terça-feira, 11 de setembro de 2012

SHOPPNG BARRA –PAINEL INUSITADO


Sem dúvida que os shoppings de hoje em dia fazem parte da história da cidade, desde que eles modificaram os padrões de consumo da população, principalmente, das pessoas com níveis de renda média e alta.

 Sofisticação, qualidade, exclusividade e um ambiente acolhedor e atraente, boa decoração e segurança, tornaram-se os critérios mais importantes nesse sentido; praticamente, eles reproduzem uma cidade no seu interior. Encontramos amplos corredores, como ruas largas, bancos, como nas praças, plantas ornamentais como nos parques, placas de sinalização orientando os usuários para onde se dirigir à busca de serviços e praça de alimentação que lembra os restaurantes e lanchonetes. Existem ainda agencia e serviços como correio, chaveiro, sapataria e diversas lojas que reproduzem a antiga paisagem de consumo do centro da cidade .Desse modo, o shopping possui tudo que a cidade oferece, mas com mais segurança, comodidade, variedade.

Depois da casa, os lugares mais seguros são os shopping centers que procuram na sua artificialidade, recriar a vida exterior, simulando ruas, praças, alamedas, bulevares, implantando praças de alimentação e outros equipamentos de lazer como cinemas, discotecas, parques de diversão, circos, pistas de patinação, exibindo shows, desfiles de moda, exposições de artes, só para citar alguns.. Longe de resgatar a vida social tradicional dos antigos bairros, as relações são impessoais, garantindo o anonimato, tão afeito ao individualismo pós-moderno. (CARLOS, A.F.,1996, p.79).

Mais um lado mportante. Todos esses serviços são concentrados em espaço relativzmente pequeno em se comparando com a extenção de  um cidade com suas ruas,  praças e ladeiras, especialmente no caso de Salvador. Praticamente o shopping é uma cidade pelo que ela oferece.

Devido a essa importancia, fizemos uma postagem em maio de 2010 sobre o Shopping Barra. Seguiamos um roteiro . Na oportunidade estávamos  historiando a Barra de antigamente e a atual. Oportunamente, fariamos uma postagem sobre o Shopping Iguatemi, o primeiro a ser construido em Salvaodr. Este, então, mudou todo um panorama da área onde foi construido – Itaigara. Não tinha nada anteriormente. O shopping fez crescer o local com belas casas e extraordinários edificios. Praticamente, Salvador como cidade mudou-se para lá. O mesmo vem ocorrendo com o Shopping Salvador e outros que brotam pela Paralela e Linha Verde.
Vamos destacar uma parte dessa postagem quando nos referíamos ao formato do shopping visto do alto. Vejam o que foi escrito na oportunidade.

 Não se poderia encerrar essa postagem, sem que nos referíssemos à diversas citações encontradas principalmente na internet, sobre o formato do Shopping Barra. Acham muitos que ele tem semelhança com a cruz suástica nazista. Pode ser! Talvez uma coincidência! O que é lamentável é a conatação negativa que se pretende fazer com esta semelhança. E daí? A cruz suástica não foi uma invenção da Alemanha-Nazista. Ela é um símbolo místico encontrado em muitas civilizações, dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos Budistas e dos Gregos aos Hindus. Na China tem suástica. No Japão também e neste país ela representa templos e santuários. Na India é tida como “boa marca”. A palavra "suástica" deriva do sânscrito svastika (no script Devanagari,) significando um amuleto da sorte, e uma marca particular de pessoas ou coisas que trazem boa sorte. Viu como se pode ver uma determinada coisa que parece negativa de outra maneira? Pelo lado positivo que se escondia no desconhecimento e na ignorância.



Estamos acrescentando uma imagem  de sua lateral, inclusive da ampliação que se faz onde era o antigo estacionamento descoberto:

Nessa lateral, estão colocando enormes placas de vidro negro que que dão um aspecto monumental ao conjunto.


Moramos nas proximidades dessa obra e fotografamos o "painel" que se está instalando. Painel? Sim, estamos mostrando. Vê-se uma serie de figuras monumentais. O efeito é provocado pelo reflexo  das árvores e prédios em frente..







LEITURA OPCIONAL

Resumo dos capítulos anteriores: Dois amigos pescadores dos Tainheiros, originários da Ilha de Maré construíram duas palafitas na antiga Bacia do Uruguai...; um vizinho, morador antigo da área, maranhense de nascença sugeriu aos dois rapazes fazerem um curral de peixe, nada mais, nada menos, do que uma “armadilha” de espera dos peixes na enchente e apanha dos mesmos na vazante. Fizeram e ficaram ricos, muito ricos.

