Por fim, foi inaugurada uma nova ala de lojas do shopping
Barra. Acima foto do seu interior e sua nova fachada.
Ainda faltam os novos cinemas e a praça de alimentação.
Quando concluído, os moradores dos bairros próximos terão
uma sensacional opção de lazer. Claro que isto valoriza os prédios próximos a
ele, segundo opiniões de especialistas como a do senhor Francisco Maia. Diz ele:
“Isso vem à propósito no que diz
respeito a valorização ou desvalorização dos prédios próximos ao shopping. O
que dizem os especialistas.
"Existe uma estória que certa vez indagaram a um experiente empresário do setor
quais os três fatores que mais valorizam um imóvel, no que ele prontamente
respondeu: localização, localização e localização.
Acima uma visão aérea da área onde se
encontra o Shopping Barra. Em contornos azuis, bairros cujos imóveis se
valorizaram com a construção do shopping. Em contornos vermelho, área de
desvalorização dos imóveis.
(aconselha-se a usar o zoom do computador para melhorar a vizualização)
Se a localização é nas proximidades do
shopping como no caso, os bairros Chame-Chame, Jardim Brasil e Apipema, a
valorização dos imóveis nessas áreas é muito boa.
Se, por outro lado, se a localização for
praticamente pegada ao shopping, há uma clara e expressiva desvalorização do
imóvel pela supressão da vista ao redor e diminuição da ventilação na área.
(aconselha-se a usar o zoom do computador para melhorar a vizualização)
Leitura optativa
Resumo do capitulo anterior:
Carlos, filho de Cal foi à Ilha de Maré comunicar a Bell que iriam invadir o Porto
dos Mastros. Deu data e hora do feito...
ALAGADOS
14
Na tarde da sesta feira a polícia
isolou toda a Rua Domingos Rabelo, o Porto dos Mastros, como era mais
conhecida. Foram fechadas as duas extremidades. A do Largo do Papagaio e a da
Ribeira, bem como todas as transversais que dava para a Rua Dois de Julho ou
Visconde de Caravelas. Isolaram a Madragoa. Havia mais de 300 soldados na
operação. Barcos do Corpo de Bombeiros estavam circulando ao largo. A maré
ainda estava cheia. Um carro com alto-falante circulava na rua, ponta a ponta,
avisando aos moradores a necessidade de se identificar ao sair ou entrar.
Bastava um recibo de luz. Recomendava, entretanto, que evitassem sair à noite.
Também havia restrições na Visconde de Caravelas e na Avenida Beira Mar. Os
bondes não chegariam até o Largo do Papagaio a partir das 19 horas. Fariam a
volta no Largo de Roma. Estava montada uma operação de guerra. Ei-la,
esquematizada:
Enquanto isto acontecia, os
chefes da invasão, Carlos entre eles, observavam tudo do alto de São Caetano. Portavam
binóculos. Já estavam lá desde as 4 horas da tarde. Haviam contratado 100
marisqueiras a um cruzeiro por pessoa, para uma simulação que aconteceria a
partir das 20 horas. Todas, portando um fifó a querosene, foram espalhadas
desde Santa Luzia a Lobato. Na hora combinada, acenderiam os seus fifós e
entrariam na lama até cerca de 50 metros para fora. Ficariam circulando de
forma desordenada em meio à escuridão.
Também a partir das 19 horas,
milhares de pessoas se reuniriam no Alto do Bonfim, em torno da igreja para a
operação da invasão do Porto dos Mastros. Todas as comunidades foram avisadas.
Essas pessoas deveriam portar paus e madeiras para fixação na lama,
determinando o espaço da palafita de cada família. Também era conveniente levar
facões para corte de paus de mangue, farto na área a ser invadida.
