segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DO FORTE DE SANTO ANTÕNIO

A construção dos fortes de Salvador era um incentivo para que a população daquela época fosse construindo suas residências nas proximidades. As igrejas também tinham esse poder de aglutinação.

No caso da construção do Forte do Santo Antônio Além do Carmo foi fundamental para que a cidade se expandisse para esta localidade, tanto no que diz respeito aos templos religiosos, como de relação às residências e o fizeram na extremidade elevada do morro, fundos voltados para o mar, diferentemente do que se fez atualmente no Corredor da Vitória, onde os apartamentos têm sua frente voltada para o mar. Hoje os conceitos de moradia são diferentes dos de antigamente.

Àquela época, prevalecia primeiramente a segurança e em seguida a proximidade com o local de trabalho. Falamos a pouco da segurança transmitida pelo Forte de Santo Antônio e no que se refere ao trabalho, logo ali em baixo, no Pilar, florescia o comércio exuberante dos trapiches que recebiam de todo o mundo as mercadorias de consumo, desde que, àquela época tudo era importado, do que era mais sofisticado até as coisas mais simples da alimentação como o sal.

A construção dos fortes de Salvador eram um incentivo para que a população daquela época fosse construindo suas residências nas proximidades. As igrejas também tinham esse poder de aglutinação.




As residências de Santo Antônio


Fez-se, entretanto, uma pequena praça logo na subida das ruas que começavam na Baixa dos Sapateiros, confluência com o Largo do Pelourinho। A casa acima pintada de amarelo, como que determina o espaço aberto à sua frente.

Largo do Carmo

A mesma situação vamos encontrar no Largo do Pelourinho com o imóvel onde hoje funciona a Fundação Jorge Amado e mais outro ao lado.

Isto não deixa de ser um sinal de planejamento. Parece que o exemplo negativo da Praça da Sé, alertou os governantes daquela época. O processo iniciou-se no Terreiro de Jesus. Agora, vê-se no Santo Antônio e, de alguma forma, percebe-se no Largo de Santo Antônio.


Largo do Pelourinho


Largo de Santo Antônio

domingo, 27 de fevereiro de 2011

IGREJA DE SANTO ANTÔNIO E A FEIRA DE SÃO JOAQUIM

Na postagem anterior, dizíamos que o Forte de Santo Antônio fora construído entre 1624 a 1625. Deixamos de acrescentar que, junto com o do Barbalho e o Santo Alberto na Jequitaia, constituíam o sistema de defesa dessa parte da cidade.

Já a igreja teria sido erguida por volta de 1642. Curiosamente, entretanto, há citações que já em 1594 existia no local uma capelinha que se diz ter sido construída por um senhor de engenho de Água de Meninos chamado Cristóvão de Aguiar Daltro e que “o mesmo teria recebido de Tomé de Souza em 1549 uma doação de terras na parte norte da cidade onde existia uma nascente de água e que esta água formava lá em baixo um verdadeiro lago onde os meninos da região costumavam se divertir, originando-se daí o nome “Água de Meninos”.

Todas as pessoas têm o direito de se expressar da forma que quiserem. É o caso da citação acima sobre a Água de Meninos. (Origem de seu nome). Acontece, porém que há também o direito de discordância, principalmente se o que foi escrito diverge de uma realidade expressa de outra maneira como foi o nosso caso quando, em 16/11/09, escrevíamos outra versão. Vejam:

Está faltando ainda uma coisa. O porquê da expressão “Água de Meninos”?
Foram feitas pesquisas de todos os lados e nada foi encontrado. Há uma hipótese que agora levantamos de que a referida expressão teria tido origem no fato de que, antes da aterragem da área, existia uma praia denominada Praia da Jequitaia. A referida praia, como todas as outras existentes nas proximidades até Monte Serrat, possuía uma barreira de recifes. Muito provavelmente, essas barreiras formavam bacias tranqüilas nas marés vazias. Uma delas seria a “Agua de Meninos”. Segurança de todos. Pura garantia! Também uma expressão bem baianês. Água de Meninos.


O conhecido costume dos meninos do Barbalho e Santo Antônio descerem para tomarem banho no cais de 10 metros, como acontecia na década de 1940, poderia ter advindo do uso da Praia da Jequitaia para os banhos em suas bacias.


A hipótese de que a expressão "Água de Meninos" teria surgido porque os padres costumavam batizar os meninos na Praia da Jequitaia, não se sustenta. O batismo católico é feito no interior das igrejas.


