quinta-feira, 26 de abril de 2012

PLANO INCLINADO GONÇALVES – UM SUFÕCO

Em 2011 este blog tratou do Plano Inclinado Gonçalves. Já tinha sido feito matérias sobre o Elevador Lacerda e o Elevador do Taboão. Diziamos naquela oportunidade: “ A cidade de Salvador possui uma topografia ingreme que marcou a história de sua ocupação territorial desde os tempos do Brasil Colônia. À principaio, foram feitas as ladeiras. A primeira delas fazia a ligação entre Santo Antônio Além do Carmo e a Praia da Jequitaia, onde se localizou por algum tempo, a Feira de Água de Meninos...Por ela subiam as mercadorias provindas do Porto da Lenha e, praticamente, não havia comunicação entre a Jequitaia e a área onde é hoje o Porto de Salvador.”

  Hoje fazemos uma ressalva, qual seja a construção de um acesso ligando a atual Praça Castro Alves à Enseada da Preguiça, onde se construiu uma pequena ermida, dando origem a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, mas era apenas um pequno acesso, possivelmente um caminho.
 
 Estamos nos referindo à hoje Ladeira da Conceição da Praia e da própria Ladeira da Preguiça. Ladeira mesmo, mais ou menos dentro dos conceitos que hoje temos dessas inclinações do solo, foi mesmo a Ladeira da Jequitaia.

Enquanto isto, a cidade se estruturava com novos prédios tanto na cidade alta como na baixa, notadamente conventos e igrejas na parte de cima, e edifícios de comércio na parte de baixo. Por outro lado, , as ladeiras se efetivaram, mas o acesso de materiais pesados à parte alta da cidade precisava de algo mais rápido e dinâmico. Afora, as pessoas.
 
  Foi ai que os padres jesuitas tomaram a iniciativa e montaram um guindaste conhecido na época como “Guindaste dos Padres”. Decorria o século XVII. Não era inclinado. Somente em 1889 foi transformado em “plano inclinado”. Esses guindastes usavam alavancas com cabos. Depois foram eletrificados. Vejamos algumas descrições de cronistas da época:. Um deles, Pierre de Leval descreveu esses guindastes como sendo “uma máquina destinada ao transporte de cargas com dois carrinhos sobre trilhos a trafegar simultaneamente”. Outro de nome Francisco Coreal disse: “espécie de guindaste com uma boa talha onde haviam polias e cordas subindo à medida que a outra descia”. Isto funcionou até o ano de 1888. Nesse ano, uma empresa inglesa sem experiência no setor de funiculares – sistema de transporte cuja tração é proporcionada por cabos utilizados em locais onde há grandes diferenças de nível – recebia uma encomenda dos primeiros carros, constando de uma plataforma plana destinada a transportar animais de cargas. Era uma plataforma aberta. Só mais tarde, foi encomendada uma cabine fechada para transporte exclusivo de passageiros. Na época chamava-se “chariot”. Nada funcionou. Dinheiro jogado fora. Teve até acidentes. Foi fechado por algum tempo. Como agora. Aliás, retifico, fechado desde fevereiro de 2011, quase quatorze meses. Os técnicos alegam que há perigo de desabamento de um prédio ao lado. Se o plano continuasse funcionando comprometeria a estrutura do imóvel. Ai a coisa se complica. Pensava-se que o “plano” estivesse quebrado. Não está, ao que parece. Claro que precisa de uma pintura, mas é coisa rápida. O problema é com um prédio ao lado do “chariot”. Se ele se movimentar, o prédio pode cair. Aí a coisa se complica. Negociações com o dono do prédio. A Prefeitura não quer dar nada ou o que está oferecendo, não compensa. Essas coisas de prédio velho. As vezes, ninguém sabe quem é o dono. Ou ele se esconde. Deve ser fonte de rendimento. Salas alugadas. Todo o mundo correndo o risco de morrer. Coisas da Bahia ou seria de qualquer parte.

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