Ao longo de inúmeras postagens
desse blog, teria ficado claro que o baiano do século XIX, até mesmo do
principio do século XX, não era muito de
tomar banho de mar. Acrescente-se até que, praticamente, não gostava de ver o
mar, de apreciá-lo.
Como teríamos chegado a essa conclusão?
Principalmente, pelo ordenamento urbano. Quase todas as casas tinham o fundo
voltado para o mar e a frente para a rua correspondente.
Por exemplo, os palacetes do Corredor da Vitória
– lado do mar- tinham a sua frente na referida rua e os fundos, os quintais
como se chamava, voltados para o mar na beirada da encosta de seus 70 metros.
Corredor da Vitória de antigamente
Corredor da Vitória de hoje
Mas não era somente na Vitória que isto acontecia. O Santo
Antônio Além do Carmo, que já foi
moradia do pessoal da classe A nos velhos tempos, também tnha seus imóveis do lado
da encosta com a frente devidamente voltada para rua e os fundos para o mar.
Rua Santo Antônio Além do Carmo
Querem ver outro exemplo. Na
antiga Rua Barão de Cotegipe e Avenida Luiz Tarquinio que lhe dá
sequência, todos os imóveis tem a frente voltada para suas ruas.
No caso da Barão de Cotegipe, antes que se diga o contrário,
foi um bairro eminentemente residencial, com pequeno comercio nas proximidades
da Calçada.
Rua Barão de Cotegipe
Avenida Luiz Tarquinio
Até
mesmo as obras públicas construídas no principio do século XX, tomaram a vista
do mar. É o caso dos armazéns do Porto de Salvador.
Porto de Salvador e sem nove armazéns
Mas porque era assim? O baiano não gostava mesmo de tomar
banho de mar? Não gostava de ver o mar? Tudo tem uma explicação. Tentemos!
A primeira delas, diz respeito à poluição da
Baía de Todos os Santos e até mesmo, fora dela.
Todo o esgoto proveniente da Cidade Alta era jogado no mar, bem como o lixo de um modo geral. Havia o beneplácito da
Prefeitura. Itapagipe era a lixeira de Salvador. Foi assim decretado.
Quando se fez o Baia Azul, os técnicos
constataram 560 bocas de lobo na orla de Salvador, inclusive esgoto de
hospitais. As praias de Monte Serrat e Boa Viagem recebiam esgotos dos hospitais
Couto Maia e Sagrada Familia. ( ex-Português).
No Porto da Barra, havia um terminal de esgoto atrás do
Forte de Santa Maria que despejava tudo que vinha do Hospital Espanhol.
O Canal do Chame-Chame recebia os esgotos de todos os
prédios dessa avenida. e suas águas
chegavam à Praia do Farol, perto do
Cristo.
É incrivel esta última foto. A agua que os senhores estão vendo, dividindo a praia, era água de esgoto. Bilhões de bactérias. Depois se falava da epidemias que assolavam Sakvador. Culpavam os aglomerados de casas. Botaram abaixo milhares delas,
Logo, o baiano estava certo em não tomar banho de mar em locais como este e outros tantos ao longo de toda a costa (lado de cá da Baia de Todos os Santos. Claro que suas casas teriam que voltar às costas para esse mar que o próprio homem prejudicava.
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