A Feira de Água de Meninos se originou de uma antiga feira móvel que se formava na altura do sétimo armazém das Docas da Bahia. Era chamada Feira do Sete. Os comerciantes sempre reclamavam da mobilidade dessa feira. Achavam que ela deveria ser fixa. Um vacilo aqui, outro acolá,conseguiram se transferir para um terrero ao lado que havia sido aterrado. Foram ficando, primeiramente em pequeno número até que todos aderiram à mudança. Os poderes constituídos não tiveram força para removê-los, bem assim as Companhias de Petróleo que tinham seus tanques nas proximidades. Razões políticas compunham o quadro. Isto teria ocorrido na década de 1930. Ninguém sabe precisar o ano exato.

Sétimo Armazém

O local era o melhor possível. De um lado a avenida que ali passava e do outro um magnífico cais que dava ao local uma profundidade de 10 metros. Os saveiros do Recôncavo e das Ilhas que abasteciam Salvador pelos lados de Itapagipe – Porto da Lenha – agora podiam chegar tranquilamente mais próximos da “cidade”. Aquela área tinha sido aterrada para a construção do Porto de Salvador. As praias e os recifes existentes na área tinham ficado em baixo da terra. Estava livre o caminho do mar!


Antiga Feira de Água de Meninos


Agora, além da versão do batismo, incongruente, surge esta da formação de um lago de água doce na Praia da Jequitaia, ainda mais inverossímil।

Por fim, precisamos colocar algumas ressalvas de relação ao senhor Cristovão Aguiar Daltro. O referido senhor em 1553 era Almoxarife dos Armazéns e Manafatura de Salvador. É uma citação histórica das mais confiáveis.

Ele não poderia ter vivido até 1594, isto é, 45 anos após, desde que ao tempo do “almoxarifado” ele já deveria possuir algo em torno de 25 a 30 anos. Somadas os dois períodos, ele em 1594 estaria com cerca de 75 anos, idade inalcançável àquele época onde a expectativa de vida não chegava aos 35 anos.


Nossa descrença sobre essa informação aumenta fortemente quando seus autores, ainda falando sobre a Água de Meninos, afirmam que o Sr. Daltro “aproveitou a força motora das águas daquela nascente...”

Naqueles tempos, o aproveitamento da força motora das águas de uma nascente é algo inacreditável, para não dizer inaceitável.

Outro ponto digno de registro é a versão de como a surgiu a feira de Água de Meninos. Foi dito que o lago foi aterrado e no local se fez a feira.

Contestamos: já vimos que não havia lago algum no local. A área foi efetivamente aterrada para a construção da Avenida Jequitaia e, principalmente, do Porto de Salvador, conforme se vê em foto posterior:

Aterro do Porto de Salvador


A parte à esquerda inferior da foto já se trata do começo da área onde era a Água de Meninos. Rigorosamente, este pedaço é onde hoje se encontra a Base Baker. Após ela, o aterro prossegue, mas a câmara não focalizou.

Tabela de expectativa de vida mundial

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

IGREJA DE SANTO ANTÔNIO

Na postagem anterior, dizíamos que o Forte de Santo Antônio fora construído entre 1624 a 1625. Deixamos de acrescentar que, junto com o do Barbalho e o Santo Alberto na Jequitaia, constituíam o sistema de defesa dessa parte da cidade.

Curiosamente, entretanto, há citações que já em 1594 existia no local uma capelinha que se diz ter sido construída por um senhor de engenho de Água de Meninos chamado Cristóvão de Aguiar Daltro e que “o mesmo teria recebido de Tomé de Souza em 1549 uma doação de terras na parte norte da cidade onde existia uma nascente de água e que esta água formava lá em baixo um verdadeiro lago onde os meninos da região costumavam se divertir, originando-se daí o nome “Água de Meninos”.

Todas as pessoas têm o direito de se expressar da forma que quiserem. É o caso da citação acima sobre a Água de Meninos. (Origem de seu nome). Acontece, porém, que, há também o direito de discordar, principalmente em razão de que diverge totalmente do que escrevemos em 16/11/2009:

Está faltando ainda uma coisa. O porquê da expressão “Água de Meninos”?
Foram feitas pesquisas de todos os lados e nada foi encontrado. Há uma hipótese que agora levantamos de que a referida expressão teria tido origem no fato de que, antes da aterragem da área, existia uma praia denominada Praia da Jequitaia. A referida praia, como todas as outras existentes nas proximidades até Monte Serrat, possuía uma barreira de recifes. Muito provavelmente, essas barreiras formavam bacias tranqüilas nas marés vazias. Uma delas seria a “Agua de Meninos”. Segurança de todos. Pura garantia! Também uma expressão bem baianês. Água de Meninos.
O conhecido costume dos meninos do Barbalho e Santo Antônio descerem para tomarem banho no cais de 10 metros, como acontecia na década de 1940, poderia ter advindo do uso da Praia da Jequitaia para os banhos em suas bacias.

