quinta-feira, 13 de junho de 2013

A POSTAGEM MAIS LIDA - CARNAVAL DE ONTEM E DE HOJE


Outro dia estávamos a olhar o quadro geral de nosso blog no Google Bloger. Fazia tempo que não acessávamos esta página. Ela fornece os dados de acesso por parte do público em geral ao nosso blog e dá outras informações de órdem técnica.
Ai, nos chamou a atenção a postagem mais lida entre as seiscentas e tantas que já fizemos: “CARNAVAL DE HOJE E ANTIGAMENTE”. Abaixo o quadro:


Sempre o Carnaval! Escrevemos tanta coisa sobre a cidade e é o Carnaval que domina o pedaço, como se costuma dizer.
Já que é assim, porque não destacá-lo ainda mais reproduzindo a referida postagem? Claro! Reconhecimento! Mérito! Muitos que não leram haverão de fazê-lo agora.
Salvador, 4 de novembro de 2010
Este blog se propôs em historiar a Cidade Baixa. Até agora foram mais de 150 postagens. Tratamos principalmente do seu espaço físico, mas também focamos aspectos sociais como, por exemplo, suas festas de largo e rua. Não fizemos, entretanto, nenhuma referência ao Carnaval propriamente dito, que envolve tudo e  todos e, como não podia deixar de ser, inclui também a Cidade Baixa.
Façamos algumas considerações sobre a grande festa, desde que estamos na época dela. A intervenção, quase um desvio, parece-nos apropriado.
Não deixa de ser curioso e até incompreensível que a Cidade Bahia, onde se realiza as maiores festas de rua e largo de Salvador – Bonfim, Boa Viagem e Conceição da Praia – nunca tenha emplacado um Carnaval próprio como aconteceu, por exemplo, com a Barra e Ondina.
Tentativas existiram entre as década de 1950/1960, principalmente no Bairro do Uruguay com a realização de “gritos de Carnaval”, semana antes da grande festa, mas nos dias de Momo era uma desanimação total. Também na Ribeira fizeram-se algumas investidas, mas foi sempre um grande fracasso.
No Comércio, tão próximo do circuito da Cidade Alta, sempre se falou no seu aproveitamento em razão de suas ruas e avenidas espaçosas, mas ninguém se atreveu em fazer descer o Carnaval. Fala-se, especula-se, mas, na hora H, não se concretiza.
A nosso ver, numa eventual expansão do Carnaval, o Comércio nos parece um lugar mais apropriado do que, por exemplo, Aeroclube, Paralela que se são citados por alguns.
O primeiro, Aeroclube, vai “afunilar” seu acesso. O segundo, Paralela, é muito longe e é via de acesso às praias da Linha Verde. Nem pensar! Também é longe.

Então, o povo da Cidade Baixa não participava do Carnaval de antigamente?
Participava e muito! Era um povo festeiro, isto é, acostumado com festas. Desde as 9 horas da manhã de domingo, os bondes e ônibus, cada um a seu tempo, transportavam levas de mascarados em direção ao Elevador Lacerda. Era a subida para a folia.
Era magnífico ver aquela cena dos bondes abarrotados de foliões. Não havia sequer um passageiro que não estivesse mascarado. Todos, indistintamente, portavam as famosas máscaras de pano com suas orelhas e narizes avantajados. Contorno dos olhos e boca seguia a mesma linha de destaque.

A maioria vestia pijamas, algumas de seda ou grandes macacões coloridos.

