segunda-feira, 8 de agosto de 2011

RIO VERMELHO 2 – SUAS IGREJAS

A Igreja dedicada a Nossa Senhora de Santana é o primeiro destaque do local apesar de absolutamente modesta para os padrões das igejas  de Salvador. Ela é o mais antigo monumento arquitetônico do Rio Vermelho, tendo sido construída na primeira metade do século XIX.
 
Inicialmente fora uma ermida de taipa coberta com palha. Era o ano de 1580. A sua frente era voltada para o mar onde hoje se acha a Colônia de Pescadores do Rio Vermelho.
 
Devido a sua pequena capacidade de espaço para as concorridas missas dos domingos, a Arquiodoseje resolveu construir uma maior e o local escolhido foi o espaço onde existia um forte chamado Reduto do Rio Vermelho ou Forte de São Gonçalo do Rio Vermelho




Esse forte tem uma história interessante: Conta-se que 1604 os holandeses tentaram desembarcar no Rio Vermelho. Não conseguiram seu intento. O mar sempre revolto prejudicava a aproximação de suas naus sob o comando de Paul Wan Caardem. Também havia muitos recifes que se cobriam ligeiramente apenas na maré alta.

Esse fato preocupou o Governo da Bahia que resolveu construir uma fortaleza no Rio Vermelho. Era o ano de 1711 e os primeiros trabalhos se estenderam até 1722. Mesmo decorridos 11 anos, as obras não ficaram concluídas. Numa segunda etapa de construção entre 1722 e 1756, a estrutura do forte foi concluída, mas mesmo assim, fora pouco equipado. Recebeu apenas algumas peças de artilharia. Somente em 1822, quando eclodiu a Guerra de Independência recebeu melhor aparato bélico. Temia o governo que o baluarte fosse tomado e transformado num reduto das forças patrióticas que se estabeleceram na Casa da Torre no litoral norte.

Dois registros históricos dão conta deste forte:

Do imperador D. Pedro II em 2 de novembro de 1859: "fui ao Rio Vermelho. O caminho é muito lindo, atravessando-se diversas chácaras, ainda que, pela maior parte, mal tratadas, e a praia de onde se descobre o forte de Santo Antônio da Barra, de um pitoresco majestoso. Estive perto das ruínas de um forte, achando-se ainda uma peça, aliás muito estragada, deixada no chão."

Do Relatório do Estado das Fortalezas da Bahia" ao Presidente da Provincia, datado de 3 de agosto de 1863, dá-o como nunca tendo sido concluído, citando:

No lugar da costa assim denominado, distante duas mil braças da Fortaleza de Santo Antônio da Barra, existem sete lances de muralhas com o desenvolvimento de seiscentos e doze palmos, ligados e formando entre si cinco [ângulos] salientes e um reentrante, de alvenaria forte e bem conservada, que pareciam destinadas a formar um Reduto naquele ponto, cuja construção julgo ter sido sustada de modo que apresenta o perímetro incompleto para o lado do mar.
À exceção das referidas muralhas que podem ser aproveitadas, tudo o mais há por fazer


Pois bem, foi no espaço deixado pelo forte em ruínas que em 1967 veio a se construir a nova igreja do Rio Vermelho dedicada a Nossa Senhora de Santana.
 
Esperava-se que se construísse uma bela e extraordinária igreja do tamanho da fé de seus devotos, no entanto, quando ela ficou pronta, poucos foram os que a admiraram pelos seus aspectos arquitetônicos, muito pelo contrário, a maioria achou que poderia (deveria) ser muito, mas muito melhor.
 
O espaço era privilegiado, em frente ao mar e tendo na sua lateral direita a belíssima Praia da Paciência, a Casa do Peso dos pescadores do Rio Vermelho, Iemanjá, tudo enfim.







Vamos olhar inicialmente para a lateral da igreja. É o que se pode chamar de “lateral privilegiada”.E não se aproveitou esse detalhe. Fez-se um caixão. A Igreja tinha que ter sua frente voltada para esse lado.

