salvador, de uma Salvador de dois andares e até de três, se considerarmos que a Baixa dos Sapateiros pode ser considerada mais um nível de altura. Será? Passamos a contar. Comércio é o primeiro andar; subimos pelo Taboão e já estamos no segundo andar; não satisfeitos, alçamos o Terreiro de Jesus, via Ladeira do Pelourinho, e já alcançamos o terceiro andar. As fotos adiante mostram a sequência:



Modéstia à parte. Não é todo mundo que percebe detalhe como este. Isto é fruto do conhecimento da cidade e da forma como este trabalho está sendo feito. Caminhando pelos seus espaços, sejam praças e ruas, avenidas ou praias. Fotografando seus antigos prédios ou imaginando como eram eles. Até as pessoas eram vistas de chapéu e gravata borboleta. Para aonde estariam indo? Uma até de fraque e cartola!


E a criança na calçada? Estaria aguardando o bonde passar ou na sua curiosidade, olhava o fotógrafo registrando a cena.

De qualquer sorte nos surpreende a preferência, até de pessoas de outros países. Fazem comentários. Enche-nos de orgulho. Aliás, não gosto dessa palavra. Diria melhor: enche-nos de satisfação. A mesma que teve um internauta ao receber algumas fotos da atual Salvador. Aí ele comentou: “se juntasse tudo isto com aquilo que já foi destruído, Salvador seria uma das maiores cidades do mundo”.
Já eu diria: mesmo assim, ainda é uma das maiores cidades do mundo.




quarta-feira, 23 de novembro de 2011

“MEU SAUDOSO CLUBE PORTUGUÊS” : JURUNA

MEU SAUDOSO CLUBE PORTUGUÊS SINTO MUITAS SAUDADES POIS A 30 ANOS SAI DA MINHA TERRA, ALAGOINHAS-BA E AO ME ADAPTAR A MINHA NOVA MORADIA A PITUBA, MEU SAUDOSO PADASTRO, JOSÉ DE SOUZA VIEIRA LIMA, SE TORNOU SÓCIO DESTE CLUBE EM 1983 COLOCOU EU E MINHA IRMÃ COMO DEPENDENTES, AI FIZ GRANDES AMIGOS E ME TORNEI CONHECIDO COM0 JURUNA O GOLEIRO SEMPRE PRESENTE EM CAMPEONATOS INTERNOS DO CLUBE, LEMBRO DAS VIRADAS DE ANO ,DO BAILE DE IEMANJÁ, INTERNACIONAIS E O CARNAVAL ONDE SUA DECORAÇÃO ERA O GLAMOUR DA PITUBA.MEU SAUDOSO CLUBE PORTUGUÊS QUE SAUDADES OFEREÇO ESTE DEPOIMENTO A O SAUDOSO PIU QUE TOMAVA CONTA DOS PATINS E DAS BOLAS E NOS TRATAVA COM CARINHO. QUE DEUS PROTEJA ONDE ESTIVEREM A TODOS OS ASSOCIADOS E EX FUNCIONÁRIOS DESTE CLUBE QUE FOI MUITO MARAVILHOSO NA MINHA ADOLESCÊNCIA.LEMBRANDO QUE SEU ULTIMO PRESIDENTE FOI O Sr. ÍTALO MANDARINO HOMEM INTEGRO. DÉCIO ICÓ DA SILVA ( JURUNA)”



Em verdade, não era para se fazer essa postagem se a pessoa que fez o comentário acima tivesse colocado seu e-mail. Entraria em contato direto com a mesma e escreveria para ele o que vou escrever a partir d’agora.

Compreendo a sua saudade. Eu também a tive, especialmente dos carnavais do grande clube. Era glamoroso. De resto não tive a convivência que você teve com os patins sobre rodas que era praticado no clube no dia a dia. Era a principal atividade esportiva. Tive alguma coisa a haver com a piscina. O clube acabava de ser inaugurado e logo nos primeiros dias, a piscina apresentou um problema. A água ficou verde. O encarregado do equipamento não sabia como resolver o escurecimento da água. Fui chamado pelo amigo Ginja e em dois dias a água estava azul e pôde ser usada pelos sócios. Conhecia bem o assunto – fiz cursos em São Paulo. Perguntado sobre quanto custou o serviço, abdiquei de qualquer pagamento. Em contrapartida o clube me concedeu um título de sócio proprietário. Parece que era assim chamado.

