EM 10/10/2010 tivemos ocasião de fazer uma postagem onde escrevíamos
sobre a descoberta do petróleo no Brasil, justamente na Bahia, Lobato, subúrbio
ferroviário de Salvador. Passamos a transcrevê-la:
Foi no Lobato que
se descobriu o primeiro poço de petróleo do Brasil. Em 1930, o engenheiro
agrônomo Manoel Ignácio de Bastos, com base no relato de populares de que
usavam uma lama preta como combustível de suas lamparinas e fifós, coletou uma
amostra e constatou que se tratava de petróleo. Conseguiu uma audiência com o
Presidente Getúlio Vargas a quem entregou um laudo técnico de seu achado. Ficou
esperando o resultado. Não tendo sucesso, procurou o então Presidente da Bolsa
de Valores da Bahia, Oscar Cordeiro, a fim de que fosse dado uma força. (1933). A
força foi demasiada! Ele próprio assumiu a descoberta do petróleo e ganhou
todas as homenagens pelo feito. Em 1940, por exemplo, quando Getúlio Vargas
esteve na Bahia, de hidroavião, dirigiu-se de lancha até o Lobato. Ao seu lado
estava o senhor Oscar Cordeiro. Diz-se que, na época, o verdadeiro descobridor
agonizava num leito de um hospital.
Mas a Petrobrás agiu de maneira decente e digna. 15 anos após, a empresa reconheceu a verdadeira autoria da descoberta, após analisar extensa análise documental apresentada pela viúva de Bastos.
É impressionante a entrevista da referida senhora que se chamava Diva concedida ao Jornal da Bahia na década de 1950. Num determinado trecho ela em carta dirigida à filha diz: “ Minha filha, eu agora tomei um choque. Passei no Lobato e vi lá uma placa – “Mina de Petróleo de Oscar Cordeiro”. E eu retruquei. Não disse a você, Maneca, que não convidasse ninguém e esperasse ajuda do governo? E Maneca, sempre incisivo nas respostas: “mas minha filha, Cordeiro como presidente da Bolsa de Mercadorias, pode levar avante a parte comercial da sociedade”.
Maneca- apelido de Manoel Ignácio Bastos.
Poucos anos depois, o Poço Manoel Ignácio Bastos foi fechado pela Petrobrás. Para que tal ocorresse, aconteceu uma verdadeira operação de guerra. Todos os moradores da região foram avisados de que não poderiam acender fogão durante uma semana. A Petrobrás garantiria o fornecimento de marmitas durante esse período. Foi o que aconteceu. D. Maria, moradora do local sendo entrevistada revelou: “Foi uma semana de mordomia. Nunca passamos tão bem”.
Mas a Petrobrás agiu de maneira decente e digna. 15 anos após, a empresa reconheceu a verdadeira autoria da descoberta, após analisar extensa análise documental apresentada pela viúva de Bastos.
É impressionante a entrevista da referida senhora que se chamava Diva concedida ao Jornal da Bahia na década de 1950. Num determinado trecho ela em carta dirigida à filha diz: “ Minha filha, eu agora tomei um choque. Passei no Lobato e vi lá uma placa – “Mina de Petróleo de Oscar Cordeiro”. E eu retruquei. Não disse a você, Maneca, que não convidasse ninguém e esperasse ajuda do governo? E Maneca, sempre incisivo nas respostas: “mas minha filha, Cordeiro como presidente da Bolsa de Mercadorias, pode levar avante a parte comercial da sociedade”.
Maneca- apelido de Manoel Ignácio Bastos.
Poucos anos depois, o Poço Manoel Ignácio Bastos foi fechado pela Petrobrás. Para que tal ocorresse, aconteceu uma verdadeira operação de guerra. Todos os moradores da região foram avisados de que não poderiam acender fogão durante uma semana. A Petrobrás garantiria o fornecimento de marmitas durante esse período. Foi o que aconteceu. D. Maria, moradora do local sendo entrevistada revelou: “Foi uma semana de mordomia. Nunca passamos tão bem”.
Postado por Historia de Salvador-Cidade Baixa às 13:21
Pois bem! Estamos voltando ao assunto pela seguinte razão:
recebemos de Jorge Luiz Deiró Menezes, parente do engenheiro Manoel Ignácio Bastos, um
trabalho da senhora Petronilha Pimentel, jornalista do Rio de Janeiro, sobre a
referida descoberta.
Muitos esclarecimentos são feitos nesse trabalho, aos quais
não poderíamos deixar de reproduzir para nossos leitores. É uma complementação
importante que esclarece de vez a polêmica sobre a verdadeira autoria do descobrimento
de nosso petróleo.