ALAGADOS

4

Um contador fora contatado imediatamente e em poucos dias fora conseguida uma linscrição provisória. Os 20 dias passaram rápidos. Cal e Bel se revezavam. Ora um estava no frigorifico e o outro na entrega dos peixes.. O motorista era o mesmo.  Foram contratados dois homens para apanha dos peixes e dois outros para o frigorífico. Enquanto isto, o espanhol já havia marcado sua viagem de volta para a sua terra.  
Vale contar como foi escolhido o nome da firma de Cal e Bel para efeito de registro definitivo. Inicialmente pensaram no nome URUGUAI DISTRIBUIDORA DE PEIXES LTDA., em homenagem ao bairro onde moravam. Sem dúvida um bom nome. Foram consultar Firmino.
- Estamos aqui tentando encontrar um nome para a firma. O senhor tem alguma sugestão?
Realmente é um bom nome, mas porque vocês não usam os nomes de vocês dois e formem outro nome.  Por exemplo, CALBEL e acrescente a sua finalidade, INDÚSTRIA DE REDE DE ESPERA. Simples!
- Bom nome seu Firmino, mas está faltando FIR de seu nome. Mesmo que o senhor não queira participar da sociedade, é justo que se inclua suas letras.
- Cal. Vou provar que ia ficar horrível. Vamos pegar a junção de seus nomes e acrescentar FIR. Iria ficar FIRCALBELL; Horrível! Agora vamos colocar o FIR no fim da junção: CALBELFIR. Pior! Como vocês veem, até no nome eu estou certo em não participar, mas, acreditem, estou muito feliz. Minha decisão foi acertada. Este mar é de vocês. Eu sou um intruso.
No dia seguinte, levaram o nome para o contador que achou interessante. As primeiras letras dos nomes dos sócios e a finalidade bem explicita do negócio.  Só faria uma pequena mudança. Mudaria o C de Cal para K de Kal. Ficaria KALBEL INDÚSTRIA DE REDE DE ESPERA LTDA.- Fica mais forte. Os nomes com K são muitos fortes.
-Então, agora me chamo Kal e não Cal. Gostei. Aprovado, não é Bel.
- Claro que sim, aprovado. Não dá para colocar mais um L no meu nome BELL. Ficaria KALBELL.
- Sensacional. Ficou ainda melhor, respondeu o contador. Parece um nome inglês. Essas pequenas coisas impressionam o público.
Enquanto isto foram construídos dois novos currais. Esses já possuíam um coração maior. Tinham três tanques cada um. Também se fez uma novidade. Foram plantadas pequenas mudas de mangue dentro do espaço cercado pelas redes, bem como foram jogados aleatoriamente, pedaços de pratos quebrados para atrair maior número de peixes. Nesta última providência se inspiraram na pesca com manzuais, também uma pesca de espera. A brancura dos pratos atraiam os peixes.
Como resultado, a produção de peixes já beirava a uma tonelada dia. A quantidade adiantou o pagamento do frigorífico e a Kalbell começou a faturar por conta própria. Foi contratado um vendedor externo para o serviço de vendas às peixarias e uma moça para o serviço interno de escritório. Cal e Bel se revezavam. Ora estavam nos currais, ora no escritório.
De relação a Firmino, este já tinha se mudado para Maré e, segundo se soube, (mestre Ju esteve em Salvador),  teria construído uma palafita na ilha. Algo inovador. Os dois amigos, todo mês, mandavam  para ele 1% do faturamento em meio a protestos por telefone.
Com seis meses de funcionamento, a Kalbell possuía uma belíssima e extraordinária conta nos bancos. Trabalhavam com três deles. Constantemente, eram visitados por seus gerentes com propostas de investimento e seguros.
Não decidiam nada antes de ouvir o contador que se tornara um amigo. Fizeram-no um convite para ser o gerente de finanças da nova empresa. Ernesto aceitou, este era o seu nome. Por sua vez ele contratou mais um funcionário. Agora era uma moça e um  rapaz, ambos moradores do Uruguai. Cal e Bel insistiam que fosse gente do bairro.  Também fora contratado um Gerente Comercial que, por sua vez, precisou de mais um vendedor. Chamava-se Otávio.  Cal e Bel se revezavam ora no escritório onde tinham uma sala bem organizada e no mar, foram contratados dois fiscais que atuavam numa lancha, comprada à vista. Esses homens também ajudavam no carrego dos peixes.
 Ficaram ricos em pouco tempo, mas em nenhum momento esqueceram-se dos velhos pescadores do Uruguai e comunidades vizinhas. Faziam generosas doações a entidades filantrópicas que a todo o momento os procuravam. Continuaram morando nas suas antigas palafitas, naturalmente agora já aumentadas e melhoradas. Já eram de alvenaria. De relação aos filhos, claro que passaram a estudar em escolas particulares. As esposas dirigiam a distribuição dos donativos junto com a paróquia local e a Associação dos Moradores do Uruguai, dirigida pelo senhor Maneca.
Certo dia, o contador alertou Cal e Bel de registrarem a indústria no Ministério da Pesca. Era uma obrigação que ainda não tinha sido cumprida. Também era necessário uma  licença da Marinha conseguida rapidamente.
Em determinado sábado, Bel recebeu uma ligação de Maré. Era de Firmino.
- Preciso falar com vocês. É coisa urgente! Venham amanhã como sem falta. Estarei preparando uma moqueca de caçonete. Vocês vão adorar. Venham sós. Não terão tempo de dar assistência aos filhos.
- Se é urgente por que não nos diz logo do que se trata?
- Só pessoalmente. Estou desligando.
- Compadre, deve ser coisa séria pra o Firmino está nos chamando assim tão de repente.
Acordaram cedo e ajeitaram as velas da grande canoa, inclusive a bujarrona.  Ela dava um charme todo especial ao conjunto de duas velas. Pegaram dois cestos e uma rede de malha miúda. A idéia era antes passar em Freguesia e pescar algum camarão e siri mole para presentear o velho mestre. Este último era o crustáceo que ele mais gostava. Por outro lado, sentiam necessidade de pescar. Estava fazendo falta. Até a cor das suas peles tinha mudado. Eram mais brancos. Tinham agora cabelos bonitos, bem penteados. Pareciam outras pessoas.
O vento leste facilitou a viagem. Viajaram apoupado quase todo o tempo. Chegaram em menos de uma hora. Como sempre, Freguesia estava uma beleza. Nas bordas da Mata Atlântica, lá estava o imponente e belo palacete Wanderley de Pinho. Parecia abandonado. É de se imaginar que ao tempo de sua construção este local era maravilhoso. Tinha um engenho de açúcar.
 
