Como se sabe, a primeira catedral de Salvador foi a antiga Igreja da Sé, situada naquele espaço onde se encontra os quatro sítios arqueológicos da atual Praça da Sé e o monumento da Cruz Caída de autoria do escultor Mario Cravo Jr. representando a demolição da referida igreja. Decorria o ano de 1933. A Companhia Linhas Circular de Carris da Bahia precisava passar os trilhos de seus bondes pelo local. Simples! Demole-se um patrimônio do século XV/VI. Sem problema!
A Cruz Caída
Sítio arqueológico da Sé
Representação da antiga Igreja da Sé de autoria do pintor Diógenes Rebouças
Desde então, a antiga igreja dos Jesuitas, como era chamada, se tornou a Catedral Basílica Primacial de São Salvador. Curiosamente, o povo continua chamando-a de “Catedral da Sé”, quando, na verdade, esta era a denominação da antiga Igreja da Sé. É a força da tradição de um povo. Talvez a sua revolta. Ninguém aceitou a monstruosa demolição. (Já comentamos esse crime histórico em postagem anterior).
Mas isto tudo é devido à interpretação dos historiadores de citações sobre as duas catedrais, digamos assim. Fazem uma verdadeira mistura histórica, senão vejamos a que segue:
“Assim, em 1551 já algumas construções davam forma ao Colégio e igreja, todos ainda em taipa, material que logo se arruinara, sendo várias vezes reedificado. Coube a Mem de Sá a construção de um templo em alvenaria, sendo inaugurada e consagrada em 1572. Os sinos vieram de Portugal somente em 1581 e quatro anos depois estava finalmente concluída.[1”.
Está claro, pela época, que não se trata da atual Catedral Basílica Primacial de Salvador, e sim da antiqüíssima Igreja da Sé, que era a catedral de Salvador e ficava localizada na Praça da Sé e não no Terreiro de Jesus.
Vejam essa outra:
"Razão tinha Manuel da Nóbrega para dar a Tomé de Sousa, quando este lhe objetava estar fora da cidade o local escolhido para o Colégio; a mesma resposta que o Padre Simão Rodrigues deu a El-Rei D. João III perante objeção idêntica, a respeito da casa de S. Roque, em Lisboa: _Não se arreceie Vossa Alteza de ficar a casa fora da Cidade; a cidade virá juntar-se ao redor da casa. E assim foi. O grande bairro dos Andrades teve como célula genética a casa de S. Roque, como o Colégio da Bahia veio a fazer do Terreiro de Jesus o ponto central de Salvador."[1]
A Porta de Santa Catharina ficava localizada antes da atual Igreja da Misericordia, mais ou menos na esquina da hoje da Prefeitura de Vidro e o Banco Bradesco, no principio da Ladeira da Praça. Aí, Tomé de Souza concedeu um terreno fora dos muros da cidade, justamente na atual Praça da Sé.
Também em postagem anterior fizemos uma representação da área. Revejamo-la:
O “Terreiro” citação do cronista Gabriel Soares
Era um descampado plano envolvendo toda a atual Praça da Sé até as ribanceiras da atual Baixa dos Sapateiros – Rua J।J. Seabra – à direita, na parte mais extremada, ficavam as ribanceiras do atual Pelourinho; mais em baixo ainda à direita, o que se considera “centro histórico de São Francisco”, igualmente descendo para a Baixa dos Sapateiros. Gabriel denominou chamou toda essa área de “terreiro”, daí a confusão que tentamos explicar agora como antes.
Definitivamente, o atual templo onde é hoje a Catedral de Salvador, só ganhou o atual formato entre 1652/1672. Este é o quarto templo. O primeiro foi erguido em 1604.
Reparem as diferenças de datas entre as citações equivocadas datadas de 1551 e esta relativa aos anos 1652/1672, isto é, mais de um século depois.
Atual Catedral da Sé – segundo o povo.
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