E o que dizer da torre? Pelo menos se fosse decorada com pastilhas azuis iguais a da frente da igreja, poderia ficar melhor, apenas melhor, desde que, no geral é uma torre muito feia। Deve ter faltado inspiração. Pelo menos que se fizesse uma pesquisa de velhas torres pelo mundo afora e talvez saísse uma coisa melhor. Mas, se não fizeram, façamos nós:





Já que estamos falando dessa torre, não poderíamos deixar de nos referir ao sino da mesma. Não é que a igreja foi multada pela Prefeitura pelos decibéis do seu som?! É um caso insólito, isto é, incrível, desusado, desacostumado, segundo os dicionários. Não se tem notícia de algo parecido pelo mundo.
O fato gerou notas de protestos publicadas nos jornais da cidade, entre as quais pinçamos as que segue:
"A polêmica causada pela interdição do sino da Igreja de Santana, no mês passado, extrapolou os limites do bairro e foi parar na grande imprensa, mesmo depois da medida revogada pela Prefeitura. O fato demonstra a divergência das entidades com a postura do dirigente de uma delas,. Segue abaixo carta encaminhada aos moradores explicando o ocorrido e nota de desagravo a Dona Arilda, arquiteta responsável pela manutenção do Centro Social Amilcar Marques, que funciona na Igrejinha , publicada no Jornal A Tarde de ontem(19).


“Aos moradores e amigos do Rio Vermelho


Recentemente saiu uma matéria no jornal A Tarde sobre o problema do sino da igreja do Rio Vermelho, onde o Hotel Catarina Paraguaçu através de seus proprietários procuraram a IGREJA solicitando a diminuição do som, mais não foi atendida depois de duas correspondências. Buscando solução a mesma solicitou a SUCOM uma perícia para medir a potencia que chegava ao Hotel.Quando a perícia constatou o volume acima, foi até a igreja e limitou o volume ao nível permitido e para surpresa dos proprietários a SUCOM autuou a instituição, fato que não permite a legislação.Nós que conhecemos o trabalho que essa senhora vem desenvolvendo no bairro em busca de soluções para toda comunidade, e sendo uma pessoa reconhecida na sua atividade de Arquiteta e como empresaria dona do Hotel Catarina Paraguaçu e a Academia Vila Forma, tendo também em consignação a antiga Igreja de Santana onde através do Centro Social Monsenhor Amílcar Marques,desenvolve trabalho social e mantém as instalações com recursos próprios, ficamos indignados com o ataque que sofreu por parte do Sr Ubaldo Marques Porto Filho.
A Nota de Desagravo foi publicada pelo Jornal A Tarde , no domingo dia 19 . Veja abaixo o teor.


RICARDO BARRETTO
Presidente AMARV
LAURO ALVES DA MATTA
Vice Presidente
MANOEL SOBRINHO
Diretor

Nota de Desagravo
A AMARV – Associação dos Moradores e Amigos do Rio Vermelho, a Colônia de Pesca Z1, o Conselho de Segurança do Rio Vermelho, além de ex-presidentes da AMARV e empresários do bairro, fundamentados na publicação no ESPAÇO DO LEITOR, desse Jornal, edição do dia 18 de novembro passado, titulada Igreja do Rio Vermelho, o grupo acima identificado, reunido no dia 01/12, decidiu hipotecar sua solidariedade a mencionada proprietária do Hotel Catharina Paraguaçu.

Repudiamos a pretensão do Sr. Ubaldo Marques Porto Filho, na tentativa de levianamente atingir a referida e conceituada senhora, atribuindo-lhe o TRAFICO ATIVO DE INFLUENCIA junto a SUCOM, aproveitando-se de uma reportagem da ATARDE do dia 13/11, para seus ataques pessoais e contumazes.

Tal comportamento tem gerado um ambiente hostil no bairro, com atitudes deselegantes, ausência de cavalheirismo, sobriedade, equilíbrio e sensatez, qualidades que dignificam o homem ao longo da sua jornada, para que seja respeitado pela sociedade e reverenciado com alegria pelos amigos que conquistou. Uma personalidade assim semeia desafetos, adversários e desagrada sua própria história, já tão marcada pela discórdia. Lamentamos!

Haja, dizemos nós.

Amenizemos a coisa com a belíssima imagem de Nossa Senhora Sant’Ana, mãe de Maria:


 

Sant'Ana, cujo nome em hebraico significa graça, pertencia à família do sacerdote Aarão e seu marido, São Joaquim, pertencia à família real de Davi.
Seu marido, São Joaquim, homem pio fora censurado pelo sacerdote Rúben por não ter filhos. Mas Sant’Ana já era idosa e estéril. Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se ao deserto para rezar e fazer penitência. Ali um anjo do Senhor lhe apareceu, dizendo que Deus havia ouvido suas preces. Tendo voltado ao lar, algum tempo depois Sant’Ana ficou grávida. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade levaram-lhes ao prêmio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus.”

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