sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A MANSÃO DO HOSPITAL ESPANHOL É DO PRINCIPIO DO SÉCULO PASSADO

Em postagem anterior, destacamos o decreto do Governo do Estado  considerando de utilidade pública o Hospital Espanhol. Isto quer dizer que, quem comprar o espaço e seus componentes, todo ele, terá que funcionar como sendo exclusivamente um  hospital .

Mais do que justa a decisão do governador, em razão da enorme utilidade de seus serviços à população da cidade. 

Também destacamos a mansão onde teria começado o hospital. Fica na extremidade do Morro do Gavazza com vista para o mar. Um espetáculo! Muito bonita!



Não se sabe ao certo em que ano foi construída. Podemos fazer conjecturas a partir de 1887 quando 124 membros da comunidade espanhola compraram um chalé então existente no local. No local funcionava o Centro de Saúde da Terceira Idade Manuel Antas Fraga que foi presidente da instituição:

Sr. Manuel Antas Fraga

Chalé então existente onde é hoje o Hospital Espanhol

Vamos ver uma foto mais ilustrativa do que esta:


Nesta foto, vê-se claramente o então chalé existente no alto do morro. Do lado do mar o Forte de Santa Maria e no alto a Igreja de Santo Antônio da Barra. As casas em fila no centro da foto (abaixo) pertencem a hoje Praia do Porto.(em frente ao forte).

Na base do morro onde se encontra o chalé, vê-se ruínas de velhas casas.. Também há de se notar que o "caminho" então existente passa bem na base do morro (até se estreita um pouco no local). Isto determina, com absoluta certeza, que a avenida que se construiu entre 1910/1916 tomou uma boa parte dos rochedos em frente à quina do morro desde o Largo do Farol.




Em traços amarelos indica-se, aproximadamente, por onde hoje passa a avenida nesse trecho.

De relação a data de construção da atual mansão, acredita-se ter acontecido entre 1910/1920, quando se construiu a avenida que hoje conhecemos.


Acima uma preciosa foto do Porto da Barra já com a avenida em plano elevado em relação à praia.Vê-se a balaustrada desde então, uma marca desse local. Focalizando o morro do Gavasa, nota-se ainda a existência do antigo chalé mostrado em fotos anteriores. Isso nos faz acreditar que a atual mansão onde funciona ou funcionava o Centro de Saúde da Terceira Idade, pode ter sido construído em data bem posterior a 1920, possivelmente na década de 30, próximo de 1940.Por outro lado, é  notável a fileira de prédios em frente à Praia do Porto. Quase todos ou todos com dois andares.

HOSPITAL ESPANHOL É AGORA DE UTILIDADE PÚBLICA

Em Salvador é preciso muito cuidado com as antigas mansões, igrejas, etc. desde que a expansão imobiliária está sempre em prontidão para dominar os espaços que estes prédios ocupam no contexto de uma cidade antiga e bela.

A poucos anos atrás, na calada da noite, demoliram a Mansão Wildberger na Vitória, aos fundos da igreja que ali existe, devidamente tombada, e no local estão construindo um prédio de 40 andares.

Mansão Wildberger

Totalmente destruída

Panorama da destruição

Edifício Mansão Wildberger

Foi assim no Corredor da Vitória. Repleto de lindas e extraordinárias mansões:

Corredor da Vitória

Inusitado, entretanto, é a permanência intacta de um imóvel nesse mesmo Corredor da Vitória. Inicialmente era um armazém e agora é uma casa de frutas. Número 2.537. Lembra bem antiga música carnavalesca denominada.  “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”  Deve valer uma nota. 

Casa de Frutas- Inabalável!

Outra área que corre grande perigo de se transformar em um novo corredor de edifícios é Santo Antônio Além do Carmo. 

Santo Antônio Além do Carmo

Dizem que, praticamente, todos as casas ali existentes já foram compradas. Determinada pessoa teria comprado 36 delas.

