Toda e qualquer cidade tem seu destaque urbano, nem que seja
formada por uma só rua. Conheço algumas no interior do Estado. Tratemos de
Salvador, cidade à beira-mar. Na maioria das cidades nessas condições, a
avenida que contorna o mar, é o grande destaque. Os prédios são construídos com
vista para o mar. Tem maior valor monetário. Salvador não foge a regra.
Contudo, quem vem de fora pode dar maior valor visual a uma rua ou praça do
centro de onde pouco se vê o mar ou simplesmente não é visto. São Paulo, por
exemplo, é uma dessas cidades onde suas grandes avenidas e suas praças
conseguem ser admiradas.
Salvador tem as duas coisas: o mar em diversos pontos da
cidade e, consequentemente, suas avenidas de contorno, mas é inegável que
certas partes do seu centro chamado histórico, impressionam mais o visitante e
mesmo ao habitante natural. Falta cuidado dos poderes públicos para aumentar
essa admiração.
O primeiro destaque, talvez prioritário, da cidade de
Salvador é a Praça Castro Alves, bem no centro de Salvador, conhecida de todos na
maioria dos seus detalhes, mas, possivelmente, desconhecida da sua história. Esta
é bem significante e curiosa. Como se formou este lugar tão escasso de espaço? Tão
irregular! Às vezes não parece uma praça. O tráfego de veículos se faz bem ao
meio, separando-a um lado do outro. Num desses lados expõe a bela estátua de
Castro Alves; noutro um cinema com sua história e ao lado um edifício enorme que
abrigou o maior jornal de Salvador e agora se prepara para ser um grande hotel.
Deverá ser maravilhoso: terá como vista principal a Baia de Todos os Santos
Antiga Praça Castro Alves- Esta foto é posterior ao incendio do Teatro São João
Ao lado do antigo cinema Guarany funcionava o Bar e
Restaurante Cacique. Ficava aberto o dia todo, mas era de noite ou na
madrugada, que vibrava com a presença dos grandes boêmios da noite baiana e das
lindas mulheres do Tabarís Night Club que funcionava ao lado do Cinema Guarany,
bem ao fundo, como que escondido. Sua entrada era na lateral do cinema. A
famosa casa de diversão dos anos 30 a 60 fechou suas portas em 1968. Exibiu as
grandes companhias do Brasil e do mundo, as grandes orquestras, os melhores
cantores.
Cacique
Entrada do Tabaris ao lado do Cima Guarany
Quando não era o Cacique, eram os bordéis da Ladeira da
Montanha que acolhiam os incansáveis boêmios do centro de Salvador e, em
seguida, iam comer o feijão de Zé do Muro na própria praça. Muitos, entretanto,
desciam a Ladeira da Preguiça em direção ao antigo Mercado Modelo e ficavam lá
até o dia clarear ao som dos berimbaus que começavam a ser tocados pelas suas
cordas maravilhosas.
Retornando exclusivamente
á praça, primeiramente, se instalou um
monumento que teria sido um “pelourinho”. Depois veio um monumento
representando uma índia; posteriormente a estátua em homenagem a Cristovão
Colombo até alcançarmos o belo monumento ao poeta dos poetas, nosso grande
Castro Alves. Morreu cedo; se tivesse vivido mais e o mundo estaria mais aos seus pés, encantado. Foi
um homem apaixonado em todos os sentidos: pelas mulheres e pela sua cidade.
Castro Alves
Claro que algo
precisava ser feito em frente ao teatro. Formou-se uma praça. De logo foi feita
uma balaustrada do lado do mar com acesso de moradores que possivelmente
moravam mais abaixo do morro Só há essa explicação para as duas curvaturas da
refeida balaustrada que veremos na gravura adiante. Não se pode concluir de
outra maneira. No centro da praça colocou-se um monumento que parece ser o
“pelourinho” de Salvador.
Praça com a picota no cenro e a balaustrda em curvas
Muitos haverão de
extranhar que se fale ou se refira a Pelourinho que não o grande espaço de
praças, casas, igrejas e museus de todos nós conhecido. Sem dúvida que
continua sendo o mesmo conjunto maravilhoso.
Em verdade,
contudo, pelourinho também é o local onde se toturava escravos antigamente.
Geralmente era representado por uma coluna e, naturalmente algo onde se prendia
o escravo a ser torturado.
Em algumas
cidades era conhecido como picota. Perteciam
à Prefeitura, mas também tinham direito a um pelourinho ou picota os grandes
donatários, bispos e os mosteiros, como prova e instrumento da jurisdição
feudal.
“Segundo a Wikipédia os
pelourinhos foram pelo menos desde finais do século XV, considerados o padrão
ou o símbolo da liberdade. Para alguns historiadores, como é o caso de Alexandre Herculano, o termo pelourinho só começa a
aparecer no século XVII, em vez do termo picota, de origem popular. A partir
dessa altura passou a ser apenas o marco concelhio. Antes dessa altura, segundo
Herculano, o pelourinho era uma derivação, de costumes muito antigos, da ereção
nas cidades do ius italicum das estátuas de Marsias ou Sileno,
símbolos das liberdades municipais. Mas outros historiadores remetem para a
Coluna ou Coluna Moenia romana, poste erécto em praça pública no qual os
sentenciados eram expostos ao escárnio do povo.”
Pelourinho ou picota de Mariana
Picota do Maranhão
Mas antes da
praça ser do peeta, onde se encontra o seu corpo, ela foi a Praça do Teatro.
Efetivamente do lado sul do morro que
ali existia, ergueu-se um teatro, estilo pombalino, chamado Teatro São João em homenagem ao rei D.João III de
Portugal. Ele esteve em Salvador conhecendo o mesmo.
Esse teatro pertencia ao governo, era
ponto de encontro dos aristocratas e intelectuais, onde funcionou o
Conservatório Dramático da Bahia (CDB). Foi fundado pelo dramaturgo
Agrário de Menezes, para incentivar os escritores a acolher grupos de
dramaturgia da cidade.
O teatro São João foi freqüentado por
inúmeros nomes das artes cênicas, musicais e literárias, como Xisto Bahia, um
dos maiores comediantes brasileiros, o maestro Carlos Gomes e o poeta Castro
Alves. O edifício colonial foi destruído em 1923, por um incêndio misterioso.
Em cima do morro - este foi o começo
Parece que antes do século XV terá
havido algumas execuções nos pelourinhos. Mas a partir daí não há provas que
tal sucedesse, pelo menos em relação às execuções capitais.
Posteriormente, os pelourinhos foram
usados para serem o local onde eram lidos os “pelouros”, que eram as decisões
tomadas pelas Câmaras Municipais de cada cidade. E assim sendo por todo o
Brasil há registro de pelourinhos, cada um de uma forma.
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