Reconheço que não deve ter sido fácil para você ver o clube vir abaixo, sepultando todo um passado de alegres manhãs e tardes de prática de esporte e interrompendo dezenas de amizades que se formaram ao longo dos anos, seja de colegas ou de funcionários. A maioria deve estar por ai, da mesma forma lembrando o goleiro Juruna do Hóquei aobre patins, de quanto ele era bom de pegada e de amizade.

sábado, 19 de novembro de 2011

ESTÁDIO DA FONTE NOVA OU ARENA FONTE NOVA?

A antiga Fonte Nova chamava-se oficialmente Estádio Octávio Mangabeira. Isto mesmo, Octávio com “c”, conforme a ortografia da época, ou seja, 28 de janeiro de 1951, quando foi inaugurado.

Àquela época, os estádios e outros equipamentos esportivos, levavam o nome do governador que ordenava a sua construção. Na Fonte Nova tivemos três exemplos: o próprio Estádio Octávio Mangabeira, o Ginásio de Esportes Antônio Balbino e a piscina Juracy Magalhães.
 
Em outros estados aconteceu a mesma coisa. O Maracanã no Rio de Janeiro chama-se Estádio Mario Filho; o Morumbi em São Paulo chama-se Estádio Cícero Pompeu de Toledo e o Mineirão em Minas Gerais, Estádio Governador Magalhães Pinto. E por ai vai por todo o Brasil.
 
Uma das raríssimas exceções e tinha que ser com ele, é o Estádio Rei Pelé em Maceió, mas mesmo assim, tem gente que insiste em chamá-lo O Trapichão. Um nome horrível!Menos mal do que levasse o nome de um governante alagoano. Aí seria terrível! Mas porquê Trapichão? Porque localizado no bairro chamado Trapiche da Barra, aí sim uma denominação mais suave e tradicional. Estádio Trapiche da Barra.
E como é o critério denominativo das praças de esportes de outros países? Tem também o nome de reis, presidentes e políticos ou lá a coisa é diferente?

É diferente! Vamos começar com dois estádios famosos porque os seus donos são dois dos maiores clubes do mundo: o Barcelona e o Real Madrid.

O estádio do Barça chama-se “Camp Nou” . Significa em catalão – Campo Novo – Seu nome oficial é Estadio Futbol Clube Barcelona.

Já o estádio do Real Madrid, chama-se Santiago Bernabeu.

Será que Santiago Bernabeu foi nome de algum político, de um rei, de um aristocrata? Que nada! Santiago Bernabéu Yeste, nasceu em Almansa em 8 de junho de 1895 e faleceu em Madrid em 2 de junho de 1978. Jogou pelo Real Madrid. Tornou-se empresário e posteriormente Presidente do clube, sendo considerado o maior presidente da história do clube. Quando jovem foi soldado ao tempo da Guerra Civil Espanhola.

Ainda na Península Ibérica, a nossa querida Portugal, os dois mais importantes estádios de lá têm denominações absolutamente distante de pessoas: um chama-se O Dragão e o outro Estadio da Luz.

Este último é conhecido também como “A Catedral”, aí um nomem bonito.

O primeiro pertence ao Esport Club do Porto e o outro ao Benfica:




Na França, temos o Parc des Princes, pertencente ao Paris Saint Germain.

Ainda na França, lembramo-nos do Lyon. Seu estádio chama-se Stade Olympique Ives Du Manoir. Epa! Ives Du Manoir, pode ser o nome de um político importante! Não é! Ele foi um aviador e jogava rúgbi pela seleção francesa desse esporte. Foi morto em um acidente de avião em 2 de fevereiro de 1928. Tinha apenas 23 anos.

Outra história interessante sobre nome de estádios na França é o Roland Garros. Pouca gente sabe por que esse extraordinário complexo de tênis chama-se Roland Garros. Até o pessoal ligado a esse esporte desconhecia o fato. Tem esse nome em homenagem a um aviador, heroi nacional.


Do outro lado, na Inglaterra, o mundo se encanta com o novo estádio de Wembley. Tem esse nome porque está localizado em Wenbley, ao norte de Londres.
Até então, estivemos circulando pelo mundo ocidental. Será que no Oriente, onde os governos nem sempre são democráticos e se faz a vontade imperial de seus dirigentes, os estádios de futebol tem o nome de seus presisdentes e governadores?
Não tem. Pasmem! Na Chima, por exemplo, temos o belíssimo estádio da foto adiante.

Ele foi visto pelo mundo inteiro quando da realização das Olimpiadas naquele País.
 
Chama-se, “simplesmente” Estadio Nacional de Pequim”.

