Este blog foi imaginado e criado para contar a história de
Salvador e suas duas cidades, a Baixa e a Alta. Sem nenhum cabotinismo, talvez
no mundo não se encontre uma cidade com partes tão desiguais e únicas. Caimi
foi o artista que melhor soube dizer dessas diferenças, como também soube dizer
que não tem outra mulher no mundo igual à baiana.
O senhor Paulo Cezar Miguez de Oliveira, confirmou o que
Caimi cantou em sua brilhantíssima tese “Organização da Cultura na Cidade da
Bahia”. Foi muito mais adiante: descreveu o baiano como ele é.
Paulo Cezar Migues de Oliveira
Transcrevemos em parte o brilhante trabalho sobre como é o
baiano em si:
“Cremos que não será preciso qualquer esforço para
situarmo-nos, os baianos, e confortavelmente, entre aqueles que mais se tocam.
E como nos tocamos ! Dois beijinhos
aqui, um cheiro ali, um tapinha nas costas acolá, é assim o cotidiano dos
baianos que se conhecem – e, incontáveis vezes, também daqueles que, por acaso,
mal se conheceram. Conversamos na fila do banco, do caixa do supermercado ou com
o motorista de táxi. Se o ônibus está cheio e estamos sentados, oferecemo-nos
para segurar o embrulho ou tomar uma criança ao colo. Abrimos caminho com um
sonoro dá licença e, claro, com as mãos, com os braços ou ainda, se for
Carnaval e a conselho da canção, a gente mete o cotovelo . Compomos as
multidões que fazem as festas de rua da cidade, momento e lugar onde tocar e
ser tocado/pegar e ser pegado é quase uma regra e, às vezes, um convite.
Em seguida Paulo Cezar faz um comentário sobre uma tese de um amigo seu: Milton Moura dentro do mesmo tema, a baianidade.
"Uma senhora da classe média deixa de frequentar uma praia próxima por considerá-la poluída. Diz: É um horror aquela multidão, a gente não pode nem respirar. Há de se perceber que o motivo do horror não é simplesmente multidão, mas uma multidão de pessoas mais pobres, escuras e barulhentas. Resolve ir para uma praia mai distante e quase deserta, na qual não faltam os personagens negros e pobres. Estou indo agora para Aleluia, que é um paraíso. No local, tem uma baiana ótima, adoro ela. Quando eu vou chegando ela já sabe o que eu quero, é outra qualidade de serviço. Verdadeiramente, não é necessariamente uma posição falsa ds senhora branca: ela ama este tipo de relação com a senhora negra que lhe vende acarajé, contanto que isto não aconteça em meio a aglomeração e ao barulho, estando bem demarcados na praia os espaços sociais, inclusive o seu nicho de dondoca.Em contrapartida, a baiana também ama sua cliente; gosta de sua presença e da féria que lhe proporciona, o que não a exime de comentar com alguém de sua extração, quando a freguesa se vai: barona de merda; essa mulher é muito tirada, parece que é melhor do que as outras, pega no acarajé com nojo do azeite, mas quer comer.
E por ai segue Paulo Moura em magnífico trabalho que aqui reproduzo modestamente e distribuo entre meus seguidores, Tem muito mais coisa, mas o espaço não nos permite navegar entre suas palavras de um grande mestre da vida, baiano que é.
Em seguida Paulo Cezar faz um comentário sobre uma tese de um amigo seu: Milton Moura dentro do mesmo tema, a baianidade.
"Uma senhora da classe média deixa de frequentar uma praia próxima por considerá-la poluída. Diz: É um horror aquela multidão, a gente não pode nem respirar. Há de se perceber que o motivo do horror não é simplesmente multidão, mas uma multidão de pessoas mais pobres, escuras e barulhentas. Resolve ir para uma praia mai distante e quase deserta, na qual não faltam os personagens negros e pobres. Estou indo agora para Aleluia, que é um paraíso. No local, tem uma baiana ótima, adoro ela. Quando eu vou chegando ela já sabe o que eu quero, é outra qualidade de serviço. Verdadeiramente, não é necessariamente uma posição falsa ds senhora branca: ela ama este tipo de relação com a senhora negra que lhe vende acarajé, contanto que isto não aconteça em meio a aglomeração e ao barulho, estando bem demarcados na praia os espaços sociais, inclusive o seu nicho de dondoca.Em contrapartida, a baiana também ama sua cliente; gosta de sua presença e da féria que lhe proporciona, o que não a exime de comentar com alguém de sua extração, quando a freguesa se vai: barona de merda; essa mulher é muito tirada, parece que é melhor do que as outras, pega no acarajé com nojo do azeite, mas quer comer.
E por ai segue Paulo Moura em magnífico trabalho que aqui reproduzo modestamente e distribuo entre meus seguidores, Tem muito mais coisa, mas o espaço não nos permite navegar entre suas palavras de um grande mestre da vida, baiano que é.
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