Sem dúvida que os shoppings de hoje em dia
fazem parte da história da cidade, desde que eles modificaram os padrões de consumo
da população, principalmente, das pessoas com níveis de renda média e alta.
Sofisticação, qualidade, exclusividade e um ambiente acolhedor e atraente, boa
decoração e segurança, tornaram-se os critérios mais importantes nesse
sentido; praticamente, eles reproduzem uma cidade no seu interior. Encontramos
amplos corredores, como ruas largas, bancos, como nas praças, plantas
ornamentais como nos parques, placas de sinalização orientando os usuários para
onde se dirigir à busca de serviços e praça de alimentação que lembra os
restaurantes e lanchonetes. Existem ainda agencia e serviços como correio,
chaveiro, sapataria e diversas lojas que reproduzem a antiga paisagem de
consumo do centro da cidade .Desse modo, o shopping possui tudo que a cidade
oferece, mas com mais segurança, comodidade, variedade.
Depois da casa, os lugares mais seguros são os shopping centers que
procuram na sua artificialidade, recriar a vida exterior, simulando ruas,
praças, alamedas, bulevares, implantando praças de alimentação e outros equipamentos
de lazer como cinemas, discotecas, parques de diversão, circos, pistas de
patinação, exibindo shows, desfiles de moda, exposições de artes, só para citar
alguns.. Longe de resgatar a vida social tradicional dos antigos bairros, as
relações são impessoais, garantindo o anonimato, tão afeito ao individualismo
pós-moderno. (CARLOS, A.F.,1996, p.79).
Mais um lado mportante. Todos esses serviços são concentrados em espaço
relativzmente pequeno em se comparando com a extenção de um cidade com suas ruas, praças e ladeiras, especialmente no caso de Salvador.
Praticamente o shopping é uma cidade pelo que ela oferece.
Devido a essa importancia, fizemos uma postagem em maio de 2010 sobre o
Shopping Barra. Seguiamos um roteiro . Na oportunidade estávamos historiando a Barra de antigamente e a atual.
Oportunamente, fariamos uma postagem sobre o Shopping Iguatemi, o primeiro a
ser construido em Salvaodr. Este, então, mudou todo um panorama da área onde
foi construido – Itaigara. Não tinha nada anteriormente. O shopping fez crescer o local com
belas casas e extraordinários edificios. Praticamente, Salvador como
cidade mudou-se para lá. O mesmo vem ocorrendo com o Shopping Salvador e outros que brotam pela Paralela e Linha Verde.
Vamos destacar
uma parte dessa postagem quando nos referíamos ao formato do shopping visto do
alto. Vejam o que foi escrito na oportunidade.
Não se poderia encerrar essa
postagem, sem que nos referíssemos à diversas citações encontradas
principalmente na internet, sobre o formato do Shopping Barra. Acham muitos que
ele tem semelhança com a cruz suástica nazista. Pode ser! Talvez uma
coincidência! O que é lamentável é a conatação negativa que se pretende fazer
com esta semelhança. E daí? A cruz suástica não foi uma invenção da
Alemanha-Nazista. Ela é um símbolo místico encontrado em muitas civilizações,
dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos Budistas e dos Gregos aos Hindus.
Na China tem suástica. No Japão também e neste país ela representa templos e santuários.
Na India é tida como “boa marca”. A palavra "suástica" deriva do sânscrito
svastika (no script Devanagari,) significando um amuleto da sorte, e uma marca
particular de pessoas ou coisas que trazem boa sorte. Viu como se pode ver uma
determinada coisa que parece negativa de outra maneira? Pelo lado positivo que
se escondia no desconhecimento e na ignorância.
Estamos acrescentando uma imagem de sua lateral, inclusive da ampliação que se faz onde era o antigo estacionamento descoberto:
Nessa lateral, estão colocando enormes placas de vidro negro que que dão um aspecto monumental ao conjunto.
Moramos nas proximidades dessa obra e fotografamos o "painel" que se está instalando. Painel? Sim, estamos mostrando. Vê-se uma serie de figuras monumentais. O efeito é provocado pelo reflexo das árvores e prédios em frente..
LEITURA OPCIONAL
Resumo dos capítulos anteriores:
Dois
amigos pescadores dos Tainheiros, originários da Ilha de Maré construíram duas palafitas
na antiga Bacia do Uruguai...; um vizinho, morador antigo da área, maranhense de
nascença sugeriu aos dois rapazes fazerem um curral de peixe, nada mais, nada menos,
do que uma “armadilha” de espera dos peixes na enchente e apanha dos mesmos na vazante.
Fizeram e ficaram ricos, muito ricos.