A Misericórdia e a Rua Chile já estavam lotadas. O povo ia em direção à Praça Castro Alves e voltava pela Rua da Ajuda ao som de conjuntos improvisados de repercussão e sopro. Antes da construção do viaduto da Praça da Sé, a massa virava na esquina do Café das Meninas. Do outro lado a Prefeitura. Quando o viaduto foi construído – 1947 – passava-se por ele e retornava-se na esquina da Joalheria Primavera.
Esta movimentação ia até as duas horas da tarde, quando a avenida esvaziava-se completamente. Isto mesmo! Parecia um dia comum. O povo ia almoçar em casa, os caretas também.
A avenida voltava a ter movimento a partir das 17 horas. O povo chegava para assistir ao desfile dos grandes clubes, Fantoches da Euterpe, Inocentes em Progresso e Cruz Vermelha. Entre 18.00 e 19.00 horas rodavam pela avenida os belíssimos carros alegóricos dessas agremiações. Quase sempre eram três carros por clube. No último deles vinha a Rainha, geralmente uma moça da alta sociedade.
As famílias colocavam cadeiras e bancos por toda a Avenida Sete e muitos empunhavam bandeiras com as cores de cada entidade. Tinha gente que portava um escudo iluminado no peito.
Após o desfile, a avenida esvaziava-se de novo. Estranho, não? As famílias, claro, se retiravam. Os mais jovens voltavam para casa para se preparar para os grandes bailes dos clubes, notadamente, Fantoches da Euterpe. Retornavam fantasiados, todos, indistintamente. Passavam apressados! A fila para entrar alcançava a Rua do Cabeça. Adentravam ao clube por volta das 10 horas ou até mais. A orquestra já tocava as grandes marchinhas daquele tempo.
Eu vinha pela madrugada,
pela avenida toda iluminada..
Você foi aquele Pierrot
que me abraçou e me beijou.
ALÁ, lá, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô...
Mais de mil palhaços no salão...
Arlequim ainda espera pela sua Colombina
no meio da multidão...
A Estrela Dalva no céu desponta,
e a Lua anda tonta,
com tanto riso, oh! tanta alegria...
ALÁ, lá, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô...
Aquela máscara negra não mais esconde seu rosto...
Queria ver o meu amor, sorrindo,
mas, amanhã, assistindo os ranchos a passar,=
estarão rolando as lágrimas do meu coração...
Onde a avenida é toda iluminada?
Só haverá velhos palhaços e a solidão...
Oh! Minha Estrela Dalva!
Eu quero matar a saudade...
Não me leve a mal: hoje é Carnaval...
“Carnaval vem do latim carnelevament, modificado depois em carnevale! Quanto à origem, tem sido atribuído à evolução e à sobrevivência do culto de Ísis, dos festejos em honra de Dionísios, na Grécia, e até mesmo às festas dos "inocentes" e "doidos", na Idade Média, dando origem aos mais famosos carnavais dos tempos modernos”.
Segundo outros, o Carnaval era marcado ( ou ainda é) pelo “adeus à carne” ou “carne nada vale” dando origem ao termo Carnaval.
Mas há quem diga que em Roma realizava-se uma festa denominada Saturnália. Nela, um carro em forma de navio abria caminho em meio à multidão de mascarados. Seria um “carrum navalis” (carro naval). Será?
Esta semana, lemos uma entrevista do compositor Alaor Macedo. Ele está pretendendo reabilitar as antigas Escolas de Samba de Salvador.
Mas Salvador já teve Escola de Samba? Já! Lembramo-nos de duas delas, Filhos da Liberdade e Diplomatas de Amaralina. Haviam outras!
O negócio é meio complicado. Os avanços estruturais do Carnaval baiano são muito fortes. Mudar isto ou introduzir em meio a isto um desfile de Escola de Samba é muito difícil. Mas há uma idéia. Sempre há!
Que tal estruturar um bloco hoje existente em alas distintas. 10 alas de 300 foliões cada. Cada uma com um abadá de uma cor. Talvez um adereço na cabeça para dar mais vida. Está muito monótono o atual visual. Passa o carro. A grande cantora dá um show e em seguida vêm a moçada com uma lata de cerveja na mão, alguns andando como se nada estivesse acontecendo. Podes crer! É só olhar a televisão daqui a uma semana.
Mas isto não é Escola de Samba? Nunca será. Poderá ser Escola de Axé. Por aí. Um dia chega-se lá e quem viver verá.



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