A hipótese de que a expressão "Água de Meninos" teria surgido porque os padres costumavam batizar os meninos na Praia da Jequitaia, não se sustenta. O batismo católico é feito no interior das igrejas.

Agora, além da versão do batismo surge esta da formação de um lago de água doce na Praia da Jequitaia. Parece-nos pior do que a dos padres.

Nossa descrença sobre essa informação aumenta fortemente quando seus autores, ainda falando sobre a Água de Meninos, afirmam que o Sr. Daltro “aproveitou a força motora das águas daquela nascente...”

Naqueles tempos, o aproveitamento da força motora das águas de uma nascente é algo inacreditável, para não dizer inaceitável.

Outro ponto digno de registro é a doação feita por Tomé de Souza, justamente em 1549 O homem estava chegando à Bahia naquele ano junto com o mestre de obra Luiz Dias. Os dois estavam preocupados com a fundação da cidade; sua proteção; onde seria a Casa do Governador; a Cadeia Pública; a Igreja; onde alojar os que vieram com eles. Problemas de uma enorme complexidade e não seria nesse momento que estaria fazendo concessões de terras fora dos limites da cidade. Àquela altura, nessa área só tinha índio.


Igreja de Santo Antônio


Detalhe


Em todo seu esplendor
De lado




FORTE DE SANTO ANTÔNIO

Há uma certa similaridade entre fortes e igrejas na formação da cidade de Salvador. Temos visto ao longo dessas postagens que a construção de uma igreja num determinado lugar, atraiu a construção de residências de colonos.
Isto aconteceu de forma bastante clara na Praça da Sé por volta de 1550 qusndo os jesuítas construiram a sua igreja nesse espaço, na época, extra-muros.
Sobre essa tendência de deslocamento, nunca é demais citar o vaticinio do Padre Simão Rodrigues quando em diálogo com El-Rei D. João III lhe disse:
Não se arreceei Vossa Alteza de ficar a casa fora da Cidade; a cidade virá juntar-se ao redor da casa”.
E a Praça da Sé em pouco tempo se tornou um bairro, com centenas de casas e ruas que que se cruzavam em todos os sentidos.
O mesmo poder-se-á dizer dos fortes, talvez sem a força aglutinadora das igrejas. Quando construído em determinado lugar, logo se aproximavam as pessoas com suas residências.
É natural que isto acontecesse. Um forte àquela época, garantia a segurança do espaço onde se instalava. Era uma fortificação dotada de recursos de defesa e ataque, desde que, nesse último aspécto mantinha tropas em seu interior que poderiam sair atirando.
Mas, além da garantia do espaço em torno, o forte também garantia o que estava ou ficou atrás de sí. É claro! Pra começo de conversa, todo o material de sua construção veio da retaguarda que se estruturava de alguma forma através de caminhos que se faziam para chegar até ele. As pessoas começavam a se acostumar com o desconhecido e iam perdendo o medo. Aos poucos descobriam os recursos da área ou suas deficiências. Asseguravam-se! Por exemplo, quando os jesuítas se deslocaram da Praça da Sé atual para o Terreiro de Jesus, também atual, o Forte de Santo Antônio já tinha executado todo aquele processo de reconhecimento da área,- a varredura- já a protegia sobremaneira, “pode construir que eu garanto” se pudesse dizer, enfim abria os caminhos para a expansão da cidade.
O forte foi construído entre 1624/1625. Os padres jejuitas começaram a construir seu colégio no Terreiro de Jesus por volta de 1640/1642. A igreja, em torno de 1652. Portanto, já haviam se passado cerca de 15 a 16 anos de garantia. Venham! Podem chegar!



Forte de Santo Antônio
 
 

É um forte heroi! Sofreu ataque das forças holandezas que invadiram Salvador em duas oportunidades. Resistiu bem. Ainda resiste às forças da modernidade. Em 1920 construriam um frontispício neogótico que descacterizou a sua fachada. Fizeram até um pavimento em concreto.
Foi “pau para toda obra”: foi casa de Detenção, Casa de Comando, Quartel de tropa, Sede de bloco carnavalesco (Os Lord’s) e Centro Esportivo de Capoeira.
Essas ocupações foram mais prejudiciais do que as próprias invasões holandesas. Pelo menos eram forças paralelas. Havia como combater. Já essas...?
Forte de Santo Antônio

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

CARNAVAL DE ONTEM E DE HOJE NO CENTRO HISTÓRICO

Estamos a uma semana do Carnaval। Os tambores e os tamborins já estão esquentando, como dizem os foliões। Os ensaios pré-carnavalescos se sucedem por toda a parte। Os Trios Elétricos recebem os últimos preparativos। Os abadás começam a ser distribuídos. Estão custando uma nota. Tem até por R$1.890.00. Tem mais. Para a festa ficar completa tem que ter camarote após o desfile. Esse é o barato ou o caro! Se não conseguir um convite para o de Daniela Mercury ou de Gilberto Gil, precisará gastar pelo menos uns trezentos reais por noite em qualquer outro.