Como se sabe, ensina-se nas
escolas e divulga-se por toda a parte, que o descobridor do petróleo brasileiro
teria sido o senhor Oscar Cordeiro, então Presidente da Bolsa de Mercadorias da
Bahia à época (1933).
Na pesquisa da jornalista carioca,
fica claro que o verdadeiro descobridor foi o engenheiro agrônomo e civil, Manoel
Ignácio Bastos, nascido em Salvador em 20 de março de 1891 e falecido em 1940,
aos 40 anos de idade.
E como o senhor Oscar Cordeiro
entrou na história? Simplesmente à
convite do próprio Manoel Ignácio. O engenheiro já havia descoberto o petróleo
do Lobato e não foi por acaso a descoberta como se julga e até nós relatamos
que o engenheiro teria escutado o relato de populares (moradores
do Lobato) de que usavam uma lama preta como combustível de suas lamparinas e
fifós, coletou uma amostra e constatou que se tratava de petróleo.
Simples, não é verdade? Mas por trás
dessa simplicidade, diríamos mesmo sorte, há uma base que precisa ser divulgada.
Nosso “amigo” engenheiro já era “um
pesquisador ferrenho de garimpos de ouro e diamantes, pois lhe interessava tudo
quanto cheirasse a matéria mineral, como afloramentos, amostragens e dados os
mais diversos que iluminassem o roteiro para os tesouros enceleirados na terra”
(...) au. Pedro Moura.
Continua esse autor: “Toda
a história do óleo do Lobato oscila entre um “buraquinho ridículo de aratu
(espécie de caranguejo) de onde, depois de escarunfunchar, o curioso Manoel
Ignácio Bastos em 1930, viu verter um líquido, oleoso, escuro, com aparência de
petróleo, e o poço número 163 que o DNPM perfurou no local em 1938/1939 para
extirpar um tumor (....).
Logo em seguida, outro escritor,
Ilmar Penna Marinho Jr. Endossando as afirmações de Pedro Moura sobre Ignácio
Bastos, disse:
“O engenheiro Paulo de Moura, com sua
incontestável autoridade, tomando a defesa de Manoel Ignácio Bastos, um auto-ditada
em Geologia, e que mantinha correspondência com técnicos no exterior, presta
seu depoimento no sentido de considerar Bastos como quem primeiro começou a
pesquisar petróleo na região de Lobato, quando tomou conhecimento de que
moradores usavam “uma pasta oleosa” para acender suas lamparinas, seus fifós
(como são denominados na Bahia). Até que um dia conseguiu o comparecimento do
presidente da Bolsa de Mercadorias (Oscar Cordeiro) no local.
Como se vê, o senhor Oscar Cordeiro
fora convidado para ver “in-loco” o pequeno buraco de aratu e deu no que deu.
De imediato o homem foi no cartório e tacou o registro do invento nos seguintes
termos (oficiais):
“Certifico que às fls. 174 do livro 4 foi
inscrito hoje, sob o número 225 em nome de Oscar Cordeiro e Manoel Ignácio
Bastos, residentes nesta Capital, a Mina de Petróleo descoberta pelos mesmos
senhores, cita no lugar denominado Lobato, na feeguesia de Pirajá, em terreno
pertencente à Marinha, à União,parte afora à Société de Construction Du Port da
Bahia e parte à Companhia Progresso Industrial, cuja transição teve lugar em
virtude de despacho do Exmo. Sr. Dr. Juiz da Vara Cível, em petição de 22 de
maio dse 1933, e nos termos do artigo número 173 do Decreto número 18.542 de 24
de Dezembro de 1928 (assinado) Franklin Roigues Pompa – Segundo Oficial de
Justiça.”
Reparem que o nome do senhor Oscar
Cordeiro vem em primeiro; secundariamente, vem o nome do engenheiro. Não está certo.
É nossa opinião.
Certo dia, a viuva de Manoel Inagcio foi até o Lobato vê o pôco de seu marido. Tomou um susto! Deparou-se com uma placa dizendo: " POÇO DE PETROLEO OSCAR CORDEIRO -O PRIMEIRO POÇO BRASILEIRO"- Tomou um susto, mas correu atrás. Procurou a Petrobrás. Mostrou as provas e a grande empresa brasileira, DIGNAMENTE, lhe concedeu uma pensão vitalícia. Por uma dessas ironias da vida Manoel Inagcio morrera pobre, aliás, bastante pobre.
LEITURA OPCIONAL
ALAGADOS
3
Às 6 horas da manhã, já os três
amigos estavam viajando na canoa “Ilha de Maré” com bujarrona e tudo. Iam
apopados com ventos de leste para oeste. Chegariam a menos de uma hora. Bicaram
na praia. Era uma proeza que Cal gostava sempre de fazer. Buscava colocar toda
a canoa na areia. Os amigos que já tinham visto a proeza outras vezes, sempre
torciam pelo sucesso da manobra. O recorde era de 8 metros. A canoa tinha 10
metros. Daquela feita, tinham igualado a melhor marca. Estava bom.