Agora surge um caso que vai dar muito o que falar. Trata-se do Hospital Espanhol. Teria fechado ou está se fechando. Tem um posicionamento estratégico e maravilhoso entre o Porto e o Farol. A mansão na qual teria começado o hospital é deveras maravilhosa.

Mansão do Hospital Espanhol - Um dos setores - Uma linda mansão do principio do século passado

Acontece porem que, o Governador acaba de considerar de utilidade pública a referida mansão e tudo o mais que compõe o hospital. Quem quiser comprar terá que ser para esse fim. (hospital). 

Não vai acontecer na área o que ocorreu no morro do Ipiranga, antes local de lindas mansões. Hoje uma pleiade de extraordinários edifícios de apartamentos. Vejam:
Novos edifícios de apartamentos do Morro do Ipiranga


Antigas mansões- centralizadas e baixas - o morro era o destaque maior

Foto aérea dos morros da área


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

ILUSTRAÇÃO DUVIDOSA DO MORRO DO CRISTO E DE JESUS

A imagem acima é apenas uma ilustração. Tenta mostrar o final da Praia do Farol nas proximidades do Morro do Cristo. Tenta apenas, porquê de resto é muito mal montada.

Os indicativos mostram a impossibilidade de ver atrás do Morro do Cristo o Morro de Jesus e o próprio monumento. O ângulo de observação é contrastante. Pela ilustração o Morro de Jesus fica pegado ao Morro do Cristo como sendo uma continuidade do mesmo, o que não é verdadeiro. Entre os dois morros existe uma extensão de costa de cerca de 300 metros.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

MORRO DO CRISTO MERECE UMA REFORMA

Por diversas vezes este blog tem se referido ao Cristo da Barra.  Sua instalação se deu em 1967. Anteriormente, essa mesma escultura ficava no chamado Morro de Jesus, onde hoje funciona a Prefeitura da Aeronáutica. Sim! Em 1920 sobre uma formação de cristais de rocha, o Cristo da Barra foi inaugurado pelo então Governador J.J. Seabra.

No Morro de Jesus

 Lá ficou por 47 anos e só foi retirado por questões de segurança. Na época, acharam por bem instalar uma pedreira em baixo do morro e as suas denotações poderiam danificar a bela estátua.

A pedreira provocou uma fenda na formação rochosa- A seta azul indica onde ficava o monumento

Cristo do Morro de Jesus visto do alto.

 O monumento foi esculpido pelo italiano Pasquale de Chirico e trazido para a Bahia a pedido do desembargador judeu convertido ao catolicismo José Botelho Benjamin que o doou à Prefeitura de Salvador.

Pasquale de Chirico

Não se tem notícias se houve alguma repercussão da imprensa ou do povo contra ou a favor dessa mudança, tanto de relação onde se encontrava quanto ao local onde se instalava.

Em verdade, ainda hoje se dá mais importancia ao conjunto da obra, digamos assim, o morro com seus coqueiros, do que mesmo à bela estátua, diferentemente do que acontece no Rio de Janeiro com o Cristo Redentor, guardadas as devidas proporções.

Morro do Cristo à noite

Porque isto?

Sem dúvida que a primeira razão é o seu tamanho: 2.80. Segundo, o pedestal é horrível e igualmente pequeno: 4.20. A desproporção em relação ao morro é gigantesca.  


Desproporção 

Mas tudo isto vem à tona no momento que a Prefeitura anuncia novas obras na Barra, dessa vez alcançando o trecho até o Morro do Cristo. Está na hora de alguma modificação. Será que é possível? Temos algumas sugestões.

A primeira delas é elevar a altura do pedestal de sustentação. Não esse pedestal de granito, mas a antiga estrutura de cristais de rocha como era no Morro de Jesus. Fazê-la mais alta e encorpada.

A segunda providência seria colocar balaustradas que nem as da avenida ou que nem as originais quando a escultura se encontrava no Morro de Jesus. Combinaria com as balaustradas da avenida.