E como era antigamente? Tinha camarote? Comprava-se abadá?

Nada disto! O camarote de antigamente se restringia a uma simples cadeira ou banco que era colocado na avenida, entre São Pedro e o Rosário para assistir aos desfiles dos grandes clubes, Fantoches, Inocentes e Cruz Vermelha। A maioria era amarrada nos troncos das árvores ou nos postes para não ter de carregar de volta todos os dias।

Não tinha esse “negócio” de abadá. De dia, todo mundo se mascarava. Era bastante um pijama e uma máscara de pano ou um simples macacão com a mesma máscara. Ficava alinhado! Os mais irreverentes pegavam o vestido velho da esposa ou da filha e saíam pela avenida falando fino.

A coisa começava cedo e terminava ainda mais cedo। Já a partir das 9 horas de manhã, a Rua Chile estava repleta de foliões. Geralmente a música vinha de alto-falantes colocados nos postes. Vez em quando aparecia um bloco de percussão. Aí aumentava a animação. Ele pintava na Rua da Misericórdia, percorria toda a Rua Chile e retornava pela Rua d’Ajuda. Repetia o percurso várias vezes. Nas calçadas ficava o povo que não se mascarava, geralmente as meninas bonitas daquela época. Eram muitas, quase todas! Lança-perfume na mão, “colombina” de vidro ou “rodô” de metal. Jogavam confete e serpentina. Uma festa de cores e perfumes que se “prolongava” até no máximo duas horas da tarde.

 Todos se recolhiam às suas casas, inclusive os mascarados. A avenida se esvaziava. Somente voltava a encher à partir das cinco horas. Os rapazes com suas melhores camisas: as moças com seus melhores vestidos. Era a hora dos acertos de contas. Quem é quem! Lá pelas 7 horas da noite, começava o desfile dos grandes clubes, como eram chamados, Fantoches da Euterpe, Cruz Vermelha e Inocentes em Progresso. Carros alegóricos de uma beleza extraordinária. Figuras em movimento. Muito brilho. Belíssimas moças em cima de suas plataformas. Geralmente, eram três carros. No último vinha a Rainha do Clube, geralmente uma moça da mais alta sociedade. Passavam ao som de batedores com suas cornetas estridentes. Só Isto! Os baluartes de cada clube ostentavam na lapela do paletó (sim paletó) o escudo do clube com um sistema de iluminação própria. Vibravam! Era uma tradição. Em seguida o povo se recolhia de novo às suas casas. Era hora de um pequeno descanso e já às nove horas todos estavam se dirigindo aos grandes clubes, devidamente fantasiados. Cruzavam a Rua Chile em passos rápidos. Pegavam a Rua Carlos Gomes. A fila já estava pela Rádio Sociedade. Estamos nos referindo ao grande Carnaval dos Fantoches. Era domingo, segunda e terça. Um grande evento social. Satisfazia aos anseios de diversão dos jovens de então. Hoje existem outras preferências. Fica até enfadonho citar que a coisa era assim. Torna-se ridículo e incompreensível!


Mascarados


No Pelourinho


Agora vejam o que estão preparando para esse ano no Circuito Barra Ondina. É gigantesco! Carnaval da Bahia é realmente o maior do mundo. São quase 10 quilômetros de passarela. No Rio a Marquês de Sapucaí tem 750 metros.




























quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

BAIXA DOS SAPATEIROS

Na postagem anterior “descemos” o Pelourinho; a cidade “crescia” para esses lados; alcança a Baixa dos Sapateiros, a verdadeira Baixa dos Sapateiros que não é outra senão a conhecida Taboão, possivelmente, o primeiro centro comercial da nova cidade; mais abaixo, situa-se o Pilar, grande centro atacadista e seus trapiches, municiados pelo Cais do Ouro.