Toda essa longa história deve-se a um fato, aliás, dois fatos: quando da escolha do novo nome que se daria ao Estadio da Fonte Nova que se constroi com vistas à Copa do Mundo de 2014, aventaram chamá-lo de "Estádio Presidente Luiz Inacio Lula da Silva".

Pelo amor de Deus! Uma coisa não tem nada haver com outra coisa. O nosso governador, Jacques Wagner, foi absolutamente contra e mais: também foi contra quando sugeriram que o estádio poderia chamar-se “Estádio Governador Jacques Wagner”. Vocês estão malucos? Teria dito. Parabéns governador! Isso quebra uma inclinação comun e antipática em nossa terra. Acabamos de historiá-la. O caso do complexo esportivo da antiga Fonte Nova é emblemático: num mesmo lugar o nome de três governadores. Algo fora do comun.
 
Emquanto isto, a nova Fonte Nova está entre dois nomes, nomes que o grande público haverá de chamá-la abreviadamente, como sempre fez: Estadio da Fonte Nova ou Arena Fonte Nova, ou menos ainda: FONTE NOVA. De relação ao nome Arena da Fonte Nova, uma das construtoras já está chamando assim; pelo menos é o que indica uma placa colocada na cerca de madeira que envolve a construção do estádio. Não deveria! Parece-nos que o projeto indica Estádio da Fonte Nova, mantendo uma tradição.
 
De qualquer sorte, lembramos a todos o significado de ARENA. Em latim significa AREIA, mas uma areia que não nos agrada e nem a ninguém. Refere-se àquela areia que era colocada no piso para encobrir o sangue dos animais mortos.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ESTÁDIO DA FONTE NOVA- BERIMBAU DO TEMPO

O futebol está na ordem do dia. O Brasil deverá sediar a Copa do Mundo de 2014 e a Bahia será uma das sedes do grande certame. Alguns estados preferiram reformar os seus estádios. Outros optaram por fazer novos estádios, mantendo os que já têm e ainda outros, botaram abaixo o que tinha para construir no local um novo estádio. A Bahia está neste último caso. Tinha a Fonte Nova e a demoliu. E daí? Qual é o problema?

Não é só um problema, são dois. Ao tempo em que demoliram o estádio de futebol, demoliram também as piscinas e o ginásio de esportes. Resultado, Salvador ficou sem piscina e sem ginásio de esportes e vai levar tempo para se construam esses equipamentos em outro local.

Em conseqüência, certames nacionais dos esportes de piscina e de “ginásio” não serão realizados em Salvador durante muito tempo. Quem quiser vê-los, terá que assistir pela televisão. Às vezes, até é mais atraente, há de se confessar, contudo, o prejuízo técnico que a falta desses equipamentos causará ao esporte da Bahia é incalculável. Toda uma geração de atletas estará seriamente prejudicada. É o caso do Clube Olímpico da Bahia que treinava nas piscinas da Fonte Nova e acabou de pedir desfiliação à Federação Baiana de Natação. Era um celeiro de grandes nadadores. Fez até um campeão mundial.

Isso é parte de uma realidade, um dos lados da moeda. Vamos dizer que é “CARA”. Já o outro lado, a “COROA” poderá significar o coroamento da construção de um belo estádio com vistas à Copa do Mundo de Futebol, evento que é do interesse de toda uma coletividade, seja ela esportista ou não, goste ou não goste de futebol, pois o que está em jogo é a construção de um monumento de nossa cidade, num dos locais mais belos que ela possui, por onde passa todos os dias centenas de milhares de pessoas e olham, queiram ou não, o andamento dessa gigantesca obra de engenharia.

Claro que este blog não poderia ficar à parte dessa realização. Isso também é história, história de nossa cidade, história moderna.

Somente estávamos em dúvida sobre a melhor forma de registrar o fato e ele estava ali, às nossas vistas, todos os dias que passávamos nas proximidades. O berimbau sustentando um marcador eletrônico de dias, no caso, dos dias que faltam até o grande evento.

Na Bahia o registro desse extraordinário evento tinha que ser sustentado por um dos maiores símbolos de nosso folclore que tem como finalidade marcar o compasso da dança.

Efetivamente, não sabemos se o autor dessa peça teve a intenção de marcar o compasso do tempo com a escultura de um berimbau ou apenas ele está ali como sustentação fisica e material de um marcador eletrônico.

