Não vimos nas propostas dos
candidatos à Prefeito de Salvador uma posição efetiva de solução para melhoria
de nossa orla, principalmente no que se refere às barracas.
Como é sabido, todas as barracas então existentes
em nossa orla foram retiradas por força de uma ação do Ministério Público. Até então,
nada se fez para o retorno das mesmas, naturalmente dentro de um novo projeto.
O que não se admite é o
esquecimento e aceitação passiva dessa medida por parte dos órgãos
governamentais, tanto da Prefeitura quanto do Governo Estadual.
Governo Estadual? Estranharão
alguns. Mas não deveriam!
Salvador é um dos maiores polos do turismo nacional e as barracas de praias davam às nossas praias uma
característica muito própria no que se refere a entretenimento e aconchego.
Hoje, o baiano e o turista não têm
onde “ficar” em nossas praias. O “ficar” aqui quer significar “descansar”, livrar-se do sol; almoçar, tomar uma cerveja, essas coisas.
Mas que importância tem isto? Tem
muita. O turismo proporciona a nossa capital milhões de reais de arrecadação e,
sem dúvida alguma, o fim das barracas deve ter influenciado negativamente nessas
contas.
Enquanto isto, Fortaleza cresce cada vez mais e, já se
acredita que domina o fluxo do turismo nacional e as barracas de praias são
uma de suas maiores atrações. O Governo de lá faz até propaganda das mesmas em
todo o mundo.
Vamos ver o que foi divulgado na
internet recentemente, isto é, façamos propaganda de suas barracas. Que jeito!
Leitura Opcional
ALAGADOS
Resumo do capítulo anterior: Bel contou
a Cal o que seu filho aprontou no Porto doa Mastros.
16
As vendas do resort foram um
sucesso. Todos os domingos o Banco do Brasil disponibilizava uma promotora para
venda aos proprietários de lanchas que iam à Maré. O arquiteto indicou dois
socialites que ficaram encantados com as casas mar, desde que suas compras
fossem citadas nas colunas sociais. O próprio Rigoni procurou os jornais e
forneceu a notícia. Foram publicadas. Em conseqüência, novos socialites
entraram na fila. Uma agência de turismo internacional adquiriu cinco unidades.
Diversas empresas adquiriam outras. Já se pensava numa ampliação.
E em dia glorioso, o Resorte
Casas de Mar foi inaugurado com a presença de autoridades e, principalmente de
todos os futuros moradores. Entre as autoridades, o Prefeito da Capital, o
Sub-Prefeito das Ilhas e Carlos que tinha sido eleito vereador nas últimas
eleições com grande votação no Uruguai e na ilha. A administração do condomínio
ficaria com Cal, Firmino e Maneca que tinha sido convidado e aceitou.
Desde então, passaram-se três
anos. Os filhos já estavam formados. Casados estavam apenas Alex com Mariana, e
Jean com Milena. Mauro, Maria e Carlos continuavam solteiros. Tinham seus
namorados, mas nada definitivo. Alex e Mariana moravam em belíssimo apartamento
em Patamares; Jean e Milena na Barra em apartamento dado pelo senhor Rigoni,
também muito bonito; Mauro e Maria continuavam no apartamento de Ondina
comprado ao senhor Rigoni e Carlos quase não tinha residência fixa: vivia se
mudando constantemente. Profissionalmente, Alex era uma renomado médico, bem
como sua esposa. Tinham consultórios juntos. Jean e Mauro, ambos engenheiros,
também se juntaram e formaram uma empresa de construção civil. Maria era
dentista e tinha um ótimo consultório dado pelo pai. Milena que era enfermeira
virou apenas dona de casa e Carlos agora era vereador, por sinal um dos mais
votados, graças aos moradores dos Alagados.
Certa manhã de domingo Bel se
encontrava na varanda de sua casa quando percebeu uma corrida de canoas e
saveiros chegando à Maré. Naturalmente, as canoas bem mais rápidas, viam na
frente e entre elas uma se destacava. Era a única que tinha uma bujarrona.
Buscou um binóculo e identificou a mesma como sendo a “Ilha de Maré”, que lhe
havia pertencido. Desceu rapidamente e se dirigiu à praia onde seria a chegada.
A embarcação bicou na areia vitoriosa. Da mesma forma como fazia ao seu tempo.
Era conduzida por dois rapazes. Se dirigiu a um deles.
- Esta canoa já foi minha.
- Como assim! Meu pai a comprou
de um pescador no Uruguai.
- Esse pescador era eu.
- O senhor?!
- Exatamente eu. Hoje moro aqui
em Maré. Eu e meu amigo Cal, que pescava comigo.
- Que coincidência! Isto merece
uma comemoração.
Bel já ia convidar os dois
rapazes para subirem até sua casa, mas achou por bem não fazê-lo. Poderia
parecer uma exibição. – Vamos até o bar de um amigo meu, o Ju. Fica logo ali.
Enquanto isto ligou para Cal e
Firmino que logo chegaram.
- Cal, meu amigo, veja como são
as coisas da vida. Depois de tantos anos, ela vem até nós.
- Verdade! Pensei que não
existisse mais. Tivesse sido abandonada numa dessas praias por aí.
- Vocês pescam com ela? Perguntou Bel aos rapazes.
- Não, em verdade, só a pegamos
quando tem corrida. Ela é uma grande campeã.
- E onde ela fica atracada?
- Em Aratu, temos iates lá. Fica
junto aos nossos barcos.
- Vocês são iatistas?
- Somos. Não toleramos lanchas,
essas coisas. O nosso negócio é vela que nem Maré.
- Maré?
- Oh. Desculpe. O nome dela todo
é “Ilha de Maré”, mas a chamamos apenas de Maré. Fica mais rápido, como ela.
- Quer vendê-la?
- De jeito nenhum. Podemos até
emprestá-la, mais ou menos por aí, se o senhor quiser um dia. É só aparecer lá
em Aratu em qualquer domingo.
- E nos outros dias os senhores
fazem o que?
- Somos médicos, tempos
consultórios juntos.
- Tenho um filho e uma nora que
são médicos.
- Quem são eles?
- Mauro e Mariana.
- O senhor é pai do Mauro? Não é possível? Hoje é o dia das
coincidências. Grande amigo nosso e também sua esposa. Já operamos juntos. Aí
já podemos reformular nossa proposta de empréstimo. Em vez de o senhor ir até
Aratu, já deixamos a canoa aqui pelo tempo que o senhor quiser. Depois o senhor
a devolve, não se esqueça disto.
Risos.....
- O problema reside de como
voltaremos para Aratu.
- Lhes deixo lá em minha lancha.
- Lancha. Nada feito. Estou
brincando. Desde que eu não a dirija.
Marcos e Paulo, eram esses os
nomes dos dois médicos, foram então conduzidos até Aratu por Firmino e o
marinheiro, logo após terem recebido a taça pela vitória na regata. Deixaram a “Ilha
de Maré” em mãos de Bel. Após um mês, seria devolvida.
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