ALAGADOS
4
Um contador fora contatado
imediatamente e em poucos dias fora conseguida uma linscrição provisória. Os 20
dias passaram rápidos. Cal e Bel se revezavam. Ora um estava no frigorifico e o
outro na entrega dos peixes.. O motorista era o mesmo. Foram contratados dois homens para apanha dos
peixes e dois outros para o frigorífico. Enquanto isto, o espanhol já havia
marcado sua viagem de volta para a sua terra.
Vale contar como foi escolhido o nome
da firma de Cal e Bel para efeito de registro definitivo. Inicialmente pensaram
no nome URUGUAI DISTRIBUIDORA DE PEIXES LTDA., em homenagem ao bairro onde
moravam. Sem dúvida um bom nome. Foram consultar Firmino.
- Estamos aqui tentando encontrar
um nome para a firma. O senhor tem alguma sugestão?
Realmente é um bom nome, mas
porque vocês não usam os nomes de vocês dois e formem outro nome. Por exemplo, CALBEL e acrescente a sua finalidade,
INDÚSTRIA DE REDE DE ESPERA. Simples!
- Bom nome seu Firmino, mas está
faltando FIR de seu nome. Mesmo que o senhor não queira participar da
sociedade, é justo que se inclua suas letras.
- Cal. Vou provar que ia ficar
horrível. Vamos pegar a junção de seus nomes e acrescentar FIR. Iria ficar FIRCALBELL;
Horrível! Agora vamos colocar o FIR no fim da junção: CALBELFIR. Pior! Como
vocês veem, até no nome eu estou certo em não participar, mas, acreditem, estou
muito feliz. Minha decisão foi acertada. Este mar é de vocês. Eu sou um
intruso.
No dia seguinte, levaram o nome
para o contador que achou interessante. As primeiras letras dos nomes dos sócios
e a finalidade bem explicita do negócio. Só faria uma pequena mudança. Mudaria o C de
Cal para K de Kal. Ficaria KALBEL INDÚSTRIA DE REDE DE ESPERA LTDA.- Fica mais
forte. Os nomes com K são muitos fortes.
-Então, agora me chamo Kal e não
Cal. Gostei. Aprovado, não é Bel.
- Claro que sim, aprovado. Não dá
para colocar mais um L no meu nome BELL. Ficaria KALBELL.
- Sensacional. Ficou ainda
melhor, respondeu o contador. Parece um nome inglês. Essas pequenas coisas
impressionam o público.
Enquanto isto foram construídos
dois novos currais. Esses já possuíam um coração maior. Tinham três tanques
cada um. Também se fez uma novidade. Foram plantadas pequenas mudas de mangue
dentro do espaço cercado pelas redes, bem como foram jogados aleatoriamente,
pedaços de pratos quebrados para atrair maior número de peixes. Nesta última
providência se inspiraram na pesca com manzuais, também uma pesca de espera. A brancura
dos pratos atraiam os peixes.
Como resultado, a produção de
peixes já beirava a uma tonelada dia. A quantidade adiantou o pagamento do
frigorífico e a Kalbell começou a faturar por conta própria. Foi contratado um
vendedor externo para o serviço de vendas às peixarias e uma moça para o
serviço interno de escritório. Cal e Bel se revezavam. Ora estavam nos currais,
ora no escritório.
De relação a Firmino, este já
tinha se mudado para Maré e, segundo se soube, (mestre Ju esteve em
Salvador), teria construído uma palafita
na ilha. Algo inovador. Os dois amigos, todo mês, mandavam para ele 1% do faturamento em meio a protestos
por telefone.
Com seis meses de funcionamento,
a Kalbell possuía uma belíssima e extraordinária conta nos bancos. Trabalhavam
com três deles. Constantemente, eram visitados por seus gerentes com propostas
de investimento e seguros.
Não decidiam nada antes de ouvir o
contador que se tornara um amigo. Fizeram-no um convite para ser o gerente de
finanças da nova empresa. Ernesto aceitou, este era o seu nome. Por sua vez ele
contratou mais um funcionário. Agora era uma moça e um rapaz, ambos moradores do Uruguai. Cal e Bel
insistiam que fosse gente do bairro. Também
fora contratado um Gerente Comercial que, por sua vez, precisou de mais um vendedor.
Chamava-se Otávio. Cal e Bel se
revezavam ora no escritório onde tinham uma sala bem organizada e no mar, foram
contratados dois fiscais que atuavam numa lancha, comprada à vista. Esses
homens também ajudavam no carrego dos peixes.
