Em postagem anterior quando focalizamos o bairro do Garcia, tomamos conhecimento de que todo o espaço onde é hoje a localidade, era uma grande fazenda. Resumidamente, foi dito que ela tinha inicio na Rua Presciliano Pita; seguia até o Campo Grande; passava pelo final do Cemitério dos Alemães; ia em direção à Federação até o 2º Arco, Estrada 2 de Julho, Rio Lucaia, passando pelo Dique até o local conhecido como Língua de Vaca.
Esse mundão de terreno pertencia ao Conde Garcia D’Ávila, como de resto a maior parte de Salvador. Após a conquista de muitas terras e em se tornando difícil a sua administração, o conde começou a vender ou doar muitas delas. No caso da fazenda – a parte correspondente ao atual Garcia, por tabela, chegou às mãos da família Catharino, primeiramente com uma doação ao Mosteiro de São Bento e daí para o Coronel Duarte da Costa que a vendeu aos Catharinos.
O restante, principalmente a parte que ficava do lado da Federação, teria sido vendida ao Conde François Gantois. É o que se conclui pelo nome original do bairro (Alto do Gantois) onde veio a se estabelecer a senhora Maria Escolástica, Mãe Menininha do Gantois.
O terreiro IIê Iya Nassô do qual Menininha do Gantois foi a mais importante dirigente, teve inicio na Barroquinha, no centro da cidade. Chamava-se Casa Branca. Devido à proximidade do Palácio de sua Real Majestade e com receio de intervenções policiais, resolveu mudar-se para a Federação em terras pertencentes à família Gantois.
Mas porque justamente Federação se os Gantois são citados como escravocatas às vezes de forma pejorativa quando, em verdade, àquela época, era um negócio regularizado provocado pela necessidade da maioria das famílias possuírem pessoas que fizessem quase a totalidade dos serviços de uma propriedade. Era quase “proibido” trabalhar nessas funções. Em termos, a bem da verdade, não eram os Gantois, os Marbacks e tantos outros os únicos e exclusivos escravocatas. A sociedade como um todo também o era.
Na antiga Grécia, os trabalhos manuais, principalmente os pesados, eram rejeitados pelos cidadãos gregos. O grande filósofo grego Platão demonstrou esta visão: “É próprio de um homem bem-nascido desprezar o trabalho”. Logo, os cidadãos gregos valorizavam apenas as atividades intelectuais, artísticas e políticas. Os trabalhos nos campos, nas minas de minérios, nas olarias , na construção civil e mesmo domésticos, por exemplo, eram executados por escravos.
Essa mentalidade se estendeu até bem próximo do século XX. Felizmente, hoje em dia, o trabalho é tido como uma atividade honrosa, sendo escravos de si mesmo as pessoas dominadas pela inoperância.
A razão principal da mudança do terreiro para o Gantois deveu-se ao fato de que, justamente ali, com visível aquiescência dos proprietários, já existia uma comunidade de escravos praticamente libertos, constituindo verdadeiro kilombo. Por exemplo, a sede do Terreiro do Gantois, é remanescente daquela época.
Está também na Federação uma das igrejas mais famosas de Salvador pelo seu sincretismo. Diz-se que Mãe Menininha do Gantois costumava assistir as missas todos os domingos. Era muito bem recebida pelos padres. Referimo-nos a Igreja de São Lázaro.
A Federação se caracteriza por um “monopólio” da comunicação. Nela estão localizadas as sedes de diversas emissoras de rádio e televisão. Ali se abriga além das sedes do IRDEB e da TV Aratu, a Rádio Transamérica,a TV Bandeirante.
INTERIOR
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