sábado, 23 de outubro de 2010

SUBÚRBIO FERROVIÁRIO DE SALVADOR - 7 - LAGOA DA PAIXÃO


Na postagem anterior falávamos da Cachoeira do Rio do Cobre. Vejamos de onde vinham suas águas. Nada mais, nada menos de uma lagoa chamada Paixão. Tinha que ser! Fica no alto de Coutos, algumas centenas de metros da Bacia do Rio do Cobre, de onde despencavam para o mar formando a então belíssima Cachoeira do Rio do Cobre.

Lagoa da Paixão

Esse extraordinário manancial de água acha-se localizado no Subúrbio Ferroviário, mais precisamente em São Bartolomeu, lugar sagrado de diversas Nações Afro-Brasileiras.

Além da importância sócio-cultural, a Bacia do Rio do Cobre era, até poucos anos atrás um pólo distribuidor de água potável de grande parte de Salvador.

Por mais incrível que pareça, não é mais. Foi condenada por órgãos de saúde pública por contaminação de origem fecal. Pode uma coisa desta? Uma represa encravada pela natureza dentro de uma cidade, absolutamente inoperante. Viemos a saber do assunto há poucos dias, como que por acaso. Em qualquer parte do mundo, seria uma catástrofe. Aqui, quase não se fala a respeito e não se sente nenhuma providência efetiva para solucionar o problema.

É aquela velha mentalidade de que obras como as que precisam ser feitas na Barragem do Rio do Cobre e nos rios que a formam, são obras pouco visíveis politicamente. Não dão votos! A terra encobre a vontade popular! Vejam o exemplo do ex-governador Paulo Souto; do ex-senador Cezar Borges, fragorosamente derrotados nas últimas eleições. Eles foram direta ou indiretamente responsáveis pelos maiores projetos de saneamento básico que Salvador já teve. Quem morou em Itapagipe até a década de 1980/90, sabe muito bem o que era tomar um banho de mar no trecho que vai do Bugari a Canta-Galo, passando pela Boa Viagem. Eram mais de 500 bocas de lobo, despejando material fecal e até hospitalar nas praias dessa região. Hoje, estão todas fechadas graças a diversos projetos de saneamento que esses governantes fizeram ou deram continuidade – Bahia Azul – Ribeira Azul, etc. etc.. Todos em baixo da terra.

E se alguém se der ao trabalho de verificar a votação desses senhores in-loco, haverão de saber que foram os menos votados. E em quem se vota? No cara que fez um barracão; noutro que deu as camisas do time de futebol da praia.

Há de se abrir aqui um parêntese. Este blog não foi feito para tratar de política. Estamos longe disso, mas este foi o maior exemplo que encontramos para exemplificar a pouca importância que grande parte da população dá a um conjunto de obras extraordinárias, em seu benefício maior, mas que realizadas em baixo da terra.

E aí quando acontece um problema com uma barragem como a do Rio do Cobre, os políticos atuais nada fazem ou demoram de fazer. Eles são (des)humanos como nós todos. Para que fazer? Não rende nada, politicamente! Veja o exemplo dos ex-governadores! A coisa fica apenas na área de estudo, dos pareceres, dos ensaios técnicos, das dissertações. Por ai. Obra mesmo, nada!

E ainda tem gente que fala que o lugar é sagrado; é preciso pensar bem para não ferir suscetibilidades, por aí vai e o povo sendo contaminado por aquela ex-bendita água.

É sabido que a região Metropolitana de Salvador é atendida pela Barragem do Cavalo que já apresenta déficits de fornecimento, principalmente nas épocas de seca. Com a inatividade da Barragem do Rio do Cobre, esse déficit aumentou ainda mais e já é considerado como crítico






Fotos da grande reserva

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