Balaustradas do Morro de Jesus

domingo, 21 de setembro de 2014

EM PLENA AVENIDA PRINCESA IZABEL UM MATO SÓ



O prédio adiante fica na Avenida Princesa Izabel,  em frente às antigas quadras de tênis do Clube Baiano de Tênis, hoje uma das lojas da Perini e um estacionamento.

Antiga casa na Av. Princesa Izabel entre duas unidades do Hospital Portugues
Ele fica no meio de duas unidades do Hospital Português, desde que por trás, o hospital já construiu uma passarela ligando  as duas unidades separadas pela casa.


Certamente  que esta situação não é nada agradável para o hospital que fica com sua frente fracionada. Mais do que isto, em razão do estado em que se encontra o prédio, fica uma impressão visual nada agradável, aliás, mais do que isto, de abandono e descaso.

Segundo informes não oficiais, o hospital teria comprado este prédio alguns anos atrás, contudo em razão de que o mesmo continua em estado  de abandono total, parece que não houve uma conclusão do negócio.

Ao que tudo indica, deve ser uma questão financeira. O hospital oferece X e o proprietário quer Y, mas um “Y” enorme em razão da sua posição realmente estratégica que é o menos que se pode dizer.
Em razão do provável impasse, o prédio se degrada visivelmente, desde que o hospital não compra e o proprietário não o reforma.

Em conseqüência, o prédio foi tomado por trepadeiras daninhas que o encobre pelo menos 50% a 60% de suas paredes. Parece uma mataria suspensa na lateral da avenida. (Vê-se muito disto no antigo Pilar no Comércio, mas às escondidas).

Em razão disso, muito provavelmente, este prédio está sujeito a desmoronar a qualquer momento e se tal acontecer, e se no momento passar alguém pelo seu passeio, vai  ocasionar um problema muito sério.

Está na hora da Prefeitura intervir na questão. Quem aviso amigo é.



sábado, 20 de setembro de 2014

MORRO DO CRISTO AINDA VIRGEM!


É curiosíssima a foto adiante. Primeiramente, a balaustrada que se vê no primeiro plano circundava o Cristo da Barra. Sim! O Cristo que hoje vemos no chamado “Morro do Cristo” ficava no Morro de Jesus, hoje Morro da Aeronáutica.





í
Cristo ainda no Morro de Jesus

Ai permitiram a instalação de uma pedreira na base desse morro, ameaçando severamente o desmoronamento da estátua. Resolveram mudá-la para o atual Morro do Cristo, fato ocorrido em 1975.

Cristo da Barra
Substituíram os cristais de rocha por uma sustentação de granito. Poderiam reverter esta mudança. 

Também há que de se notar, o Morro do Cristo ainda virgem, sem as mansões que o caracterizava, hoje substituídas que estão por excepcionais prédios de apartamentos.



terça-feira, 16 de setembro de 2014

OCEANÁRIO DO RIO VERMELHO - ESSA É A OPORTUNIDADE!

Como já é de todos sabido, da mesma forma que aconteceu na Barra, o Rio Vermelho será todo requalificado. Mais do que necessário! Da mesma forma que na Barra, o Rio Vermelho estava precisando a algum tempo de uma reforma de peso como a que agora se propõe a Prefeitura.

Possivelmente, o projeto já se encontra pronto, mas ainda poderá sofrer algumas modificações ou acréscimos. No caso seria  acréscimo.

Projeto da reforma do Rio Vermelho

Estamos sugerindo “acrescentar” um oceanário no referido projeto. Por quê?

Primeiramente, um oceanário é uma atração turística muito forte, inclusive financeira. Por exemplo, o Oceanário de Lisboa, recebeu cerca de 900 mil visitantes em 2012, cerca de 320 portugueses e 600 mil turistas.  O de Aracaju também  é um sucesso.

Oceanário de Lisboa

Oceanário de Aracaju


Em segundo lugar e talvez principalmente, o Rio Vermelho sempre foi um lugar ligado a atividade da pesca. A colônia de pescadores ali existente é uma das mais antigas de Salvador. Das suas praias sai todos os anos o “Presente de Iemanjá”. A rainha do mar tem uma estátua e um santuário dedicado à Santa do mar. Em suma é o lugar certo para o oceanário. Tem-se agora a oportunidade ou nunca mais.


