domingo, 5 de janeiro de 2014

LAVAGEM DO BONFIM PATRIMONIO IMATERIAL DO BRASIL

No próximo dia 16 realiza-se mais uma Lavagem do Bonfim e ao longo dos cinco anos desse blog fizemos diversas postagens sobre o evento.

Nossas impressões não foram ditadas pelo sistema de “ouvir falar”. Desde 1940/45, o autor participou de todas as lavagens realizadas desde aquele tempo até os dias de hoje. Morávamos aos “pés do Senhor do Bonfim” como se costuma dizer. De nossa residência víamos a igreja. Íamos a pé todos os domingos para a missa do Padre Lourival para o visto na carteira de estudante do Dom Macedo Costa. Era obrigatório, senão era castigo certo na segunda feira.

Sem dúvida alguma, esta circunstância aliada ao gosto pelas festas da cidade, nos deu condições de relatar com a máxima fidelidade os “acontecimentos” desse grande evento, cremos nós.

Baianas lavando o adro e a própria igreja

Por exemplo: outro dia lemos num jornal que a Lavagem sempre saiu da Conceição da Praia. Não é verdade! Inicialmente, as baianas se concentravam no principio da Ladeira do Bonfim onde se passava uma corda entre a balaustrada e o Solar do Marback. Eram poucas as baianas e eram também poucas as pessoas que as acompanhavam. Às 10 horas, descida a corda, essas baianas e esse pequeno público subiam a ladeira e se dirigiam até a igreja onde se fazia uma encenação de uma lavagem. A foto acima, mostra e prova o que se acaba de dizer. 

Corria o ano de 1940. Àquele tempo, a igreja se mantinha aberta. Hoje é uma “fortaleza”, segundo comentário de um turista; “hermeticamente fechada”, segundo outro.

Claro que hoje não se pode abrir mais a igreja em razão da massa popular presente. Não é isto que se pede. Pede-se o apoio da igreja ao grande evento.

No ano seguinte, ainda na base da ladeira, a Banda de Música da Polícia Militar dos Dendezeiros se incorporou ao evento e as baianas e o público cresceram muitas vezes. Já se percebia a organização de alguma entidade e mais uma vez às 10 horas a corda desceu e esse aglomerado de gente subia cantando o hino ao Senhor do Bonfim, sob os auspícios musicais da Banda Militar. 

Posteriormente, decidiram que a concentração das baianas e do público se faria  no Largo de Roma. Ai os seus participantes percorreram (andaram)  todo o “Dendezeiros”, precisos 1000 metros (l km). Era a primeira manifestação da passeata que viria a ser o formato da  lavagem nos tempos atuais.

Posteriormente, a concentração passou a ser no Largo dos Mares e se acrescentou mais 1 quilômetro.

Mais adiante, resolveram fazer a concentração no Largo do Ouro e posteriormente na Conceição da Praia ao lado da igreja. Nesse último caso,  a distância passou a ser de 6.500 metros
É oficial!

Apesar dos números oficiais, da distância medida por aparelhos, o povo acha que o trajeto tem a distância de 8 quilômetros e segundo muitos a voz do povo é a voz de Deus ‘vox populi, vox dei’; não há como discutir. Em nosso caso, justificamos a distancia maior com uma possível entrada de algumas pessoas na feira de São Joaquim, antes Água de Meninos, para “umas e outras” e outros desvios e acréscimos de percurso.

Outra boa oriunda do povo diz respeito a sua fé no grande santo. “Quem tem fé vai a pé” é a frase que muitos ostentam em camisas aos milhares.

Em algumas de nossas postagens escrevemos sobre as restrições que a Igreja Católica coloca contra a lavagem. Muita gente não entende a razão e nos incluímos nessa leva hoje e sempre. Não se compreende como uma festa em louvor ao Senhor do Bonfim seja malquista pela igreja, com base em alguns excessos cometidos por alguns, desde que no conjunto da obra, há uma infinidade de demonstrações de fervor ao grande santo da Bahia. São famílias inteiras participando do evento. Senhores e Senhoras. Crianças. O povo!

Enquanto isto, na Espanha a igreja designa um padre para receber as preces dos toureiros em todas as arenas daquele País. Quais preces? Que ele não seja atingido pelo touro com o qual vai guerrear; que ele tenha sucesso nas suas manobras de desvio do animal enfurecido; que por fim ele consiga matá-lo com u golpe de espada bem no dorso da fera; que o público o aplauda entusiasticamente pelo seu feito. Amen!





Isto é que deveria ser proibido e em não sendo por questões até de órdem econômica, não deixa espaço nem que seja milimétrico para a Igreja ter o direito de não apoiar a grande festa da Bahia, hoje patrimônio imaterial do Brasil, segundo o Iphan. Isto é que é importante!

Outra questão ainda imprecisa de relação a Lavagem do Bonfim diz respeito ao seu inicio na Conceição da Praia. Temos visto citações até do século XVIII  e muitas do século XIX. Não é nada disto! A essa época o Largo da Conceição da Praia nem existia. Através de fotos que publicamos adiante vão provar esse fato. 



Essa foto esclarece muita coisa. Vamos nos concentrar no que acabamos de afirmar: "não existia a Praça em frente a Igreja da Conceição da Praia. O mar chegava junto aos prédios hoje da Rua da Preguiça que é aquela  existente entre o Elevador Lacerda e a Igreja da Conceição da Praia.

Enseada da Preguiça

Esta foto mais do que prova o que se afirma acima. Os barcos encostados próximos às residências na Preguiça. Mais para a esquerda, a câmara poderia pegar a Igreja da Conceição da Praia. 

Monumento a Riachuelo

Na foto acima, vemos a Praça Riachuelo e o seu famoso monumento. Junto ao mar. No prolongamento do Cais das Amarras.

Cais das Amarras

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