sexta-feira, 5 de abril de 2013

ARENA DA FONTE NOVA E O DIQUE DO TORORÓ


Quando o arquiteto Diógenes Rebouças projetou a antiga Fonte Nova – Estádio Governador Otávio Mangabeira- teve a preocupação de deixar aberto o lado que dá para o Dique do Tororó. Dizia o senhor Rebouças que além da ventilação que o estádio teria,  não se deveria esconder a beleza desse lago, mesmo àqueles que estavam no estádio com outra finalidade que era tão só assistir às partidas de futebol. Por outro lado,  tinha a imprensa trabalhando lá, principalmente aquela vinda de fora para os jogos nacionais. Em suma, a ideia básica era proporcionar um ambiente agradável e saudável.
E assim foi feito. Do lado sul, projetaram-se imensas colunas espaçadas uma das outras com a vista do dique. Nesse espaço, não haveria arquibancada.
Felizmente, a ideia do grande arquiteto baiano prevaleceu no projeto da Arena Fonte Nova. É quase igual ao que era antes. O Dique do Tororó continuará a ser visto para quem está dentro do estádio e a brisa que se origina pelos espaços criados, continuará suavizando todo o ambiente do belo estádio.
De certos ângulos, poder-se-á até ver até os Orixás do Dique, Orixás esses que não existiam ao tempo do projeto de Rebouças, mas parece que ele estava adivinhando e em boa hora o escultor Tati Moreno fez esta maravilha, hoje apreciada por turistas de todo o mundo. As estátuas como que flutuam na superfície da pequena lagoa.
Apesar da beleza, os Orixás do Dique não foram uma unanimidade. Os Evangélicos fizeram uma espécie de protesto ou queriam também uma permissão para implantar algo relativo à sua religião, talvez uma Bíblia flutuando ao meio do dique. Caso fossem aceitos, os Católicos certamente reivindicariam a instalação de uma cruz e assim por diante.
 



A Arena Fonte Nova e sua parte voltada para o Dique
 
Parte aberta do Estádio- Vê-se o elevado de Brotas
 
Os Orixás como que flutuando- A Arena ao fundo
Pelo que se relatou, o dique como que faz parte do conjunto da obra. Em verdade, quando se instalou a primeira Fonte Nova – Estádio Otávio Mangabeira -  a ideia generalizada era que no local estava se fazendo um complexo esportivo composto do próprio estádio, do Ginásio Antônio Balbino, da piscina Juracy Magalhães e  do dique, este destinado à pratica de remo, de caiaques e Jet-Skis.
Nada mais justo, então, que relembrarmos o que é o Dique, um pouco de sua história.
 Nesse sentido, em junho de 2011, este blog teve oportunidade de fazer um trabalho sobre ele. Vamos pincelar as partes mais importantes da referida publicação.
“O Dique do Tororó é uma lagoa artificial hoje com os seguintes limites: : à esquerda o bairro do Tororó; à direita, o bairro de Brotas e seus diversos distritos; ao norte pelo então Estádio Otávio Mangabeira (Fonte Nova) e ao sul pelo bairro do Garcia
 



Medidas do Dique do Tororó
 
1036 mts de comprimento e largura variável desde 92 mts. (menor) até 391 mts. (maior)
Possui cerca de 25 mil metros quadrados com profundidade variavel entre 5.60 metros (máxima) e mínima de 2.60 metros. Já foi mais fundo, em torno de 7 metros. Nessa época tinha até jacaré e diversas variedades de peixe. Consequentemente, não era poluído. Boa parte da população vizinha ao local e bebia de sua água. A sua margem direita olhando-o a partir do estádio, era repleta de hortas onde a população se abastecia e muitos lavavam roupa de ganho.
 
Lavadeiras do Dique - Do outro lado a Usina geradora de energia:
Usina geradora do Dique
Diz-se que os governos da época tentaram por muitas vezes bombear sua água para abastecimento da cidade. Uma dessas estações ficava no bairro de Nazaré.

Em seguida,  em 1963, lamentavelmente, o dique passou a receber esgotos das residências que se construíam no alto de suas margens, principalmente de Nazaré e Brotas.
 

Acreditamos, contudo, que a poluição do dique é anterior a 1963. Acima temos uma foto datada de 1943. Um barco com pessoas desembarcando em uma de suas margens, possivelmente no lado do Tororó. Vê-se muitas baronesas, um dos sinais visíveis de poluição.
Assim ficava o dique – um mar ou um dique de baronezas
 
Baronesa – “O Vegetal – água”

Outras denominações tem a planta pelo Brasil afora, como, por exemplo, “orelha de jegue” – jacinto d”água e miriru.
Geralmente é uma praga, mas também tem seu lado bom. Vejamos por que: ela é quase água (95%). Apresenta-se suspensa e flutua livremente enroscada em obstáculos, presa ao solo em locais de água rasa e até pode se enraizar em locais secos.
Ela flutua por que possui pecíolos cheios de cavidade de ar. Serve de abrigo natural a organismos de vários tamanhos, servindo de habitat para uma fauna bastante rica, desde microorganismos, moluscos, insetos, peixes, anfíbios e répteis e até aves. Ela é também como que um filtro natural e tem a capacidade de incorporar em seus tecidos uma grande quantidade de nutrientes.
Assim, se um lago estiver poluído, suas raízes longas e finas com uma enorme quantidade de bactérias e fungos, atuam sobre as moléculas tóxicas, quebrando sua estrutura.
Por mais incrível que pareça e pouca gente sabe disto, as baronesas estiveram no dique para ajudá-lo, senão seria um mal cheiro insuportável para os milhares de pessoas que viviam ao seu lado ou trabalhavam nas suas margens.
Claro que elas não podiam continuar. Davam um aspecto de uma área abandonada, entregue a sua própria sorte, no caso, entregue às baronesas.
Foi preciso oxigenar sua água, daí os esguichos que hoje integram a paisagem do dique. Parece uma “decoração”, mas, em verdade estão ali tentando oxigenar sua água.
Esguicho curto
Esguicho longo
 
Hoje o dique tem pedalinho e barcos a remo para diversão da população, além dos “píeres” para a prática de pesca Anteriormente e ainda hoje tem um serviço de transporte de passageiros via barco. Trajeto: margem direita à margem esquerda e vice versa. Distância: cerca de 50 metros. Utilidade: permite o acesso rápido ao centro da cidade, via Tororó de quem está na sua margem esquerda e viver-versa.
 
Muita gente ainda usa



 

 


 


 
 

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