Esse blog já tratou dessa área há dois anos, e para que se possa entender melhor este processo de crescimento da Cidade de Salvador, vamos nos reportar à reportagem sobre a Baixa dos Sapateiros. Escreviamos: pouca gente se dá conta de quanto deve ser antiga a Ladeira do Taboão. Seu inicio dá-se na confluência entre a Ladeira do Pelourinho e a Ladeira do Carmo, recantos dos mais antigos. Nas proximidades, começou a cidade. Ai expusemos a foto abaixo da atual Ladeira do Pelourinho:

Ladeira do Pelourinho

Dizíamos: Ao seu final tem inicio a Rua ou Ladeira do Taboão. Em frente, de subida, a Ladeira do Carmo.
Como se sabe, as construções no Pelourinho são muito antigas. As primeiras da Bahia de antigamente. Em conseqüência, as pessoas que habitavam essa área e outras tantas que passavam por ela, na busca incessante de víveres para a sobrevivência, teriam se servido dessa descida para alcançar a Cidade Bahia.
E o faziam justamente descendo esta ladeira e pegando outra – Ladeira do Taboão- exatamente a nossa verdadeira Baixa dos Sapateiros. Completavam o percurso pelo chamado Caminho Novo do Taboão, que não é outro senão a Ladeira do Pilar, onde se concentravam os trapiches, principais casas de negócios daqueles tempos. Lá ficava o famoso Cais do Ouro ou Cais Dourado.
Ladeira do Pilar
Reparem a simetria dos prédios। Quase todos da mesma altura। Vejamos um comentário super significativo sobre a mesma: “Ao caminhar devagar pelas ruas, antes de chegar ao antigo elevador, é possível apreciar o visual dos prédios com suas fachadas em estilo art déco, com altura média de quatro a seis andares. O que impressiona é a simetria. Parecem miniaturas do legendário Empire State Building, de Nova Iorque, o maior exemplo desse estilo em todo o mundo”.

Cais do Ouro ou Cais Dourado
(atual Praça Marechal Deodoro)

Trapiche daqueles tempos - Ruínas do presente

Observávamos naquela ocasião sobre a Ladeira do Taboão: Era aqui a verdadeira Baixa dos Sapateiros! A versão de que a Avenida J.J. Seabra ganhou o nome de Baixa dos Sapateiros em razão da instalação de uma fábrica de sapatos por imigrantes italianos, não se sustenta. Eram muitos os sapateiros instalados no Taboão. Ainda existem alguns. Prova disto é que o comércio ainda hoje é muito inclinado para artigos de couro e suas variantes modernas de plástico, caracterizando suas origens.Completávamos: Por outro lado, a hoje Avenida José Joaquim Seabra, ainda não existia. No local passava o Rio das Tripas ou Camurugipe. Somente no final do século XIX foi feita uma drenagem e o rio foi tubulado a uma profundidade de 7 metros. Há notícias que no século XVIII o local reunia inúmeras hortas, daí a denominação de Rua das Hortas, como era chamado o local. Também o chamaram de Rua da Vala, por abrigar uma grande vala por onde desaguava o Rio das Tripas. Nada de Baixa de Sapateiros! A verdadeira fervilhava há muito tempo numa transversal da Rua da Vala, em direção aos Bairros do Comércio e do Pilar. A nossa hoje Ladeira do Taboão.

Mapa de 1550
Há de se reparar na parte superior do mapa o nosso conhecido Rio das Tripas, afluente do Camurugipe, onde hoje se acha a Avenida J.J. Seabra. Era assim a Salvador de 1550.
As duas setas azuis sinalizam o seu percurso.
Há notícias que no século XVIII o local reunia inúmeras hortas, daí a denominação de Rua das Hortas, como era chamado o local. Também o chamaram de Rua da Vala, por abrigar uma grande vala por onde desaguava o Rio das Tripas. Nada de Baixa de Sapateiros! A verdadeira fervilhava há muito tempo numa transversal da Rua da Vala, em direção aos Bairros do Comércio e do Pilar. A nossa hoje Ladeira do Taboão.

Ladeira do Taboão -Princípio do Século XX


Reparem a simetria dos prédios। Quase todos da mesma altura. Vejamos um comentário super significativo sobre a mesma:
“Ao caminhar devagar pelas ruas, antes de chegar ao antigo elevador, é possível apreciar o visual dos prédios com suas fachadas em estilo art déco, com altura média de quatro a seis andares. O que impressiona é a simetria. Parecem miniaturas do legendário Empire State Building, de Nova Iorque, o maior exemplo desse estilo em todo o mundo”.

