Está aí uma pessoa superinteressante.
O conhecemos desde menino. Fazia parte
da equipe de natação do Clube de Natação e Regata São Salvador à qual dirigíamos
quando fomos técnico desse esporte. Sim, nadamos muito. Fizemos curso em São
Paulo e, na época, éramos autorizados pela Secretaria de Educação do Estado da
Bahia de lecionar em escolas e clubes.
A família de Edson morava na
Preguiça, mas foi adotado pela família do Dr. Caio Mário Pedreira, professor de
Engenharia da Universidade da Bahia que morava em Itapagipe.
Morava nesta casa à Rua Visconde de Caravelas, Itapagipe (A das árvores)
Era cria da casa, como se dizia na época. Naqueles tempos,
as famílias de posse tinham costume de “ajudar”
o desenvolvimento de uma criança pobre.
Chamavam-na de “cria da casa”. Não era
bem um empregado. É evidente que cumpria algumas obrigações, como que
simbolicamente. Depois ia para a escola ou saia para brincar. No caso de
Edson, saía para nadar. Foi um grande nadador. Fez diversas travessias,
inclusive a Mar Grande-Salvador e a Travessia de Copacabana. Participou de
diversos campeonatos brasileiros de piscina no Rio e São Paulo.
Já rapaz foi para São Paulo e foi ser professor de natação
dos filhos de Moacir Franco. Claro que entrou no meio artístico por essas
águas. Em seguida, retornou à Bahia e se fez compositor, aliás, grande
compositor. É de sua autoria a música “Não
deixe o Sambar Morrer” interpretada por Alcione. É uma obra prima. Não se faz
uma música desta sem mais nem menos. Temos a impressão que Edson sofria de
grave doença e sabia que ia morrer ainda muito jovem. Vem de dentro de uma alma
que sofria. Uma pena! Esse versos dizem tudo:
Não Deixe
o Samba Morrer
Alcione
Composição:
Edson Conceição e Aloísio
Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De samba pra gente sambar
Quando eu não puder pisar
Mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem agüentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba Quando eu não puder pisar
Mais na avenida
Quando as minhas pernas
Não puderem agüentar
Levar meu corpo
Junto com meu samba
O meu anel de bamba
O meu anel de bamba
Entrego a quem mereça usar
Eu vou ficar
No meio do povo espiando
Minha escola perdendo ou ganhando
Mais um carnaval
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final
Não deixe o samba morrer...
Temos a
impressão que o verso “não deixe o samba morrer” era a certeza de que ia morrer
brevemente.
Vimos Edons pela última vez num Carnaval. Estávamos na Praça
Castro Alves e descia a Ladeira de São Bento o bloco das Muquirannas. Edon
fazia parte. Quando nos viu correu em nossa direção. Foi como que um abraço de
despedida. Disse poucas palavras. Nós
também .Pouco tempo depois morreu!
As Muquiranas
Significado de Muquirana: Pessoa que não gosta de gastar e muito menos emprestar dinheiro para alguém. Sinônimo de Pão Duro - Mão de Vaca.
Estanho não é?
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