Seja como for, registramos como tendo sido “um compasso do tempo” e quem o diz bem é nosso amigo de longos anos, médico e professor dos mais renomados, parceiro de grandes mergulhos na nossa costa, Dr. Ângelo Decânio Filho:

“A capoeira baiana é um processo dinâmico, coreográfico, desenvolvido por dois parceiros, caracterizado pela associação de movimentos rituais, executados em sintonia com o ritmo ijexá [1], regido pelo toque do berimbau, simulando intenções de ataque, defesa e esquiva...

Mais, diz o grande mestre: Todos os movimentos possíveis do corpo humano são admissíveis no jogo da capoeira, desde que realizados a partir do gingado, em concordância com o toque do berimbau...


Pois é esse berimbau que vai marcar os movimentos construtivos da grande obra; como ela crescerá aos poucos a partir do solo barrento da Fonte Nova até se tornar uma grande casa de espetáculos.

Se passamos pela emoção de registrar o cataclismo da implosão do ex-estádio em postagem memorável, haveremos de tempos em tempos de registrar o crescimento das novas estacas, brotando da terra até as alturas de sua cobertura extraordinária।



Abaixo fazemos o nosso primeiro registro do estágio da obra:

sábado, 12 de novembro de 2011

FAVELA DA ANTIGA FÁBRICA BARRETO DE ARAUJO

Desde a nomeação de Itapagipe como Pólo Industrial de Salvador pelos idos de 1940, implantou-se na península dezenas de indústrias, principalmente de beneficiamento de chocolate. Foram cinco no total, algo em torno de 14% do montante conhecido.
O cacau, àquela época, comandava o espetáculo das exportações brasileiras. Só a indústria Barreto de Araujo processava um milhão de sacas por ano, algo em torno de US$ 120 milhões.
Justamente esta indústria tem uma história muito ligada a Itapagipe de antes e de agora. Foi instalada no chamado Porto do Bonfim, ao lado do Largo do Bonfim, próximo ao Porto da Lenha. Subindo as ladeiras próximas, chega-se à Colina do Senhor do Bonfim.
Antes de se instalar como fábrica de chocolate o local serviu como depósito de pólvora. Sim, isto mesmo! Pólvora! Na época era um produto dos mais importantes ao ponto de a própria capital ser bombardeada por questões de ordem política. Antes dos tiros verdadeiros, deram dois tiros de pólvora como aviso. Brasileiros contra brasileiros. Baianos contra baianos. Decorria o ano de 1912 e precisamente no dia 10 de janeiro, às 14 horas, teve inicio um bombardeio com canhoneio oriundo do Forte do Mar (Forte São Marcelo), Forte de São Pedro e Forte do Barbalho. Os tiros atingiram o Palácio do Governo, a Biblioteca Pública, a Câmara e um quartel da Policia Militar. O “espetáculo dantesco” durou quatro longas horas.





Passado os tempos, eis que em 1960 se instala nesse local a indústria a que estamos nos referindo. Também uma bomba. Jogava seus dejetos no mar ao lado – borra de cacau. A água nas proximidades ficava roxa. Deve ter provocado muitos problemas de saúde.



Findo o grande periodo do cacau da Bahia, entre os anos 1980/1990, todas as fábricas de beneficiamento do cacau fecharam as suas portas, inclusive a Barreto de Araujo. O prédio ficou abandonado por muitos anos até que por volta de 2004/2005, o mesmo foi invadido por pessoas de baixa renda e instalaram dentro de suas dependências, uma favela. Outra bomba.

Até que o ano passado a Prefeitura conseguiu desalojar os invasores e botou abaixo a ex-grande fábrica, encerrando defitinivamente essa história bombástica.

Agora vai se iniciar uma outra história, qual seja o aproveitamento dessa área de 6.675 metros quadrados. Fala-se na construção de um centro de atividades náuticas, com pier e atracadouro para pequenos barcos. Cuidado! É preciso estudar bem a questão. Essa área em horas de maré vazia, fica absolutamente raza à uma distância aproximada de 300 metros, tornando-a abolutamente imprópria para a navegação de barcos até de pequeno porte.

Não é por outra razão que a Marina do Bomfim ao lado, construiu um pier com cerca de 200 metros de extensão, para facilitar a operação dos barcos.


Não quer isto dizer que haja absoluta impropriedade do local para ativades do mar, mas é preciso estudar bem a questão.

Por outro lado, ficamos temerosos que se faça algo de mau gosto que nem foi feito na Pituba, após a demolição do Clube Português.

Aqui, o mau gosto imperou em todos os sentidos, do mar, da terra, do ceu! Outra bomba!