Ficaram ricos em pouco tempo,
mas em nenhum momento esqueceram-se dos velhos pescadores do Uruguai e
comunidades vizinhas. Faziam generosas doações a entidades filantrópicas que a
todo o momento os procuravam. Continuaram morando nas suas antigas palafitas,
naturalmente agora já aumentadas e melhoradas. Já eram de alvenaria. De relação
aos filhos, claro que passaram a estudar em escolas particulares. As esposas
dirigiam a distribuição dos donativos junto com a paróquia local e a Associação
dos Moradores do Uruguai, dirigida pelo senhor Maneca.
Certo dia, o contador alertou Cal
e Bel de registrarem a indústria no Ministério da Pesca. Era uma obrigação que
ainda não tinha sido cumprida. Também era necessário uma licença da Marinha conseguida rapidamente.
Em determinado sábado, Bel recebeu uma ligação de Maré. Era de
Firmino.
- Preciso falar com vocês. É
coisa urgente! Venham amanhã como sem falta. Estarei preparando uma moqueca de
caçonete. Vocês vão adorar. Venham sós. Não terão tempo de dar assistência aos
filhos.
- Se é urgente por que não nos
diz logo do que se trata?
- Só pessoalmente. Estou
desligando.
- Compadre, deve ser coisa séria
pra o Firmino está nos chamando assim tão de repente.
Acordaram cedo e ajeitaram as
velas da grande canoa, inclusive a bujarrona. Ela dava um charme todo especial ao conjunto
de duas velas. Pegaram dois cestos e uma rede de malha miúda. A idéia era antes
passar em Freguesia e pescar algum camarão e siri mole para presentear o velho
mestre. Este último era o crustáceo que ele mais gostava. Por outro lado,
sentiam necessidade de pescar. Estava fazendo falta. Até a cor das suas peles tinha
mudado. Eram mais brancos. Tinham agora cabelos bonitos, bem penteados. Pareciam
outras pessoas.
O vento leste facilitou a viagem.
Viajaram apoupado quase todo o tempo. Chegaram em menos de uma hora. Como
sempre, Freguesia estava uma beleza. Nas bordas da Mata Atlântica, lá estava o
imponente e belo palacete Wanderley de Pinho. Parecia abandonado. É de se
imaginar que ao tempo de sua construção este local era maravilhoso. Tinha um engenho
de açúcar.
Rapidamente conseguiram pescar
uns cinco quilos de camarão de bom tamanho e três dúzias de siri mole. Amararam os cestos na popa da canoa e os
afundaram. A idéia era chegar à Maré com eles ainda vivos. Levantaram os panos
das velas e seguiram em direção à ilha ali próxima. O velho Firmino, acompanhando
pelo mestre Ju, já os esperava na praia. Sem aliviar embicaram na areia mais da
metade da canoa sobre risos dos dois amigos.
- Os vi de longe. Como corre esta
canoa! E como é bela!
- Grande Firmino. Acho que a ilha
o remoçou, falava Bel com a aprovação gestual de Cal. Abraçaram Juvenal que era
todo risos, uma simpatia.
- Vocês é que estão bem. Eu já
caminho para o fim da vida, mas estou feliz. Realmente, a ilha me fez muito
bem. Também só como peixe.
- Mestre, o senhor está com que
idade?
-64
- Sinceramente, não parece. Quem
não lhe conhece bem vai lhe dá 50 anos.
- Bondade de vocês. Como sempre,
muita bondade.
- Trouxemos uns camarões e siris
moles para o senhor.
- Vocês não têm jeito. Vamos para
a nossa casa de mar.
- Casa de mar?
- Sim. Os ricos não têm suas
casas de praia porque juntas a elas? Da minha parte, tenho minha casa de mar,
porque junto a ele.
C:hegaram à casa de Firmino. De
fato era uma casa de mar. Lembrava mais um quiosque do que a uma palafita;
aliás, estava muito longe de ser uma palafita. Fora feito um acesso de madeira
ligando a terra ao quiosque
Todos os lados menos o de acesso tinha o mar
como contorno. Desceram a escada em direção ao que o mestre chamava de “meu
píer”. Tinha sido providenciada uma mesa e três cadeiras;
- Antes do caçonete, vocês vão
comer meus carapicus fritos. Eu mesmo os pesquei aqui do píer. Aliás, além dos
carapicus, pesco siris e agulhas. Essas eu pesco de noite. É só acender um fifó
e as bichinhas são atraídas pela luminosidade. Com um jereré de cabo comprido é
só abafá-las. Também comprei umas cervejas
- Mestre isso mais parece uma
festa, manifestou Bel, surpreso. Afinal de contas o porquê do seu chamamento
mais do que urgente?
- Primeiro, vamos tomar a nossa
cerveja e comer nossos peixinhos. Depois lhes falo do que se trata.
- Já que é assim, vou cozinhar
uns camarões. Era a vez de Cal ajudar na preparação do “evento”.
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