Rapidamente conseguiram pescar uns cinco quilos de camarão de bom tamanho e três dúzias de siri mole.  Amararam os cestos na popa da canoa e os afundaram. A idéia era chegar à Maré com eles ainda vivos. Levantaram os panos das velas e seguiram em direção à ilha ali próxima. O velho Firmino, acompanhando pelo mestre Ju, já os esperava na praia. Sem aliviar embicaram na areia mais da metade da canoa sobre risos dos dois amigos.


- Os vi de longe. Como corre esta canoa! E como é bela!
- Grande Firmino. Acho que a ilha o remoçou, falava Bel com a aprovação gestual de Cal. Abraçaram Juvenal que era todo risos, uma simpatia.
- Vocês é que estão bem. Eu já caminho para o fim da vida, mas estou feliz. Realmente, a ilha me fez muito bem. Também só como peixe.
- Mestre, o senhor está com que idade?
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- Sinceramente, não parece. Quem não lhe conhece bem vai lhe dá 50 anos.
- Bondade de vocês. Como sempre, muita bondade.
- Trouxemos uns camarões e siris moles para o senhor.
- Vocês não têm jeito. Vamos para a nossa casa de mar.
- Casa de mar?
- Sim. Os ricos não têm suas casas de praia porque juntas a elas? Da minha parte, tenho minha casa de mar, porque junto a ele.

C:hegaram à casa de Firmino. De fato era uma casa de mar. Lembrava mais um quiosque do que a uma palafita; aliás, estava muito longe de ser uma palafita. Fora feito um acesso de madeira ligando a terra ao quiosque




 Todos os lados menos o de acesso tinha o mar como contorno. Desceram a escada em direção ao que o mestre chamava de “meu píer”. Tinha sido providenciada uma mesa e três cadeiras;
- Antes do caçonete, vocês vão comer meus carapicus fritos. Eu mesmo os pesquei aqui do píer. Aliás, além dos carapicus, pesco siris e agulhas. Essas eu pesco de noite. É só acender um fifó e as bichinhas são atraídas pela luminosidade. Com um jereré de cabo comprido é só abafá-las. Também comprei umas cervejas
- Mestre isso mais parece uma festa, manifestou Bel, surpreso. Afinal de contas o porquê do seu chamamento mais do que urgente?
- Primeiro, vamos tomar a nossa cerveja e comer nossos peixinhos. Depois lhes falo do que se trata.
- Já que é assim, vou cozinhar uns camarões. Era a vez de Cal ajudar na preparação do “evento”.



 

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