Tradição

Onde seria? Poderia ser no espaço indicado acima.


Estendendo mais a sugestão, poder-se-ia aproveitar o bloco rochoso em frente à foz do rio que ali desemboca. Far-se-ia um "acréscimo", algo tal qual se sugere adiante:


Se o frade José de Santa Rita Durão fez surgir dessas pedras um Caramuru que nunca existiu, porque não enaltecer a beleza da mulher brasileira em formato de peixe, não é verdade?

domingo, 14 de setembro de 2014

QUINTAIS DE SALVADOR - SUA ORIGEM

Até os anos 30 e 40, mesmo 50 do século passado, a maioria das casas de Salvador possuía um quintal. Quintal?! O que é isto? Era um espaço geralmente no fundo da casa, de terra, cercado por muros altos. Nele os moradores criavam pequenos animais, galinha, perus patos, marrecos e se plantavam árvores frutíferas e verdura, bem como as medicinais e até se cultivavam flores para os arranjos da casa.







Quintais antigos

Também os quintais serviam para estender as roupas lavadas em casa; para cozinhar em determinados casos, preservando a cozinha interna para refeições mais rápidas, como o café da manhã. Era também o local onde se estocava a lenha ou o carvão para o cozimento e aquecimento das coisas. Também em muitos deles existiam fontes de água doce, naturais ou perfuradas, as cacimbas, dominando um problema mais do que crucial das cidades daquele tempo que era se servir das fontes públicas existentes ou da compra de água em barris trazida no lombo de animais.


Uma cacimba


Não se diga ou não se pense que os quintais eram uma característica das casas mais pobres, muito pelo contrário. Em verdade, começaram a fazer parte da estrutura dos imóveis ainda ao tempo dos escravos, ou seja, no século XVIII. Geralmente tinham uma entrada em separado para evitar a circulação por dentro da casa e se reservava um pequeno espaço coberto (Telheiros) onde eles dormiam ou descansavam.

Teriam os quintais influenciado no posicionamento das casas de antigamente de relação às ruas e avenidas onde se estabeleceram? Muito provavelmente que sim.  O Corredor da Vitória é um bom exemplo. Todas as grandes residências dessa  localidade tinham  a frente voltada para a rua e os quintais voltados para o morro, diferentemente do que hoje acontece quando os grandes edifícios do local priorizam a vista do mar. Nem tanto, haja vista as belíssimas quadras de tênis e piscina na borda do morro.
Corredor da Vitória e seus quadras de tênis e piscinas onde antes eram apenas quintais.

Mas no Santo Antônio não era assim. As casas tinham a frente para a rua e as suas dependências mais extremas alcançavam a borda do morro. Algumas apenas.  Não havia espaço para quintais. Se não havia no fundo, se construíam pátios internos, uma espécie de clarabóia onde se plantava e as vezes se colocava um pequeno chafariz para aproveitamento ou conservação de água. Até as igrejas assim procediam.




Santo Antônio

Em outras partes menos nobres que nem o Corredor da Vitória ainda se vê muitos quintais, agora com piscina, cascatas e outras "benesses" dos tempos modernos:






Não estaria completa esta postagem se não abordássemos o significado da palavra “quintal”. Vem do latim QUINTANALIS, também derivado de QUINTA e nos chega à mente a palavra QUINTA que por sua vez nos leva à “quinto do inferno”. Na época Portugal enviava a esta colônia uma nau para a cobrança do imposto do quinto, ou seja, dos 20% devidos à Coroa (hoje pagamos muito mais que isso à República). Essa era a “nau dos quintos!, a qual era aproveitada para transportar degradados e demais pessoas tidas como indesejáveis em Portugal. Por isso ela é associada a coisas pouco desagradáveis, seu nome foi completado com “dos infernos” e gerou essa mimosa expressão: QUINTO DOS INFERNOS