As pessoas
que viveram entre os anos 60 e 70 do século passado e frequentavam a Rua Chile,
deve ter conhecido a Mulher de Roxo. Era uma senhora que se vestia como se
fosse uma freira, longa bata, torço na cabeça e no pescoço um cordão no qual
ficava dependurado um grande crucifico prateado. Seus vestidos eram de veludo.
Diz-se que sempre andava descalça com exceção apenas dos dias que se vestia de
noiva com véu e grinalda. Aí calçava sapatos brancos, contudo, há registro que, de vez em quando, usava uma bota de borracha, talvez em dias de chuva.
Dizia
chamar-se Florinda e completava dizendo ter sido professora. Nunca
se confirmou essas informações. Deu sorte ou azar quando um incêndio destruiu um
abrigo onde ela dormia e seus documentos foram perdidos. Ai ficou mais
enigmática. Jamais revelou sua verdadeira identidade. Despistava quando era
perguntada. Certa ocasião, um médico que lhe dava assistência psicológica,
ouviu ela se referir à cidade de São Sebastião. Levou-a até lá na esperança de
que algum parente a reconhecesse ou vice-versa. Nada aconteceu. Depois de dois
dias, voltou a Salvador. Cita-se também que era filha de Lidia Dibano Caetano e
João Bento Caetano, um funcionário da fábrica Fratelli Vita. A infância teria
sido em Periperi, onde chamavam-na de
Dodô.
Apenas
especulação como outra de que teria sido proprietária ou frequentava uma casa
de mulheres na Ladeira da Montanha e que teria até dançado no Tabaris. Que era
muito bonita. Que foi professora e por aí segue o imaginário popular.
De certo é
que morreu no Abrigo de Irmã Dulce aos 80 anos de idade. O hospital publicou
anuncio nos jornais e retardou seu
sepultamento na esperança que aparecesse algum parente. Não apareceu.
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