Foi recebê-los o Mestre Ju-
Juvenal Aparecido de Jesus com todas as letras e mais uma dúzia de velhos
pescadores.
- Já vi que trouxe um amigo para
conhecer Maré, apontando Firmino.
- Amigo e vizinho lá no Uruguai.
Abraçaram-se.
- O senhor vai gostar de nossa
ilha. Temos a melhor moqueca de caçonete da Bahia. Vou mandar preparar uma para
hoje ou vocês preferem peguari?
- O senhor pode mandar preparara
as duas? Assim, senhor Firmino já conhece a dupla.
- Mas, Cal e Bel que os traz aqui sem me avisar? Deve ser algo
importante.
- Realmente, pode ser importante.
Estamos precisando de pedaços de rede velha.
É isto que é importante? Tem
muitas jogadas por aí. Para que você as quer?
Olhou para Firmino e respondeu:
fazer uma experiência.
- Ah!
O velho mestre merecia confiança,
mas tinha muita gente ouvindo a conversa. Tinha que manter segredo. Depois, em
particular, diria a ele.
Logo em seguida, começaram a
andar pela ilha e, efetivamente, encontraram diversos pedaços de rede, muitos
até ainda usáveis. Foram colocados na frente da canoa onde atuava a bujarrona.
Em seguida almoçaram com o velho Ju. Como sempre as moquecas estavam uma delícia.
Firmino elogiou-as diversas vezes. Não sabia dizer qual era a melhor.
Depois de um breve descanso, Cal e Bel
resolveram fazer a viagem de volta. A viagem seria mais demorada. Tinham o
vento e a maré de enchente contra eles e a canoa ainda estava sem bujarona. Os
pedaços de rede impediam o seu funcionamento. Tiveram que cambar várias vezes,
ora iam até perto de terra, ora iam até o canal lá fora.
- Estou preocupado sobre aonde
colocaremos tanta rede, senhor Firmino.
- No mangue Bel. Dentro do mangue.
Faremos rolos e os colocaremos entre os galhos. Enquanto isto já cortaremos
algumas dezenas de troncos e também faremos feixes que amararemos com pedaços
de rede. Também ficarão dentro do mangue. Após isto, vamos ver se achamos algum
tanque velho. Certamente iremos achá-los principalmente em casas abandonadas.
- Boa ideia. Não havia pensado
nisto. Tem gente que não leva o tanque para nova moradia, nem os ladrões
costumam roubá-los. Levam tudo, chumbada, pias e vasos, mas sempre deixam os
tanques nos seus lugares.
No dia seguinte Cal e Bel foram
pescar. Já estavam precisando. À noite, os dois amigos, mais Firmino começaram
a cortar os pedaços de paus. No dia seguinte, a mesma coisa até que no fim de
semana, uma sesta feira, deram por satisfeitos. Dois tanques haviam sido
encontrados e estavam ao lado da casa de Firmino, como se fosse uma coisa
velha. E era. Em seguida, foram transportados na canoa Ilha de Maré.
Enterraram-nos até a boca, deixando uma pequena parte exposta. No domingo à
noite, maré totalmente vazia, resolveram montar o curral com a boca no canal e
o resto onde a maré vazava. Os tanques ficaram mais ou menos centralizados. Foi
rápido o serviço e tinha que sê-lo, antes que a maré voltasse a encher. Agora
era só esperar. Retornaram às suas residências e ansiosos quase não dormiram.
Na segunda ainda bem cedo, maré
quase toda vazia, os três homens se dirigiram a pé até próximo ao curral.
Felizmente havia uma trilha arenosa até bem próxima ao pesqueiro, senão teriam
que andar duzentos a trezentos metros na lama. Caminharam em silêncio. O único
meio de comunicação era o olhar de um para outro. Faltando algo em torno de 10
metros, instintivamente deram-se as mãos. Depois se soltaram repentinamente
quando viram um peixe pular de dentro de um dos tanques para fora. Correram! Os
dois tanques estavam cheios até a boca de muitos peixes. Correspondia a uns
trezentos a quatrocentos quilos de peixe de toda a natureza. Ainda tinham
muitos mortos na lama e outros presos nas malhas da rede. Aos pulos, abraçaram-se.
As lágrimas vieram aos olhos de Firmino. Os dois rapazes gritavam ao vento.
Conseguimos! Conseguimos! Firmino, conseguimos!
- Tinha certeza, mas esquecemos
de uma coisa muito importante.
???
- O que fazer com tanto peixe.