Prédios da verdadeira Baixa dos Sapateiros।


Foi nessa rua que Ary Barroso se inspirou para compor a sua famosa “Baixa dos Sapateiros” em 1938. Diz-se que na época o excepcional compositor ainda não tinha conhecido a Bahia. Surgiu n' alma. Questão de genialidade!"Na Baixa do Sapateiro encontrei um dia a morena mais frajola da Bahia Pedi-lhe um beijo, não deu Um abraço, sorriu Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu Bahia, terra da felicidade Morena, eu ando louco de saudade Meu Senhor do Bonfim Arranje outra morena igualzinha pra mim Oh! amor, ai Amor bobagem que a gente não explica, ai ai Prova um bocadinho, ô Fica envenenado, E pro resto da vida é um tal de sofrer Ôlará, ôlerê Ô Bahia Bahia que não me sai do pensamento Faço o meu lamento, ô Na desesperança, ô De encontrar nesse mundo Um amor que eu perdi na Bahia, vou contar Ô Bahia Bahia que não me sai do pensamento..."
 Belíssimo.


Ary Barroso - O homem da gaita

PELOURINHO – IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

Logo a seguir a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Contam-se muitas lendas sobre ela. Uma delas de que teria aparecido nas águas do mar da costa africana numa praia onde só brancos frequentavam. Fizeram tudo para retirar a imagem das águas e não conseguiram. Aí pediram ajuda aos negros de uma vila próxima. Esses ao chegaram, começaram a dançar e a tocar seus tambores. Em pouco tempo a santa, comovida, veio até a praia.

Diz-se que os padres dominicanos, utilizaram da imagem da santa para catequizar os povos africanos. Para tanto diziam que a Santa era como o Orixá Ifá do Panteão Mitológico. Este como s Santa possuiam um colar de sementes de palmeiras que foi associado ao Rosário de Maria.

Sua igreja em Salvador fica em pleno Pelourinho. Estilo rococó. Sua construção foi iniciada em 1704 pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Pelourinho e foi concluída em 1796. Portanto levou 92 anos a sua construção. A maioria dos que ajudaram na obra não viu o seu término.
Explica-se a demora pelo fato de que somente nas horas vagas, os homens pretos, a maioria escrava, trabalhava na obra.

A devoção a Nossa Senhora do Rosário tem sua origem entre os dominicanos, por volta de 1200. É muito antiga.



Imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Na Bahia existem mais três igrejas denominadas “Nossa Senhora do Rosário”, mas nenhuma delas com a complementação “dos pretos” ou dos “homens pretos”, são elas:

• Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Cachoeira;
• Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Remanso;
• Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Itaberaba.

No Brasil, de um modo geral são muitas. Só em Mians Gerais são 25.

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos - Salvador



Ouro Preto - Uma das mais belas

São Paulo- Largo do Paisandu

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

PELOURINHO

Pelourinho em Salvador significa dizer o atual Centro Histórico, desde a Praça Municipal ou até mesmo antes (Praça Castro Akves), até às ruas sinuosos de Santo Antônio Além do Carmo.

Antigamente, até década de 1950, contudo, se alguém disesse – vou ao Pelourinho – estava se referindo especificamente ao Largo do Pelourinho, à Ladeira do Pelourinho, no máximo, até à rua que margeia a lateral da antiga Faculdade de Medicina, bem como a outra que lhe é paralela. O restante era, peremptoriamente, Terreiro de Jesús, Praça da Sé, Rua da Misericórdia, Praça Municipal e por aí afora.

À partir do ano de 1990 quando se deu a primeira reforma de seus casarões e ruas e se tornou Patrimônio Cultural da Humanidade, além de outros títulos, o Pelourinho abrangia praticamente todo o Centro Histórico de Salvador, acima citado.

Hoje, “vou ao Pelourinho” não signfica apenas à ladeira que lhe é peculiar e sim todo aquele aglomerado de casas, praças e ruas do centro alto de Salvador.

O nome Pelourinho significa “o local público onde se cumpriam os atos aos quais devia ser dado público conhecimento; era uma espécie de “Diário Oficial” verbal decorrente do Direito Romano. Assim, alí eram aberto os “pelouros”, que, por sua vez eram bolas de cera as quais continham os votos dos Vereadores, secretos até sua abertura e ali o resultado das votações eram tornados públicos, cumprindo o principio da publicidade dos atos adminstrativos e só passavam a vigorá após isso”.

Esta é a descrição como que “oficial” do que é um Pelourinho. Ao longos dos anos, entretanto, a palavra Pelourinho foi se depreciando em razão de interpretação errônea do seu sigfnificado histórico, passando a ser considerado como instrumento de punição e tortura exclusivamente escravagista. Não era! Também os criminosos não escravos eram punidos nos pelourinhos das cidades de todo o Brasil e do mundo.

Ao rigor da referida interpretação, dever-se-ia também extinguir a palavra “pelourinho” desde que ela significa justamente local de tortura. Seria melhor instituir oficialmente o nome Pelô, mais de acordo com o sábio jeito baiano de simplificação das coisas e beleza das palavras.

