Natal é um dia de festas! A maioria dos lares festeja a data
com jantares e almoços onde o grande prato é o peru. Mais do que tradicional! Hoje essa iguaria é comprada nos supermercados
já quase pronta. É só assar em modernos fogões ou mandar fazer esse serviço em
estabelecimentos especializados.
E, antigamente, como era a coisa? Era braba, muito braba!
Geralmente, o peru era comprado nas feiras um a dois meses antes. Vivinho da
silva!
Levava-se para casa, mas não as casas de hoje, a maioria
apartamentos. Eram casas que tinham quintal. Quase todas elas o possuíam, inclusive aqueles palacetes do
Corredor da Vitória ou da Graça. Isto mesmo! Onde hoje estão grandes edifícios.
De resto, na periferia, todas as casas tinham um quintal, pequeno que fosse,
mas tinham. Plantava-se fruta pão ou tinha uma mangueira e havia um espaço para
criação de pequenos animais, galinha, pato, peru e, por vezes, até porco. Cabra
não. Não era nosso forte.
Fruta Pão
Ai o peru era engordado. A dieta consistia de milho e gomos
de farinha grossa com sal e água que eram enfiados bico abaixo, na marra. Se o
animal não aceitasse, dava-se um pequeno tapinha no gogó e tudo descia.
Logo chegava o grande dia: matar o animal, no caso o peru. Nas
classes média e baixa, B e C segundo classificação atual, era a própria dona de
casa que ia para o sacrifício. Na classe A, eram as empregadas domésticas as
encarregadas do feito e, mais antigamente, as escravas.
Primeiramente, davam aos bichinhos cachaça para embebedá-lo.
Justificava-se o procedimento etílico sob a alegação de que a aguardente
amaciava a carne, mas na verdade crua e nua era para diminuir as dores da
degola e facilitar o procedimento. As crianças eram afastadas. Com uma faca
super amolada degolavase a ave de orelha a orelha sobre uma bacia com vinagre.
Ali o sangue era recolhido. Em seguida, em água fervente, depenava-se o "pobre"
do animal. De resto, era recheado com farofa, ervilha, cebola, castanha e levado
ao fogo à lenha. Claro que havia outras formas de recheio, alguns com chouriço
e toucinho.
Um copo com cachaça - Era a dose.
Acredita-se sem muita consistência que àquele tempo, a
Pastelaria Triunfo na Praça Municipal, já importava o peru congelado, bem como
a carne de porco, mas isto era coisa para gente muito rica e não era a mesma
coisa. Hoje, no local funciona uma agencia bancária. O antigo prédio sofreu um
incêndio. Ficou feio, principalmente porque os prédios ao lado mantiveram suas
antigas e belas fachadas. O banco daria uma grande contribuição à cidade se o
antigo prédio fosse reconstituído. Não que ele, banco, seja culpadp. Deram-lhe
permissão. Deve ter sido o mesmo grupo que aprovou o atual prédio da Prefeitura
em frente. Os dois imóveis se combinam na extrapolação das coisas.
A Pastelaria Triunfo era o prédio à direita da foto encimado com uma torre
E sobre as origens da tradição de comer peru no Natal? De
onde veio? Dos Estados Unidos, Plymouth, Massachussetts. Corria o ano 1621. No
Dia de Ação de Graças foi servido perus selvagens criados por mexicanos. Após
péssima colheita de milho no verão daquele ano, os colonos tiveram uma boa
safra. Ai, o governador da vila, para comemorar o resultado, programou uma
festividade e foram servidos perus e patos. Era inicio do outono. Daí para o
Natal foi uma questão de tempo.
Já na Europa, foram os espanhóis que levaram a iguaria para
lá por volta do século 16. E no Peru, capital Lima, com nome da própria ave,
como é tratado o nosso animal? Não é tratado! Normalmente, o peru não consta
como fazendo parte do cardápio peruano de Natal e outras festividades. No
entanto, muita gente cita que o peru é originário dos Andes, o que não é
verdade.
Também é uma inverdade que o peru tenha sido
introduzido no Brasil pelo fundador da
Sadia, o catarinense Atílio Fontana por volta de 1944. Segundo se sabe, essa
empresa pode ter sido a primeira a fornecer as embalagens que hoje conhecemos
do produto, mas que teria introduzido o costume em nosso meio, não se sustenta
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