Devíamos ter pensado nisto. A culpa é minha. Se tinha certeza, deveria ter
providenciado.
- Providenciado o que homem?
- A colocação desse peixe em
lugar seguro, refrigerado. Vamos perder quase todo ele. Tive uma ideia. Vamos
para terra. Chamaremos um taxi. Vamos até a Calçada. Lá tem diversos
frigoríficos. Esse peixe tem que ser recolhido imediatamente, antes que o sol esquente
os tanques.
Localizaram três frigoríficos,
um do Estado e dois particulares. O do Estado foi logo descartado. Deveria
haver muita burocracia. Nota Fiscal, essas coisas. Dirigiram-se para os outros
dois. Logo no primeiro, encontraram grande receptividade.
- Vocês têm peixe em
quantidade? Era um velho negociante espanhol.
- Temos cerca de 400 a 500
quilos de peixe, hoje e agora.
- Não estou acreditando. Em
Salvador?
- Como em Salvador? Aqui não
há peixe?
- Peixe há. De tainheiros;
pequenas quantidades. Vendem-na de porta em porta.
-E o seu frigorífico, o que
armazena os peixes?
- Só carne. Estamos usando
apenas 20% de sua capacidade de 50 toneladas.
Este homem não deve estar
satisfeito com seu negócio. Ele deve estar prestes a fechar esse frigorífico,
raciocinou Bel. Acho que chegamos ao momento certo, na hora “h”. É agora ou
nunca! É preciso pensar grande.
- O senhor quer vender seu
frigorífico? Podemos pagar em peixes. Os de hoje já serão dados como
entrada. Como disse são perto de 500
quilos das mais diversas espécies. Tainhas e robalos, principalmente. O senhor compra por 5.00 ( é o nosso preço) e
vende talvez pelo dobro. Só precisamos de uma pequena quantidade para nossas
necessidades e doações que sempre fizemos aos pescadores idosos. De resto lhe forneceremos durante os próximos
20 dias, mais ou menos, quantidades semelhantes ou aproximadas de hoje.
Poderemos estipular um máximo de dez mil quilos o que vai dar um total de
cinquenta mil. Em troca ficaremos com o frigorífico e um caminhão. O senhor
dever ter um caminhão frigorífico?
- Tenho. Fechado! Preciso ir
embora para a minha terra. Sou da velha Galícia. Os senhores chegaram em boa
hora. Já ia fechar o frigorífico. Não estava dando lucro.
Há muito tempo que o espanhol estava querendo
vender o frigorífico. O máximo que tinha achado foi trinta mil. O imóvel era
alugado e o caminhão só dava despesa. Já era muito velho. Só tinha um
funcionário, o motorista que também cuidava do frigorífico.
- Temos que ir agora. Nós mesmos
carregaremos o caminhão. Os recibos, essas coisas, depois com calma, a gente
acerta. O senhor deve ter balança. Um de nós, juntamente com o senhor,
acompanhará a pesagem, mas confiamos na sua pessoa.
- E esse peixe está bom?
Perguntou o espanhol.
- Os peixes estão vivos, mas o
sol pode matá-los até o meio dia.
???
O carrego foi feito com muito
esforço de Cal, Bel e o motorista, mas no mais tudo correu bem. Em menos de
duas horas, todo o peixe fora carregado. Firmino fora poupado. Não era serviço
para ele. A grande maioria era realmente
de tainhas e robalos, mas havia pescadas, garoupas e até chicharros olho de
boi. À noite, os três voltaram a se reunir no píer da palafita de Firmino.
-- Vocês precisam regularizar uma
firma imediatamente. Emitir nota fiscal, essas coisas. Vão ser 20 ou mais dias
de circulação desse caminhão. Tem muito fiscal naquela região da Calçada.
- Firmino, o senhor está falando
como se a responsabilidade fosse toda nossa. Porque o senhor não diz “nós
precisamos” e sim “vocês precisam”?
- Meu trabalho neste negócio
encerra-se aqui. Já estou velho. Preciso descansar. Vou comprar uma casa em
Maré e morar lá. Gostei do lugar. Da moqueca de peguari, então, me dá água na
boca.
- O que? O senhor não quer
participar de nosso negócio? Não acredito! A ideia foi toda sua.
- Acredite sim. Não me casei. Não
devo ter mais parentes. Se ainda tiver, sou um estranho para eles. Agora eu
quero é toda paz do mundo. Estou contente em ter podido ajudar vocês que agora
são meus amigos. Vocês devem seguir em frente sem a minha pessoa. Acreditem!
- Não, não, não... gritou Bel.
- Sim, sim, sim, confirmou
Firmino.
- Me dê um abraço. Só quero isto.
A vida é de vocês. Estarei sempre por perto. Era um vaticínio.
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