Recomendava-se silêncio profundo
em respeito ao local, mas, principalmente, para não serem notadas. O acesso à
Santa Colina deveria ser feito, preferencialmente, pela Rua São Francisco, no
Alto de Monte Serrat. Era mais discreto. Sempre que possível, deveria ser
evitada a subida pela ladeira principal. Chamaria muita atenção. Todos deveriam
ficar sentados ou ajoelhados, rezando se quiserem. Os paus e os facões ao lado.
Pouco antes das 20 horas, Carlos
ligou para o Disque Denuncia avisando que a invasão do mar se daria em Santa
Luzia e Lobato e não no Porto dos Mastros. De imediato foi feito o contato com
o comandante da operação militar.
- Comandante, acabamos de receber
uma denúncia de que a invasão do mar aí em Itapagipe vai acontecer realmente em
Santa Luzia e Lobato. A informação de que ela aconteceria no
Porto dos Mastros foi um blefe para desviar a atenção da Policia Militar. Os
invasores estão entrando no mar a partir desse instante.
O comandante olhou para o outro
lado e viu dezenas de pontos de luz se movimentando, como se fossem vaga-lumes
- Fomos enganados! Disseram que a
invasão seria aqui e estão invadindo do outro lado. Vejam as luzes se
movimentando. São eles. Cadê os caminhões? Embarque a tropa nos veículos e se
dirijam imediatamente para o Lobato. Aqueles que não couberem nos caminhões
deverão seguir a pé pelo Caminho de Areia, Avenida dos Mares e virar à esquerda
na Rua do Imperador. Estou indo no meu carro. Retire as barreiras!Libere a rua!
Operação suspensa e transferida! Avisem ao Coronel Comandante nos Dendezeiros.
Do lado do Bonfim, os verdadeiros
invasores começaram a descer da Colina Sagrada pela Ladeira dos Romeiros.
Alçaram a Praça Divina. Todos descalços.
Tomaram à Rua do Meio e em seguida a Rua da Paz. Todas estavam à escura. Um
grupo de garotos havia se incumbido nesse dia de quebrar todas as lâmpadas
existentes no percurso. Até o Largo do Papagaio estava na escuridão. Os
militares não haviam notado. Os invasores chegaram perto. Aproximaram-se do
Porto dos Mastros e invadiram o mar com seus paus e madeiras. Delimitaram
centenas de espaços. Uns mais audaciosos já levantaram as primeiras “paredes”
de madeira.
Paralelamente, os caminhões dos
militares chegavam à Baixa do Fiscal. Encontram-na interditada. Foram
levantadas barreiras com pneus velhos que estavam a se incendiar. Fortes
colunas de fumaça assustavam as pessoas residentes no local. Não havia como
passar. Chamaram o Corpo de Bombeiros. Demorou muito. Quando conseguiram um
espaço para os caminhões seguirem seu caminho, já tinha decorrido mais de 40
minutos.
Finalmente chegaram primeiro em
Santa Luzia e depois em Lobato. Não havia ninguém no mar a não ser algumas
marisqueiras catando papa-fumos. Algumas delas foram abordadas, mas ninguém viu
nada; ninguém sabia de nada
- E as luzes que eu vi por aqui
- Foram de pescadores de agulha
que acendem seus fifós para atraí-las com a luminosidade. À medida que o mar se
afasta na vazante, eles se afastam para os lados de Cabrito e Plataforma, dizia
uma das marisqueiras.
Na manhã seguinte a invasão
estava consolidada. Toda a vegetação de mangue que ficava em torno da avenida
não mais existia. Até mesmo o centro da bacia onde se projetava um promontório
de mangues, também estava destruído. Entre os postes da Rua Domingos Rabelo
(Porto dos Mastros) dezenas de faixas davam apoio à invasão. Carros de som
enalteciam o feito. Foram aparecendo políticos de todos os partidos,
principalmente vereadores. O comandante da guarnição, dentro do seu carro,
assistia tudo de longe, totalmente impotente. Mandou recolher a tropa ao
quartel.
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