Um impedimento de ordem física impediu-me de ir assistir a passagem
da procissão do Senhor dos Navegantes na Barra. Ficava sentado na balaustrada
desde muito cedo. As 10 da manhã, os primeiros barcos apontavam pelos lados do
Iacht Clube. As lanchas, mais velozes, chegavam na frente. Depois vinham os outros barcos. Geralmente um ferry-boat com música a bordo animava ainda mais o mar.Todos os anos a Marinha dispunha uma fragatata para acompanhar de longe a grande procissão. Sempre reparei essa atenção. Foguetes de
flechas subiam ao céu e caiam no meio do povo ou no mar. Tirava minhas fotos,
sempre à procura da galeota que conduzia Senhor dos Navegantes. O indicativo
infalível era procurar um rebocador. Ele puxava a galeota com o Santo.
Porto d Barra
A galeota em meio a outras embarcaações
Sob a proteção da Marinha do Brasil
Aquele
aglomerado atravessava todo o Porto da Barra; passava em frente ao Forte de Santa
Maria e ali fazia a volta. Bom Jesus voltava para a casa. Claro que não via a
sua chegada. Quando menino, morador de Itapagipe, caia n’água e tentava me
aproximar da galeota. A ideia era pegar uma flor branca entre muitas ao pé do
Santo, beijava-a e jogava no mar onde me encontrava. Devia fazer algum
pedido. Já adulto, na véspera do primeiro dia do ano, eu e minha esposa acompanhavam
a chegada do Santo no cais do Porto até sua chegada à igreja da
Conceição da Praia. Claro Nossa Senhora ia até o cais aonde ele chegava e o
acompanhava até igreja. Era um momento
de muita emoção. Colocávamos uma braçada de flores brancas aos pés do Santo.
Fizemos isso por muitos anos, até que a idade chegou.
Nossa Senhora da Conceição da Praia
Chegando na praia
Contudo, nem tudo são flores. Tinha que lamentar a grande ausência
dos nossos saveiros do recôncavo. Poucos, mas muito poucos saem das ilhas para acompanhar
a procissão. Sempre reparei esta ausência, da mesma forma que sempre reparei a
ausência das centenas de lanchas que ficam ancoradas na Marina do Comércio,
onde passa a procissão na vinda e na volta. A Prefeitura deveria exigir o
mínimo de consideração ao Santo que é de todos, ricos e pobres. Não se esqueçam, o espaço é uma concessão da Prefeitura. Comentamos outro dia esta celeuma.
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