Poder-se-á pensar que só em Salvador existiram “pelourinhos”. Não! Em muitas partes do Brasil se fizeram “pelourinhos" como em Mariana em Minas Gerais e Alcântara no Maranhão, até hoje preservados.


Pelourinho de Mariana – Minas Gerais


Pelourinho da Cidade de Alcântara no Maranhão


Em Portugual existem centenas deles, bem conservados. Um dos mais espetaculares é este:

Pelourinho de Bragança

Assentado sobre uma figura zoomórfica, um berrão, conhecida com a “porca da vila”
Bragança - Portugal

Normalmente, contudo, os pelourinhos são encimados por uma esfera armilar ou por uma esfera esculpida em pedra.

O de Salvador que o autor conheceu, não tinha nada disto. Era um pedaço de pedra de aproximados 80 centímetros de altura com uma curvatura na parte superior. Ainda aí, existia uma argola de ferro. Horrível! Ficava bem ao meio da ladeira na parte à direita de quem sobe.

Seguindo a mesma orientação urbanistica do Terreiro de Jesus, também no Pelourinho as casas foram construidas nas laterais do largo, não se permitindo a construção no seu interior (miolo) como aconteceu na Sé.


Pelourinho

Aqui também morou a aristrocacia da época



Pelourinho

Uma das ladeiras de acesso ao Pelourinho

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

SALVADOR EXTRA-MUROS

Escrevemos noutra oportunidade que a construção de Salvador em 1549 obedeceu a um projeto elaborado pelo mestre de obra português Luiz Dias que chegou ao Brasil junto com Tomé de Souza.
Não se sabe ao certo se a elaboração desse projeto já veio pronta de Portugal ou se foi feita aqui, após a chegada do referido profissional. Possivelmente, Luiz Dias teria sido informado das características físicas do local onde seria implantada a cidade e já aqui, fez as correções necessárias, principalmente de relação às medidas.


Como era Salvador àquele tempo


Extraordinário trabalho executado pelo senhor Rubens Antônio, do qual tratamos em nossa postagem datada de 22 de janeiro de 2011, que agora reproduzimos:

O QUE SE CHAMA “CIDADE ALTA”
À principio, a Cidade de Salvador deveria ser mais ou menos assim

Como era Salvador àquele tempo



Foi fotografada uma boa parte da cidade atualmente e, em seguida, retirados todos os componentes então existentes। Restou a virgindade de seu mar, suas praias e sua encosta.

Geograficamente, esta encosta com cerca de 80 metros de altura, é onde hoje se encontra a Cidade Alta de Salvador.
Vejamo-la em mapa da época ou bem próximo dela.


Mapa datado de 1549/1551


Destaque para as portas de Santa Luzia à direita; a da Barroquinha ao alto e a de Santa Catarina à esquerda. O limite sul começava onde é hoje a Praça Castro Alves – ela exclusa – e o limite norte ficava no principio da atual Rua da Misericódia, esquina com a atual Ladeira da Praça (Rua da Misericórdia exclusa).
Todo esse conjunto foi protegido por muros feitos de madeira e barro, como se fosse uma fortaleza. Em razão disso Salvador era conhecida como a “Cidade Fortaleza”. Para completar foi aparentada com canhões no seu entorno, principalmente dos lados de Santa Luzia, em razão da presença nas proximidades, da atual São Bento, de um acampamento índio.

Dentro desse espaço foi construída a Cidade de Salvador, a casa do Governador, a cadeia pública, a igreja e, naturalmente as residências de seus habitantes, a maioria deles vinda com Tomé de Souza. Certamente, muitos que já moravam na Vila Pereira, devem ter se transferido para o novo espaço.

Apesar dos jesuítas terem tido seu espaço no arcabouço da nova cidade – onde se construiu a Igreja da Ajuda – eles pretendiam muito mais, principalmente um lugar para a construção de um colégio. Embora fiéis à doutrina da Igreja Católica, o trabalho principal dos seus membros era de caráter missionário e vocacional.

Para tanto, foram diretamente a Tomé de Souza. Queriam esse espaço! E sabem como é político? – não sabe dizer não – Concedeu aos padres um terreno fora dos muros da cidade. Esses não ficaram satisfeitos. Nesse particular vejam que interessante citação do fato:

“Razão tinha Manuel da Nóbrega para dar a Tomé de Sousa, quando este lhe objetava estar fora da cidade o local escolhido para o Colégio; a mesma resposta que o Padre Simão Rodrigues deu a El-Rei D. João III perante objeção idêntica, a respeito da casa de S. Roque, em Lisboa: _Não se arreceie Vossa Alteza de ficar a casa fora da Cidade; a cidade virá juntar-se ao redor da casa. E assim foi. O grande bairro dos Andrades teve como célula genética a casa de S. Roque, como o Colégio da Bahia veio a fazer do Terreiro de Jesus o ponto central de Salvador”. 

