Quase
no mesmo tempo que Tomé de Souza construía a cidade de Salvador em 1549, Garcia
D’Avila tido como seu filho, de posse de um casal de bovinos, construía o primeiro curral que se tem noticia na Bahia em Itapagipe. Naturalmente que,
para tanto, se armou de inúmeros soldados cedidos pelo seu pai para dominar os
índios que viviam no local. Posteriormente, armado da mesma forma, dominava as
costas de Itapuã e daí em diante ninguém mais segurou o homem: foi até as
costas do Maranhão construindo o maior latifúndio que se tem notícia em todo o
mundo
Castelo da Torre
Isso vem a propósito para destacar que Itapagipe foi ao mesmo tempo que Tomé de Souza e Luiz Dias construiam a cidade de Salvador na encosta do morro, Itapagipe já era um lugar habitado por colonos vindos anteriormente com Francisco Pereira Coutinho, primeiro donatário da Bahia.
Isso contraria certas informações que só depois da cidade ter crescido para os lados de Santo Antônio Além do Carmo, Taboão, Pilar, etc. o homem branco veio a explorar a nossa península de Itapagipe.
Vejam o que escreveu Gabriel Soares, cronista da época:
(...) nesta porta de Tapagipe estão umas olarias de Garcia de Avila e um curral
de vaccas do mesmo, a qual ponta em chegada ao cabo d’ella em uma aberta pelos
arrecifes, por onde entram caravelões, que com tempo recolhem aqui, e de boca da
barra para dentro tem uma calheta onde estes caravelões e barcos estão seguros.
Conta a professora Aline de Carvalho Luther em uma tese
extraordinária de sua autoria:
“Dr. Mello Moraes, médico e historiador, relatou sobre a
presença destas olarias e curral em 1950 e que este curral existiu na Península
até a morte do Visconde da Torre de Garcia D’Ávila, pois ocorriam diversos
protestos por parte de habitantes da região devido à presença do curral
(Moraes, 1879 e Carvalho 1915). Os olarias utilizavam a argila dos manguezais
da costa leste que era abundante e de boa qualidade, os engenhos também
utilizavam dela para purificar o açúcar (Valverde 2002).. Ainda em em 1540 ali
foi construída a Empresa de Conserto e Fabricação de Embarcações, a mando de
Tomé de Souza”
Também foi em Itapagipe que se iniciou a industrialização do
País. Julgava-se que as indústrias que se instalaram na península datam de 1930
a 1940, quando na verdade, desde o século XIX já se instalava no local as
primeiras indústrias que se tem notícia"
Continua a brilhante professora:
"Pode-se observar que em meados do século XVI diversas
atividades já eram desenvolvidas na península, mesmo esta se localizando fora
da muralha da cidade de Salvador.
Os engenhos se iniciaram cedo na península. Em 1551 foram
edificados o Engenho de Itapagipe de Cima, também chamado de Christo e a Capela
de Nossa Senhora da Conceição do mesmo engenho, obras de Francisco Medeiros e
Antônio Cardoso de Barros (CARVALHO 1915). Os engenhos que se faziam na cidade
dos quais foram os primeiros construídos em 1537
a 1540 por colonos, à
margem do Dique do Tororó que foram incendiados pelos índios Tupinambás, também
iam-se construindo em Itapagipe (Carvalho 1915) A península possuía canaviais
e, além da produção de açúcar, existia a produção de cachaça por alambiques da
região, tanto com o açúcar produzido na península quanto com das terras de suas
propriedades".
De relação às indústrias especificamente, relata a professora:
"Por volta de 1811 a 1818 foram encontradas referências sobre
a instalação de uma fábrica de vidro no Porto de Bonfim, pertencente a
Francisco Inácio de Sequeira. Essa fábrica funcionou até o ano de 1825. Esta
foi, provavelmente, a primeira fábrica instalada na península."
Em todo o pais as indústrias buscaram se instalar próximas
aos locais de recebimento e escoamento, sendo a ferrovia e os portos
extremamente importantes neste sistema. A península de Itapagipe foi
privilegiada com estes dois maios de transporte tornando-se um ponto ponto estratégico
desses dois sistemas com os bondes urbanos.
A seguir uma listagem de todas as indústrias instaladas em Itapagipe:
A seguir um mapa indicativo da localização dessas indústrias de acordo com a cor de cada citação:
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