Não faz muito tempo, a Prefeitura resolveu mudar a estrutura dos passeios do Porto e do Farol da Barra. Eram revestidos com a chamada pedra portuguesa, preta e branca, formando desenhos. Foi um “Deus nos Acuda”. Até Caetano Velozo se manifestou. Disse o excepcional artista : "Não posso ficar calado. É uma indecência manter as pessoas desinformadas a ponto de entrarem na guerra suicida à calçada portuguesa. O calçamento português é marca importante da nossa vida física e espiritual. Os incômodos que porventura venham de sua má conservação não são motivo para destruí-lo."
Também a Associação dos Moradores da Barra foi contra e como sempre bem como políticos que nada tem a haver com o bairro, manifestaram-se contra, contudo a maioria dos moradores, em pleito feito no Farol da Barra (69%) manifestou-se à favor da mudança das chamadas pedras portuguesas por granito e concreto.
Vejamos como era o tal do passeio:
Além dos problemas que causavam aos transeuntes (buracos), em verdade o passeio tinha um péssimo aspécto. O desenho feito com pedras portuguesas era muito pobre; chegava a ser feio. Acima um trecho.
Por felicidade, temos do mesmo local uma foto com o novo passeio em granito e concreto:
Em nossa opinião e da maioria dos moradores do bairro, algo bem mais dígno e consentâneo e além de tudo, não tem nada a haver com o histórico do lugar. Essa foi a opinição oficial transmitida pelo Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, muito pelo contrário, afirmou o Órgão, o antigo passeio estava depreciando o local. Fosse a balaustrada, aí sim haveria problema. Ela já faz parte do ambiente a muitos anos.
Mas em outros lugares do Brasil e do Mundo os passeios feitos com as pedras chamadas portuguesas são uma beleza, haja vista, Copacabana no Rio de Janeiro ou Olivença em Portugal?!
Esses trabalhos foram feitos por mestres calceteiros portugueses que vieram para o Brasil ensinar a arte.
Alguns vieram para o Rio de Janeiro e Bahia no principio do século passado, aí por volta de 1910/1920.
Aqui foram feitos magníficos trabalhos no Campo Grande, na Piedade e outras praças e, possivelmente na Barra.
E em não havendo manutenção e não tendo sido dado sequência ao preparo de novos calceteiros, os trabalhos posteriores ficaram a desejar, tanto na parte de arte, quanto na parte do assentamento. Este último era um desastre! Em pouco tempo, as pedras se soltavam. E faltava ideia ora imitavam Copacabana, ora formavam desenhos pobres de imaginação. O da Barra era um deles.
Para quem quisesse ver, na Barra, os caras colocavam um pouco de areia e iam pondo as pedras em meio ao movimento das pessoas que logo já pisavam. Antigamente usava-se cimento e era necessário 5 dias para se pisar. Assim ensinaram os calceteiros portugueses.
Toda esta conversa, prende-se ao fato de que, como aconteceu na Barra, em Itapagipe, também tem havido “insatisfações” contra o granito e concreto nos novos passeios. Por favor, esqueçam! A garotada está lá para ver quem joga mais longe as pedras portugesas ao mar.
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