quinta-feira, 9 de junho de 2011

MOURARIA – LARGO DA PALMA – OS INTERNACIONAIS

Há de se pensar que a expansão da cidade para o leste deu-se, primeiramente, através da hoje Avenida Joana Angélica que tem inicio na Praça da Piedade, em razão de que, há cerca de 300 metros adiante, do lado direito, está o Convento da Lapa.
Acontece porém que, esse magnifico monumento histórico só foi construído por volta de 1733, tendo sido inaugurado apenas em 1744.



Convento da Lapa – 1733/1744
Queremos nos reportar a anos bem mais atrás aí pelos idos de 1600, quando se construiu no Largo da Palma – Mouraria – a Igreja da Palma, mais precisamente em 1630
 

Largo da Palma – Igreja da Palma – Casarões - 1633

Igreja da Palma - 2011
O forte também é antigo. O mapa acima também o é. Deve ser do século do Século XV/XVI e já se registra a existência do “Quartel da Moraria” sinalizado com a seta vermelha, à esquerda.


Quartel da Mouraria

Mais uma vez se faz a simbiose forte/ igreja que caracterizou a expansão da cidade de Salvador. Construia-se um forte com vistas à segurança da cidade e de junto levantava-se uma igreja tratando da alma e aí o povo vinha atrás com suas casas e se formavam ruas e largos.

E se a Palma não se iniciou pelos caminhos de Nazaré como demonstramos acima, por onde aconteceu a expansão?

Por baixo, entre a hoje Praça dos Veteranos e a Barroquinha. Esta área era um vale com um rio correndo através suas estepes. A oeste o elevado onde se construia a Cidade de Salvador e ao sul o chamado Monte das Palmas ou Outeiro das Palmas, um elevado que, possivelmente, era ornado com muitas palmeiras. A leste os altos de Santo Antônio Além do Carmo.

Devia ser um lugar agradável, desde que a população logo ocupou seus espaços após a construção da fortaleza e da igreja. Subiu suas encostas pouco íngremes. Hoje é um problema. Virou pátio de estacionamento de veiculos. Ficou feio!

Carros por todos os lados






Largo da Palma e Largo da Mouraria vistos do alto, respectivamente


Tem as suas vantagens। É absolutamente central। Próximo do centro onde se acha a Avenida 7 de Setembro e juntinho com a Avenida J.J. Seabra que é só descer uma pequena ladeira. Diz-se que o nome “Mouraria” surgiu em razão de que alí se fazia o acampamento de ciganos que vieram de Portugual. E daí? Ciganos não são mouros! Essa história precisa ser melhor contada.
 
A verdade é a seguinte: nos tempos turbulentos dos povos da Península Ibérica, os mouros, os ciganos e os judeus foram perseguidos pela Inquisição Espanhola. Provocou uma debandada geral. Os ciganos que vieram para o Brasil, espécialmente para a Bahia, foram confundidos como sendo mouros.
 
Mas quem afinal eram os mouros? Era um povo africano que vivia onde é hoje o Marrocos. O termo vem do latim “maures” que significa “negro”, em referência à pele escura da população. No inicio do sécullo VIII d.C, os mouros se converteram ao islamismo após contato feito com os árabes que espalhavam pelo mundo os mandamentos do profeta Maomé.
 
E a igreja da Palma, como surgiu? Conta-nos Afrânio Peixoto em seu Breviário da Bahia:
 
Um dos outeiros da Bahia era o Monte das Palmas, onde se fizeram, em 1624, trincheiras contra os holandeses invasores. O Alferes Bernardo da Cruz Arrais fez voto de erguer aí uma capela, em honra de Nossa Senhora da Palma, voto que não logrou cumprir, mas fê-lo seu irmão, o Dr. Ventura da Cruz Arrais, a quem legara a fortuna, edificando a edícula (pequena capela) prometida, a 8 de janeiro de 1630. De Lisboa fizeram vir imagem da padroeira, inaugurada em 1670.



Nossa Senhora da Palma

Quarenta anos depois, foi construído um hospício para acolher os missionários da Ordem dos Agostinianos Descalços. Hospício? Era o termo dado às casas de hospedagem e recolhimento dos religiosos naquela época. Depois a coisa melhorou para “convento”.
Grande mansão
 


Mansão na Palma – Hoje é o Hotel das Portas Velhas
 


Outras mansões – Uma caindo aos pedaços

Comerciantes? De que? Os trapicheiros deram preferências às encostas de Santo Antônio Além do Carmo. Ficava perto de seus magníficos trapiches no Pilar, logo ali embaixo. Não foram eles.

Teriam sido comerciantes de frutas e verduras das hortas da Barroquinha, da Rua da Vala, da Rua das Hortas? Devia ser um grande negócio na época. A população não tinha outra fonte de abastecimento. O fornecimento através das ilhas só veio a se concretizar muito tempo depois.

Achamos que é mais ou menos por aí. As hortas eram trabalhadas por escravos e a negociação certamente era feita pelos senhores da Palma e da Mouraria. Parece não restar dúvida. A hipótese é muito forte. Moradias próximas do local de trabalho. Acesso fácil. Lugar agradável e até estratégico.


O panorama podia ser mais ou menos este। Um rio e muita plantação em torno।

Hoje são os comerciantes da noite que fazem do Largo da Palma um dos recantos mais boêmios da cidade. Pequenos bares e restaurantes dão ao local todo um charme e a população reconhece isto com uma freqüência impressionante.

Lá está, por exemplo, o Bar dos Internacionais, um dos maiores blocos carnavalescos que esta cidade já teve. Só desfilava homens, rapazes da sociedade baiana. Foi fundado em 1962. Costumava trazer personalidades do sul do País para desfilar no seu carro principal. Foram os casos de Cid Magal, no auge de sua carreira e Dener, o maior estilista daquela época.

Anunciava a hora que ia sair. As ruas se enchiam de moças; sabiam que ali estavam os melhores partidos da cidade. Consequentemente, a paquera corria solta.


Os Internacionais


Chiclete com Banana - Parceria com os Internacionais durante 4 anos


Bar dos Internacionais – famoso é seu pastel de polvo

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