Faz pouco mais de uma semana que
o jornal A Tarde fez uma enquete junto a um grupo de “notáveis” como
classificou, sobre quem teria sido o maior baiano de todos os tempos. Deu
disparado Rui Barbosa.
Realmente um grande homem, mas um homem nascido no século
XIX. Será que cem anos depois não teria tido ninguém melhor do que ele nessa
terra? Esqueceram, por exemplo, de Octávio Mangabeira que marcou a sua
governança com grandes obras: construiu a Fonte Nova numa época em que o
futebol baiano se fazia num estádio de arquibancadas de madeira; fez o Hotel da
Bahia, desde que Salvador não tinha um hotel cinco estrelas e coincidentemente,
construiu o Fórum Rui Barbosa e para o mesmo transladou os restos mortais do
grande baiano, ou melhor, do maior baiano.
E o que dizer das grandes
mulheres dessa terra. Teriam sido esquecidas? Maria Quitéria é uma delas. Lutou
pela independência de nossa terra. Vestiu-se de soldado e com espada em punho
marchou em frente às tropas libertadoras.
E o que se falar de Joana
Angélica? Deu sua própria vida em prol da dignidade de uma instituição. Os
soldados portugueses passaram por cima do seu corpo inerte na porta do
convento. Muito poucas pessoas no mundo fariam tamanho sacrifício.
Talvez por não aceitar por
inteiro a decisão dos chamados notáveis, o mesmo jornal “abriu” como que uma
enquete popular na internet e parece que se fez justiça nessa terra. A maioria
indicou uma santa como o maior “baiano” de todos os tempos: Irmã Dulce.
Irmã Dulce
Esta sim, uma figura “notável”.
Dedicou sua vida aos pobres. Melhor do que tudo: tratou dos doentes que eram
pobres. Invadiu casas, bibliotecas, arcos de ladeiras para abrigá-los. E não se
diga que a irmã fosse de origem pobre; que nada possuía e tinha pouco a perder.
Ledo engano. Seu pai era um dentista. Dulce estudava em escola particular quando menina. Foi
professora. Tinha condições de seguir caminhos bem mais cômodos. Mas não. Foi
em frente até construir um grande hospital que só atende pessoas sem recursos.
Tornar-se-á santa por força de uma vida dedicada ao próximo. Melhor “baiano” ou
“baiana” do que esta mulher é difícil encontrar em qualquer parte do mundo, não somente na Bahia.
Irmã Dulce aos 10 anos de idade. O pai discursa ao seu lado e as autoridades da época em frente
Igreja de Irmã Dulce
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