O terreno concedido era além da porta de Santa Catharina, onde é hoje precisamente a Praça da Sé. Aí os jesuítas construíram o seu primeiro colégio e anexo uma pequena igreja, ambos de madeira e barro, a chamada taipa de pilão e cobertura de palha Não mais do que isto!

E como fora previsto, dentro de pouco tempo, muitos colonos foram construindo suas casas em torno. O local era muito aprazível. Formou-se um bairro. O bairro da Sé.

Mas os jesuítas queriam mais. Queriam construir uma igreja e um colégio de verdade. Movimentaram seus recursos ao redor do mundo, principalmente em Portugal e já em 1581 inauguraram com grande pompa a Igreja da Sé. Tomé de Souza já tinha sido exonerado, bem como seu sucessor Duarte da Costa, bem assim Mem de Sá, numa sucessão de exonerações e sucessões espetaculares. Vejamos de passagem:

Tomé de Souza foi exonerado a pedido em 1553. O substituiu Duarte da Costa que, por sua vez foi exonerado pouco tempo depois. Seu sucessor, D Luis de Vasconcelos não chegou ao Brasil. Morreu na viagem atacado por corsários franceses. Nessa ocasião morreram também 40 jesuitas que acompanhavam o novo governador do Brasil. Esses padres ficaram conhecidos pelo nome de os Quarenta Mártires do Brasil.

Em 1573 o Brasil foi dividido cm dois governos: para o Norte, com a capital em Salvador, foi nomeado Luis de Brito e Almeida e para o Sul, com sede no Rio de janeiro.

Em 1577 ficou só no poder Luís de Brito, mas, já no ano seguinte, era substituído por Lourenço da Veiga। Governava Lourenço da Veiga quando, em 1580, Portugal e suas colónias passaram para o domínio espanhol.

Em 1640 houve a Restauração: Portugal libertou-se do domínio espanhol. Ainda nesse ano, um governador-geral teve o título de vice-rei do Brasil. Chamava-se D. Jorge de Mascarenhas.

O último governador-geral e vice-rei do Brasil foi o oitavo Conde dos Arcos, que governou até 1805




Acima, a atual Rua da Misericórdia e ao fundo a antiga Igreja da Sé. Era como que uma parede ao fim da rua, mas não se pode afirmar que era feio; no máximo que era extranho ou inusitado mas, sem dúvida muito próprio de uma época. As coisas eram juntas - as pessoas e também os imóveis. Era enorme! Começava bem próximo onde está a Cruz Caída de Mario Cravo e ia até 20 ou 30 metros onde é ainda hoje a Casa Primavera. Tiveram coragem de derrubá-la.


A Primavera – Tradicional casa comercial da Praça da Sé




As duas fotos acima dão bem uma idéia da extensão da igreja। Imensa


Apesar dessa igreja se manter erguida até 1933, quando foi demolida, os padres jesuítas a abandonaram, isto é, deixaram-na se deteriorar com o tempo. Estavam de olho em outro terreno mais adiante onde é hoje o Terreiro de Jesus.

Eles não gostaram do que foi previsto por Tomé de Souza, isto é, o povo acorreu em massa para o novo espaço e construíram sem nenhuma ordenação urbana grande número de residências. A igreja ficava entre elas, como que abafada.

Era hora de se mudar. Conseguiram um terreno onde é hoje o Terreiro de Jesus e diferentemente do que aconteceu na Praça da Sé, não queriam que a população os seguisse da forma como aconteceu anteriormente. Era necessário um ordenamento. O local se prestava para a construção de uma grande praça, tendo a igreja como referência.

Só foi permitida a construção de residências nas laterais do largo e estas residências teriam que ser de alta qualidade. Como conseguiram este intento é difícil perceber. Acredita-se que o governo de então tenha ditado as regras. De relação a hipótese de que toda aquela área havia sido doada aos jesuítas cai por terra, desde que outras organizações religiosas também se instalaram no grande largo.



Grandes residências – A aristrocracia se fez presente


Fossem os jesuítas proprietários efetivos, isto não aconteceria. Deve ter sido mesmo o governo e tanto é verdade que no crescimento da cidade para o lado norte fizeram -se novas praças, como foram os casos do Pelourinho e do Largo de Santo Antônio